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Jornalismo Impresso

Prof. Dr. Vicente Darde


2020
O jornalismo impresso vai acabar?

 O ano de 2019 não está sendo bom para os veículos tradicionais da


mídia jornalística brasileira. De janeiro a outubro, a circulação de
exemplares em papel dos principais jornais já caiu 10%. O dado
segue a tendência de queda vertiginosa dos últimos 5 anos. Em
quase todos os casos, a circulação foi reduzida a menos da metade
nesse período.
 Os 10 jornais diários mais relevantes tinham uma tiragem somada
de 1,2 milhão de exemplares impressos em dezembro de 2014.
 Em outubro de 2019, o número foi de 588,6 mil. Isso equivale a
uma redução de 51,7%.

Fonte: IVC
O jornalismo impresso vai acabar?
O jornalismo impresso vai acabar?

 JORNAL DIGITAL: ALTA RELATIVA


 As assinaturas digitais têm aumentado desde 2014. Dobraram em
alguns casos. O resultado, entretanto, deve ser analisado com
cuidado por 3 motivos:
 base pequena – quase todos os jornais brasileiros passaram a dar
ênfase aos assinantes digitais pagos há poucos anos. Por essa razão,
o aumento percentual é grande. Mas, em números absolutos, ainda
representam pouco como “vertical de rentabilização”;
 receita menor do que a do impresso – o custo de anúncio no jornal
digital é menor do que na versão impressa. E a assinatura também é
mais barata. Ou seja, para cada exemplar em papel perdido, são
necessários muitos outros digitais para que possa ser feita uma
contabilização neutra nas empresas de mídia;
O jornalismo impresso vai acabar?
O jornalismo impresso vai acabar?

REVISTAS EM DIFICULDADE

As principais publicações semanais impressas perderam mais de meio


milhão de exemplares só em 2019. Somando impresso e
digital, Veja caiu 32%. Época, que enfrenta rumores de que pode ser
fechada em 2020, teve perda de 65%.
Mantido o ritmo de queda, Época chegaria a zero até o meio de
2020. Veja, em 2 anos.

VEJA IMPRESSA: 243 MIL CÓPIAS


A revista fez no passado publicidade sobre ser uma das maiores do
planeta em circulação impressa. Por muito tempo teve mais de 1 milhão
de exemplares. Agora, segundo o IVC de setembro, foram 243 mil
cópias em papel.
O jornalismo impresso vai acabar?

 NOMENCLATURA NOVA
 A queda da circulação trouxe mudança nas capas da Folha de S.Paulo.
 O jornal chegou a tirar 1,5 milhão de exemplares aos domingos no início dos
anos 1990. Era líder absoluto no Brasil. Exibia diariamente a sua circulação na
1ª página. Em tempos recentes, alterou a forma de divulgar esses números. Em
vez de tiragem impressa, agora a Folha dá destaque para sua audiência na
internet.
 A Folha manteve quase inalterado o número de “visitantes únicos” declarados
em seu site no período de 1º de janeiro a 31 de outubro de 2019. Mas os
acessos ao site do jornal caíram 8% nos primeiros 10 meses deste ano.
 Nos EUA, jornais como o New York Times se beneficiaram do confronto com o
presidente dos EUA, Donald Trump. Tiveram aumento na audiência e venda de
assinaturas (o fenômeno é chamado de “Trump bump“).
O jornalismo impresso vai acabar?
O jornalismo impresso vai acabar?
O jornalismo impresso vai acabar?

 Juarez Bahia, autor de “Jornal, história e técnica: as técnicas do


jornalismo”, acredita que “na competição com a televisão, o rádio
e outros meios eletrônicos, os jornais e revistas buscam ser mais
úteis nas suas relações com a sociedade, acompanhar a mudança
de interesses, preferências, gostos, hábitos e níveis educacional e
cultural do público, aperfeiçoar a sua qualidade reciclando-se
continuamente”.
Diferenças entre leitores

 1. Atenção dada à leitura  Leitura dinâmica vs. Leitura


Aprofundada
 2. Tipo de conteúdo buscado
 Textos vs. Conteúdo multimídia
 3. Estilo de leitura
 Linear vs. Hipertexto
 4. Capacidade de interação
 Página do Leitor vs.
 5. Autonomia para a busca Comentários nas notícias
de mais informações
 Offline vs. online (mecanismos
 6. Habilidade de atualização de busca)
 7. Compartilhamento das  24h vs. Real time
notícias  F2F (face to face) vs. Redes
Sociais
Estudo de Caso: NSC (Santa
Catarina)
Estudo de Caso: NSC (Santa
Catarina)
Estudo de Caso: NSC (Santa
Catarina)
Estudo de Caso: NSC (Santa
Catarina)
Estudo de Caso: NSC (Santa
Catarina)
Estudo de Caso: NSC (Santa
Catarina)
Associação Nacional dos Jornais –
40 anos
 Portal IMPRENSA - As pessoas se informam
cada vez mais por meios digitais. O jornal
impresso vai acabar e seu conteúdo deve migrar
para a internet?
 Presidente da ANJ,
Marcelo Rech

