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Disciplina:
ECOLOGIA BÁSICA
A história natural da
Ecologia e do
Conservacionismo
<ECOLBAS_1>
Pintura rupestre no Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí, datada de
100.000 anos atrás. © 2008 FUMDHAM
2018
ECOLOGIA I . Introdução 1.2
• Entendendo a ecologia
É uma ciência que pode ser
considerada como uma
evolução do conhecimento
informal e empírico acerca
da natureza...
2. Atualmente, a obra completa de Aristóteles está disponível (em inglês) no site da Universidade de Adelaide, Austrália:
eBooks@Adelaide. 3. O nome Renascença vem justamente do resgate de certas idéias dos filósofos da antiguidade (Wikipedia).
O COMEÇO
ECOLOGIA I . História da Ecologia 1.6
LINNAEUS (1707 - 1778) : A EUROPA PÓS-RENASCENÇA
O naturalista sueco Carl von Linnaeus está entre os mais influentes cientistas do século 18.
Embora seja mais conhecido pela criação do sistema moderno de nomenclatura científica,
Linnaeus também escreveu sobre o funcionamento da natureza, as obras Curiositas Naturalis
(1748), Oeconomia Naturae (1749) e Politia Naturae (1760) tratam de assuntos que hoje são
considerados próprios da Ecologia.
Em Oeconomia Naturae, Linnaeus começa referindo-se a Seneca “Tudo está sempre em mutação”
e segue descrevendo os estágios do ciclo de vida, Generatio, Conservatio e Destructio, indicando
um permanente fluxo de materiais
onde tudo está conectado e onde
nada é realmente perdido.
Usando metáforas próprias do estilo
barroco, Linnaeus usa a imagem do
mundo como um palco de teatro,
onde cada espécies tem um papel
definido e, quando um indivíduo
morre, seu papel é assumido por
outro; a isso nós atualmente
chamamos de nicho1, e o teatro
podemos entender como biocenose.
1. Hestmark, G. 2000. Oeconomia Naturae
L. Nature, 405, 19. html.
Carl von Linnaeus e capa da edição de
1760 de Systema Naturae. Wikipedia
ECOLOGIA I . História da Ecologia 1.7
LINNAEUS (cont.)
Em Politia Naturae, Linnaeus escreve “a guerra de todos contra todos”, referindo-se a árdua tarefa
da sobrevivência. Esta visão influenciou muitos autores que se seguiram, inclusive Darwin, que
como sub-título da Origem das Espécies colocou a expressão “...struggle for life”.1 Linnaeus
também procurava indicar os locais de ocorrência das espécies que descrevia, essa prática evoluiu
para o conceito que hoje chamamos de habitat. Por exemplo, Linnaeus atribuiu um nome ao
tubarão branco2 e indicou que esta espécie ocorre em todos os oceanos, preferencialmente em
águas quentes e temperadas, raramente em águas frias, este é o habitat do tubarão branco.
À esquerda, avistamento de Carcharodon carcharias (Linnaeus, 1758), imagem: ©2008, DaKuRaJa, Shugal Point. À direita,
mapa de distribuição de C. carcharias (L., 1758) e sua probabilidade de ocorrência, imagem: FishBase.
1. 2008. Uppsala Universitet, Suécia. html. 2. Originalmente Squalus carcharias, depois modificado para Carcharodon carcharias
mas mantendo a autoria de Linnaeus, California Academy of Sciences - Ichthyology
ECOLOGIA I . História da Ecologia 1.8
Maltus era um clérigo e isso influenciou muito nas suas assertivas, deixando sua obra recheada de
expressões tais como, miséria, vício, o mal, a salvação e condenação, por ex. No entanto, algumas
observações ainda são válidas.
1. A maior parte dos trabalhos de Humbold pode ser acessada no site da Universidade do Kansas, The Humboldt Digital Library.
ECOLOGIA I . História da Ecologia 1.10
ALEXANDER VON
HUMBOLDT
(cont.)
