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ANTECEDENTES HISTÓRICO-FILOSÓFICOS:

GÊNESE E HISTÓRIA DA ÉTICA


Pense nisso!

Você já pensou sobre como orienta sua vida? Você faz aquilo
que sua família espera de você? Procura construir suas próprias
opiniões compreender os valores compartilhados ao seu redor
ou prefere aceitar o que os outros lhe dizem e fazem? Você age
de acordo com regras e costumes estabelecidos ou os contesta?
DESCOBERTA DOS VALORES
Diante de pessoas, coisas e situações, estamos constantemente
fazendo avaliações .
•Juízos de realidade •Juízos de valor

Os seres - sejam eles coisas inertes, seres vivos ou ideias


-mobilizam nossa afetividade por atração ou por repulsa.
Portanto, algo possui valor quando não nos deixa indiferentes.

Os valores são, num primeiro momento, herdados (mundo


cultural ).

Faça uma lista de comportamentos que você considera bons e


outros que são maus; de coisas belas ou feias.
DESCOBERTA DOS VALORES
Valorar é uma experiência fundamentalmente humana que se
encontra no centro de toda escolha de vida. Em toda ação,
damos prioridade a certos valores positivos e evitamos os
valores negativos (ou desvalores).

O objetivo de qualquer valoração é orientar a ação prática.

Os valores existem na ordem da afetividade, uma vez que não


ficamos indiferentes diante de alguma coisa ou de uma pessoa,
mas sempre somos afetados de algum modo.
DESCOBERTA DOS VALORES

Convém lembrar, no entanto, que mesmo quando o conteúdo


das regras varia conforme a época ou o lugar, todas as
comunidades têm a necessidade formal de valores, expressos
em modelos, cânones, que orientam o comportamento dos
seus integrantes.

Enfim, precisamos dessa reflexão sobre os valores, num


mundo excessivamente individualista, pragmático,
tecnocrático, em que os meios são mais valorizados do que
os fins humanos.
OS VALORES MUDAM?
Existe fase em que os valores são herdados (CULTURA), à qual
se contrapõe outro momento, pessoal e intersubjetivo, de
questionamento dos valores, a fim de escolher os que são mais
importantes.

Os valores e as culturas
Na Idade Média, por exemplo, era proibido dissecar
cadáveres e, no entanto, as instituições de justiça
torturavam seres humanos. Naquela época também era
pecado emprestar dinheiro a juros, o que hoje os bancos
fazem sem nenhuma penitência.
Nosso costume de comer bife escandaliza o hindu, para
quem a vaca é um animal sagrado.
A ÉTICA E A MORAL: A
IMPORTÂNCIA DO HÁBITO
Os conceitos de Moral e Ética ainda que diferentes, são com
freqüência usados como sinônimos.

Moral é o conjunto de regras que determinam o comportamento


dos indivíduos em um grupo social.

Ética é a reflexão sobre as noções e princípios que fundamentam


a vida moral.
CARÁTER HISTÓRICO E SOCIAL DA MORAL
Para que a ação coletiva seja possível, são estabelecidas regras
que organizam as relações entre os indivíduos, por isso é
impossível um povo sem qualquer conjunto de normas de
conduta.

Exterior e anterior ao indivíduo, há portanto a moral


constituída, pela qual o comportamento é orientado por meio
de normas.

O comportamento moral também varia de acordo com o tempo


e o lugar, conforme as exigências das condições nas quais as
pessoas organizam-se ao estabelecerem as formas de
relacionamento e as práticas de trabalho.
O ANEL DE GIGES
Há uma lenda, transcrita por Platão na sua obra A República,
sobre um anel que tornaria invisível quem conseguisse virar o
engaste para dentro. Conta então que o pastor Giges, que vivia
a serviço do rei da Lídia, após ter se salvado de um abalo
sísmico, retirou de um cadáver o referido anel. Ao perceber
que podia ficar invisível quando quisesse, entrou no castelo,
seduziu a rainha, tramou com ela a morte do rei e obteve o
poder.