Marcelo Rech - Quem vai dizer isso é o
consumidor de informação. O negócio central
dos jornais não é a impressão de papel –
embora, naturalmente, também possam se
oferecer serviços gráficos. O coração da
atividade é a produção de conteúdos confiáveis
e sua difusão pelas plataformas que melhor
atenderem as necessidades e conveniências do
público. No entanto, o papel cumpre e cumprirá
uma missão por muito tempo ainda. Ele é um
meio que concentra a atenção e permite uma
desintoxicação dos excessos de interrupção
digital.
Geração Z valoriza o impresso e o conteúdo
distribuído de forma integrada em diferentes canais
Geração Z valoriza o impresso e o conteúdo
distribuído de forma integrada em diferentes canais

Os hábitos dos jovens nascidos nos anos 2000 são, lógico, digitais.
No entanto, a chamada geração Z (nascidos a partir do fim dos
anos 1990) guarda tempo e disposição para a leitura de conteúdos
offline, incluindo edições impressas de jornais e revistas,
revela estudo da MNI Targeted Media.
A pesquisa, feita em parceria com as Universidades do
Mississipi e Purdue, indica que 90% dos entrevistados
confiam nas organizações jornalísticas quando
buscam notícias. Sinaliza ainda que a Geração Z, que
em 2020 deverá responder por quase 40% do mercado
consumidor dos Estados Unidos, passa mais tempo
lendo jornais e revistas impressos do que nas redes
sociais, sites e blogs. Além disso, os jovens nascidos
nos anos 2000 prestam mais atenção no que leem em
papel do que acompanham na web.

A geração Z, continua a pesquisa, faz muito uso das


redes sociais, mas de maneira distinta das de outras
https://laboratoriodeperiodismo.org/p
gerações. “Esses jovens usam as redes sociais para uede-resucitar-la-prensa-la-generacion-
cultivar identidades e contar histórias, quase sempre z-lee-mas-ediciones-impresas-que-digit
dirigidas a audiências específicas”, diz o estudo. “Sabem ales-segun-varios-estudios/
como levar uma narrativa a pessoas adequadas e criar
compromisso”.
Da fase romântica do jornalismo político e literário à
era da internet: o jornalismo e a busca por legitimação

 Já é lugar-comum a afirmação de  . As quatro fases seguem a


que o jornalismo digital trouxe classificação proposta por
mudanças para a profissão jamais Marcondes Filho (2000), mas
experimentadas desde o surgimento apenas do ponto de vista
dos primeiros jornais, no início do cronológico. Ele as denominou
século XVII. O jornalista está de “primeiro”, “segundo”,
perdendo o monopólio da “terceiro” e “quarto”
informação, os leitores ganharam jornalismo.
ferramentas de vigilância que
permitem fiscalizar o trabalho destes
profissionais, multiplicam-se as
experiências de conteúdo produzido
pelo público e o fluxo da informação
é agora contínuo. A internet,
indubitavelmente, está exigindo uma
reinvenção do jornalismo.
Fase 1 do jornalismo impresso –
Político e literário
 (1789 a 1830) Até a virada do  Jornalistas eram geralmente
século XIX, as empresas pouco mais que secretários
jornalísticas ainda não estavam que dependiam daquela
orientadas para o lucro e eram panelinha de políticos,
deficitárias. Seu principal comerciantes, corretores e
propósito era defender bandeiras candidatos a cargos públicos
políticas. Os textos da imprensa para manter sua posição e
naquela época eram recheados de emprego.
críticas e opiniões. As redações  Os jornais políticos eram
eram comandadas por escritores e financiados pelos partidos ou
intelectuais. candidatos a cargos públicos
e davam maior ênfase às
notícias de política.
Fase 2 do jornalismo impresso –
Informação
 A crescente urbanização e a emergência de uma classe média
alfabetizada ampliaram o público leitor de jornais, criando as
condições para que as empresas jornalísticas se tornassem
lucrativas. Data dessa época o surgimento da chamada penny press
(em alusão ao preço de um centavo) nos EUA. É o início do
chamado jornalismo de informação. O ideal da objetividade
jornalística surge nessa época diante da necessidade de separar os
fatos das opiniões, mistura que caracterizara o jornalismo político
da fase anterior. A objetividade foi empregada como estratégia para
a empresa capitalista se firmar. Ao buscar a “imparcialidade”, o
relato dos fatos com precisão, ela garantia seu apartidarismo e não
afastava anunciante de nenhuma espécie. Ao mesmo tempo,
ampliava seu público com notícias sobre o cotidiano, até então
ausentes das páginas dos jornais.
Fase 3 do jornalismo impresso –
Era da Cartelização
 A partir de 1900 (até 1960, o  O jornalismo praticado no
jornalismo ingressa numa nova início do século XX no
fase, caracterizada pela Brasil estava mais próximo
consolidação de grandes grupos do jornalismo político do
que monopolizam o mercado. que do jornalismo de
 O desenvolvimento técnico dos informação. Além da estreita
meios de transmissão de notícias – ligação com a política, os
tais como o telefone, o telégrafo jornais também demoraram
sem fio, a telecomunicação e o a se modernizar na forma.
rádio – em parte acelerou e em
parte possibilitou a unificação
organizacional.
 As agências de notícias tornam
possível a sincronização das
redações e, com isso, padronizam
o noticiário.
Fase 3 do jornalismo impresso –
Era da Cartelização

 Paralelamente à consolidação do jornal como empresa capitalista, a


partir do século XIX, nos EUA e na Europa, emerge a questão sobre
a profissionalização do jornalista.

