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Sala dos touros, Caverna de Lascaux, França

A pré-história é um dos períodos mais fascinantes da história humana.


Devido à sua longa duração, os historiadores a dividiram em
períodos. Se tomarmos como base o desenvolvimento técnico,
podemos considerar os seguintes períodos:
 Paleolítico (ou Idade da Pedra Lascada – do surgimento
do ser humano 5.000.000 até cerca de 10.000 a.C.);

 Neolítico (ou Idade da Pedra Polida – de 10.000 - 5.000
a.C.);

 Idade dos Metais (de 5.000 - 3.500 a.C. ou até o
desenvolvimento da escrita).
As primeiras expressões de arte eram
muito simples. Consistiam nas mãos
impressas em positivo e também
negativo, ou em traços feitos nas
paredes das cavernas.
Somente muitos anos depois de dominar a
técnica das mãos em negativo é que o ser
humano da Pré-história começou a
desenhar e pintar animais.
Mão em
negativo,
pintura
rupestre
Tudo o que sabemos a respeito dos nossos ancestrais pré-
históricos é resultado de pesquisas de antropólogos e
historiadores.
Eles reconstruíram a cultura humana pré-histórica com
base nos objetos encontrados em várias regiões do
mundo e nas pinturas e gravações do interior de muitas
cavernas da Europa, no norte da África, na Ásia e no
continente americano.
São do Paleolítico as primeiras manifestações
artísticas de que se tem registro, como as pinturas
encontradas nas cavernas de Chauvet e Lascaux, na
França e Altamira, na Espanha.
Altamira,
Espanha
Lascaux, França
Se aceitarmos que arte significa o exercício de
atividades tais como a edificação de templos e casas
(arquitetura), a realização de pinturas e esculturas,
ou a tessitura de padrões, nenhum povo existe no
mundo sem arte.

A arte como uma espécie de belo artigo de luxo, algo para


nos deleitar em museus e exposições é algo bem
recente e os construtores, pintores e escultores do
passado nem sequer sonharam com ele.
No passado, a atitude em relação à pintura
e às estátuas não eram consideradas
obras de arte, mas sim objetos que tinham
uma função definida.
Para os povos primitivos não há diferença entre
edificar e fazer imagens, no que se refere à
utilidade.
Suas cabanas existem para protegê-los da
chuva, do sol, e do vento e para os espíritos que
geram tais eventos; as imagens são feitas para
protegê-los contra os outros poderes que, para
eles são tão reais quanto as forças da natureza.
Pinturas e estátuas, em outras palavras, são usadas
para realizar rituais e trabalhos de magia.
A principal característica dos desenhos e
pinturas do período é o naturalismo: o
artista representava os seres do modo
como os via, de determinada perspectiva,
isto é, reproduzia a natureza tal qual sua
visão captava.
O que são as pinturas rupestres?
Pinturas feitas por povos primitivos (na pré-história
15.000 - 10.000 a.C.) nas paredes de cavernas.
Pinturas de animais, humanos e grafismos. As
primeiras descobertas ocorreram no século XIX
nas cavernas de Lascaux, na França e Altamira,
na Espanha.
A explicação mais provável para as pinturas
rupestres é a de que se trata das mais
antigas relíquias da crença universal no
poder produzido pelas imagens, parece
que esses caçadores primitivos imaginavam
que, se fizessem uma imagem da sua presa
– e ainda a espicaçassem com suas lanças e
machados de pedra, os animais verdadeiros
também sucumbiriam ao seu poder.
Uma das explicações é que seriam obras de
caçadores, como parte de rituais de
magia. Talvez o pintor-caçador
acreditasse que, “aprisionando” a imagem
do animal, teria poder sobre ele. Assim,
se o representasse mortalmente ferido
no desenho, conseguiria abatê-lo na
vida real.
É impossível entender essas imagens se não procurarmos
penetrar na mente dos povos primitivos e descobrir qual
é o gênero de experiência que os faz pensar em
imagens como algo poderoso para ser usado e não
como algo bonito para se contemplar.
Ex. O poder da imagem. Voodoo. (povos primitivos)
Ou, atualmente, a sensação desagradável que nos dá furar
os olhos da imagem de algum ídolo.
Havia o pensamento de que, o que se faz ao retrato é
infligido à pessoa que ele representa. Essas
estranhas ideias nos ajudam a compreender melhor as
pinturas mais antigas.
Nas pinturas rupestres, o ser humano das
cavernas utilizava óxidos minerais,
ossos carbonizados, carvão, vegetais e
sangue de animais. Os elementos sólidos
eram esmagados e dissolvidos na
gordura dos animais caçados. Eles
utilizavam inicialmente os dedos, mas há
indícios também do emprego de pincéis
feitos com penas e pelos.
O artista do Paleolítico fez também
esculturas. Nelas nota-se o predomínio
de figuras femininas e a ausência de
figuras masculinas. Entre esses trabalhos
destaca-se a Vênus de Willendorf.
Encontrada na Áustria, em 1908 e data
aproximadamente 24 mil anos atrás.
Vênus de Willendorf
11 cm altura
20.000-22.000 a.C.
Arte no Neolítico: começa um novo estilo
• O período Neolítico foi também chamado
de Idade da Pedra Polida porque nele se
desenvolveu a técnica de produzir armas e
instrumentos com pedras polidas por
atrito, que as tornava mais afiadas.
Arte no Neolítico: começa um novo estilo