Esse mito nos leva a pensar sobre os motivos que estimulam


ou coíbem uma ação. Se você pudesse ficar invisível o que vc
faria?
A BÚSSOLA E A BALANÇA

Suponha que alguém possui uma bússola interna e está


consciente do que deve ou não deve ser feito, mas se pergunte:
"Por que devo agir moralmente se isso pode ferir meus
interesses pessoais?". Para essa resposta, precisamos de outra
imagem, a da balança.
NINGUEM NASCE MORAL

Como ninguém nasce moral — mas torna-se moral —, é preciso


todo um esforço de construção do sujeito ético, empreitada que
nem sempre atinge os níveis desejados de amadurecimento.

Todas as pessoas precisam ser educadas para a convivência.

O desenvolvimento dos Três níveis mentais: inteligência,


afetividade e moralidade .
Pela educação o indivíduo terá a chance de constituir sua
personalidade moral.
O sujeito ético procede a um descentrarnento, tornando-se
capaz de superar o narcisismo infantil, e move-se na direção do
outro, reconhecendo sua igual humanidade.
TEORIAS ÉTICAS
A reflexão ética grega: século V a.C.
Platão: ética e sabedoria
A virtude identifica-se com a sabedoria e o vício com a
ignorância: portanto, a virtude pode ser aprendida
Como só o filósofo atinge o nível mais alto de sabedoria, cabe a
ele exercer a virtude maior da justiça e portanto a função de
governar.
Todo drama humano consiste, para Platão, na tentativa de
domínio da alma superior sobre a inferior. Escravizada pelo
sensível, a alma inferior conduz à mera opinião (e não ao
conhecimento verdadeiro) e, conseqüentemente, ao erro.
TEORIAS ÉTICAS
Platão: ética e sabedoria

O corpo é também ocasião de corrupção e decadência moral, e


se a alma superior não souber controlar as paixões e os
desejos, seremos incapazes de comportamento moral
adequado.

No diálogo O banquete, Platão demonstra que, se na


juventude predomina a admiração pela beleza física, o
verdadeiro discípulo de Eros amadurece com o tempo ao
descobrir que a beleza da alma é mais preciosa que a do corpo:
eis aí o que chamamos de amor platônico.
TEORIAS ÉTICAS
A reflexão ética grega: século V a.C.

Aristóteles:a felicidade como bem supremo

todas as atividades humanas aspiram a algum bem, dentre os


quais o maior é a felicidade, que não se encontra nos prazeres
nem na riqueza e sim na vida virtuosa, bem alcançável pela
atividade racional .

Na obra Ética a Nicômaco, Aristóteles procura o que


representa o fim último de todas as atividades humanas, uma
vez que tudo o que fazemos visa a alcançar um bem : A
felicidade.
TEORIAS ÉTICAS
Aristóteles:

A virtude é a permanente disposição de caráter para querer o


bem, o que supõe a coragem de assumir os valores escolhidos e
enfrentar os obstáculos que dificultam a ação.

O agir virtuoso não é ocasional e fortuito, mas um hábito,


fundado no desejo e na capacidade de perseverar no bem.

Aristóteles adverte, porém, que não é fácil determinar o justo


meio, nem quais são os extremos. Pode ser que uma pessoa
que age de modo temerário classifique o corajoso (que seria
prudente) como um covarde.
TEORIAS ÉTICAS
Aristóteles:

O bem que é a felicidade, porém, não é alcançado de uma só


vez, mas exige o esforço de uma vida inteira no exercício da
virtude(disposição para querer o bem que resulta de um
hábito e não de atos ocasionais).

É a sabedoria prática que nos faz reconhecer a justa medida e


orientar nossa escolha. Essa sabedoria é uma espécie de
prudência que garante nossa autonomia, a liberdade de agir.
TEORIAS ÉTICAS
A ética helenista: (sécs. III e II a.C

Hedonismo: Para os hedonistas, o bem encontra-se no prazer .

Epicurista: os prazeres do corpo são causas de ansiedade e


sofrimento, por isso, para que a alma permaneça imperturbável,
é preciso aprender a gozar os prazeres com moderação.