 No Brasil, a profissionalização dos jornalistas esteve atrelada à


regulação do Estado. Guimarães, no apêndice à edição brasileira
do livro Sociologia do Jornalismo, observa que a profissão de
jornalista no país sempre esteve relacionada a uma atividade
intelectual. O primeiro instrumento legal regulamentador
(Decreto-Lei 910, de 1938) já definia o jornalista como “o
trabalhador intelectual cuja função se estende desde a busca de
informações até a redação de notícias”.
Fase 4 do jornalismo impresso –
Era da Internet
 O “quarto jornalismo”, seguindo a classificação de Marcondes Filho
(2000), teria se iniciado na década de 1960 do século passado. Ele seria
caracterizado pela ampla e progressiva utilização da tecnologia, pela
informação eletrônica e interativa, pelo aumento da velocidade na
transmissão da informação e pela crise da imprensa escrita.

 Autores apostam numa revitalização da função do jornalista, diante do


excesso de informação na web.
 O caos da oferta de informação na internet pode devolver sentido à
necessidade de uma forma de certificado de garantia para o
profissionalismo dos jornalistas.
 O pluralismo de ideias ficaria ameaçado sem o filtro profissional dos
jornalistas, na medida em que estes profissionais contrariam muitas vezes
as escolhas do receptor, além de enfrentarem diversos poderes.
Aula 3 – Grandes Reportagens
 Definição das Pautas da Grande Reportagem
 Tema Geral: Diversidade, Inclusão Social e Direitos Humanos

 Questões Relevantes para a produção e condução do texto jornalístico:


 Abordagem (novos Olhares)
 Linguagem (técnica; mais próxima ao público/informalidade)
 Formato (texto, áudio, vídeo, foto, infográfico) para multiplataformas
(impresso, rádio, tv, portais, redes sociais)
 Circulação
 Audiência (público-alvo)
Aula 3 – Grandes Reportagens
 Trabalho Individual
 AVALIAÇÃO:
************A1*************
 De 0 a 4 pontos (Avaliação do Professor)
Prova teórica (0 a 2 pontos); Data: 14 de abril
Desenvolvimento das pautas, definição das fontes e realização das entrevistas
(0 a 2 pontos). Data: 14 de abril
 De 0 a 1 Ponto (Avaliação Unificada)
************A2*************
 A avaliação A2 valerá de 0 a 5 pontos e será composta pela nota da prova
obrigatória oficial do semestre (0 a 3 pontos) e pela nota do trabalho
prático final no formato de grande reportagem, que valerá de 0 a 2 pontos.
Aula 3 – Grandes Reportagens

 Prazo de Entrega do trabalho Final:


 26 de maio, no horário da aula
O CICLO DA NOTÍCIA NO JORNALISMO

 Pauta: orientação sobre o que será apurado, com quem falar, qual deverá
ser o tamanho do texto e qual o prazo de entrega da matéria.

 Redação: escrita das matérias, organização dos dados e das entrevistas.

 Apuração: verificação dos fatos, trabalho de campo e realização de


entrevistas.

 Edição: escolha das informações mais importantes a serem destacadas no


jornal, eventuais correções e ajustes no texto.
O CICLO DA NOTÍCIA NO JORNALISMO

Critério definidores do texto jornalístico: uso de palavras acessíveis, frases


em forma direta, narração lógica, raciocínio objetivo e texto curto e bem
explicado.

Objetividade Jornalística: coleta de dados, precisão, checagem da


informação e tratamento de personagens.

Jornalismo Literário: Significa potencializar os recursos do Jornalismo,


ultrapassar os limites dos acontecimentos cotidianos, proporcionar visões
amplas da realidade, exercer plenamente a cidadania, romper as correntes
burocráticas do lead, evitar os definidores primários e, principalmente,
garantir perenidade e profundidade aos relatos (FELIPE PENA).
O CICLO DA NOTÍCIA NO JORNALISMO

Grande Reportagem: Abordagem multiangular para uma compreensão da


realidade, a qual ultrapassa o enfoque linear, fazendo a abordagem ganhar
contornos sistêmicos para o estabelecimento das relações entre as causas e as
consequências em torno de um problema. Haverá, pois, limites mais amplos
para o desenvolvimento do trabalho de apreensão da notícia, em mais aspectos
e modos discursivos, conforme o tempo e as técnicas utilizadas na exploração
do tema. (EDVALDO PEREIRA LIMA).
Definição de linguagem
jornalística
 Registros de linguagem: A língua nacional não é um conjunto homogêneo.
Dentro dela se abrigam usos regionais, discursos especializados e pelo
menos dois registros de linguagem: o formal, próprio da modalidade
escrita e das situações tensas, e o coloquial, que compreende as expressões
correntes na modalidade falada, na conversa familiar, entre amigos.
 A linguagem formal é mais durável e tende a preservar usos linguísticos
do passado. Imposta pelo sistema escolar, é uma espécie de segundo
idioma que aprendemos e que pode servir como índice de ascensão social.
 A linguagem coloquial é espontânea, de raiz materna, reflete a realidade
comunitária, regional, imediata; alguns de seus cometimentos são
passageiros, outros terminam por se formalizar, incorporando-se à
literatura e à escola.
Definição de linguagem jornalística

