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O Futurismo
“[...] — Vamos, meus amigos! disse eu. Partamos! Enfim a Mitologia e o Ideal místico estão
ultrapassados. Vamos assistir ao nascimento do Centauro e veremos logo voarem os primeiros Anjos.
— É preciso abalar as portas da vida para nela experimentar os gonzos e os ferrolhos!... Partamos! Eis
o primeiro sol nascendo sobre a terra!... Nada é igual ao esplendor de sua espada vermelha que se
esgrima pela primeira vez nas nossas trevas milenares.
[...] com o rosto mascarado pela boa lama das usinas, cheio de escórias de metal, de suores inúteis e
de fuligem celeste, [...] nós ditamos nossas primeiras vontades a todos os homens vivos da terra [...].”
MARINETTI, F. T. In: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro. 9. ed.
Rio de Janeiro: Vozes, 1986. p. 89-92. (Fragmento)
Manifesto do Futurismo
8. Nós estamos sobre o promontório extremo dos séculos!... [...] O Tempo e o Espaço morreram
MARINETTI, F. T. In: TELES, Gilberto Mendonça.
Vanguarda europeia e modernismo brasileiro. 9. ed.
Rio de Janeiro: Vozes, 1986. p. 89-92. (Fragmento)
ontem. Nós vivemos já no absoluto, já que nós criamos a eterna velocidade onipresente.
9. Nós queremos glorificar a guerra — única higiene do mundo — o militarismo, o patriotismo, o
gesto destrutor dos anarquistas, as belas ideias que matam, e o menosprezo à mulher.
10. Nós queremos demolir os museus, as bibliotecas, combater o moralismo, o feminismo e todas as
covardias oportunistas e utilitárias.
11. Nós cantaremos as grandes multidões movimentadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela revolta;
[...] os navios aventureiros farejando o horizonte; as locomotivas de grande peito, que escoucinham
os trilhos, como enormes cavalos de aço freados por longos tubos, e o voo deslizante dos
aeroplanos, cuja hélice tem os estalos da bandeira e os aplausos da multidão entusiasta.
BALLA, G. Dinamismo de um cão na coleira. 1964. Óleo sobre tela, 95,5 × 115,5 cm.
À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas das fábricas Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Tenho febre e escrevo. Ser completo como uma máquina!
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto. Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. [...]
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno! Engenhos, brocas, máquinas rotativas!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria! Eia! eia! eia!
[...] Eia eletricidade, nervos doentes da Matéria!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos, Eia telegrafia-sem-fios, simpatia metálica do Inconsciente!
De vos ouvir demasiadamente de perto, Eia túneis, eia canais, Panamá, Kiel, Suez!
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso Eia todo o passado dentro do presente!
De expressão de todas as minhas sensações, Eia todo o futuro já dentro de nós! eia!
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas! Eia! eia! eia!
Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical — Frutos de ferro e útil da árvore-fábrica cosmopolita!
Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força — Eia! eia! eia, eia-hô-ô-ô!
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro, Nem sei que existo para dentro. Giro, rodeia,
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro... engenho-me.
Engatam-me em todos os comboios.
Içam-me em todos os cais.
Giro dentro das hélices de todos os navios [...].
DADAÍSMO: A MAIS RADICAL E A MENOS
COMPREENSÍVEL DE TODAS AS VANGUARDAS
Em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, o romeno Tristan Tzara
espanta o mundo com mais uma vanguarda: o Dadaísmo, ou Dadá.
O Dadá vem para abolir de vez a lógica, a organização, o olhar
racional, dando à arte um caráter de espontaneidade total. A falta de
sentido já é anunciada no nome escolhido para a vanguarda. Segundo o
próprio Tzara: “Dadá não significa nada”.
O principal problema de todas as manifestações artísticas está,
segundo os dadaístas, em almejar algo impossível: explicar o ser
humano.
“
Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa,
ainda que incompreendido do público.
” TZARA, Tristan. In: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e
modernismo brasileiro. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1986. p. 132. (Fragmento).
DADAÍSMO: A MAIS RADICAL E A MENOS
COMPREENSÍVEL DE TODAS AS VANGUARDAS
PICABIA, Francis. Olho cacodilato. 1921. Óleo sobre tela, 146 × 114 cm.
CUBISMO: A MULTIPLICAÇÃO DOS
PONTOS DE VISTA
Em 1907, a exposição da tela As senhoras de Avignon
provoca comoção na cena artística parisiense. O quadro
revela um modo revolucionário de representar a
realidade, rompendo com os conceitos tradicionais de
harmonia, proporção, beleza e perspectiva. Com essa
obra nasce a pintura cubista, e o seu criador, Pablo
Picasso, será o grande mestre do Cubismo, que marcou a
arte do século XX. Além dele, também se destacarão
Georges Braque e Juan Gris.
Chá
Na sala de cocktails
EXPRESSIONISMO:
A PERDA DO CONTROLE CONSCIENTE
Contemporâneo do Cubismo e do Futurismo, a base do
Expressionismo é o resultado de um processo criativo que supõe a
perda do controle consciente durante a produção da obra de arte. A
realidade não deve mais ser percebida em planos distintos (físico,
psíquico, etc.), mas sim transformada em expressão.
O movimento expressionista é bastante influenciado pela Primeira
Guerra Mundial, e seus quadros ressaltam um lado obscuro da
humanidade, retratando faces marcadas pela angústia e pelo medo. A
mais conhecida tela expressionista é O grito, de Edvard Munch.
“ [...] o universo total do artista expressionista torna-se visão. Ele não vê, mas percebe. Ele não descreve,
acumula vivências. Ele não reproduz, ele estrutura. Ele não colhe, ele procura. Agora não existe mais a
cadeia dos fatos: fábricas, casas, doença, prostitutas, gritaria e fome. Agora existe a visão disso. Os fatos têm
significado somente até o ponto em que a mão do artista os atravessa para agarrar o que se encontra além
deles. [...]
”
EDSCHMID, Kasimir. In: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro.
Inspirados por essas palavras, os poetas expressionistas abordam, em suas obras, a derrocada do
mundo burguês e capitalista, denunciando um universo em crise e a sensação de impotência do homem
preso em um mundo “sem alma”.
Para traduzir as vivências humanas, os textos expressionistas têm um forte caráter negativista, fazendo
com que muitas vezes a representação do objeto se faça de forma subjetiva, sem que com isso haja um
distanciamento em relação ao mundo.
Expressionismo: Ecos da vanguarda na literatura modernista brasileira
CHIRICO, G. O som do amor. 1914. Óleo sobre tela, 73 x 59,1 cm. Ele a
chamou de pintura metafísica. A atmosfera fragmentada e melancólica resultante
dessas associações evoca, segundo o autor, o absurdo de um mundo dividido pela
Primeira Guerra Mundial.
LITERATURA SURREALISTA:
DIMENSÕES ONÍRICAS
“
[...] Mandem trazer algo com que escrever, depois de se haverem
estabelecido em um lugar tão favorável quanto possível à
concentração do espírito sobre si mesmo. Ponham-se no estado mais
passivo, ou receptivo que puderem. Façam abstração de seu gênio, de
seus talentos e dos de todos os outros. Digam a si mesmos que a
literatura é um dos mais tristes caminhos que levam a tudo. Escrevam
depressa, sem um assunto preconcebido, bastante depressa para não se
conterem e não serem tentados a reler. A primeira frase virá sozinha,
tanto é verdade que a cada segundo é uma frase estranha a nosso
pensamento consciente que só pede para se exteriorizar. [...]
O pastor pianista
Uma estranha situação é apresentada neste poema: pianos são “pastoreados”.