Estoicismo: despreza os prazeres em geral, por considerá-los


fonte de muitos males. As paixões devem ser eliminadas porque
só provocam sofrimento, e por isso a virtude do sábio, que vive
de acordo com a natureza e a razão, consiste em aceitar com
impassibilidade o destino e a dor.
IDADE MÉDIA: MORAL E RELIGIÃO
VISÃO TEOCÊNTRICA

A visão teocêntrica do mundo fez os valores religiosos


impregnarem as concepções éticas, de modo que os
critérios do bem e do mal vinculavam-se à fé e dependiam da
esperança de vida após a morte.

De acordo com essa perspectiva, os valores são


transcendentes porque resultam de doação divina, o que
determina a identificação do sujeito moral ao ser temente a
Deus.
ÉTICA CRISTÃ
Ética eudaimonista e teleológica - Diferença dos gregos: a
felicidade consiste em alcançar a Deus, que é o autêntico sumo
bem. Como podemos alcançar esta felicidade?

Conhecendo as normas morais pela luz divina podemos


perceber em nós, na consciência – a Iluminação interior: Deus
imprime a lei na mente do homem (lei eterna e imutável) –
coincide com os Mandamentos “Não saias de ti, volta para ti
mesmo.

A verdade habita o homem interior. E, se descobrires que a tua


natureza é volúvel, transcende a ti mesmo, tu transcendes a
alma racional. Tende, portanto, para onde se acende a luz da
razão” (Agostinho)
ÉTICA MODERNA
O PENSAMENTO MODERNO
Na Idade Moderna, o pensamento humano passou por
mudanças cruciais.

A moral iluminista: movimento intelectual do século XVIII.

A máxima expressão do pensamento iluminista encontra-se em


Immanuel Kant (1724-1804)
O PENSAMENTO MODERNO
O imperativo
Analisando os princípios da consciência moral, Kant usa o
conceito de imperativo, que pode ser:
a) segundo um tempo verbal, uma ordem: "Faça!", "Retire-
se!";
b) na linguagem comum, o que se impõe como um dever:
"Respeitar as pessoas é um imperativo para mim:';
c) para Kant, o imperativo é um mandamento da razão que
serve para orientar a ação e se exprime pelo verbo dever.

Para ele o indivíduo só está sujeito à sua própria legislação,


ainda que ele admita que essa lei por ele erigida deve ser
universal.
O PENSAMENTO MODERNO

A idéia de autonomia e de universalidade da lei moral leva a


um outro conceito: o da dignidade humana, e, portanto, do ser
humano como fim e não como meio para o que quer que seja.

Ao acentuar o caráter pessoal da liberdade, Kant elabora as


categorias da moral iluminista racional e laica.

No entanto, a moral kantiana é formalista porque fundada na


razão universal, abstrata, o que mereceu a crítica dos filósofos
posteriores.
KANT E A ÉTICA COMO AÇÃO SEGUNDO O
DEVER
No século XVIII, o filósofo alemão Immanuel Kant
desenvolveu uma concepção de ética baseada na ideia
de que as ações humanas são orientadas por intenções,
não por finalidades, como afirmava Aristóteles. E como
intenção fundamental das ações humanas Kant destaca
a noção de dever. As perguntas básicas da ética
pensada nesses termos seriam: o que devo fazer? Como
devo agir?
KANT E A ÉTICA COMO AÇÃO SEGUNDO O
DEVER

Com tal princípio, Kant realiza seu projeto de uma moral racional
universal: agimos como devemos agir, baseando-nos em regras
universais que nos são dadas pelo exercício do pensamento
racional.
Não se trata de agir meramente segundo os costumes ou a
tradição de uma cultura. Trata-se de agir segundo um princípio
que me é dado por minha própria razão, determinando minha
vontade, como um ato de liberdade.
KANT E A ÉTICA COMO AÇÃO SEGUNDO O
DEVER
Um indivíduo autônomo, quando participante de uma
coletividade, não se deixa governar e conduzir pela vontade do
outro; ele se conduz pela própria vontade livre. Sendo livre em
meio a outros indivíduos livres, pode construir uma
comunidade livre, uma comunidade de iguais.
Aí reside o Esclarecimento: em uma comunidade livre e
autônoma, governada por uma vontade comum.

O processo do Esclarecimento, segundo Kant, é a saída de uma


condição de menoridade, na qual o indivíduo não é autônomo
e é governado por outro, para uma condição de maioridade, do
exercício da autonomia da razão

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