 Processo de comunicação: A comunicação jornalística é, por definição,


referencial, isto é, fala de algo no mundo, exterior ao emissor, ao receptor
e ao processo de comunicação em si. Isso impõe o uso quase obrigatório
da terceira pessoa. As exceções são poucas: reportagens-testemunho,
algumas crônicas, textos intimistas destinados a grupos restritos.
 A situação corrente em jornalismo é a de um emissor falando a um grande
número de receptores.
 Compromissos ideológicos: As grandes e pequenas questões da ideologia
estão presentes na linguagem jornalística, porque não se faz jornalismo
fora da sociedade e do tempo histórico.
Definição de linguagem
jornalística
Fait-divers (fatos diversos) é, à primeira vista, a matéria jornalística que não
se situa em campo de conhecimento preestabelecido, como a política, a
economia ou as artes. Eventos sem classificação, mas ainda assim notáveis por
alguma relação interior entre seus termos.

O estudo da estrutura dessas notícias mostra uma peculiaridade: enquanto a


informação depende, para ser avaliada ou compreendida, de uma situação
(política, econômica ou artística), o fait-divers interessa por si mesmo por ser
exótico, bizarro, incomum. Exemplos: o caso Araceli, menina estuprada e
assassinada por dois rapazes de famílias ricas; o índio incendiado vivo em um
ponto de ônibus de Brasília; a moça rica que liderou o assassinato a pauladas
de pai e mãe.
PAUTA

 Na reunião de pauta são decididos quais os temas das matérias a serem


publicadas em cada edição do jornal. A pauta é um guia para o repórter
iniciar a apuração de uma matéria ou reportagem. Ou seja, é o princípio de
tudo. As redações dos grandes jornais possuem um chefe de reportagem,
também chamado de pauteiro, que acompanha tudo o que está
acontecendo no momento e sugere as notícias que serão apuradas.
 Na reunião de pauta, são discutidos os direcionamentos que cada matéria
terá, quais fontes serão ouvidas e que informações são essenciais para a
história.
PAUTA

 A pauta é:

 “Agenda de eventos a serem cobertos para noticiário. Indicação do


assunto, abordagem, fontes possíveis, equipamentos, deslocamentos e
prazo de produção de reportagens” (LAGE, 1999, p.60).
 Ponto de partida para uma boa apuração!
 Permite o planejamento de recursos (humanos, financeiros) da redação
 Orienta a equipe de reportagem e a ajuda a localizar prioridades
 Define a angulação construída em torno de um tema
PAUTA

 Mapeamento
 Acompanhamento da cobertura geral da imprensa: TV, rádio, impressos,
redes sociais...
 Filtrar e registrar os contatos encaminhados à redação
 Acolher e analisar denúncias, documentos, releases...
 Reunir sugestões e indicações de possíveis pautas vindas da redação e da
rua
 Olhar treinado para a rua
 “Faro” jornalístico: olhar atento – do pauteiro e da reportagem!
PAUTA

 “O único meio possível de oferecer notícias que surpreendam o leitor é


deixar que os repórteres pautem o jornal de fora para dentro. Ou seja: da
rua para a redação. Jornal pautado de dentro para fora é quase sempre
jornal igual ou parecido com os outros. Para que possam pautar, os
repórteres devem ter áreas de cobertura previamente definidas. O que não
significa que eles estejam impedidos de circular por outras áreas.
 A setorização é o meio para que o repórter conheça melhor determinados
temas, amplie seu leque de fontes de informação e descubra notícias
exclusivas. De tempos em tempos, ele deve trocar de área.
 — No velho jornal: repórter só saía da redação para cumprir uma pauta
que o chefe lhe dava. Ele não tinha tempo de descobrir notícias.
 — No novo jornal: repórter sai da redação ou de casa atrás de notícias da
área que lhe compete cobrir. Ao esbarrar em uma notícia, avisa o chefe e
combina o que fazer.” (Noblat, 2008, p.127).
PAUTA

 ETAPAS DE FORMULAÇÃO
 Priorização
 Definir o que é relevante – separar o joio do trigo a partir da identificação de
um conflito/intriga
 Filtrar e comparar a pertinência de cada potencial pauta à linha editorial; à
credibilidade da fonte; ao contexto social, cultural e político do país...
 Angulação
 A inovação de uma pauta não necessariamente está no assunto abordado
 A abordagem definida pode gerar novos desdobramentos, problemas,
raciocínios...
 Pode estar relacionada tanto ao conteúdo (olhar singular para o assunto) quanto
à forma (estilo/gênero indicado – notícia, reportagem especial, série...)
 Angulação também pode ser o foco dado a um assunto em pauta, pondo-o em
perspectiva
PAUTA

 Checagem/pré-apuração
 Uma vez definida uma pauta e seu direcionamento geral, é hora de:
 Pesquisar sobre o assunto
 Identificar possíveis fontes
 Planejar como, onde e quando será a apuração
 Definir equipe (repórter, repórter fotográfico)
 Se possível/necessário, realizar primeiros contatos (assessorias, fontes
especializadas, produtores etc.)
 Checar viabilidade estrutural de realizar a pauta
PAUTA

