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DIREITO PROCESSUAL

CIVIL II
4 sem. FIG
processo
• 1. conceito de processo (conforme Chiovenda)
• “É o complexo dos atos coordenados ao objetivo da atuação da
vontade da lei (com respeito a um bem que se pretende garantido por
ela) por parte dos órgãos jurisdicionais” (Theodoro Júnior, 2015, vol I.,
p. 1007)
• ‘Complexo de atos coordenados’ = a envolver o autor, o juiz e o réu
• ‘ao objetivo da atuação da vontade da lei’ = solucionar o conflito
• ‘por parte dos órgãos jurisdicionais’ = obrigação do Estado-juiz

Relação processual

procedimento
Relação processual (autor-juiz-réu)

conceito
de
processo
com a Direitos, ônus, deveres e
ideia de obrigações (situação jurídica)
situação
jurídica

procedimento
• Conceito de situações jurídicas processuais

• A expressão abrangeria a possibilidade de as partes disciplinarem os ônus, os poderes, as faculdades e os


deveres processuais de cada uma das partes e dos advogados no curso do procedimento.

• conforme Cintra, Grinover e Dinamarco, as situações jurídicas processuais consistiriam no ‘nexo, derivado do
direito, que une dois ou mais sujeitos, atribuindo-lhes poderes, direitos, faculdades e os correspondentes
deveres, obrigações, sujeições, ônus’ CINTRA, GRINOVER, DINAMARCO 2015, 61
• Conceito de deveres (o descumprimento implica em ilícito processual)
• deveres processuais seriam aqueles atos que devem ser cumpridos pelas partes, a exemplo do recolhimento
das despesas processuais; do dever de agir conforme a boa fé; do dever de colaborar para a instrução, seja
com a apresentação de seu testemunho, seja com a exibição de documentos, seja com o dever do testemunho
versar sobre a verdade dos fatos, etc.

• O descumprimento do dever enseja consequências, que podem ser desde a negativa quanto ao processamento
do feito, nos moldes do Art. 290 do Código de Processo Civil (“Será cancelada a distribuição do feito se a
parte, intimada na pessoa de seu advogado, não realizar o pagamento das custas e despesas de ingresso em 15
(quinze) dias.”), até a aplicação de sanções pecuniárias, tais como a prática de ato atentatório à dignidade da
justiça (art. 77, caput e § 2º, do CPC).
• Conceito de ônus (o descumprimento é exemplo de ato processual lícito)
• Conforme Humberto Theodoro Junior, os ônus processuais “não obrigam a parte a praticar determinados atos ao curso do processo, mas lhe
acarretam prejuízos jurídicos quando descumpridos”. Trata-se, portanto, de situação na qual a parte que descumpre o ônus se coloca numa
posição jurídica desfavorável, embora isso não implique, necessariamente, na imposição de sanções ou perda da pretensão almejada.

• A principal diferença, apontada por Humberto Theodoro Junior, entre deveres e ônus está no fato de que os ônus existem somente para as partes,
enquanto que os deveres podem abranger tanto as partes quanto os juízes e todos os demais integrantes da relação jurídica processual: “Os ônus,
diversamente do que se passa com os deveres e obrigações, só existem para as partes. A eles não se submetem nem o juiz nem seus órgãos
auxiliares.”

• Outra diferença de destaque entre dever processual e ônus processual está no fato de que a desatenção ao dever implica em atentado à ordem
jurídica, ao passo que a inobservância do ônus processual é admitida, isto é, trata-se de ato absolutamente lícito, em seu aspecto processual:

• “Por isso, o descumprimento do dever ou obrigação processual é fato contrário à ordem jurídica, o que não se dá da inobservância de simples
ônus processuais.”. THEODORO JUNIOR, 2016, 185
• Conceito de direitos processuais
• São faculdades processuais.

• Na verdade, direitos e faculdades processuais são expressões sinônimas.

