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Fisiologia Renal

Dr. Daniel Fernando Ruthes


Dra. Raquel da Cunda Ruthes

Cebramed - 2011
Relembrando...
Introdução

O rim possui 2 funções básicas: função endócrina,


apesar de não ser uma glândula endócrina, e a
homeostática, que constitui sua principal função.
Introdução

Não se sabe até hoje quais as estruturas renais


responsáveis pela função endócrina do rim, mas
pesquisadores acham que a porção secretora encontra-
se principalmente no complexo justaglomerular,
localizado no córtex renal
Função Endócrina
Secreção de Renina: Esta substância é responsável pela
ativação do sistema Renina-angiotensina II através da
ação enzimática sobre a reação de transformação de
angiotensinogênio em angiotensina I, que por sua vez
transforma-se em angiotensina II sob ação da enzima
conversora de angiotensina (ECA) que também atua
hidrolizando a bradicinina
Função Endócrina
A angiotensina II age modificando a ação renal da
seguinte forma:
Maior ação de vasoconstricção das arteríolas eferentes
no rim, aumentando a filtração glomerular.
Ação sobre o córtex da adrenal, levando à produção de
aldosterona. Esta, por sua vez, age nos túbulos renais
estimulando a retenção e absorção de sódio. Por
mecanismos osmóticos, a água também tem sua
absorção aumentada. A conseqüência disso é o
aumento da volemia e, então, hipertensão arterial.
Angiotensina II
Ação sobre as células mesangiais do glomérulo de
forma a contraí-las. Então haverá diminuição da área
de filtração glomerular com consequente redução da
taxa de filtração glomerular (TGF).
Função Endócrina
• Secreção de 1.25 dihidroxi-calciferol o qual é
importante na absorção de cálcio no túbulo renal e no
depósito de cálcio no osso.
• Secreção de eritropoetina, um fator de crescimento
com ação única e específica de estimular a medula óssea
a produzir glóbulos vermelhos. Esse hormônio tem sua
produção aumentada em condições de hipóxia.
Função Homeostática
•  Manutenção de um volume hídrico adequado
(tonicidade). Tal manutenção ocorre em função da
excreção de água e solutos, formando um gradiente
osmolar adequado entre os compartimentos intra e
extracelulares.
• Regular a concentração de íons como sódio, potássio,
cloreto, bicarbonato, hidroxônio, magnésio e fosfato.
Isto também ocorre com a ajuda da capacidade de
excreção de água e solutos.
Função Homeostática
Manutenção do pH, contando também com o auxílio
do pulmão. O controle do pH no sangue deve-se à
capacidade do rim de escretar H+ e reabsorver HCO-3.
Manutenção da concentração adequada de
metabólitos (nutrientes), graças à capacidade de
reabsorção presente nos túbulos renais impedindo que
metabólitos, como glicose, sejam eliminados pela
urina.
Função Homeostática
• Eliminação de produtos do metabolismo como uréia,
ácido úrico e timina graças à pela capacidade de
excreção renal.

• Eliminação de drogas ou substâncias tóxicas


presentes nos alimentos.
Clearence ou Depuração Plasmática Geral
É o volume plasmático de onde foi removida e
excretada uma substância X por minuto.
A depuração plasmática geral está relacionada à
“limpeza” do plasma levando à produção da urina.
Clearence ou Depuração Plasmática Geral
O glomérulo renal recebe o plasma sanguíneo. Uma
fração do plasma continua no sangue e sai pela
arteríola eferente e outra parte é filtrada no glomérulo,
levando à produção da urina.
Clearence ou Depuração Plasmática Geral
A depuração renal é um fenômeno em que a fração
filtrada do plasma é transformada em filtrado
glomerular e depois em urina. Sendo assim, em relação
à concentração plasmática, substâncias eliminadas
pelo rim apresentam um clearance maior do que as
não eliminadas.
Clearence ou Depuração Plasmática Geral
Por outro lado, substâncias pouco ou não eliminadas
na urina, como os metabólitos em geral, possuem
baixo clearance, uma vez que sua concentração
plasmática é superior à concentração de substâncias
presentes na urina.
Clearance de x = fluxo urinário X concentração de x na
urina / concentração de x no plasma.
O Néfron

Néfron é a unidade funcional do rim e é subdividido


em duas porções intimamente relacionadas entre si:
porção circulatória, composta de arteríola aferente,
glomérulo e arteríola eferente, e a porção urinária,
composta de cápsula de Bowmann, túbulos renais e
ducto coletor.
Néfron

A arteríola aferente abastece os capilares glomerulares,


a partir dos quais forma-se um líquido livre de
proteínas que escoa para o espaço de Bowmann,
atravessando a barreira dos vasos glomerulares. Esse
líquido é chamado de ultra-filtrado.
Néfron

O ultra-filtrado possui a mesma concentração que o


plasma, exceto em relação às proteínas. O ultra-
filtrado atravessa passivelmente o capilar e chega ao
espaço de Bowmann, onde entra em contato com a
cápsula de Bowmann e ganha os túbulos renais,
formando a urina
Néfron

