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Fonte: IVC
O jornalismo impresso vai acabar?
O jornalismo impresso vai acabar?
REVISTAS EM DIFICULDADE
NOMENCLATURA NOVA
A queda da circulação trouxe mudança nas capas da Folha de S.Paulo.
O jornal chegou a tirar 1,5 milhão de exemplares aos domingos no início dos
anos 1990. Era líder absoluto no Brasil. Exibia diariamente a sua circulação na
1ª página. Em tempos recentes, alterou a forma de divulgar esses números. Em
vez de tiragem impressa, agora a Folha dá destaque para sua audiência na
internet.
A Folha manteve quase inalterado o número de “visitantes únicos” declarados
em seu site no período de 1º de janeiro a 31 de outubro de 2019. Mas os
acessos ao site do jornal caíram 8% nos primeiros 10 meses deste ano.
Nos EUA, jornais como o New York Times se beneficiaram do confronto com o
presidente dos EUA, Donald Trump. Tiveram aumento na audiência e venda de
assinaturas (o fenômeno é chamado de “Trump bump“).
O jornalismo impresso vai acabar?
O jornalismo impresso vai acabar?
O jornalismo impresso vai acabar?
Os hábitos dos jovens nascidos nos anos 2000 são, lógico, digitais.
No entanto, a chamada geração Z (nascidos a partir do fim dos
anos 1990) guarda tempo e disposição para a leitura de conteúdos
offline, incluindo edições impressas de jornais e revistas,
revela estudo da MNI Targeted Media.
A pesquisa, feita em parceria com as Universidades do
Mississipi e Purdue, indica que 90% dos entrevistados
confiam nas organizações jornalísticas quando
buscam notícias. Sinaliza ainda que a Geração Z, que
em 2020 deverá responder por quase 40% do mercado
consumidor dos Estados Unidos, passa mais tempo
lendo jornais e revistas impressos do que nas redes
sociais, sites e blogs. Além disso, os jovens nascidos
nos anos 2000 prestam mais atenção no que leem em
papel do que acompanham na web.
Pauta: orientação sobre o que será apurado, com quem falar, qual deverá
ser o tamanho do texto e qual o prazo de entrega da matéria.
A pauta é:
Mapeamento
Acompanhamento da cobertura geral da imprensa: TV, rádio, impressos,
redes sociais...
Filtrar e registrar os contatos encaminhados à redação
Acolher e analisar denúncias, documentos, releases...
Reunir sugestões e indicações de possíveis pautas vindas da redação e da
rua
Olhar treinado para a rua
“Faro” jornalístico: olhar atento – do pauteiro e da reportagem!
PAUTA
ETAPAS DE FORMULAÇÃO
Priorização
Definir o que é relevante – separar o joio do trigo a partir da identificação de
um conflito/intriga
Filtrar e comparar a pertinência de cada potencial pauta à linha editorial; à
credibilidade da fonte; ao contexto social, cultural e político do país...
Angulação
A inovação de uma pauta não necessariamente está no assunto abordado
A abordagem definida pode gerar novos desdobramentos, problemas,
raciocínios...
Pode estar relacionada tanto ao conteúdo (olhar singular para o assunto) quanto
à forma (estilo/gênero indicado – notícia, reportagem especial, série...)
Angulação também pode ser o foco dado a um assunto em pauta, pondo-o em
perspectiva
PAUTA
Checagem/pré-apuração
Uma vez definida uma pauta e seu direcionamento geral, é hora de:
Pesquisar sobre o assunto
Identificar possíveis fontes
Planejar como, onde e quando será a apuração
Definir equipe (repórter, repórter fotográfico)
Se possível/necessário, realizar primeiros contatos (assessorias, fontes
especializadas, produtores etc.)
Checar viabilidade estrutural de realizar a pauta
PAUTA
Pontos fundamentais
Pesquisa documental deve ser a base para a pesquisa de campo (entrevistas
e apuração in loco)
Analisar viabilidade, relevância e a pluralidade de perspectivas na seleção
de fontes, para garantir uma abordagem equilibrada
Desconfiar das fontes e suas versões
Filtrar – com apoio do repórter e do editor – os vários dados e as fontes de
informação
Não ficar “refém” de assessorias e órgãos de governo
Formular a pauta final com orientações, dicas e indicações para a
reportagem ser executada com liberdade e independência
PAUTA
Tipos de pautas
No jornalismo existem dois tipos de pauta: aquelas que relatam o que
ocorreu no dia e as que podem ser publicadas depois, sem prejuízo na
validade dos dados.
