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Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal

Departamento de Engenharia Florestal


Secção de Economia e Maneio Florestal
Licenciatura em Engenharia Florestal
Projecto Final

Tema:
A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros)
utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

Autor
Culuze, Amós Abel
Supervisor
Doutor Eng. Mário Paulo Falcão

Maputo, Outubro de 2020.


A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas
comunidades no distrito de Inhassunge.

Email: amosculuzeculuze@gmail.com
Contacto: (+258) 840225841

Autor
Culuze, Amós Abel

Supervisor
Doutor Eng. Mário Paulo Falcão

Trabalho submetido a Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal para obtenção do grau de


Licenciatura na Universidade Eduardo Mondlane.

( ________________________________ )

(Amós Abel Culuze)

Maputo, Outubro de 2020

ii
Declaração

Eu Amós Abel Culuze declaro por minha honra que o trabalho de fim do curso feito por mim é
fruto da minha investigação, e que todas as fontes estão devidamente referênciadas, e que nunca
foi apresentado para a obtenção de qualquer grau nesta universidade, ou em qualquer outra
instituição. Esta monografia é apresentada em cumprimento parcial dos requisitos para a obtenção
do grau de Licenciatura, em Engenharia Florestal, na Universidade Eduardo Mondlane.

Assinatura

(_________________________________)

(Amós Abel Culuze)

Maputo, Outubro de 2020

Juri

Presidente Supervisor Oponente

(________________________) (_________________________) (________________________)

iii
Dedicatória

Dedico este trababalho aos meus pais Abel Buramuge Culuze e

Luisa Assubige Bazo, aos meus irmãos Claúdio, Luizinho, Manuel,

Nélia, Fernanda e Belinha, aos meus tios Júlio Lundo e Julieta Bazo,

aos meus primos Anselmo, Octávio, Marito, Angela, Pedro,

Rosário, Fernando, Joaquina, Raima, Rindinha e Victor,

aos meus sobrinhos Nélio, Daniel e Amilcar e

em geral a toda minha família e amigos.

iv
Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus pela vida e sabedoria iluminando todos os meus passos;

Ao meu supervisor Doutor Eng. Mário Paulo Falcão, por confiar em mim e me direccionar durante
a realização do trabalho, me motivando e me mantendo dentro dos períodos do plano de
actividades, e sendo eficiente na correcção do Projecto Final;

A Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal e aos meus pais Abel Culuze e Luisa Bazo por
financiarem o meu Projecto Final e me darem muitos motivos para continuar com o curso;

Aos meus irmãos Claúdio e Luizinho por fornecerem material que precisava durante a
investigação;

Ao meu irmão Manuel por me ajudar durante todas as fases da colecta de dados;

A todos os professores da FAEF, especialmente Prof. Doutora Natasha Ribeiro, Arménio Cangela,
Adolfo Bila, Jaime Nhamir e Agnelo Dos Milagres por me fornecerem ferramentas necessárias
para que eu pudesse ter uma vida científica saudável;

A todos os meus colegas da Faculdade em especial ao Eng. Simão Rafael Jaime e a Eng. Watinissa
Almirante e a minha turma de 2016, particularmente Focas Bacar, Hilário Biché, Edilson Gomes,
Délcio Munissa, Admiro Macuácua, Álvaro Chipanela, Nascir Morreira, Hélio Felix, Olímpia
Cuna, Bibiana Prósper, Cesaltina Buene, Belmiro Nunes, Pedro Janota, Kélven Nércio, Nóe
Pungue, Edna Cossa, Asraji Heldgod, Adolfo Macuácua, Natálio Minhote, João Firmino, Daniel
Saide e Barzilai Manteiga por serem amigos próximos;

E a todos que directa ou indirectamente contribuiram para que o meu trabalho chega-se ao final.
O meu muito obrigado, pois sem vós não seria possível a finalização deste Projecto Final.

v
Resumo

Moçambique é um dos países que ainda detém grandes quantidades de recursos florestais, estes
recursos estão a ser cada vez mais perdidos devido a exploração ilegal para suprir a demanda por
combustíveis lenhosos e por materiais de construção. As comunidades são um dos principais
beneficiários destes recursos, sendo assim a medida que as comunidades exploram os recursos
para a satisfação das suas necessidades fundamentais também exploram para melhorar a sua renda.

