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CEFALÉIAS

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL E
CONDUTAS
CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL - 1988

 Primárias: não relacionadas a outra


patologia de base

 Secundárias: sintomas de alguma doença


associada
CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL - 1988

 Cefaléias primárias são funcionais, devido a


distúrbios cerebrais ou de neurotransmissores,
logo, o diagnóstico é puramente clínico

 Cefaléias secundárias: alterações estruturais


devido a problemas anatômicos; EN+ exames
complementares para o diagnóstico
CEFALÉIAS PRIMÁRIAS
 Cefaléia Tensional
 Migrânea
 Cefaléia em Salvas e Hemicrânia Paroxística
 Cefaléias não associadas com lesão estrutural
 Cefaléia idiopática em facada
 Cefaléia por estímulo frio
 Cefaléia benigna da tosse
 Cefaléia benigna do esforço
 Cefaléia associada a atividade sexual
CEFALÉIAS SECUNDÁRIAS
 Cefaléia pós-traumática
 Cefaléia associada à distúrbios vasculares
 Cefaléia associada à intracranianos não vasculares
 Cefaléia associada ao uso de substâncias ou à sua retirada
 Cefaléia associada à infecção não cefálica
 Cefaléia associada à distúrbios metabólicos
 Cefaléia associada à distúrbios de estruturas cranianas ou
faciais
 Cefaléia associada à neuralgia craniana, dor em troncos
nervosos, dor de desaferentação
CEFALÉIA TENSIONAL (CTT)
 “Contração muscular ou tensional”
 ♂ 69% - 88% ♀
 Episódica: <15 dias/mês
 Abortadas com analgésicos comuns
 Crônica pura é rara (CTC) → enxaqueca 2ª → cefaléia tenso-vascular

 QC:
 Intermitentes / vespertinas / duração de horas
 Constrictiva / leve fono e/ou fotofobia
 Difusa, bilateral FT, vértex, occipito-nucal
 NÃO é agravada por exercícios físicos
 NÃO associadas á contratura de mm. pescoço ou nuca ≠ migrânea
CEFALÉIA TENSIONAL
A cefaléia tensional episódica
é a dor cefálica mais frequente.

 Estudo dinamarques: 92% da população já teve dor


de cabeça em alguma fase de sua vida, sendo que só
22% possuíam cefaléia incomodativa crônica

 Os outros 70% tinham cefaléia tensional episódica,


relacionada, por exemplo, com dormir demais, sofrer
algum aborrecimento ou nervosismo e beber demais
ENXAQUECA / MIGRÂNEA
 Causa mais comum de cefaléia intensa
 Prevalência em 1 ano: 12,6% da população
 ♂ 1:3 ♀
 Clássica: com aura // Comum: sem aura
 QC (2 de 4): recorrentes, 4 a 72hs, 1 a 2x/mes
 Moderada a severa
 Pulsátil
 Unilateral (hemi >> holocraniana), pp. temporal
 Piora com esforço
 Náuseas, vômitos, fono, foto e osmofobia
 Tratamento profilático: >3 a 4 crises/mes
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
 Migrânea comum ≈ cefaléia tensional crônica

 Diagnóstico diferencial:
 náusea, vômito
 fotofobia, fonofobia e osmofobia
 hiperestesia (o paciente fica muito mais sensível a
qualquer toque, não tolera a luz ou barulho)
 hiperalgesia (polimialgia)
MIGRÂNEA
 Como o metabolismo dos açúcares está alterado,
alguns pacientes podem chegar a desmaiar em
decorrência da hipoglicemia

 Ganho de peso pode ocorrer porque, com a melhora


da dor de cabeça, o paciente geralmente se alimenta
em excesso
 Esclarecer os pacientes é fundamental !!
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

 Migrânea comum: acontece em paroxismos,


com intervalos livres de dor

 Cefaléia do tipo tensional crônica é contínua


com pequenas alterações de intensidade
ANAMNESE
 Tempo de início da dor  Intensidade da dor
 Fraca
 Mudanças na
 Moderada
característica da dor
 Forte
 Frequência das crises  Localização habitual
 Duração das crises  Unilateral
 Bilateral
 Frontal
 Temporal
 Occipital
 Outras
ANAMNESE
 Qualidade  Fenômenos associados
 Pulsátil  Náusea / vômito
 Constrictiva / peso /  Fonofobia
aperto  Fotofobia
 Pontadas / agulhadas  Osmofobia
 Choques  Fatores de agravamento
 Queimação
 Fatores desencadeantes
EXAME FÍSICO
 Pt migranoso 1
 Pt migranoso 2
 ramo frontal

 Cefaleia salva e
“jabs and jolts”
 ramo parietal
EXAME FÍSICO
Dor retro-ocular é queixa muito comum nos
portadores de alguns tipos de cefaléia.

