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PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA: VYGOTSKY

“Fenômeno psicológico é simultaneamente


subjetivo e cultural”

Nas outras psicologias, o fenômeno psicológico já


estaria dado (a priori)  ser humano pensaria,
sonharia, sentiria, desejaria, seria consciente ou não
disso, só pela condição de ser humano.

Na vertente sócio-histórica  fenômeno psicológico


como experiência pessoal que se constitui no
coletivo e na cultura. Subjetividade não está dada.
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A subjetividade “é uma conquista humana a partir de
sua atividade e intervenção transformadora sobre o
mundo” [ambiente].

O fenômeno psicológico é encarado como um processo


 construções históricas e sociais  trabalho como
atividade instrumental para sobreviver.

“Imagine os primeiros humanos encontrando ossos de


esqueleto que permitiam seu uso para alcançar algo,
para partir algo, enfim para um uso não planejado por
nossos esquemas genéticos” [mas que o possibilitam]
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Todos avanços tecnológicos – todas as ferramentas e
invenções – são acompanhados de formas de
subjetivação. [falar dos estudos de Nicolelis]

“Se o mundo muda, é porque o humano mudou, e


ao mudar o mundo o humano se transforma. Um
movimento incessante de transformação.”

“A psicologia (...) não serve para compreender


qualquer ser humano. É uma psicologia ocidental
moderna.”
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Natureza humana X condição humana  natureza humana
não existe como “uma essência abstrata, universal e eterna
que caracterizaria os humanos.” (“algo pronto”).

Condição humana  seres humanos constróem suas formas


de satisfação de necessidades, coletivamente  digo eu:
criam, inclusive, algumas das suas “necessidades”. [discutir o
péssimo exemplo da mamadeira]

A forma de compreender, sentir e agir tem a ver com as


formas sociais que adotamos para viver  condição
humana = possibilidade de criarem a si, “libertando-se dos
limites impostos pelo biológico de seus corpos”
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Importância da cultura  “expressão ou fotografia
do avanço da humanidade”  “humanização do
mundo material”  criamos: objetos, rituais, ideias,
ciências, religiões  “conquistas de possibilidades
humanas de ser e estar no mundo”

Linguagem  produto e produtora da cultura 


estamos inseridos nela  carrega as possibilidades
psíquicas, de subjetividades, construindo e
reconstruindo em nós.
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Sujeito e mundo  “âmbitos distintos, mas criados no
mesmo processo”  se completam e se referem um ao
outro  subjetividade: um sistema integrador do
interno e do externo  dimensão social e individual.

Subjetividade individual  construção histórica de


relações sociais do sujeito concreto  “espaço pessoal
dos sentidos que atribuímos ao mundo”.

Subjetividade social  “aresta subjetiva da constituição


da sociedade”  sistema integral de configurações
subjetivas que se articulam.
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“Não há como compreender o indivíduo sem conhecer seu
mundo” [contexto social].

Pressupostos básicos da teoria: a) compreensão das funções


cognitivas humanas não podem ser alcançada pela
psicologia animal, pois os animais não têm vida social e
cultural;

b) As funções cognitivas não podem ser vistas como


resultado da maturação de um organismo;

c) A linguagem e o pensamento humanos têm origem social;


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d) A consciência e o comportamento são aspectos
integrados de uma unidade, não podendo ser isolados
pela psicologia.

Vygotsky: estrutura teórica marxista para psicologia:


a) Fenômenos  processos em movimento e
transformação;
b) Ser humano se constitui e se transforma ao atuar
sobre a natureza;
c) Não construir o conhecimento nas aparências;
d) Mudança individual  nas condições sociais de vida
 “a vida que se tem determina a consciência”
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Noções básicas  concepção do ser humano: “ser
ativo, social e histórico”  ação e necessidades são
sociais e produzidas historicamente na sociedade;

“As necessidades básicas do ser humano não são


apenas biológicas; ao surgirem, elas são
imediatamente socializadas.”

Ex: alimentação e sexo são formas sociais e não


naturais de satisfazer necessidades biológicas.
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Ser humano concreto  “a psicologia deve buscar
compreender o indivíduo como ser determinado [condicionado]
histórica e socialmente.”

“O ser humano existe, age e pensa de certa maneira porque


existe em dado momento e local, vivendo determinadas
relações.”

“A consciência humana revela as determinações


[condicionamentos] sociais e históricas do ser humano (...). As
mediações devem ser desvendadas, pois passam pelas formas
de atividade e relações sociais, pelos significados atribuídos
nesse processo à toda realidade na qual os seres humanos
vivem.”
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Partir do geral para o particular  dedução  analisar as
contradições dentro do contexto  psicologia
fundamentada no materialismo histórico e dialético.