O capilar glomerular é formado por endotélio,


membrana basal (constituída por 3 lâminas – rara
interna, densa e rara externa – as quais possuem
fenestrações permeáveis a solutos e água) e diafragma
(estrutura circular com poros permeáveis a água e a
solutos). A estrutura do capilar glomerular representa
a barreira atravessada pelo plasma, formando o ultra-
filtrado.
Néfron

Como já citado anteriormente, apenas uma fração do


plasma é filtrada. Além disso, existem substâncias que
são secretadas diretamente nos túbulos renais sem
serem anteriormente filtradas e há, ainda, substâncias
que são total ou parcialmente reabsorvidas pelos
túbulos renais, contribuindo pouco ou nada na
composição final da urina.
Mecanismos Básicos da
Formação da Urina
Mecanismos Básicos da Formação da Urina

A filtração glomerular não depende apenas da


membrana capilar, mas também de uma somatória de
pressões que estão vinculadas ao glomérulo renal.
Pressão Hidrostática Capilar
A pressão do sangue que chega às arteríolas aferentes é
denominada pressão hidrostática capilar (phc). Ela
tende a deslocar líquido do capilar para o espaço de
Bowmann. Phc é muito alta no glomérulo pois as
distâncias entre a aorta e a artéria renal e entre a
artéria renal e a arteríola aferente são curtas;
Pressão Hidrostática Capilar

Não existe resistência ao fluxo de sangue da aorta


abdominal até a arteríola aferente e a arteríola eferente
têm diâmetro menor que a aferente, dificultando o
escoamento sanguíneo e deixando o glomérulo repleto
de sangue, levando a um maior phc. A phc varia entre
80 e 85 mmHg.
Pressão Oncótica
Além de phc temos a pressão oncótica (Ponc) dentro
do capilar, resultado da presença de proteínas
plasmáticas, principalmente da albumina, que retêm
líquido dentro do vaso. A Ponc varia entre 25 e 30
mmhg.
Pressão de Bowmann
A terceira pressão é exercida pelo líquido pré-formado
no espaço de Bowmann, tendendo  a reter esse mesmo
líquido no próprio espaço de Bowmann. Esta é a
pressão de Bowmann (pB) e ela varia entre 5 e 15
mmHg.
Pressão Efetiva de Filtração
A somatória das pressões é denominada pressão
efetiva de filtração (PEF) e é dada pela seguinte
equação:

PEF = Phc – Ponc – PB

A pressão efetiva de filtração é de aproximadamente


40 mmHg.
Pressão Efetiva de Filtração
Pef leva a uma saída do ultra-filtrado para o espaço de
Bowmann e daí para os túbulos renais. Também
chamado de filtrado glomerular, o ultra-filtrado tem
uma formação que obedece a um ritmo glomerular
chamado de taxa de filtração glomerular (TFG),
medida em ml/min.
Pressão Efetiva de Filtração
Assim, filtrado glomerular corresponde ao volume
plasmático filtrado, e TFG corresponde ao volume
plasmático filtrado por minuto.
O sangue que chega aos capilares glomerulares
atravessam a barreira capilar formada por endotélio,
membrana basal e podócitos.
Pressão Efetiva de Filtração
Quanto maior a pressão arterial média (Pam), maior a
pressão hidrostática capilar e maior a taxa de filtração
glomerular (fora da faixa de Pam entre 60 – 160
mmHg.).
Quando Pam está entre 60 e l60 mmhg, tenta-se
manter a TFG constante (= 120 ml/min) através de
mecanismos de auto-regulação .
Pressão Efetiva de Filtração
Quando Pam é superior a 160 mmHg, temos um
elevado fluxo na arteríola aferente, uma grande
quantidade de sangue no glomérulo, podendo
desencadear lesão glomerular (fisiopatologia da
hipertensão relacionada à insuficiência renal).
Teorias que justificam a Auto-Regulação
• Miogênica (localizada nas artérias renais)
Segundo esta teoria, um aumento no Pam provocaria
um estímulo da musculatura lisa da arteríola aferente,
o que levaria a uma vasoconstricção levando a redução
do fluxo de filtração glomerular.
Por outro lado, uma queda na Pam provocaria
relaxamento da musculatura da arteríola aferente com
conseqüente vasodilatação, provocando um aumento
do fluxo de filtração glomerular.
• Teoria do metabolismo
Uma redução do fluxo sanguíneo leva a um acúmulo
de substâncias vasodilatadoras (principalmente
cininas e prostaglandinas) que, por sua vez, provocam
aumento do fluxo sanguíneo.
O contrário também é verdadeiro, ou seja, um
aumento do fluxo promove uma drenagem maior de
substâncias vasodilatadoras diminuindo a
vasodilatação do vaso. Isso provoca uma redução do
fluxo sanguíneo.
• Teoria da mácula densa (controle local da TFG)
A mácula densa encontra-se na porção final da alça de Henle,
túbulo localizado entre as arteríolas aferente e eferente e pelo
qual passa o filtrado glomerular.
A mácula densa capta alterações na concentração de sódio,
sendo que uma maior concentração de sódio no filtrado é
entendida como uma elevada TFG. Frente a esta situação, a
mácula densa envia um estímulo para a arteríola aferente
promovendo sua vasoconstricção, resultando em diminuição do
fluxo sanguíneo e da TFG.
Quando se trata de uma dimiuição da concentração de sódio o
inverso ocorre, tendo como resultado um aumento na TFG.

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