 Deve-se comprimir um olho de cada vez (palpação dos


dois olhos concomitantemente pode desencadear um reflexo
parassimpático com repercussões cardíacas)

 Se o paciente não referir dor: não há processo


inflamatório nas aa.orbitárias ou na a.oftálmica (2° ramo
da ACI), que origina dor no fundo de olho na região
esfenoidal
EXAME FÍSICO

 A maior parte das migrâneas ocorre na parte anterior


do crânio ou na face (n. trigêmeo: oftálmico, maxilar e
mandibular - além do ramo acessório para a asa do nariz).

 Na neuralgia do trigêmeo encontra-se dor nos 3 ramos


quando se faz a palpação, porque todo o nervo está
afetado pelo processo inflamatório

 Diagnóstico diferencial é importante para definir


terapêutica
EXAME FÍSICO

 Palpação da carótida; parte fundamental do EF


 Em praticamente todas as migrâneas encontra-se dor
durante a palpação
 Isto ocorre porque o processo inflamatório arterial não é
localizado apenas na artéria temporal superficial, mas
se origina da artéria carótida homolateral à cefaléia
irradiando-se para os seus ramos
 Assim, na cefaléia migranosa, a dor predomina de um
lado
CEFALÉIA EM SALVAS
 ♂ 14:1 ♀
 Vasodilatação arterial + inflamação neurogênica
na circulação extracraniana (pp a.oftálmica)
 Episódica / remissão (85%) ou crônica (15%)
 QC:
 Unilateral fixa, retro-orbitária, “aguda e constante”
 30 a 120 min, 1 a 2x/dia, à noite (00:00 às 2:00hs)
 Lacrimejamento, coriza, hiperemia...
 “Balanceio, bater a cabeça, andar desassossegado”
 Desencadeador: álcool, cochilos
Cefaléia idiopática

 dor em pontadas
 fugaz
 predominantemente na região do primeiro ramo do
trigêmeo (órbita, têmpora e região parietal) e que
dura uma fração de segundo
 é bastante comum, pouco conhecida e muito
assustadora, sendo mais comuns em migranosos.
CEFALÉIA POR SINUSITE???
CEFALÉIA SINUSAL
(vácuo sinusal ou barossinusite)
 ≠ sinusite bacteriana aguda
 Causa mais comum de dor facial
 2ª causa dor cefálica

 Subpressão dos seios – obstrução dos complexos


ostiomeatais (ss. maxilares) e ducto nasofrontais (ss. frontais)
 QC:
 Centro da fronte, ponte do nariz – “pressão”
 Congestão ou gotejamento nasal
 Exposição a alérgenos ou irritantes (perfumes, fumaça)
TRATAMENTO

Uma terapêutica adequada somente pode


ser instituída após o diagnóstico
diferencial correto estabelecido entre os
diferentes tipos de cefaléia.
TRATAMENTO

 Perguntas clássicas sobre tratamento:


1) Este remédio engorda?
2) Vou ficar dependente do medicamento?
3) Vou ficar sedado (a) ou sonolento (a)?
4) Posso beber álcool com a medicação?
5) Se eu tomar analgésicos demais posso ter
complicações?
O remédio engorda?

ADERÊNCIA é a palavra chave


no tratamento da migrânea.

 Se um medicamento tem o perfil de aumentar o peso,


muito provavelmente o tratamento será interrompido

 Monitorar peso durante o tratamento é fundamental


Peso?
 Ganho ponderal:
 Relacionado ao efeito direto da droga
 Aumentar a fome
 Constipação intestinal

 Flunarizina: principal responsável


 Amitriptilina e outros tricíclicos

 Topiramato: controle da compulsão !!!

 Intensificar exercícios físicos


Posso manter os remédios que
tomo normalmente?

 Sibutramina e anorexígenos pioram a dor de cabeça,


pois agravam a irritabilidade, a ansiedade, exacerbam
quadros depressivos e geram insônia
Vou ficar dependente do medicamento?

 NÃO, nenhuma das drogas para profilaxia ou


abortivas causam dependência

 ATENÇÃO ao efeito-rebote por suspensão


precoce e súbita da profilaxia

 Manutenção por no mínimo seis meses


Vou ficar sedada(o) ,
sonolenta(o) com este remédio?
 Antidepressivos (ADT, trazodona, mirtazapina)
 Antiepiléticos
 Betabloqueadores
 Miorrelaxantes

O paciente deve ser alertado quanto aos


efeitos iniciais e a posterior adaptação aos
mesmos.
Estratégias de tratamento

Relaxantes musculares provocam sono:


atenção às fórmulas magistrais.