A pressão das florestas para a extracção das estacas de forma não sustentável acompanhado com
a escassez das principais espécies utilizadas nas construções de habitações e celeiros causa redução
de materiais disponiveis nas florestas para as construções, sendo assim houve necessidade de
provar que as construções também são grandes consumidores dos recursos florestais, por isso a
relevância de se determinar a quantidade de materiais de construção para habitações e celeiros
utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge e enfase foi dada na caracterização da
população que utiliza recursos madeireiros, quantificação dos materiais e principais espécies
utilizadas.

Este trabalho foi realizado no distrito de Inhassunge e utilizou-se métodos directo e indirecto para
quantificar os recursos utilizados. No método directo observou-se 30 casas e celeiros e fez-se a
quantificação dos materiais de construção utilizados através da medição do diâmetro e
comprimento das estacas. No método indirecto, fez-se inquéritos sobre a utilização de recursos
florestais a 50 agregados familiares nas 5 localidades e identificação das espécies.

Os resultados mostram que a população amostrada dos residentes no distrito é maioritariamente


liderada por chefes do sexo masculino com nível médio de escolaridade, pessoas casadas e com
um rendimento abaixo de 5.000,00 Mt/mês, vivendo em palhotas cobertas por capim e utilizando
estacas para a construção. A quantidade total de materiais madeireiros foi de 27.351 estacas, sendo
26.149 estacas utilizadas em habitações e 1.202 estacas em celeiros e o volume total foi de 131,14
m3 em toda população amostrada. As espécies utilizadas na construção foram: Swartzia
madagascariensis, Avicennia marina, Afzelia quanzensis, Pterocarpus angolensis, Cocos
nucifera, Bambusa tuldoides e Eucalyptus sp.

Palavras-chaves: Comunidade, construção, degradação, quantidade e espécie.

vi
Abstract
Mozambique is one of the countries that still has large amounts of forest resources, these resources
are being increasingly lost due to illegal exploitation to supply the demand for wood fuels and
construction materials. Communities are one of the main beneficiaries of these resources, so as
communities explore resources to meet their fundamental needs, they also explore to improve their
income.

The pressure of the forests to extract the cuttings in a non-sustainable manner accompanied by the
scarcity of the main species used in the construction of houses and granaries causes a reduction in
the materials available in the forests for the constructions, so there was a need to prove that the
constructions are also large consumers of forest resources, so the relevance of determining the
amount of construction materials for houses and granaries used by communities in the Inhassunge
district and emphasis was given to characterizing the population using wood resources, quantifying
the materials and the main species used.

This work was carried out in the Inhassunge district and direct and indirect methods were used to
quantify the resources used. In the direct method, 30 houses and granaries were observed and the
construction materials used were quantified by measuring the diameter and length of the piles. In
the indirect method, surveys were carried out on the use of forest resources in 50 households in
the 5 locations and identifying the species.

The results show that the sample population of residents in the district is mainly led by male heads
with an average level of education, married people and with an income above 5,000.00 Mt/month,
living in huts covered with grass and using stakes for the construction. The total amount of wood
materials was 27,351 cuttings, 26,149 cuttings of which were used in dwellings and 1,202 cuttings
in barns and the total volume was 131.14 m3 in the entire sample population. The species used in
the construction were: Swartzia madagascariensis, Avicennia marina, Afzelia quanzensis,
Pterocarpus angolensis, Cocos nucifera, Bambusa tuldoides and Eucalyptus sp.