• Nisto, Humberto Theodoro Junior esclarece que os direitos processuais seriam exemplos de “direitos
individuais públicos”, na medida em obrigariam o “estado, na pessoa do juiz, ao cumprimento do dever da
regular tutela jurisdicional”. THEDORO JÚNIOR 2015, 184

• Exemplo: negócio jurídico processual (art. 190 do CPC)


• Procedimento
• Em sua obra “Direito Processual Civil Moderno”, José Miguel Garcia Medina esclarece que:

• “Segundo se afirma na doutrina, o processo pode ser considerado, de um lado “como a totalidade das
relações jurídicas processuais produzidas entre o tribunal e as partes”, e, de outro “como a totalidade das
atuações do tribunal e das partes, que se executarão sucessivamente tendo cada uma a anterior por
pressuposto e a seguinte por consequência; mas dirigidas todas ao alcance da tutela jurídica jurisdicional e
unidas por esse fim comum”, que vem a ser o procedimento.” (MEDINA 2015, 300).

• Nesse sentido, a doutrina estabelece que o processo envolveria a totalidade “das relações jurídicas
processuais produzidas entre o tribunal e as partes” MEDINA 2015, 300
• Para Humberto Theodoro Junior, o procedimento seria caracterizado, sob o ponto de vista objetivo, pela:
• “multiplicidade dos atos que necessariamente o compõe, todos coordenados por uma dependência
recíproca, de modo que um provoca o outro e o subsequente é legitimado pelo anterior, todos enfim
explicados em conjunto com um só objetivo final, que vem a ser a perseguição do provimento jurisdicional
capaz de solucionar o conflito (lide) existente entre as partes.” (Theodoro Junior 2016, 134).
processo

2. O processo é o método para o exercício da jurisdição (resolver o conflito com a


aplicação do direito material). – suum cuique tribuere
• Neste mesmo sentido, CINTRA, GRINOVER e DINAMARCO:

• ‘Ora, como é do conhecimento de todos, a sociedade contemporânea é altamente conflitiva, atingida por um sempre crescente
número de desavenças envolvendo cada vez mais os seus integrantes. O adensamento populacional, o caráter finito e consequente
insuficiência dos bens materiais e imateriais à disposição dos homens para à satisfação de suas necessidades, a escassez de recursos,
a concentração de riquezas em mãos de poucos, tudo coopera para que indivíduos e coletividades se envolvam cada vez mais em
situações conflituosas. Além disso, as atuais estruturas político-administrativas do Estado, com sua ineficiência e seu comportamento
desrespeitoso perante os direitos das pessoas levam à uma forte tendência à judicialização dos conflitos, assoberbando os tribunais
do país, dos quais se espera a tutela jurisdicional aos titulares de interesses e direitos. Avulta nesse quadro a premente necessidade
de aparelhar o poder judiciário de instrumentos capazes de promover a efetividade daquele escopo social magno do processo com
a real capacidade de solucionar satisfatoriamente os conflitos e pacificar de modo adequado as pessoas.’ CINTRA, GRINOVER,
DINAMARCO 2015, 33. Não há negrito no texto original.
• Fazer o processo civil efetivo é fazê-lo alcançar o fim ao qual se destina, a exemplo do que afirma
BARBOSA MOREIRA:

• “Querer que o processo seja efetivo é querer que desempenhe com eficiência o papel que lhe compete na
economia do ordenamento jurídico. Visto que esse papel é instrumental em relação ao direito substantivo,
também se costuma falar da instrumentalidade do processo. Uma noção conecta-se com a outra e por assim
dizer a implica. Qualquer instrumento será bom na medida em que sirva de modo prestimoso à consecução
dos fins da obra a que se ordena; em outras palavras, na medida em que seja efetivo. Vale dizer: será efetivo
o processo que constitua instrumento eficiente de realização do direito material” BARBOSA MOREIRA -
Por um processo socialmente efetivo. Revista de Processo. São Paulo, v. 27, n. 105, p. 183-190, jan./mar.
2002, p. 181 – citado na Exposição de Motivos ao CPC/2015, página 24, nota de rodapé n. 4, disponível em
< https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/512422/001041135.pdf > Último acesso em 12 de
junho de 2019.
• Este apaziguamento de conflitos ocorre com a atribuição do direito material a cada um dos litigantes
(realização do direito material). Uma expressão antiga, cunhada por Ulpiano, para expressar a devida
atribuição de direito a cada um, é ‘suum cuique tribuere’, que será bastante utilizada ao longo deste trabalho.
Neste mesmo sentido, OTÁVIO AUGUSTO DAL MOLIN DOMIT:

• ‘Mas é preciso não perder de vista a natureza instrumental do processo civil do Estado Constitucional, que
tem como escopo definido a tutela de direitos’ (BUENO 2017, 72. Não há uso de negrito no texto original)
Princípios constitucionais no código de
processo civil – arts. 1º a 12
O processo deve atentar aos princípios constitucionais
Artigos do CPC Valores constitucionais relacionados aos artigos do
CPC

artigos 1º, 2º e 4º, todos do CPC busca pela verdade material, duração razoável do
processo e ‘suum cuique tribuere’

arts. 2º e 3º, ambos do CPC o princípio da demanda e o princípio da congruência


(ou adstrição) – a possibilidade de renúncia à
prestação jurisdicional

art. 6º do CPC Duração razoável do processo, cooperação, busca


pela verdade material e ‘suum cuique tribuere’

Art. 5º do CPC segurança jurídica e boa fé


Princípios constitucionais no código de
processo civil – arts. 1º a 12
Artigos• do
segurança
CPC jurídica, ‘paridade’ entre as partes e ‘contraditório’– os artigos 7º, 9º, constitucionais
Valores 10 e 12, todos do CPC relacionados
– nova concepção do
curia - a finalidade como justificativa para o tratamento distinto entre as partes (‘legitimate purpose’) - página 89
aosprincípio
artigosiura do
novit
CPC89
• o princípio da igualdade nas normas fundamentais do processo civil – página
• O direito à ‘paridade de armas’ – página 90
• Paridade de armas’ e a finalidade como critério de distinção para o tratamento privilegiado (‘legitimate purpose’) – página 91
• O direito ao contraditório – página 93
artigos 7º,• 9º, 10 e 12, todos do CPC segurança jurídica e igualdade entre partes: ‘paridade
O respeito ao direito de igualdade na seara processual civil (‘paridade de armas’ e ‘contraditório’) seria de exclusiva incumbência do legislador e o do juiz? –
página 98 de armas’ e ‘contraditório’
• Conclusão parcial referente aos artigos 7º, 9º, 10 e 12, todos do CPC do CPC/2015 – página 100
• publicidade do processo e fundamentação das decisões judiciais – art. 11 do CPC - página 103
• conclusão parcial referente ao art. 11 do CPC/2015 – página 107
• retomando o conceito de ‘processo justo’ – os critérios (i) qualitativo e (ii) quantitativo – o art. 8º do CPC – página 107
• ‘fins socais’ e ‘bem comum’ – página 107
art. 11 do• CPC
- ‘dignidade da pessoa humana’ – página 110 publicidade do processo e fundamentação das
• – ‘proporcionalidade’ – página 111 decisões judiciais
• – ‘razoabilidade’ – página 113
• – ‘legalidade’ – página 113
• – ‘publicidade’ – página 116
o art. 8º do
• –CPC
‘eficiência’ – página 117 ‘fins sociais’ e ‘bem comum’
• – conclusão parcial referente ao art. 8º do CPC/2015 – página 121

• 
Ideias básicas referentes ao processo

Solucionar o
conflito (exercício
da jurisdição)

Aplicação do direito Processo


processo material justo/devido
processo legal

Respeito aos
princípios
processuais
constitucionais
• Conceito de processo justo / devido processo legal
• O conceito de ‘processo justo’ é utilizado pela doutrina, a exemplo do que fazem THEODORO JÚNIOR,
Leonardo GRECO, além de MARINONI, ARENHART e MITIDIERO.
• Este ‘processo justo’, na ótica de GRECO, citado por THEODORO JÚNIOR, seria:

‘todo o conjunto de princípios e direitos básicos de que deve desfrutar aquele que se dirige
ao Poder Judiciário em busca da tutele de seus direitos.’ THEODORO JÚNIOR 2015, 74
• Para GAJARNONI, DELLORE, ROQUE e OLIVEIRA JÚNIOR, o ‘processo justo’ seria a atual designação da expressão ‘devido
processo legal’, expressão esta que, para BUENO, expressaria as ‘condições mínimas em que o desenvolvimento do processo, isto
é, o método de atuação do Estado-juiz para lidar com a afirmação de uma situação de ameaça ou lesão direito, deve se dar’. E
continua:

• ‘Trata-se de conformar o método de manifestação de atuação do Estado-juiz a um padrão de adequação


aos valores que a própria Constituição Federal impõe à atuação do Estado e em conformidade com aquilo
que, dadas as características do Estado brasileiro, esperam aqueles que se dirigem ao Poder Judiciário
obter dele como resposta. É um princípio, destarte, de confirmação da atuação do Estado a um especial (e
preconcebido) modelo de agir.’ ‘Na realidade , entende-se que tanto o princípio da efetividade processual,
como o da duração razoável do processo, o da segurança jurídica e aqueles outros que fazem parte do
denominado direito processual constitucional, fazem parte sim de um todo, anteriormente denominado de
devido processo legal, mas atualmente sendo modificada sua nomenclatura para processo justo, sob outros
enfoques’ (GAJARDONI et al 2019, 28)
• BUENO 2017, 30
• BUENO 2017, 30
• b) o processo deve ser controlado pelo juiz ou pelas partes/advogados?
• A forma como se deve alcançar a solução do conflito de interesses, pelo Estado, é motivo de disputa: se o
processo é o meio para a solução de conflitos, a quem incumbiria controlar a prática dos atos processuais,
para que a solução do conflito seja alcançada da forma mais eficiente? Ao juiz? Ou seria melhor relegar o
controle do processo às partes e aos advogados?

• Resposta: a lei prevê o rito e a juiz, com a cooperação das


partes/advogados, exercerá o controle (Franz Klein)
• O posicionamento adotado por Franz Klein, conforme recorda Leonardo Carneiro da Cunha, na sua obra
“Negócios Jurídicos Processuais no Processo Civil Brasileiro”, está pautado em um regramento que prestigia:

• “...a prevalência do interesse público, o publicismo do processo, os poderes instrutórios do juiz, a busca da
verdade e a promoção da efetiva igualdade das partes do processo. Propugnava-se a neutralização da
liberdade das partes. Ao autor da demanda judicial apenas se reservava a simples função de provocar o
exercício da jurisdição, outorgando-se ao juiz o poder de impulso do processo. Fortaleceram-se, assim, os
dogmas de que às partes bastaria narrar os fatos, sendo direito de conhecimento privativo do juiz, passando
este a ser o protagonista do processo” CUNHA 2016, 48
• Tipos de processo

A) processo de conhecimento
i. procedimento comum – arts. 318 a 512 do CPC
ii. Procedimento especial – arts. 539 a 770 do CPC
iii. Ver também outras leis

B) Processo de execução (arts. 771 a 796 do CPC)


• Processo de conhecimento
• Procedimento comum (fases)

Fase
Fase saneadora/julgamento
Fase instrutória Fase decisória Fase recursal
postulatória conforme o estado do
processo
• Processo de conhecimento Fase
saneadora/
• A) procedimento comum julgamento
conforme o
Fase postulatória Estado

saneador
Improcedência
Petição liminar do Contestação/ Manifeste-se Especifiquem
citação réplica provas
reconvenção em réplica
inicial pedido – art.
332 do CPC Sentença
no estado /
sentença
parcial de
mérito
fase instrutória Fase decisória

Prova
Fase recursal
oral
sentença
Prova Novas provas
pericial documentais

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