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DESASTRES E SOFRIMENTO MENTAL

Profa. Dra. Margarita Antonia Villar Luis


EERP/USP
Sumário
Eventos catastróficos: considerações sobre os tipos e definição
Avaliação da situação e dos danos.
 Definição, responsáveis pela avaliação;
 Especificidades dos eventos de doenças infecciosas.
Etapas da avaliação
Roteiros para busca de dados e realização de relatórios
Categorizar os transtornos por síndromes e manifestação(prévios e
novos)
Levantamento e Registro das atividades realizadas (enviar às autoridades
competentes e outros)
Recomendações, Obstáculos e problemas mais frequentes
Eventos catastróficos
 O mundo de longa data vêm sendo palco de eventos naturais ou induzidos pelo
homem, de natureza catastrófica, responsáveis por dizimar vidas, provocar
deslocamentos geográficos de pessoas em massa de comunidades afetadas para
evitar a morte ou outros danos.
 O Brasil,nos anos dois mil, já teve duas grandes tragédias que acometeram
regiões atingindo cidades locais e outras mais distantes, por se tratar de
vazamento de dejetos tóxicos (Mariana e Brumadinho). Milhares de pessoas
viram seu contexto ruir.
 Também houve doenças que afetaram profundamente populações como a
disseminação dos virus Zika e Chicungunha que se tornaram endêmicos no país.
 Em 2020 o mundo todo está sendo assolado por uma pandemia provocada pelo
virus virus Covid-19
Pandemias
Apesar dos avanços nas tecnologias de cuidado a saúde, terapêuticas e esforços
de vigilância internacional, eventos da magnitude de uma pandemia
permanecem como uma possibilidade real. (WHO,2018) .

Os impactos causados pelos seres humanos no ambiente, a distribuição das


populações nos espaços, os movimentos populacionais, a expansão das viagens
e comércio internacional, os conflitos armados em vários países, o mau uso de
medicamentos antimicrobianos e as mudanças de atitudes em relação às
imunizações, constitui um conjunto de fatores que somados, aumentam a
probabilidade de ocorrer espontaneamente um evento dessa natureza
(LEE,2018; USAID,2018). E ele realmente ocorreu.
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Nas ocasiões de um desastre seja da natureza que for, a avaliação de danos


e análise de necessidades (ADAN) pelo setor saúde é uma medida de grande
importância para a tomada de decisões em situações de desastres; implica em
apropriar-se da situação de saúde da população, das condições sanitárias
existentes em consequência do evento de impacto (natural e/ou social ou ambos);

Implica também, na avaliação da oferta e condições dos estabelecimentos de


saúde.
Definição: É um processo DINÂMICO, e muda diariamente para se constituir numa ferramenta que
facilite definir, com a maior objetividade possível, as ações prioritárias e imediatas que são
requeridas; Inclui o registro quantitativo e qualititativo da localização, extensão e gravidade dos
efeitos psicossociais produzidos pelo desastre; implica também, em determinar a situação dos
serviços de saúde mental e sua capacidade funcional de resposta.

No episódio pandêmico, uma das características únicas de resposta é o lapso de tempo entre a
modelagem da pandemia, que diferentemente de um desastre, tem modelos epidemiológicos
previsíveis, que permitem um tempo limitado porém, valioso para o prognóstico, planejamento e
preparo conforme a pandemia se aproxima e progride.
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A avaliação das consequências do evento pode ser iniciada por pessoas de saúde local ou externo
(voluntários, profissionais de outras localidades, especialistas).

A pessoa local, caso resida no mesmo espaço geográfico, responde imediatamente se deslocando
de maneira rápida; em geral conhecem a situação prévia ao desastre e dispõem de mais elementos para
julgar o verdadeiro impacto do evento. MAS, O vínculo emocional e o comprometimento pessoal dos
locais podem comprometer a objetividade da avaliação.
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Para minimizar o efeito da implicação emocional dos trabalhadores locais é importante que existam
instrumentos de medida préviamente establecidos e que o pessoal externo especializado atue nos
processos de avaliação, de maneira conjunta e de forma coordenada com o pessoal local.

O pessoal que supostamente, trabalhe na avaliação deve ser treinado antecipadamente;

UM DOS REQUISITOS É QUE ESTEJA PREPARADO PARA TRABALHAR SOB PRESSÃO.