 Pontos fundamentais
 Pesquisa documental deve ser a base para a pesquisa de campo (entrevistas
e apuração in loco)
 Analisar viabilidade, relevância e a pluralidade de perspectivas na seleção
de fontes, para garantir uma abordagem equilibrada
 Desconfiar das fontes e suas versões
 Filtrar – com apoio do repórter e do editor – os vários dados e as fontes de
informação
 Não ficar “refém” de assessorias e órgãos de governo
 Formular a pauta final com orientações, dicas e indicações para a
reportagem ser executada com liberdade e independência
PAUTA

 Orientações básicas para a produção da pauta:


 Deve ser simples, direta e objetiva – mas aprofundada o suficiente (média
20-30 linhas)
 Linguagem coloquial e simplificada
 Elementos indispensáveis em uma pauta
 Resumo do fato: cenário/estágio real de um fenômeno; resumo de números e
dados que sustentam relevância da pauta
 Encaminhamento/abordagem/enfoque: descritivo da angulação pensada para
a pauta; indicação de perguntas a fazer durante a apuração
 Fontes: indicação dos entrevistados (agendados ou potenciais) e das fontes
de informação a considerar – nome, endereço, telefone, e-mail...
 Complementos e dados adicionais: informações pertinentes sobre o assunto;
outros materiais da imprensa; glossário e dados mais técnicos; explicações
sobre barreiras e desafios que a reportagem trará.
PAUTA

 Tipos de pautas
 No jornalismo existem dois tipos de pauta: aquelas que relatam o que
ocorreu no dia e as que podem ser publicadas depois, sem prejuízo na
validade dos dados.
 As notícias do momento são conhecidas por pautas quentes (HARD
NEWS), aquelas que precisam ser publicadas com urgência, como um
acidente, uma vitória em um campeonato mundial, um pronunciamento
excepcional do governo. Trata-se de algo novo, que tenha acontecido
naquele momento.
 Já as pautas frias (SOFT NEWS) são aquelas que não “envelhecem”,
como se diz no jargão jornalístico. Elas podem ser publicadas no dia
seguinte e, mesmo assim, continuarão sendo relevantes. É o caso das
reportagens especiais, em que o repórter investiga a fundo um determinado
tema. Por exemplo: como vivem os professores no Brasil?
GANCHO, FONTES, TÍTULO

 Gancho
 No vocabulário jornalístico, chamamos de gancho a oportunidade
momentânea de tratar um assunto amplo a partir de um fato específico. Por
exemplo: as mulheres que trabalham fora e não têm com quem deixar os
filhos. Um gancho para escrever sobre esse assunto de forma mais
abrangente poderia ser contextualizar um problema maior, como a
ausência de vagas em creches no país.

 Deadline
 Os repórteres têm um tempo limite para escrever a matéria (fechamento de
uma edição do jornal ou prazo estipulado para publicação online). Esse
prazo pré-determinado chama-se deadline. Ele ajuda na organização das
matérias e é importante que seja respeitado.
GANCHO, FONTES, TÍTULO

 Fontes
 São os portadores de informação. Podem ser pessoas falando por si, pelas
instituições e pelo coletivo que representam. Fontes podem ser também
registros escritos ou audiovisuais, como documentos e gravações históricas. A
veracidade dos dados fornecida pela fonte deve ser checada pelo jornalista.
 Tipo de fontes
 Oficiais – são as designadas e/ou responsáveis por responder por determinado
assunto (autoridades governamentais, porta-vozes de empresas, líderes etc.).
Falam, geralmente, em nome de uma instituição, de uma empresa ou de um
governo.
 Não oficiais – são os especialistas e/ou estudiosos de um assunto e as fontes
anônimas. Um exemplo são as ONGs e as pessoas comuns.
 Extraoficiais ou off – fornecem informações, mas, por algum motivo,
preferem não se identificar. A Constituição garante ao jornalista o direito de
não revelar a identidade de suas fontes.
ESTRUTURA DO TEXTO

 Título
 É a frase que chama a atenção do leitor para a matéria. Deve, em poucas
palavras, dizer qual é a informação principal. A maioria dos leitores de um
jornal lê apenas o título da maior parte dos textos editados. Por isso, ele é
de alta importância. Ou o título é tudo o que o leitor vai ler sobre o assunto
ou é o fato que vai motivá-lo ou não a enfrentar o texto.
 Subtítulo

 Vem abaixo do título e complementa a informação. O objetivo é chamar


ainda mais a atenção para o texto.
 Texto-legenda
 É uma legenda maior do que o comum, que traz mais informações.
Gêneros Jornalísticos

 INFORMATIVOS
 NOTÍCIA: Factual. É o registro puro dos fatos, sem opinião. A exatidão é
o elemento-chave da notícia. Fatores objetivos determinam a publicação
de uma notícia: o caráter inédito; o impacto que exerce sobre as pessoas e
sobre sua vida; a curiosidade que desperta; os efeitos e as consequências
do fato. Tem o objetivo de narrar fatos diários, de forma objetiva.