O início da agricultura e a domesticação dos


animais, permitiu ao homem a substituição da
vida nômade por uma vida mais estável. Esse
fato transformou profundamente a história
humana, pois, com a fixação dos grupos
humanos, houve um rápido aumento
populacional e o desenvolvimento dos primeiros
núcleos familiares, além da divisão do trabalho
em comunidades.
Pintura rupestre nas cavernas de Tassili n’Ajer, na Argélia
A partir daí, o ser humano desenvolveu
técnicas como a da tecelagem e a da
cerâmica e construiu as primeiras
moradias.
O estilo dos desenhos e pinturas ficou mais
simples e geométrico, com sinais e figuras
que mais sugerem do que reproduzem os
seres. Eis aí a primeira grande transformação
na historia da arte.
Os temas das pinturas também mudaram: o ser
humano passou a ser representado nas suas
atividades cotidianas e coletivas. Daí surgiu
um novo desafio para o artista: sugerir
movimento por meio da imagem fixa.
Pintura rupestre nas
cavernas de Tassili n’Ajer,
na Argélia
Essa preocupação com o movimento levou à criação de
figuras cada vez mais leves, ágeis, pequenas, com
poucas cores. Com o tempo, tais figuras reduziram-se a
traços e linhas muito simples, mas capazes de transmitir
sentido a quem as via.

Delas surgiria, posteriormente, a primeira forma de escrita:


a escrita pictográfica, na qual os seres e as ideias são
representados por desenhos.
A escrita surgiu por volta de 4.000 a.C.
pictogramas
Um pictograma (do latim picto -pintado +
grego graphe -caracter, letra) é um
símbolo que representa um objeto ou
conceito por meio de ilustrações.

Pictografia é a forma de escrita pela qual


ideias são transmitidas através de
desenhos.
A preocupação da arte primitiva é com o mundo
invisível e inquietante dos espíritos.
Para a mente primitiva todas as coisas são
animadas por espíritos poderosos – os homens, os
animais, as plantas, a terra, os rios e lagos, a chuva,
o vento, o Sol e a Lua.
Todos esses espíritos tinham que ser apaziguados,
e cabia à arte propiciar-lhes as moradias
adequadas, “aprisionando-os” dessa forma.
Ao lidar com o mundo dos espíritos, o homem
primitivo não se satisfazia apenas com os rituais e
oferendas, precisava representar suas relações com
os espíritos através da dança e cerimônias, nas
quais ele próprio podia assumir temporatiamente
o papel de armadilha do espírito, disfarçando-se
em máscaras e vestes elaboradas.
As máscaras tiveram início no período Neolítico.
Máscara do Cong, início do século XX.
Nesse período temos as construções chamadas Dolmens.
Consistem em duas ou mais pedras grandes fincadas
verticalmente no chão, como se fossem paredes, e uma pedra
era colocada horizontalmente sobre elas, parecendo um teto.