Categorias de análise  1) atividade: a partir dela que nos


colocamos no mundo e criamos a relação fundamental para
todo processo de transformação  permite começar a
pensar a subjetividade;

2) Consciência: não se refere apenas a uma atividade


cognitiva. Nela se mesclam conhecimentos, sentimen-tos,
imagens, palavras, crenças sobre como vive, sente e pensa o
mundo – razão, emoção e ação;
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3) Identidade: organização que o sujeito faz sobre si
mesmo. Permite saber-se único e também perten-
cente a um grupo, coletividade  existência concreta
como “unidade da multiplicidade”;

4) Linguagem: instrumento para mediar as relações


sociais, por meio do qual nos individualizamos,
humanizamos, apreendemos e materializamos o
mundo das significações, que é construído no processo
social e histórico.

“Sentido é a unidade constitutiva da subjetividade.”


OUTRAS PSICOLOGIAS
“A partir de outros fundamentos teóricos, filosóficos e políticos” 
outras possibilidades;

Gestalt – psicologia da forma  + psicanálise e behaviorismo =


“matrizes da psicologia contemporânea”;

Freud – pesquisas anatômicas na medicina  conceito de ciência;


Watson – física e positivismo (“espírito de sua época” – bases do
capitalismo);

Gestalt  surge na Europa “como uma negação e uma tentativa de


superação da fragmentação das ações e dos processos humanos
realizados pelas tendências da Psicologia científica do século XIX” 
compreender o ser humano como uma totalidade  fenomenologia
(filosofia).
OUTRAS PSICOLOGIAS
Gestalt  “as formas de percepção”  “a
percepção do mundo é a porta de entrada da
consciência”  S-O-R (estímulo-organismo-respos-
ta);
OUTRAS PSICOLOGIAS
OUTRAS PSICOLOGIAS
OUTRAS PSICOLOGIAS
“A Gestalt trabalhou com a possibilidade de múltiplas
respostas, dependendo de como o estímulo será
decodificado. Isso significa considerar o
processamento psíquico da informação e as bases
cognitivas (conhecimento anterior) da percepção.”

“Há várias matrizes de conhecimento científico em


psicologia”  objeto de estudo: subjetividade.

“Teorias e conceitos que explicam o fenômeno de


modo diferente e que convivem em um mesmo
período.”
OUTRAS PSICOLOGIAS
Psicologia analítica de Jung  “estruturação do
psiquismo era influenciada também pelo campo
simbólico gerado pela cultura e religião.”

“Inconsciente coletivo” = cultura humana  não é


individual, “pois é inato e coletivo”  universal;

Categoria central: arquétipos  “elementos antigos


que tiveram a função de criar as condições para a
compreensão da alma humana.”
OUTRAS PSICOLOGIAS
OUTRAS PSICOLOGIAS
OUTRAS PSICOLOGIAS
“A forma como o inconsciente individual se apropria desse campo arquétipo,
a partir da vivência concreta e das disposições pessoais, produz o processo de
individuação”  “tipos psicológicos”: introvertido/extrovertido.

Wilhelm Reich  Análise do caráter  dissidente da psicanálise 


radicalizou no enfoque da sexualidade  discordou da “sublimação”
(canalizar energia sexual para outras atividades)  saúde mental
diretamente relacionada com a saúde sexual.

“Introduz a questão corporal pela avaliação das couraças musculares” 


“energia dos conteúdos inconscientes fica depositada em determinados
pontos de nossa musculatura” (anéis de tensão)  “marcas evidentes em
nossa postura”

 “forma ‘objetiva’ de identificar conteúdos inconscientes e de trabalhar


esses conteúdos manipulando os corpos dos pacientes”
OUTRAS PSICOLOGIAS
Fenomenologia, DaseinAnálise e Gestalt Terapia 
Heidegger (ser-no-mundo) – Ludwig Binswnager /
Medard Boss. Carl Rogers  abordagem centrada
na pessoa;

Frederick S. Perls  “não trabalha o conceito de


inconsciente”  o que importa é o “aqui-agora”:
Valorização: a) da realidade; b) tomada de
consciência e aceitação da experiência; e c) do todo
ou responsabilidade.
OUTRAS PSICOLOGIAS
Psicodrama  Jacob Levy Moreno  teatro + medicina
 “via de investigação da alma humana mediante a
ação”  “sujeito interage com seu terapeuta e com o
ego auxiliar, interpretando a própria vida e vivenciando
seus papéis e os papéis das pessoa com quem mantém
vínculos, dirigindo episódios do seu cotidiano”

As autoras reconhecem que abordaram apenas


correntes geradas nos EUA e Europa. Deixaram de lado
toda riqueza da produção da América Latina, América
Central (Psicologia da Libertação – Martin-Baró, p. ex.),
África e Oriente...

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