 REPORTAGEM: Difere da notícia pelo conteúdo, extensão e


profundidade. A reportagem busca, partindo da própria notícia,
desenvolver uma sequência investigativa que não cabe na notícia. Assim,
apura não somente as origens do fato, mas suas razões e efeitos. Abre o
debate sobre o acontecimento, desdobra-o em seus aspectos mais
importantes. A notícia não esgota o fato; a reportagem pretende fazê-lo.
Gêneros Jornalísticos
 ENTREVISTA: A finalidade de utilizar entrevistas é permitir que o leitor
conheça opiniões, ideias, pensamentos e observações do personagem da notícia
ou de pessoas que têm algo relevante a dizer sobre o assunto em questão. [...]
Ela pode tanto ser a própria reportagem como apenas parte dela. Quando a
entrevista é feita para coleta de informações, ou para ser utilizada como
complemento de uma matéria, é apresentada no relato do jornalista e por meio
de citações. Quando constitui a própria reportagem, é redigida sob a forma de
perguntas e respostas curtas, realizadas com rapidez, e conhecida por entrevista
“pingue-pongue”.
 Entrevista como complemento de uma matéria: O repórter busca
informações por meio do contato pessoal com uma ou mais pessoas (conhecidas
no meio jornalístico como “fontes”). Ao escrever a matéria, relata as perguntas e
respostas trocadas na conversa com um especialista, ou com pessoas envolvidas
no acontecimento, e utiliza citações, as falas dos entrevistados aparecem entre
aspas, no meio do texto.
 A entrevista constitui uma das principais fontes de informação de um jornal e
está presente, direta ou veladamente, na maioria das matérias que ele publica.
Gêneros Jornalísticos
 “Pingue-pongue”: Essa forma é utilizada em geral quando o entrevistado está
em evidência especial ou fornece informações de importância particular. Exige
texto introdutório contendo a informação de mais impacto, breve perfil do
entrevistado e outras informações, como local, data e duração da entrevista e
resumo do tema abordado.

 NOTA: texto curto, que traz as informações básicas sobre o fato. Normalmente
não traz aspas. Normalmente não traz aspas (declarações dos envolvidos do
fato).

 ILUSTRAÇÃO
 A informação é transmitida por meio de recursos visuais e de fotografias. As
imagens podem ser acompanhadas por textos curtos e dados números. O recurso
é chamado de infografia.
Gêneros Jornalísticos
 Gênero Opinativo

 O texto opinativo pressupõe um autor que tenha credibilidade, que esteja


autorizado, por seu reconhecimento na sociedade, a emitir seu julgamento
crítico. São textos do gênero opinativo: artigo, resenha, crônica, charge,
editorial. Disseminar conhecimento, compartilhar ponto de vista, engajar o
público numa causa e construir reputação pessoal e/ou profissional são os
motivos por que se veicula um texto opinativo.

 Precisa de argumentos para ter consistência e credibilidade. É importante que


usem argumentos para embasar o seu ponto de vista, para convencer o leitor de
que seu raciocínio está correto. Para isso, use algumas estratégias como
contextualizar historicamente, dar dados e informações legítimas.
Gêneros Jornalísticos
 EDITORIAL: Trata-se de um texto jornalístico opinativo, publicado,
normalmente, sem assinatura e referente a assuntos ou acontecimentos locais,
nacionais ou internacionais de maior relevância. É a “opinião” do jornal ou da
revista, representa seu ponto de vista, sua ideologia e o próprio modo de fazer
jornalismo.
 Características:
 nos jornais, não é assinado; nas revistas, apresenta a reportagem principal,
mostrando sua relevância para o leitor e destaca as matérias principais, traçando
um panorama da edição e normalmente é assinado pelo editor;
 é impessoal, apesar de opinativo;
 trata de um tema bem delimitado.

 Exemplos de editoriais de jornal:


 O carnaval torto de Haddad (Jornal O Estado de S. Paulo, 11/2/2016)
 Sigilo Justificável (Folha de S. Paulo, 23/04/2019)
Gêneros Jornalísticos
 ARTIGO: Texto eminentemente opinativo, e geralmente escrito por
colaboradores ou personalidades convidadas (não jornalistas, como políticos,
cientistas, filósofos, etc.), o artigo é o gênero que democratiza a opinião no
jornalismo, tornando-a não um privilégio da instituição jornalística e de seus
profissionais, mas possibilitando seu acesso às lideranças emergentes na
sociedade. Não representa, obrigatoriamente, a opinião do veículo (esta, sim,
veiculada no editorial). Seus elementos constitutivos são o título, um parágrafo
introdutório com a proposição do assunto sobre o qual se tomará uma posição
crítica e os argumentos persuasivos, que consistem na tentativa de o emissor
levar o leitor a adotar a opinião apresentada.