Keywords: Community, construction, degradation, quantity and species.

vii
Lista de tabelas

Tabela 1. Habitações segundo o regime de propriedade.............................................................. 19


Tabela 2. Tipos de habitações ....................................................................................................... 19
Tabela 3. População por sexo do chefe do agregado familiar e estado civil ............................... 25
Tabela 4. População por nível de escolaridade dos chefes, localidades e sexos .......................... 26
Tabela 5. População por tamanho do agregados, tipos de habitações e rendimentos ................... 26
Tabela 6. População por tipo de residência e sexo do chefe do agregado .................................... 29
Tabela 7. Quantidade de materiais para construções de habitações e celeiros na vila de Inhassunge
....................................................................................................................................................... 37
Tabela 8. Volume de materiais requeridos na construção de habitações e celeiros ..................... 38
Tabela 9. Distribuição da quantidade de estacas por espécie e classe diamétrica para habitações
....................................................................................................................................................... 39
Tabela 10. Distribuição da quantidade por espécie e classe diamétrica para celeiros .................. 40
Tabela 11. Parâmetros estatísticos para área, volume e quantidade na população amostrada...... 42
Tabela 12. Espécies comuns na construção de habitações e celeiros na comunidade de Inhassunge
....................................................................................................................................................... 43

viii
Lista de figuras

Figura 1. Localização da área de estudo (Fonte: Autor, 2020) ..................................................... 16


Figura 2. População por tipo de residência do agregado familiar................................................ 30
Figura 3. População por material utilizado na construção de paredes e sexo do chefe do agregado
....................................................................................................................................................... 31
Figura 4. População por consumo de material para cobertura e sexo do chefe ............................ 32
Figura 5. População por origem dos materiais utilizados na construção e sexo do chefe do agregado
....................................................................................................................................................... 33
Figura 6. População por frequência de extracção dos RF ............................................................. 34
Figura 7. Factores que influenciam a utilização das florestas para a extracção de materiais de
construção ..................................................................................................................................... 35
Figura 8. Pontos de vista dos inquiridos sobre a degradação das florestas................................... 35

ix
Lista de Abreviaturas

Cel – Celeiro.

FAEF – Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal.

FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

FJP – Fundação João Pinheiro.

Habit – Habitação.

IIAM – Instituto de Investigação Agrária de Moçambique.

INE – Instituto Nacional de Estatística.

LFFB – Lei de Florestas e Fauna Bravia.

MAE – Ministerio da Administração Estatal.

MICOA – Ministério para Coordenação da Acção Ambiental.

MITADER – Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural.


MPF – Ministério do Plano e Finanças.

PA – Posto Administrativo.

PFM – Produtos Florestais Madeireiros.

PFNM – Produtos Florestais Não Madeireiros.

Qtd – Quantidade.

RF – Recurso Florestal.

UEM – Universidade Eduardo Mondlane.

V – Volume.

x
Lista de Anêxos

Anêxo 1: Ficha de campo ............................................................................................................. 51


Anêxo 2: Fotos .............................................................................................................................. 52
Anêxo 3: Formato do inquérito utilizado nas visitas comunitárias............................................... 54
Anêxo 4: Estatística descritiva para área ...................................................................................... 59
Anêxo 5: Parâmetros da estatística descritiva para volume e quantidade .................................... 60

xi
ÍNDICE

Declaração...................................................................................................................................... iii

Dedicatória ..................................................................................................................................... iv

Agradecimentos .............................................................................................................................. v

Resumo .......................................................................................................................................... vi

Lista de tabelas ............................................................................................................................. viii

Lista de figuras ............................................................................................................................... ix

Lista de Abreviaturas ...................................................................................................................... x

Lista de Anêxos.............................................................................................................................. xi

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

1.1. Contextualização .............................................................................................................. 1

1.2. Problema de estudo e Justificação .................................................................................... 2

1.3. Objectivos......................................................................................................................... 3

1.4. Questões de estudo ........................................................................................................... 3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 4