 Cafeína e isometepteno (neosaldina) podem


causar insônia e ansiedade

 Isometepteno é considerado doping esportivo


pelo seu efeito estimulante
Estratégias de tratamento

 Insônia é queixa frequente, quer por aumento


na latência, quer por fragmentação do sono

Nestes casos a escolha de um tratamento


preventivo que cause mais sono é adequada.
Posso beber álcool com este
medicamento?

Álcool por si só causa dor de cabeça !!

 Atenção às interações, notadamente com os


profiláticos

 Estabelecer relação causa-efeito entre dor e álcool


Analgésicos demais,
posso ter complicações?
 Este remédio ataca o fígado ou estomago?
SIM

 Efeitos deletérios comuns aos analgésicos


 TGI
 Hematológicos
Boca amarga, náuseas...
 Sobrecarga hepática é comum com o uso
abusivo de analgésicos: o paciente tende a
pensar que o efeito é da profilaxia

 Os profiláticos não são lesivos ao fígado, com


exceção do valproato que raramente pode
elevar as enzimas
USO ABUSIVO

CEFALÉIA REBOTE: cefaléia diária ou


quase diária – dependência quÍmica

 Bloqueio na produção de endorfinas


MITOS E VERDADES
 Quem tem enxaqueca deve evitar
chocolate?
VERDADE

 Chocolate contém cafeína e uma amina


vasodilatadora
MITOS E VERDADES
 Alimentos e bebidas causam dor de
cabeça?
VERDADE EVENTUAL
 chocolate, vinho, sorvete; minoria
 jejum prolongado: maioria

Os alimentos não causam dor , mas a


desencadeia naqueles que tem migrânea.
MITOS E VERDADES
 A falta do uso de óculos pode dar dor
de cabeça?
MITO

 Apenas o astigmatismo pode provocar dor


de cabeça, nos momentos em que se
fazem esforços visuais – pouco frequente
MITOS E VERDADES
 Problemas no fígado ou estômago
causam enxaqueca?
MITO
 Alimentos gordurosos ou fritura: gatilhos

 Fígado, vesícula biliar e estômago não


são responsáveis por enxaqueca
 Lembrar da gastroparesia fisiológica
durante as crises
MITOS E VERDADES
 Pressão alta provoca enxaqueca?
MITO

 A associação de migrânea com hipertensão arterial é


coincidência;
 Cefaléia episódica por HAS deve ser considerada como DDif

 A cefaléia que ocorre nos hipertensos é devida aos efeitos


colaterais da medicação usada para combatê-la, quando esta
hipertensão é aguda (pico hipertensivo) ou severa
 Portanto, na maioria das vezes, a pressão alta  é uma resposta
do organismo à dor, uma conseqüência da dor de cabeça e
não a causa
MITOS E VERDADES
 Sinusite provoca cefaléia?
MITO

 Ocorre apenas em sinusite aguda


 Sinusites crônicas não provocam cefaléia,
ao contrário do que se difunde na crença
popular (≠ cefaléia sinusal)
MITOS E VERDADES
 Dores de cabeça crônicas, antigas e
intensas podem ser sinais de tumor
cerebral ou aneurisma?
MITO

 Cefaléias crônicas são benignas!?


 ATENÇÃO com as cefaléias agudas!!!
MITOS E VERDADES
 Enxaqueca tem cura? Pode ser controlada e/ou
desaparecer algum dia?
VERDADE
 Por ser uma doença bioquímica do cérebro
transmitida geneticamente, não pode ser curada no
sentido literal da palavra
 Tratamentos corretos e eficientes podem reduzir a
incidência, intensidade e duração de suas crises em
mais de 90%
 Com o tempo e por mecanismos ainda controversos,
as crises de dor podem desaparecer sozinhas
MITOS E VERDADES
 Dor de cabeça forte é sinal de doença
grave?
MITO
 Doenças graves do cérebro ou de outras
partes do organismo podem causar cefaléia
intensa, mas as cefaléias primárias, também
causam dores intensas : enxaqueca e cefaléia
em salvas, p.ex.
MITOS E VERDADES
 Dor de cabeça freqüente pode ser devida
só a estresse e excesso de trabalho?
MITO

 Cefaléia tensional ou migrânea tem múltiplos


fatores envolvidos, excepcionalmente apenas
um isolado
MITOS E VERDADES
 Batata gelada na fronte melhora?
VERDADE

 Bolsa de gelo
 Compressa geladas
 Batata, abobrinha, jiló!!!!
MITOS E VERDADES
 Quando entrar na menopausa melhora?
VERDADE PARCIAL

 Algumas mulheres apresentam diminuição ou


mesmo cessação completa das crises de
enxaqueca com a menopausa
 Infelizmente, não é a verdade para a maioria
das mulheres, apenas para cerca de 30%
Paciente neurológico:
qual a sensação do
clínico?
OBRIGADO!

wilscappini@globomail.com
Tel: 45230595 / 84262664

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