 Exemplos de artigos:
 Corinthians triunfa como ninguém na cultura do medo, PVC (Folha 22/04/2019)
 Mágicas de linguagem, Hélio Schwartsman (Folha 23/04/2019)
 Ainda na Folha: Clóvis Rossi, Elio Gaspari, Juca Kfouri
 No Estadão: Eliane Cantanhêde, Fabio Gallo, Cida Damasco
 No O Globo: Bernardo Mello Franco, Flavia Oliveira
Gêneros Jornalísticos
 RESENHA: a resenha jornalística é um texto opinativo cuja função é orientar a
escolha do leitor. Ela deve fazer uma relação das propriedades de um objeto,
enumerar seus aspectos relevantes, contextualizá-lo, descrevendo as
circunstâncias que o envolvem. O objeto resenhado pode ser um acontecimento
qualquer da realidade ou textos e obras culturais. Vamos aqui tomar como
referência a resenhar um livro.
 Os elementos constitutivos da resenha são:
 o título (a linha-fina é opcional);
 a referência bibliográfica: autor; título da obra; editora, número de páginas e
preço. Sua localização é variável e sua apresentação gráfica também: ela pode
aparecer entre parênteses abaixo do título, ao final da resenha, no meio do texto
(como no exemplo a seguir), ou ainda em tópicos ao lado da ilustração da capa
do livro;
 o resumo da obra resenhada;
 a apreciação crítica.
Gêneros Jornalísticos
 A resenha crítica deve responder a perguntas do leitor:
 sobre o que é o livro (filme, CD, exposição, etc.)?
 Trata-se do resumo da obra. O jornalista responde a essa questão indicando, por exemplo,
o tipo de história que o autor escreveu e a época em que ela se passa; diz algo sobre as
principais personagens e indica o tipo de situação em que o autor as envolve. Neste item,
o resenhador pode contextualizar a obra, referindo-se a seu autor e ao momento histórico,
político e social em que foi escrita;
 é bom?
 É o momento da apreciação crítica. O jornalista responde à pergunta pela exposição de
seu juízo de valor sobre o livro em relação aos outros livros da mesma categoria que já
leu. Dá sua opinião, influenciada por seus conhecimentos, gostos e preferências;

 Exemplos de resenha:
 - Obra minuciosa relata escândalo de tabloide de Rupert Murdoch (Eleonora de Lucena,
jornal Folha de S. Paulo, 20/02/2016)
 - Isabela Boscov, Folha
 - Sergio Rizzo, O Globo
Gêneros Jornalísticos
 CRÔNICA: a crônica é o único gênero breve (de curta extensão), sem estrutura
definida. Ivan Ângelo na crônica “Autor e leitor”: “E o leitor de crônicas? A viagem
é bem mais curta: encontramo-nos no elevador, no ônibus, no metrô, no jogging, no
shopping, no cinema, numa enchente, num engarrafamento. É o tempo de um alô e
de um olhar de cumplicidade. O cronista se vê no outro, são parceiros da
circunstância, e fala de assuntos comuns nascidos desse conchavo fugaz.” (Veja SP,
26/03/2000)
 Gênero que participa de dois domínios discursivos – a literatura e o jornalismo –, a
crônica aproveita os recursos literários para falar sobre o fato cotidiano, de uma
forma subjetiva. Mas o faz num estilo que dá a impressão de naturalidade, para isso a
língua escrita deve aproximar-se da oral.
 Da descrição, a crônica tem a sensibilidade impressionista; da narração, a imaginação
(para o humor ou a tensão); da dissertação, o teor crítico. A crônica pode ser
narrativa, narrativo-descritiva, humorística, lírica, reflexiva... Ou combinar essas
variantes com as singularidades do assunto. Desenvoltura e intimidade na linguagem
aproximam o texto do leitor. Toda possibilidade de criação é permitida nesse gênero,
que corresponde a um flagrante do cotidiano, em seus aspectos pitorescos e
inusitados, a uma abordagem humorística, a uma reflexão existencial, a uma
passagem lírica ou a um comentário de interesse social.
Gêneros Jornalísticos

 Exemplos de crônica
 - Conveniência de ser covarde (Nelson Rodrigues. Manchete Esportiva, 17 dez.
1955)
 - Antonio Prata, Ruy Castro, da Folha de S. Paulo

 COLUNA: é um artigo no qual o autor (colunista) disserta e analisa assuntos


variados sob seu ponto de vista, com uma regularidade determinada.
 Ex: Monica Bergamo (Folha de S. Paulo)
Narrativa Long Form

 O Jornalismo Long form sempre foi utilizado para definir um conteúdo mais


longo e completo sobre algum tema.
 Geralmente é visto em algumas grandes reportagens de portais, já que se
aprofundam em um assunto, e precisa ter uma equipe muito grande, assim como
o tamanho do investimento, para ser produzido.
 Por muito tempo, os sites de notícias só divulgavam textos curtos, com
informações mais diretas.
 De meados de 2010 pra cá, quando o texto Long form passou a ser discutido em
redações de grandes jornais, foi cada vez mais visto tipos de textos mais longos
e com mais informações sobre alguns assuntos.
Narrativa Long Form

 Um dos primeiros grandes jornais a


começarem a produção desse estilo de
texto foi o The Guardian, de Londres.
Muito conteúdo (como imagem, vídeo,
interação) era usado junto ao texto e,
quando perceberam que era um estilo
que agradava parte dos leitores, o jornal
passou a ter páginas e editorias
exclusivas de desdobramentos e
informações sobre temas tratados
no Longform.
Narrativa Long Form

 Isso significa que os textos Long form devem ser atrativos para que os leitores
tenham curiosidade e o desejo de continuar lendo o texto.