As notícias do momento são conhecidas por pautas quentes (HARD
NEWS), aquelas que precisam ser publicadas com urgência, como um
acidente, uma vitória em um campeonato mundial, um pronunciamento
excepcional do governo. Trata-se de algo novo, que tenha acontecido
naquele momento.
Já as pautas frias (SOFT NEWS) são aquelas que não “envelhecem”,
como se diz no jargão jornalístico. Elas podem ser publicadas no dia
seguinte e, mesmo assim, continuarão sendo relevantes. É o caso das
reportagens especiais, em que o repórter investiga a fundo um determinado
tema. Por exemplo: como vivem os professores no Brasil?
GANCHO, FONTES, TÍTULO
Gancho
No vocabulário jornalístico, chamamos de gancho a oportunidade
momentânea de tratar um assunto amplo a partir de um fato específico. Por
exemplo: as mulheres que trabalham fora e não têm com quem deixar os
filhos. Um gancho para escrever sobre esse assunto de forma mais
abrangente poderia ser contextualizar um problema maior, como a
ausência de vagas em creches no país.
Deadline
Os repórteres têm um tempo limite para escrever a matéria (fechamento de
uma edição do jornal ou prazo estipulado para publicação online). Esse
prazo pré-determinado chama-se deadline. Ele ajuda na organização das
matérias e é importante que seja respeitado.
GANCHO, FONTES, TÍTULO
Fontes
São os portadores de informação. Podem ser pessoas falando por si, pelas
instituições e pelo coletivo que representam. Fontes podem ser também
registros escritos ou audiovisuais, como documentos e gravações históricas. A
veracidade dos dados fornecida pela fonte deve ser checada pelo jornalista.
Tipo de fontes
Oficiais – são as designadas e/ou responsáveis por responder por determinado
assunto (autoridades governamentais, porta-vozes de empresas, líderes etc.).
Falam, geralmente, em nome de uma instituição, de uma empresa ou de um
governo.
Não oficiais – são os especialistas e/ou estudiosos de um assunto e as fontes
anônimas. Um exemplo são as ONGs e as pessoas comuns.
Extraoficiais ou off – fornecem informações, mas, por algum motivo,
preferem não se identificar. A Constituição garante ao jornalista o direito de
não revelar a identidade de suas fontes.
ESTRUTURA DO TEXTO
Título
É a frase que chama a atenção do leitor para a matéria. Deve, em poucas
palavras, dizer qual é a informação principal. A maioria dos leitores de um
jornal lê apenas o título da maior parte dos textos editados. Por isso, ele é
de alta importância. Ou o título é tudo o que o leitor vai ler sobre o assunto
ou é o fato que vai motivá-lo ou não a enfrentar o texto.
Subtítulo
INFORMATIVOS
NOTÍCIA: Factual. É o registro puro dos fatos, sem opinião. A exatidão é
o elemento-chave da notícia. Fatores objetivos determinam a publicação
de uma notícia: o caráter inédito; o impacto que exerce sobre as pessoas e
sobre sua vida; a curiosidade que desperta; os efeitos e as consequências
do fato. Tem o objetivo de narrar fatos diários, de forma objetiva.
NOTA: texto curto, que traz as informações básicas sobre o fato. Normalmente
não traz aspas. Normalmente não traz aspas (declarações dos envolvidos do
fato).
ILUSTRAÇÃO
A informação é transmitida por meio de recursos visuais e de fotografias. As
imagens podem ser acompanhadas por textos curtos e dados números. O recurso
é chamado de infografia.