Menir era um monumento megalítico que consiste num único


bloco de pedra fincado no solo em sentido vertical.
Dolmen Menir
Menir
Obelix amigo de Asterix, carregando um menir.
Santuário de Stonehenge, no sul da Inglaterra, pode ser
considerado uma das primeiras obras da arquitetura que a
História registra. Ele apresenta um enorme círculo de pedras
erguidas a intervalos regulares que sustentam traves horizontais
rodeando outros dois círculos interiores. No centro do último
está um bloco semelhante a um altar.

O conjunto está orientado para o ponto do horizonte onde nasce o


Sol no dia do solstício de verão, indício de que se destinava às
práticas rituais de um culto solar.
Santuário de Stonehenge, no sul da Inglaterra
Linhas de Nazca, no Peru. Os geoglifos milenares
foram criados pela civilização de Nazca que é uma
cultura pré-incaica que viveu na região sul do Peru
por mais de 800 anos, de 200 a.C. até desaparecer
em 600 d.C. Desenhadas numa área de 490
quilômetros quadrados, as 500 figuras que possuem
até 270 metros de diâmetro representam animais
como baleias, macacos, aranhas e até
extraterrestres.
A explicação mais aceitável entre os estudiosos é que
os desenhos tinham motivação religiosa, mas existem
suspeitas que eles estivessem relacionados a
astrologia.
Declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1994,
as linhas de NAZCA só foram redescobertas em
1930, após o advento do uso do avião como meio de
transporte.
Geoglifos ou linhas de Nazca, Peru.
Geoglifos ou linhas de Nazca, Peru.
Geoglifos ou linhas de Nazca, Peru.
Durante o período Neolítico, os homens já conseguiam
produzir fogo pelo uso do atrito, e puderam, com o
tempo, derreter e trabalhar os metais.
A arte na Idade dos Metais: um novo material dá forma à
beleza.
Na Idade dos Metais o ser humano já havia dominado a
produção do fogo. Graças a isso, o artista pode começar
a trabalhar o metal servindo-se, da técnica com fôrma de
barro ou da técnica da cera perdida, e produzir peças
muito bem-feitas.
Esculturas de metal foram encontradas na Escandinávia
e na Sardenha. Com representações de guerreiros e
mulheres, são ricas em detalhes e servem de
documento dos costumes do período.
Exemplo atual da técnica da cera perdida.
• território brasileiro possui um valioso patrimônio arqueológico. Até
2006, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)
já havia identificado cerca de 10 mil sítios arqueológicos, dos quais
sete se encontram tombados.
• Serra da Barriga (Alagoas)
 Sambaqui do Pindaí, em São Luis (MA)
 Parque Nacional da Serra da Capivara, São Raimundo Nonato (PI)
 Inscrições Pré-históricas do Rio Ingá, Ingá (PB)
 Sambaqui da Barra do Rio Itapitangui, Cananéia (SP)
 Lapa da Cerca Grande, Matozinhos (MG)
 Quilombo do Ambrósio, Ibiá (MG)
 Ilha do Campeche, Florianópolis (SC).
Naturalismo e geometrismo: duas faces da arte
rupestre no Brasil.
Foram encontradas nas grutas do Parque
Nacional da Serra da Capivara pinturas e
gravação que podem ser divididas em dois
grupos: obras com motivos naturalistas e obras
com motivos geométricos.
Descobertas realizadas no Sítio Arqueológico Boqueirão da Pedra Furada
revelam hipótese de presença humana no local há 60 mil anos.
Pedra Furada, Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí, Brasil
Ilha do Campeche, Florianópolis, Santa Catarina Brasil
Entre as obras com motivos naturalistas predomina a
figura humana (figuras antropomorfas), ora isolada,
ora em grupo, em movimentadas cenas de caça, guerra
e trabalhos coletivos. Ainda nesse grupo, encontram-se
figuras de animais (figuras zoomorfas), como veados,
onças, pássaros, peixes e insetos.
As figuras com motivos geométricos são muito
variadas: apresentam linhas paralelas, grupos de pontos,
círculos, círculos concêntricos, cruzes, espirais e
triângulos.
Pintura rupestre, figura zoomorfa
Serra da Capivara
Pintura rupestre, figura antropomorfa
Pintura rupestre, figura geométrica
Ilha do Campeche

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