 E é um estilo que chama a atenção não só por ser longo, mas por trazer toda a
apuração, contextualização e aprofundamento bem detalhado e explícito do
jornalista. Isso quer dizer que você tem que estar super disposto a tirar um
tempinho do seu dia e ler o que foi produzido com muito cuidado e carinho
pelo repórter.
Narrativa Long Form

 Um olhar atento às mídias sociais


 As pessoas que vieram do Twitter gastaram uma média de 133 segundos nos
artigos longos comparado aos 107 segundos do Facebook. De um ponto de
vista mais amplo, os leitores de smartphone que chegam aos sites de notícias
de algum lugar que não sejam sites de mídias sociais (60% de todos os
leitores da amostra) têm tempos de leitura aproximadamente 23% mais
longos do que os que vêm do Facebook.
Narrativa Long Form
Narrativa Long Form

 Os sites de mídias sociais que foram cobertos pela pesquisa do Pew


Research foram o Facebook, Twitter, LinkedIn, Google Plus, StumbleUpon,
Reddit, Tumblr e Pinterest. O Facebook dominou os outros sites,
respondendo por aproximadamente 82% das conexões entre mídias sociais
e sites de notícias relacionadas às notícias longas e 84% relacionadas às
notícias curtas. O Twitter seguiu o Facebook como a segunda mais
importante plataforma de mídia social. Os dois, juntos, respondem por 98%
das conexões entre mídias sociais e sites de notícias nos smartphones.
Entretanto, uma diferença interessante entre Facebook e Twitter aparece
quando você olha o tempo gasto lendo notícias.
Narrativa Long Form

 O que está acontecendo com o Facebook?


 Leitores de smartphones que chegam aos sites de notícias pelo Facebook gastam mais
tempo com artigos longos do que com curtos. Eles não estão rejeitando o jornalismo
long-form. Entretanto, gastam menos tempo com artigos longos (107 segundos) do que
a média geral (123 segundos) e muito menos tempo do que os leitores que vêm do
Twitter (133 segundos) ou leitores que vêm de qualquer outro lugar que não sejam
mídias sociais (aproximadamente 132 segundos).
Narrativa Long Form

 Por que os leitores que vêm do Facebook gastam menos tempo do que quase todo
mundo que lê notícias longas? A diferença entre o Facebook e o Twitter pode ser
explicada pelas diferentes maneiras como as duas plataformas sociais são comumente
usadas. Enquanto o Twitter é famoso pelo barulho insípido das celebridades e pelas
opiniões fortes é, também, amplamente utilizado como um canal de comunicação para
negócios e conexões de marketing.
 Muitas empresas mantêm sua presença no Facebook, mas as experiências
circunstanciais sugerem que suas páginas do Facebook têm mais a ver com a promoção
da empresa para os clientes do que fazer conexões de negócios. Leitores que chegam à
um site de notícias por razões relacionadas ao trabalho, são mais inclinados a lerem
artigos longos completamente e cuidadosamente. A diferença nos tempos de leitura de
artigos longos entre o Twitter e o Facebook pode ser devido ao Twitter ter mais deste
tipo de leitor.
Narrativa Long Form
 Motivação
 Os leitores que procuram por notícias estão, normalmente, motivados pelo objetivo de
se aprender algo. Se eles acessam um artigo longo que os interessa, provavelmente
estarão motivados a aprenderem o máximo que puderem através de uma leitura
completa e atenta do artigo. Eles até podem estar na presença de outras pessoas, no
trânsito ou em uma cafeteria, por exemplo, mas é improvável que estejam interagindo
socialmente com essas pessoas.
 Os usuários do Facebook, por outro lado, provavelmente estão engajados em uma
interação social se estiverem respondendo a uma postagem de um amigo enquanto
clicam em um link de um site de notícias em uma página do Facebook. Eles podem
estar mais motivados pelo desejo de contribuir à conversa no Facebook com um
comentário, do que pelo desejo de aprender algo novo.
Narrativa Long Form
 Se esse é o caso, podem gastar menos tempo com o artigo porque para conseguirem o
que precisam para fazerem um comentário não é necessária uma leitura completa e
atenta. Essa ideia pode soar plausível mas testá-la seria difícil. Deixando as
especulações sobre o que acontece com o Facebook de lado, é claro que as mídias
sociais, em geral, e o Facebook em particular, são os principais canais entre sites de
notícias e leitores de smartphone.
 A descoberta de que o Facebook domina as mídias sociais é uma notícia boa e ruim ao
mesmo tempo. A boa notícia para as pessoas que valorizam o conteúdo como gerador
de renda é que o Facebook oferece uma grande quantidade de visualizações de página
o que, geralmente, se traduz em receita. A má notícia para as pessoas que vêem o
conteúdo intrinsecamente valioso por causa das informações que ele fornece é que os
leitores do Facebook tendem a níveis mais baixos de engajamento do que quase todos
os outros tipos de leitores.
Narrativa Long Form
 CASE DE SUCESSO
 O projeto multimídia “Snow Fall”, do New York Times [que ganhou um prêmio
Peabody (para rádio e televisão) com uma narrativa multimídia de uma avalanche
mortal no estado de Washington, por ser “um exemplo espetacular do potencial para
contar histórias na era digital”], foi um imenso sucesso, atraindo grandes audiências e
muitos aplausos. Mas o jornal ainda pode fazer melhor – pode construir um novo modo
de negócio a partir deste tipo de projeto e mudar a definição de jornalismo no novo
século.
 Caso você não tenha assistido, Snow Fall foi um projeto multimídia do qual fazia parte
uma fascinante matéria, em seis blocos, de John Branch, um dos redatores
do Times que venceram o prêmio Pulitzer e que estava intrigado com o número
crescente de acidentes fatais de esqui. As matérias foram apresentadas com gráficos
interativos, vídeos e biografias de vários praticantes de snowboard e esqui. O trabalho
é brilhante e foi recompensado com 2,9 milhões de visitas e 3,5 milhões de page
views nos primeiros seis dias após sua publicação.

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