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“Manual com regras de bom uso da língua a serem seguidas por aqueles que desejam

expressar-se adequadamente.” (certo e errado)


“Conjunto de regras depreendidas dos dados analisados pelo linguista, segundo
determinada teoria, a fim de associar cada expressão de determinada língua a uma
descrição de sua estrutura e de estabelecer suas regras de uso.” (gramatical x agramatical)
Exemplos de divergências entre a gramática normativa e a gramática descritiva:
• verbos na 2ª pessoa do plural;
• pronome vós;
• futuro simples vs. futuro perifrástico;
• tu vs. Você;
• verbos na 2ª pessoa do singular;
• pronomes oblíquos átonos de 3ª pessoa do singular;
• nós vs. a gente;
• -r final do infinitivo;
• Na minha casa tá cheio de telha de aranha.
• Ela ler muito.
• A gente saímos. (silepse de número)
• Tu mentistes.

A consciência que o falante tem desse descompasso entre as regras


que segue e as que deveria seguir gera a hipercorreção.
• Nem todo descompasso gera hipercorreção:
• *Você saíste.
• *O meu mãe saiu.

Gramática normativa é essencialmente descritiva, mas descreve algo que não corresponde
a uma única variedade linguística:
• diferentes épocas
• diferentes países (Brasil e Portugal)
• língua literária ("bons exemplos da literatura")

Que padrão a gramática normativa deveria adotar/descrever? Qual é usualmente


encontrada?
• língua literária;
• língua dos falantes cultos (quem são eles?);
• língua das elites socioeconômicas.
• “conjunto de regras que o falante de fato aprendeu e das quais lança mão
ao falar.” (inadequação da variedade linguística utilizada em determinada
situação)

Que conhecimentos habilitam o falante a produzir frases e enunciados


compreensíveis e reconhecidos como pertencentes a uma língua?
• Lexical: conhecer as palavras e o que significam;
• Sintático-semântico: distribuição/organização das palavras na sentença e o
efeito disso para o sentido;
• Um influencia o outro, um depende do outro.

• Mais do que descrever uma língua, a teoria gerativa quer explicar o que é a
linguagem, como ela "chega" à mente do falante (aquisição) e como ela
funciona. Como um falante sabe o que sabe?
• Argumentos que corroboram a existência de uma gramática
internalizada:
• – Regularização de formas irregulares no processo de aquisição (eu
sabo, eu fazi);
• – Hipercorreção (ela ler muito, minha casa tá cheia de telha de
aranha).

• a. Ilhéus tem praias muito bonitas.


• b. * bonitas tem muito Ilhéus praias.

• Ilhéus tem praias muito bonita.


a. Ontem, João viu Maria.
b. Ontem, João a viu.
c. Ontem, João viu ela.
d. Ontem, João viu Ø.
O falante pode não usar as quatro possibilidades de representação do objeto, mas,
com certeza, ele sabe que um verbo como “ver” licencia um objeto, seja numa
forma explícita ou não. Regra semelhante também se aplica ao sujeito, como você
pode observar abaixo:
a. João saiu apressado, pois João não queria perder o avião.
b. João saiu apressado, pois ele não queria perder o avião.
c. João saiu apressado, pois Ø não queria perder o avião.
Regra para a gramática normativa = obrigação (como as regras de etiqueta)
– leis
Regra para a gramática descritiva = regularidade (como as leis da natureza)
– regularidades
Regra para a gramática internalizada = aspectos do conhecimento do
falante que têm propriedades sistemáticas
– leis da natureza

Uso de uma ou outra regra pode gerar juízos de valor, mas não atesta
inteligência, capacidade comunicativa ou sofisticação mental.
– Não existem línguas mais ou menos difíceis!
"sintaxe é o estudo da maneira como as palavras se combinam em
estruturas chamadas frases.”
“sintaxe é responsável, juntamente com a morfologia e o léxico, por
parte fundamental da organização das frases.”
“sintaxe trata dos mecanismos gramaticais que estruturam
internamente o período a partir das palavras.”
• Esses mecanismos são os seguintes:
1. a escolha da unidade (palavra ou sintagma) de acordo com sua classe ou
subclasse. Por exemplo, podemos dizer O brinquedo da criança caiu, mas não
O da janela caiu, pois essa posição tem de ser ocupada por um substantivo.
Podemos dizer A Joana gosta de João, mas não A Maria gosta com João, pois
só a preposição de pode introduzir o complemento do verbo gostar.

2. A posição de cada unidade-palavra ou sintagma na construção do nível


superior.
Dessa forma, podemos dizer Caiu o brinquedo da criança, mas não O caiu da
criança brinquedo.

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