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Memórias feitas à mão: mulheres

que bordam em São João dos


Patos – Maranhão.
PROF.ª DANIELE SEGADILHA

ME. EM SOCIEDADE E CULTURA – PGCULT/UFMA

ARTE-EDUCADORA/IFMA
Entende-se como bordado “a técnica decorativa de
trabalho com agulha sobre o tecido (ou outro material)
à mão ou à máquina, que utiliza grande variedade de
linhas. Inclui diversos pontos e técnicas [...]”
(NEWMAN, 2011, p. 100).
A investigação pretendeu compreender,
como construindo suas experiências, no
ato de bordar, as bordadeiras patoenses
engendram elementos constituintes da
feminilidade, ao mesmo tempo em que
refletem sobre suas relações de trabalho,
de expressão da arte e dos significados
dessa atividade em suas experiências
pessoais.
A CIDADE DE SÃO JOÃO DOS PATOS É (...)
INFLUENCIADA INDIRETAMENTE PELOS
PERNAMBUCANOS E BAIANOS NO
PROCESSO DE COLONIZAÇÃO DO SUL DO
MARANHÃO.

E FOI A VIDA NOS CAMPOS DE GADO E


NAS LAVOURAS DE AÇÚCAR QUE
ALICERÇOU AS RELAÇÕES SOCIAIS, OS
COMPORTAMENTOS E COSTUMES DOS
PATOENSES E DAS PATOENSES (LIMA,
2008, P.19).

DEVIDO À INTENSA PRODUÇÃO DE BORDADOS DE PONTO-CRUZ, A


CIDADE SUSTENTA O EPÍTETO DE “A CAPITAL DOS BORDADOS”.
Os bordados apontavam um caminho curioso para as
possíveis leituras sobre marcações distintas nas
relações de gênero, na cidade.

o ofício de bordar tem contribuído para compor a


performance de práticas repetidas e identificadas ao
feminino (BUTLER, 2003)
NA CAPITAL DOS
BORDADOS Uma das intenções da pesquisa foi entender que as
próprias mulheres podem narrar de “si”, bordando
sua própria história.

Na cidade, as mulheres que bordam estavam por


todos os lados: sentadas nas portas de suas casas, nas
praças, nas associações e nas escolas.
NO NORDESTE:

A maior concentração de tipos de bordados está


na região Nordeste do Brasil (Ceará e
Maranhão);
A presença de mulheres que provém seu
sustento no sertão nordestino, através da feitura
de bordados é antiga. (Del Priore, 2009)
Por décadas pouco ou quase nada se falou
dessas mulheres, das suas produções artísticas
e suas memórias .

Produção de redes, bordados de bilro, crochês e


ponto-cruz: geração de renda ao mesmo tempo
em que permanecem em casa.
“As mulheres de classe mais abastada não tinham muitas
atividades fora do lar. (...) Outras, menos afortunadas, viúvas
ou de uma elite empobrecida, faziam doces por encomenda,
arranjo de flores, bordados a crivo, davam aulas de piano e
solfejo, e assim puderam ajudar no sustento e na educação da
numerosa prole” (Del Priore, 2009).
PRIMEIROS PONTOS:

Orientadora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação


Científica – PIBIC Jr.,- IFMA. “Bordadeiras da Namoradinha do
Sertão: registro visual dos bordados de São João dos Patos”
Participação no Programa Nacional de Acesso ao Ensino
Técnico Emprego – PRONATEC/2011 no curso de “Bordados a
mão”
Inserção no Mestrado Interdisciplinar em Sociedade e Cultura –
Pgcult / UFMA

Definição do método de pesquisa: a história oral, pois o método


privilegia o diálogo entre sujeitos considerando suas memórias,
identidades e narrativas.
A “história oral” é termo amplo que recobre uma quantidade de
relatos a respeito de fatos não registrados por outro tipo de
documentação (Queiroz,1988)
Perfil: conversamos e entrevistamos 11 bordadeiras, brancas, negras e pardas;
com faixa etária entre 40 e 75 anos. Maior parte delas nasceu em povoados do
município e mudaram para a zona urbana na infância ou adolescência,
acompanhando os pais, lavradores, em busca de melhores condições de saúde e
educação.
Critérios para escolha:
Exercer o ofício de bordar por cerca de dez anos; dedicar-se a feitura do
bordado ponto cruz (técnica mais comum no município); residir na zona
urbana .
ALGUNS PONTOS

Acesso às bordadeiras

Horário de conversas

Desafios na escuta
Ela [a bordadeira] cumpre a performance
atribuída ao gênero feminino, pressupondo
que o gênero é vivido como uma
interpretação, ou um jogo de interpretações do
corpo, que não é restrita a dois, e isso,
finalmente, é uma mutável e histórica
instituição social” (Butler, 2006).
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HISTÓRIA ORAL. HISTÓRIA ORAL. PERNAMBUCO, 2005.

BOSI, ECLEA. MEMÓRIA E SOCIEDADE: LEMBRANÇAS DE VELHOS. 3 ED. SÃO PAULO: COMPANHIA DAS LETRAS, 1994.

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THOMPSON, PAUL. A VOZ DO PASSADO: HISTORIA ORAL. TRADUÇÃO LOLIO LOURENÇO DE OLIVEIRA. RIO DE JANEIRO:
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OBRIGADA!
DANIELE.SEGADILHA@GMAIL.COM

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