No caso das doenças infecciosas, a experiência mostrou que:

O amedrontamento do público se acentuava e também as diversas reações à


disseminação da erupção no seu meio. O medo emergia e se espalhava tanto
quanto a epidemia;
No processo da doença instalada, surgia na pessoa o medo de ser atingida pelo
contágio:morrer e/ou ficar mutilada e sofrer transformações na mente (não se
reconhecer, não ser o mesmo). Esse sentimento se exacerbava à medida que
crescia a aflição pela possibilidade de contagiar ou ser contagiado, inclusive
entes próximos.
A onda de angústia antecipatória à erupção da doença se expandia, crescia até o
máximo no seu pico e a seguir decrescia, muito mais rápido do que a onda do
episódio da infecção; o alívio aparecia na sequência, na esteira das duas ondas.
 O temor de uma erupção severa contagiosa, não é tolerado por um longo tempo e
precisa ser banido do inconsciente pessoal e coletivo humano.

 Qualquer evento catastrófico apresenta características semelhantes, isso ocorre


devido a que o processo de incorporar na memória tais situações (no caso uma
doença) e apagar a experiência do pensamento, parece ser uma estratégia para
promover a auto preservação (Hatfield, Cacioppo, Rapson,1993).

 Isso é preocupante em relação às doenças infecciosas, quando ocorre no auge da


epidemia com algumas pessoas, que precocemente, para obterem alívio de tais
sentimentos, simplesmente negam a existência da doença ou minimizam seus
efeitos, agindo de forma não adaptativa e segura, colocando a si mesmo e a outros
em risco.
No caso de doenças infecciosas:

É preciso considerar, a carga de saúde mental dos trabalhadores de saúde, devido aos
traumas provocados pela condição de pandemia, pois estão expostos aos riscos,
infeccioso e psicológico, enquanto cuidam dos pacientes infectados, com taxas de
adoecimento entre o pessoal de saúde alcançando 20%, como se observou durante o
episódio de pandemia da SARS ( Chan, Huak, 2004 ).

Os efeitos da quarentena e o distanciamento social, enquanto medidas rotineiras de


controle da disseminação da doença, não têm sido alvo frequente de pesquisas na área
de saúde mental, mesmo com a observação de efeitos nas pessoas em isolamento,
separadas de familiares e de suas comunidades, mesmo sem terem contraído a doença.

 Efeitos semelhantes podem ser observados em trabalhadores da saúde, que pela sua
exposição, são colocados em isolamento.
ETAPAS NO PROCESO:

Para a avaliação da saúde mental tomam-se como período de referência os primeros 30 dias, a partir da
ocorrência do evento (periodos crítico e pós-crítico imediato). Este tempo pode ser variável segundo a
magnitude do desastre e as circunstâncias específicas (no caso de uma doença infecciosa pode se
prolongar por mais tempo).

• Inicial: efetuam- se nas primeiras 72 horas posteriores ao evento.

• Intermediária: registra-se a evolução da situação de saúde mental em forma contínua durante as


primeiras quatro semanas.

• Final: ocorre ao finalizar a etapa intermediária.


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As condições específicas do desastre podem dificultar o processo de avaliação nos primeiros


momentos (aceso geográfico, magnitude do acontecimento, aspectos sanitários, socioculturais, dentre
outros).

avaliação inicial é básicamente qualitativa e geral; é difícil trabalhar em aspectos quantitativos ou


muito específicos. Pretende identificar, de manera rápida, os problemas psicossociais.
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No início é importante evidenciar quais fatores podem influenciar de manera positiva ou negativa a
saúde mental da população, o grau de atenção às necessidades básicas e os recursos disponíveis
para isso.

OS PROCEDIMENTOS INCLUIDOS CONSTITUEM UM PADRÃO DE REFERÊNCIA QUE PODE


SER ADAPTADO PARA CADA PAÍS SEGUNDO SUAS CONDIÇÕES ESPECÍFICAS E O TIPO DE
DESASTRE.
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ROTEIRO DE AÇÕES NA ETAPA INICIAL
Identificar Recursos, serviços e programas de saúde mental existentes

• Instituições que prestam serviços de saúde mental na área atingida e proximidades.