2.1. Aspectos gerais das habitações no Mundo e em Moçambique ........................................ 4

2.2. Princípios e a importância dos trabalhos que antecedem a uma construção rural ........... 5

2.3. Construção Sustentável .................................................................................................... 7

2.4. Situação dos volumes de exploração em Moçambique .................................................... 8

2.5. A floresta e a comunidade .............................................................................................. 10

2.6. Floresta de mangal ......................................................................................................... 11

2.7. Regulamentação do uso dos recursos florestais ............................................................. 13

2.8. As construções comunitárias e o desmatamento das florestas ....................................... 14

3. METODOLOGIA .................................................................................................................. 16

3.1. Descrição da área de estudo ........................................................................................... 16

xii
3.1.1. Localização da área de estudo................................................................................. 16

3.1.2. Clima e hidrografia ................................................................................................. 17

3.1.3. Vegetação e fauna ................................................................................................... 18

3.1.4. Infraestruturas ......................................................................................................... 18

3.1.5. Habitação e condições de vida ................................................................................ 19

3.1.6. Actividades económicas.......................................................................................... 20

3.2. População alvo ............................................................................................................... 21

3.3. Desenho amostral ........................................................................................................... 21

3.4. Unidade amostral............................................................................................................ 21

3.5. Determinação do tamanho da amostra ........................................................................... 21

3.5. Caracterização da população amostrada no distrito de Inhassunge ............................... 22

3.6. Quantificação dos materiais nas construções de habitações e celeiros no distrito de


Inhassunge ................................................................................................................................. 23

3.7. Identificação das espécies utilizadas pelas comunidades nas construções de habitações e
celeiros no distrito ..................................................................................................................... 23

3.8. Colecta de dados............................................................................................................. 23

3.9. Análise de dados............................................................................................................. 24

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 25

4.1. Caracterização da população amostrada no distrito de Inhassunge ............................... 25

4.1.1. Sexo do chefe do agregado familiar e estado civil ................................................. 25

4.1.3. Tamanho dos Agregados familiares, habitações e rendimentos ............................. 27

4.1.5. Tipos de residências ................................................................................................ 30

4.1.6. Materiais de construções comuns em paredes ........................................................ 31

4.1.7. Materiais comuns na cobertura de residências........................................................ 32

4.1.8. Origem dos materiais para a construção ................................................................. 33

4.1.10. Factores que influenciam o uso de estacas por sexo do chefe ................................ 34

xiii
4.1.11. Estado da floresta após a exploração ...................................................................... 35

4.2. Quantidade de materiais para a construção de habitações e celeiros na comunidade de


Inhassunge ................................................................................................................................. 36

4.2.1. Quantidades de materiais para habitações e celeiros nas localidades de Inhassunge


……………………………………………………………………………………..36

4.2.2. Volume de materiais de construção para habitações e celeiros .............................. 38

4.2.3. Quantidades por classes diamétricas e por espécies ............................................... 39

4.2.4. Parâmetros da estatística descritiva apresentados a área, volume e quantidade de


estacas……………………………………………………………………………………….41

4.3. Espécies utilizadas pelas comunidades na construção de habitações e celeiros no distrito


de Inhassunge. ........................................................................................................................... 42

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................. 44

5.1. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 44

5.2. RECOMENDAÇÕES .................................................................................................... 45

6. LIMITAÇÕES ....................................................................................................................... 45

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 46

8. ANÊXOS ............................................................................................................................... 51

xiv
A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

1. INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização

A madeira é um material que sempre acompanhou a evolução do homem, promovendo o seu


desenvolvimento, e as suas propriedades físicas e heterogeneidade permitem a utilização no
fabrico de útensilios diversos e emprego nas construções (Laranjeira, 2009). Ela têm um grande
potencial na construção, é renovável e possui boas características de durabilidade, é um excelente
isolador térmico, acústico e eléctrico e resiste ao fogo (Cachim, 2007). A dependência do uso dos
recursos florestais para a subsistência é dependente da renda por um lado e do contexto
socioeconomico das populações rurais, mas também da disponibilidade, visto que o uso intenso
pode levar a escassez das espécies na região (Medeiros et al., 2012a; Specht et al., 2015; Ramos
et al., 2008a). As variações na procura e oferta deste precioso recurso indispensável para a vida
variam em dependência das mudanças populacionais, crescimento econômico, tecnológico,
político, aspectos institucionais e preços dos produtos e derivados (Brouwer e Falcão, 2004).