Agora já é possível
ler as obras
originais de
Humboldt (bem
como de outros
autores) sem sair
de casa. Muitos
sites trazem seus
livros, cartas e
outros arquivos em
meio digital
(ebooks). A imagem
ao lado é do site
Internet Archive.org
ECOLOGIA I . História da Ecologia 1.11
DARWIN E A ORIGEM DAS
ESPÉCIES ... e as condições da
luta pela vida. (1ª edição em 1859)
Thoughtware
As obras de Charles Robert Darwin e Alfred
Russel Wallace colocaram em evidência que os
seres vivos, tal como conhecemos hoje, são o
resultado da luta pela sobrevivência, na qual as
espécies vão se modificando para sobreviver às
pressões do SOBRE A ORIGEM DAS ESPÉCIES
ambiente físico,
de predadores e “A Origem das Espécies” mudou tudo. Antes de sua
publicação, a diversidade podia somente ser
de competidores.
catalogada e descrita; agora, já podia ser explicada.
A ecologia ainda Antes da “Origem,” as espécies foram vistas como
não existia à entidades fixas, criações de uma divindade; depois,
época de Darwin, tornaram-se conectadas em uma grande árvore de
mas permeava família que se estende através de bilhões de anos,
todo seu trabalho. até ao surgimento da vida.
Hoje podemos Talvez a realização mais importante tenha sido que a
“Origem” mudou nossa maneira de percebermos a
dizer que:
nós mesmos; fez de nós uma peça da natureza, tanto
G I A ÉA
LO quanto os pássaros e as abelhas; nós passamos a
ECO Ç Ã O EM pertencer a uma árvore de família com antepassados
U
EVOL MENTO Wallace (1823-1913) aos 89 notáveis e distintos (Traduzido de Olivia Judson,
A
AND anos. Wallace Home Page 2008, http://wildking.wordpress.com/).
ECOLOGIA I . História da Ecologia 1.12
Darwin Online
DARWIN, UM GÊNIO
INCOMPREENDIDO
A CRIAÇÃO (2009)
Ecologismo x Ecologia
Diferenças
&
Convergências
ECOLOGIA I . História da Conservação 1.19
OS PRIMEIROS MOVIMENTOS CONSERVACIONISTAS
O primeiro esforço em proteger a natureza foi feito pelos reis da Inglaterra ainda na Idade Média, que tinham
como motivação o desejo de preservar áreas onde pudessem praticar a caça esportiva 1. Rapidamente foi
aprendido que, para preservar a caça, seria necessário proteger a florestas dos aldeões que a usavam para
colher e caçar, combater o desflorestamento para a retirada de madeira e para a expansão das áreas agrícolas.
Em 1847, o congressista americano George Perkins fez um discurso chamando a atenção para o impacto
negativo da atividade humana na terra, especialmente com
o desmatamento, propondo uma visão conservacionista na
gestão de terras florestadas.3
No ano de 1872 foi criado nos EUA o Parque Nacional de
Yellowstone, foi o primeiro no mundo visando a
conservação da natureza. Sua criação se deve em grande
parte aos relatórios do explorador F. V. Hayden, que ajudou
a convencer o Congresso da importância de assumir o
controle da região.2
Em 1876, nos EUA John Muir publica o livro “Os Primeiros
Templos de Deus: Como devemos preservar nossas
florestas?”, no qual ele sugere a necessidade da proteção
das florestas pelo Estado. No mesmo ano é fundado em
Boston “O Clube das Montanhas Apalaches”, que se tornou
a primeira organização privada voltada para a conservação
e atualmente uma das mais importantes. Seus esforços
resultaram na transformação da região do Vale do Yosemite
em Parque Nacional em 1905.3
1. Great Wild Spaces.org. 2. Wikipedia. 3. The Evolution of the
Conservation Movement, The Library of Congress.
John Muir (1834-1914) em foto de1902. 3
ECOLOGIA I . História da Conservação 1.20
RACHEL L. CARSON (1907 - 1964) E A POPULARIZAÇÃO DA ECOLOGIA
Carson era bióloga marinha e é reconhecida como a responsável pela popularização da ecologia
e iniciadora do movimento ambiental. Na década de 1950, Carson focou sua atenção aos
problemas ambientais causados por pesticidas sintéticos. O resultado de sua investigação foi
publicado em forma de livro sob o título Primavera Silenciosa (1962), o qual despertou o
interesse em questões ambientais em
uma parcela considerável e sem
precedentes do público americano (
Wikipedia).