• Pessoas disponíveis (institucional e comunitário) capacitado em saúde mental.
• Pessoas disponíveis, especializado em saúde mental, com identificação daqueles com formação prévia
em emergências.
• Equipes móveis de saúde mental com quem se podería contar e o seu lugar de procedência.
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• Mecanismos de referência e contrarreferência


• Análise breve da situação psicossocial existente anterior ao evento traumático
• Dados de morbilidade e mortalidade, relacionados com a saúde mental
• Conhecimentos, atitudes e práticas da população frente aos problemas de saúde mental
• Vías de solução de conflitos e discordâncias; formas de mediação
• Fortalezas e vulnerabilidades psicossocias da população
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Auxiliam nas avaliações das Fases Inicial e Intermediária os Documentos sobre a situação de saúde
mental local anterior ao desastre :
(os dados servem de base para comparação com as informações coletadas pós evento).
Informação vigentes nos sistemas do setor saúde:
Na fase inicial permitem um conhecimento preliminar do impacto do desastre e identificar as
necessidades mais imediatas.
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avaliação inicial: se realiza mediante a observação direta e a coleta de informação proveniente de


informantes chave da comunidade (prefeitos, professores, trabalhadores de saúde, líderes
comunitários, etc).

A EQUIPE DE SAÚDE ATUANTE NO NÍVEL PRIMÁRIO, É QUEM DEVE TOMAR ESSA


INFORMAÇÃO E TRADUZÍ-LA EM POSSÍVEIS IMPACTOS PSICOSSOCIAIS (EQUIPES DE
SAÚDE MENTAL, AINDA NÃO ESTÃO PRESENTES NO LOCAL DO DESASTRE).
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No primero momento, os serviços de saúde mental devem preparar a mobilização das pessoas
especializadas e listar os mecanismos de coleta de informação mais detalhada(locais
específicos,utilização de pessoas chave, etc)
Uma lista de fatores de risco aos quais está exposta a comunidade afetada, os fatores
protetores de que dispõe, um inventário de recursos e o grau de resolução das necessidades
básicas, psicossociais e institucionais.
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Trata-se de elaborar uma lista de verificação em termos de afirmações que se qualificam de


acordo com a percepção dos profissionais de saúde da atenção primária, marcando em formulário
específico o ítem correspondente a tais fatores.

Um relatório que se despacha ou entrega as autoridades ou àqueles que tomam as decisões


correspondentes.

Nas primeras 72 horas será difícil ou quase impossível compilar informações quantitativas de
morbilidade relacionada com a saúde mental.
CONTEÚDOS DA AVALIAÇÃO INICIAL
• Descrição da situação existente em consequência do evento adverso, con ênfase no impacto
humano.

• Lista de fatores de risco psicossocial e Lista de fatores protetores e sua qualificação.

• Lista preliminar de recursos humanos disponíveis no território (pessoal) com conhecimentos de


saúde mental: psicólogos, psiquiatras, enfermeiros especialistas em saúde mental e outros
grupos treinados: médicos, pessoal de enfermagem, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais,
estudantes universitários ou de profissões técnicas.
• Lista preliminar de recursos institucionais e materiais com que se pode contar: instalações ou
serviços de saúde mental no território, danos à sua infraestrutura, fundos ou recursos financeiros,
medicamentos (psicofármacos), brinquedos ou material de jogos (para crianças) e outros.

• Identificação de necessidades e qualificação prévia:


a) Necesidades básicas: moradia, alimentação e segurança;
b) Necessidades psicossociais: orientação, contato con membros da família, apoio emocional, apoio
social e institucional, educação para crianças, lideranças, culturais e religiosas;
c) Institucionais: mobilização ou incremento de pessoas especializadas, capacitação e serviços de
saúde mental.
Continuação:
Apreciação da informação que a população está recebendo: tanto dos meios de comunicação como
através de grupos e de indivíduos.

• Outros comentarios: zonas geográficas de risco, localização de grupos da população com maior
vulnerabilidade psicossocial; formas de expressão das emoções e mecanismos de enfrentamento dos
problemas; como estão lidando com a violência, mortes e perdas, formas de luto; a quem e como se
solicita ajuda ou apoio psicológico.

• Conclusões e recomendações: para os próximos 30 dias.


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FASE INTERMEDIÁRIA:

Após primeiras 72 horas até os 30 días, continudade do seguimento da situação descrita na avaliação
inicial.