Gêneros Jornalísticos
Gênero Opinativo
Exemplos de artigos:
Corinthians triunfa como ninguém na cultura do medo, PVC (Folha 22/04/2019)
Mágicas de linguagem, Hélio Schwartsman (Folha 23/04/2019)
Ainda na Folha: Clóvis Rossi, Elio Gaspari, Juca Kfouri
No Estadão: Eliane Cantanhêde, Fabio Gallo, Cida Damasco
No O Globo: Bernardo Mello Franco, Flavia Oliveira
Gêneros Jornalísticos
RESENHA: a resenha jornalística é um texto opinativo cuja função é orientar a
escolha do leitor. Ela deve fazer uma relação das propriedades de um objeto,
enumerar seus aspectos relevantes, contextualizá-lo, descrevendo as
circunstâncias que o envolvem. O objeto resenhado pode ser um acontecimento
qualquer da realidade ou textos e obras culturais. Vamos aqui tomar como
referência a resenhar um livro.
Os elementos constitutivos da resenha são:
o título (a linha-fina é opcional);
a referência bibliográfica: autor; título da obra; editora, número de páginas e
preço. Sua localização é variável e sua apresentação gráfica também: ela pode
aparecer entre parênteses abaixo do título, ao final da resenha, no meio do texto
(como no exemplo a seguir), ou ainda em tópicos ao lado da ilustração da capa
do livro;
o resumo da obra resenhada;
a apreciação crítica.
Gêneros Jornalísticos
A resenha crítica deve responder a perguntas do leitor:
sobre o que é o livro (filme, CD, exposição, etc.)?
Trata-se do resumo da obra. O jornalista responde a essa questão indicando, por exemplo,
o tipo de história que o autor escreveu e a época em que ela se passa; diz algo sobre as
principais personagens e indica o tipo de situação em que o autor as envolve. Neste item,
o resenhador pode contextualizar a obra, referindo-se a seu autor e ao momento histórico,
político e social em que foi escrita;
é bom?
É o momento da apreciação crítica. O jornalista responde à pergunta pela exposição de
seu juízo de valor sobre o livro em relação aos outros livros da mesma categoria que já
leu. Dá sua opinião, influenciada por seus conhecimentos, gostos e preferências;
Exemplos de resenha:
- Obra minuciosa relata escândalo de tabloide de Rupert Murdoch (Eleonora de Lucena,
jornal Folha de S. Paulo, 20/02/2016)
- Isabela Boscov, Folha
- Sergio Rizzo, O Globo
Gêneros Jornalísticos
CRÔNICA: a crônica é o único gênero breve (de curta extensão), sem estrutura
definida. Ivan Ângelo na crônica “Autor e leitor”: “E o leitor de crônicas? A viagem
é bem mais curta: encontramo-nos no elevador, no ônibus, no metrô, no jogging, no
shopping, no cinema, numa enchente, num engarrafamento. É o tempo de um alô e
de um olhar de cumplicidade. O cronista se vê no outro, são parceiros da
circunstância, e fala de assuntos comuns nascidos desse conchavo fugaz.” (Veja SP,
26/03/2000)
Gênero que participa de dois domínios discursivos – a literatura e o jornalismo –, a
crônica aproveita os recursos literários para falar sobre o fato cotidiano, de uma
forma subjetiva. Mas o faz num estilo que dá a impressão de naturalidade, para isso a
língua escrita deve aproximar-se da oral.
Da descrição, a crônica tem a sensibilidade impressionista; da narração, a imaginação
(para o humor ou a tensão); da dissertação, o teor crítico. A crônica pode ser
narrativa, narrativo-descritiva, humorística, lírica, reflexiva... Ou combinar essas
variantes com as singularidades do assunto. Desenvoltura e intimidade na linguagem
aproximam o texto do leitor. Toda possibilidade de criação é permitida nesse gênero,
que corresponde a um flagrante do cotidiano, em seus aspectos pitorescos e
inusitados, a uma abordagem humorística, a uma reflexão existencial, a uma
passagem lírica ou a um comentário de interesse social.
Gêneros Jornalísticos
Exemplos de crônica
- Conveniência de ser covarde (Nelson Rodrigues. Manchete Esportiva, 17 dez.
1955)
- Antonio Prata, Ruy Castro, da Folha de S. Paulo
Isso significa que os textos Long form devem ser atrativos para que os leitores
tenham curiosidade e o desejo de continuar lendo o texto.