A Primavera Silenciosa desencadeou
uma forte reação na população,
manifestada no surgimento de grupos
militantes vindos de todas as camadas
sociais. O resultado foi a proibição da
fabricação e uso do DDT e de outros
pesticidas. O movimento popular
iniciado com o livro inspirou ainda a
criação da Agência de Proteção
Ambiental dos EUA (US -
Environmental Protection Agency ou
EPA) em 1970. Antes desta data, não
havia nenhuma órgão do Estado
responsável pela gestão do meio Acima à esquerda, Rachel Carson; à direita, cadeia trófica e
bioacumulação de DDT. Imagens: Egerton, F. N. 2007. Understanding food
ambiente. chains and food webs. Bull. Ecol. Soc. Amer. 88(1). html
ECOLOGIA I . História da Conservação 1.21
EVENTOS RECENTES
1972. Stocolmo, Suécia. 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente,
com a participação de 113 países, 19 agências inter-governamentais e 400 ONGs –
Resultado Principal: United Nations Environment Programme, que trata do CFC, da
camada de ozônio, aquecimento global, poluição e águas.
O RECENTE (cont.)
1992. ECO 92. Rio de Janeiro, Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e
Desenvolvimento (UN Conference on Environment and Development).
Fonte: YouTube
ECOLOGIA I . História da Conservação 1.26
O RECENTE (cont.)
1997. Protocolo de Kioto. Assinatura do acordo entre 166 nações para a redução da
emissão de gases que promovem o efeito estufa.
iii) Os gases vilões: gás carbônico, metano, óxido nitroso, enxôfre hexafluor, HFCs e
PFCs.
ii) Os países participantes concordaram em reduzir a emissão de gases estufa em
5,2% dos valores de 1990 até 2010.
iii) Nota: se fossem mantidas as tendências de crescimento de 1990 até 2010, o
corte nas emissões então seria equivalente a 29%.
ECOLOGIA I . História da Conservação 1.27
2005. Montreal. Após a adesão da Rússia em 2004, uma nova Conferência das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas foi realizada em Montreal. Somente a partir desse momento entra
em vigor o Protocolo de Kioto.
2009. Copenhague. Organizada pela ONU com a meta de pactuar um enfretamento coletivo às
mudanças climáticas, tal como foi preconizado na reunião de Kioto. A reunião terminou como
um grande fiasco, os estados ali representados não abriram mão de seus interesses em prol
de um mundo ambientalmente mais seguro. Uma cisão entre países ricos e pobres se tornou
mais evidente, os ricos e maiores poluidores não querem arcar com os custos do enfretamento
do problema e os pobres não conseguirão fazer muito sem ajuda externa. Seja através de
financiamento ou de transferência de tecnologias, os ricos não abriram mão de seus
privilégios. O então Presidente Lula participou da reunião mas em determinado momento,
irritado, retirou seus delegados prevendo o fracasso do encontro.
2011. Brasil. Ruralistas e alguns políticos tentam derrubar o Código Florestal Brasileiro de 1965,
considerada ainda hoje, como uma lei ambiental bastante avançada e progressista.
ECOLOGIA I . História da Ecologia 1.28
A CONSERVAÇÃO NO BRASIL
Paulo Nogueira Neto, 1922. Estudou História Natural e Direito na USP,
começou a atuar como conservacionista aos 20 anos de idade, numa época
em que poucos se interessavam pelo tema no Brasil. Organizou e dirigiu a
Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) entre 1974 e 1986, ainda
durante a ditadura militar. Nesse período foram criadas 3,2 milhões de ha de
áreas protegidas, distribuídas em 26 estações e reservas ecológicas, e ainda
1,5 milhão de ha em Áreas de Proteção Ambiental - APAS. Foi ativo na
aprovação da Lei Federal 6.902/81 que dispõe sobre a criação de estações
ecológicas e similares, bem como da Lei 6.938/81 que dispõe sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente. Organizou e presidiu o CONAMA, nesse período
foi baixada a Resolução nº 1, que regulamenta o processo de licenciamento
ambiental. Folha online e Academia Brasileira de Ciências.
1986. EIA - RIMA. A Resolução nº 001 do CONAMA estabelece entre outras medidas, a
instituição do EIA-RIMA. Daí em diante, todos os anos são publicadas novas normas e critérios
para o exercício do “comando-controle”. Critérios de licenciamento e de conformidade
ambiental são discutidos e melhorados a cada dia.