Trata-se de processo sistemático e mais detalhado de coleta de informações, aproximadamente


durante o primeiro mês, o objetivo é definir o plano de intervenções no período.

Fase de análise dos danos à saúde mental, as necessidades psicossociais e os fatores de risco já
identificados, e as ações que estão sendo realizadas.
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A AVALIAÇÃO INTERMEDIÁRIA CONSTITUI UM PROCESSO CONTÍNUO DURANTE O


PERÍODO PÓS CRÍTICO:

a. Realização de cortes semanais que permitam estabelecer, as linhas de ação pertinentes


implementadas pelas pessoas especializadas em saúde mental, junto com a equipe de atenção
primária.

b. Registro dos casos atendidos pelas pessoas não especializado


Os mecanismos de registro dos dados sobre a saúde mental, devem ser estabelecidos de forma que a
informação das ações em curso possa ser recompilada:

1. Casos de trastornos psíquicos atendidos (segundo sexo, idade e tipo de consulta)


2. Categorizar de acordo com o lugar onde é oferecido o atendimento (atenção primária,
hospitais ou outros espaços):
a. casos atendidos por pessoas especializadas
b. casos atendidos por pessoas não especializadas
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3. Morbidade: clasificação dos casos atendidos segundo categorías diagnósticas. Sugere-se utilizar um
agrupamento amplo, por síndromes, já que pode ser muito difícil obter diagnósticos precisos usando a
Clasificação Internacional de Doenças(CID 10). Estas categorías podem ser especificadas da siguiente
forma:
 . Categoría por síndromes
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CATEGORIA POR SÍNDROMES / MANIFESTAÇÕES FUNDAMENTAIS:
Estresse agudo/quadros predominantemente ansiosos--Nervosismo, tremor, angústia, medo, aflição,
reviver o momento traumático, inquietação, insônia, transtornos do apetite, temor à réplica

Quadros depressivos--Tristeza,chôro frequente, baixa autoestima, perda do sentido da vida,


transtornos do sono, insônia, falta de apetite; ideias suicídas ou conduta suicída; poucos desejos de
viver ou ideias suicídas definidas, existência de planos para consumar o suicídio, atos suicídas falidos
frequentemente coexistem com manifestações de depressão.
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Psicoses--Alucinações, ideias delirantes, condutas extranhas ou evidentemente anormais, que


evidenciam desconexão com a realidade; pode existir agitação e violência.

Consumo indevido de substâncias psicoativas--Início ou aumento no consumo de álcool ou outras


drogas, como consequência do evento.
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CATEGORIA POR SÍNDROMES / MANIFESTAÇÕES FUNDAMENTAIS:

Epilepsia e quadros orgânicos com ou sem manifestações confusionais--Convulsões ou quadros de


confusão mental/desorientação (não saber onde está no momento, quem é, o que aconteceu, etc.)
associados a infeções, intoxicações, traumas cranianos, etc.

Transtornos emocionais e comportamentais da infância--Enurese, encoprese, isolamento,


medo,hiperatividade, agressividade, mudanças evidentes no comportamentos, transtornos do sono ou
na alimentação,comportamentos regressivos e aparicimento de dificuldades do aprendizado.
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Manifestações emocionais não definidamente patológicas -Nervosismo, tensão, tristeza, preocupação,


aflição, temores, pensamentos incoerentes, sintomas somáticos, sentimentos de culpa, irritabilidade,
lembranças persistentes, frustração, problemas do sono e da alimentação, mudanças nas formas
habituais de se comportar, ruptura conjugal, otros.

Condutas violentas -- Agressões, maltrato a membros da família, ira, cólera, desprezo, raiva; o
comportamento violento pode se dar no contexto de grupos delinquentes.
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CATEGORIA POR SÍNDROMES / MANIFESTAÇÕES FUNDAMENTAIS:

Quadros somáticos em que fatores emocionais têm um papel etiopatogênico importante--


Diabete, hipertensão arterial, dermatites, asma e outras doenças psicossomáticas.
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LEVANTAMENTO E REGISTRO DE ATIVIDADES REALIZADAS

Encaminhamentos a psicólogos ou psiquiatras e outros profissionais de saúde mental existentes.