E é um estilo que chama a atenção não só por ser longo, mas por trazer toda a
apuração, contextualização e aprofundamento bem detalhado e explícito do
jornalista. Isso quer dizer que você tem que estar super disposto a tirar um
tempinho do seu dia e ler o que foi produzido com muito cuidado e carinho
pelo repórter.
Narrativa Long Form
Por que os leitores que vêm do Facebook gastam menos tempo do que quase todo
mundo que lê notícias longas? A diferença entre o Facebook e o Twitter pode ser
explicada pelas diferentes maneiras como as duas plataformas sociais são comumente
usadas. Enquanto o Twitter é famoso pelo barulho insípido das celebridades e pelas
opiniões fortes é, também, amplamente utilizado como um canal de comunicação para
negócios e conexões de marketing.
Muitas empresas mantêm sua presença no Facebook, mas as experiências
circunstanciais sugerem que suas páginas do Facebook têm mais a ver com a promoção
da empresa para os clientes do que fazer conexões de negócios. Leitores que chegam à
um site de notícias por razões relacionadas ao trabalho, são mais inclinados a lerem
artigos longos completamente e cuidadosamente. A diferença nos tempos de leitura de
artigos longos entre o Twitter e o Facebook pode ser devido ao Twitter ter mais deste
tipo de leitor.
Narrativa Long Form
Motivação
Os leitores que procuram por notícias estão, normalmente, motivados pelo objetivo de
se aprender algo. Se eles acessam um artigo longo que os interessa, provavelmente
estarão motivados a aprenderem o máximo que puderem através de uma leitura
completa e atenta do artigo. Eles até podem estar na presença de outras pessoas, no
trânsito ou em uma cafeteria, por exemplo, mas é improvável que estejam interagindo
socialmente com essas pessoas.
Os usuários do Facebook, por outro lado, provavelmente estão engajados em uma
interação social se estiverem respondendo a uma postagem de um amigo enquanto
clicam em um link de um site de notícias em uma página do Facebook. Eles podem
estar mais motivados pelo desejo de contribuir à conversa no Facebook com um
comentário, do que pelo desejo de aprender algo novo.
Narrativa Long Form
Se esse é o caso, podem gastar menos tempo com o artigo porque para conseguirem o
que precisam para fazerem um comentário não é necessária uma leitura completa e
atenta. Essa ideia pode soar plausível mas testá-la seria difícil. Deixando as
especulações sobre o que acontece com o Facebook de lado, é claro que as mídias
sociais, em geral, e o Facebook em particular, são os principais canais entre sites de
notícias e leitores de smartphone.
A descoberta de que o Facebook domina as mídias sociais é uma notícia boa e ruim ao
mesmo tempo. A boa notícia para as pessoas que valorizam o conteúdo como gerador
de renda é que o Facebook oferece uma grande quantidade de visualizações de página
o que, geralmente, se traduz em receita. A má notícia para as pessoas que vêem o
conteúdo intrinsecamente valioso por causa das informações que ele fornece é que os
leitores do Facebook tendem a níveis mais baixos de engajamento do que quase todos
os outros tipos de leitores.
Narrativa Long Form
CASE DE SUCESSO
O projeto multimídia “Snow Fall”, do New York Times [que ganhou um prêmio
Peabody (para rádio e televisão) com uma narrativa multimídia de uma avalanche
mortal no estado de Washington, por ser “um exemplo espetacular do potencial para
contar histórias na era digital”], foi um imenso sucesso, atraindo grandes audiências e
muitos aplausos. Mas o jornal ainda pode fazer melhor – pode construir um novo modo
de negócio a partir deste tipo de projeto e mudar a definição de jornalismo no novo
século.
Caso você não tenha assistido, Snow Fall foi um projeto multimídia do qual fazia parte
uma fascinante matéria, em seis blocos, de John Branch, um dos redatores
do Times que venceram o prêmio Pulitzer e que estava intrigado com o número
crescente de acidentes fatais de esqui. As matérias foram apresentadas com gráficos
interativos, vídeos e biografias de vários praticantes de snowboard e esqui. O trabalho
é brilhante e foi recompensado com 2,9 milhões de visitas e 3,5 milhões de page
views nos primeiros seis dias após sua publicação.