Mortalidade por causas relacionadas direta e indiretamente com a saúde mental:
a. mortes violentas (suicídios, homicídios, violência intrafamiliar e acidentes)
b. mortes relacionadas com álcool ou consumo de drogas

Atividades grupais:
a. psicoeducativas ou de apoio emocional: número de sessões e participantes.
b. terapéuticas oferecidas por pessoal especializado ou não: número de sessões e participantes.
LEVANTAMENTO DE ATIVIDADES REALIZADAS

c. Atenção à população infantil com uso de atividades grupais (com pais e menores, ou através dos
professores): número de sessões e participantes.

d. Capacitação: público objetivo, número de sessões, participantes, lugares onde se desenvolveu e


temáticas abordadas.

e. Atenção aos membros das equipes envolvidas através do apoio de pessoal especializado: casos
atendidos individualmente e atividades grupais.

.
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LEVANTAMENTO DE ATIVIDADES REALIZADAS

f. Identificação de grupos da população em risco ou que requeren maior atenção de saúde mental.

g.Identificação de problemas e necessidades institucionais e de recursos humanos, e o grau de


solução que vão tendo.

h.População deslocada de um territorio e/ou refugiada de outra região ou país: problemática


psicossocial e atenção que estão recebendo.

i. Análise da informação que a população vem recebendo, por diferentes vías.

o. Análise da sustentabilidade das ações efetuadas até o momento.


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1.Considerações finais do período avaliado:

Inclui uma análise qualitativa da situação de saúde mental (atitudes e práticas da população,
mecanismos de enfrentamento, vivência do luto, soluções de conflitos, fortalezas e vulnerabilidades da
comunidade; fatores de risco e de proteção, grau de satisfação das principais necessidades da
população que vão sendo atingidas).

2. Final do período pós-crítico (aproximadamente aos 30 días).

Permite analisar a situação de saúde mental depois do período pós-crítico, e verificar uma evolução
das apreciações realizadas. Deve oferecer uma visão global com um aprofundamento especializado que
facilite planejar as linhas de ação para a fase subsequente de recuperação.

O informe final deverá ser divulgado e discutido com os responsáveis e tomadores de decisões
do setor saúde.
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RECOMENDAÇÕES

• Este procedimento pode ser útil para detectar problemas como: níveis altos e mantidos de estresse que
podem ser indicativos de complicações futuras; depressão, abuso de álcool ou drogas e disfunção
importante na vida cotidiana.

• Nesta fase, não se deve fazer, uma padronização dos casos antes das primeiras quatro semanas,
pois as possibilidades de recuperação espontânea são muito altas e corre-se o risco de
superestimar a problemática existente.

•Aplicar medidas terapéuticas específicas sómente em grupos de risco muito bem seleccionados, que
tenham sofrido grandes traumas ou nos quais se anticipam elevados índices de trastornos psíquicos.
OBSTÁCULOS E PROBLEMAS MAIS FREQUENTES

• Não dispor de um diagnóstico ou informacão previas de caráter confiável.

• Existe o risco da informação coletada ser irrelevante ou não confiável, ou estar influenciada por opiniões
políticas, de grupos particulares ou por informações da mídia .

• Em ocasiões, de forma deliberada ou não, a informação pode não ser exata.

• Os meios de comunicação podem ser sensacionalistas ou tender a generalizar situacões particulares de


muito impacto humano.

• Às vezes é difícil separar o rumor de fatos objetivos.


.
• Fatores pessoais que facilitam o viés : história pessoal dos membros da equipe que realiza a
avaliação, suas condições emocionais e sua capacidade intelectual no momento do trabalho.

• Não haver cruzamento das diferentes fontes de informação.

• Não haver disponibilidade dos informantes chave.

• Avaliação efetuada tardiamente.

• Recursos insuficientes ou problemas logísticos que dificultem a coleta de informação.

• Pouco preparo das equipes que realizem a avaliação; má distribuição do trabalho ou


responsabilidades pouco definidas.
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Evidências mostram que não se dá a devida atenção a saúde mental em
termos de comportamentos e sentimentos que acompanham episódios
inesperados e massivos, que irrompem de forma abrupta.

Eventos de doenças infecciosas e pandemias como SARS, a gripe N1H1,


o Ebola e Zika exemplificam. A vivência mostrou que a medida que
surgiam os casos de infectados na população, a ansiedade a respeito da
doença aparecia;

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