As comunidades usam preferencialmente as estacas em suas construções, porém o uso de estacas


em construções varia de acordo com o estilo arquitectónico que depende fundamentalmente da
cultura, o tipo de material abundante na região e também das preferências (Cunnigham, 1993). As
construções das comunidades dependem também em parte dos PFNM tais como folhas, resinas,
etc. (Adam, Pretzsch & Pettenella, 2013). As comunidades rurais possuem ligações fortes com as
florestas naturais e algumas são transformadas em florestas sagradas, onde realizam rituais
tradicionais (Shackleton et al., 2007).

As florestas desempenham um papel preponderante no desenvolvimento económico do país e,


além disso, satisfazem as necessidades básicas da população rural, no que concerne a comida,
combustível, abrigo, medicamento e subsistência (MPF, 2004).

Neste contexto, o presente trabalho pretende contribuir na determinação da quantidade de materiais


de construção em habitações e celeiros utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge,
pelo facto de existirem poucos trabalhos relacionados ao tema e pela necessidade de sistematizar
mais informação sobre os tipos de espécies mais usadas nestas construções e os principais desafios,
o tempo necessário para construir estas habitações, além das preferências da população.

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1.2. Problema de estudo e Justificação

O crescimento populacional está cada vez maior e os problemas da intensa urbanização englobam
também o crescimento de condições precárias de habitações fundamentais ao desenvolvimento
socioeconómico de uma nação (Banco Mundial, 2012). O crescimento das habitações deverá ser
sustentável, respeitando os limites do consumo e exploração dos recursos florestais.

Os beneficios socioeconómicos que as florestas oferecem as comunidades devem ser


salvaguardados fazendo o maneio das florestas. Apesar das florestas fornecerem materiais para as
construções nas comunidades rurais, a FAO (2014 e 2016) afirma que tais florestas fornecem
diversos produtos e derivados como energia, geração de renda e serviços ambientais, etc, e a
maioria da população que vive nestas áreas depende da floresta para fins habitacionais,
alimentares, culturais, religiosos e medicinais (Mourana & Serra, 2010).

Moçambique é um país rico em recursos florestais, com uma área florestal de aproximadamente
40,6 milhões de hectares e 14,7 milhões de hectares de outras áreas arborizadas (DNTF, 2007).
Todas as províncias possuem vastas áreas de florestas que as comunidades rurais usam para
conseguir variados produtos para seu sustento e práticas de actividades culturais e espirituais.
Contudo, a diversidade florestal está escassamente documentada devido a razões tais como a
vastidão do país, a escassa rede de transportes, a longa guerra civil, e a falta geral de recursos
financeiros e humanos (DNTF, 2007). Do contexto acima precitado, os recursos florestais têm
especial importância dada a sua dimensão económica, social, cultural e ambiental. Porém, apesar
dos altos níveis de pobreza as comunidades residentes dentro e no entorno das florestas não são as
únicas que usam os recursos florestais para as construções de habitações e celeiros, portanto a
maior preocupação é a quantidade do material retirado da floresta.

A pressão das florestas para a extracção das estacas de forma não sustentável acompanhado com
a escassez das principais espécies utilizadas nas construções de habitações e celeiros constitue o
principal problema na região. Este problema esta cada vez mais a crescer porque as comunidades
rurais não param de se alargar e a intensidade das consequências já é notável visto que mais
espécies de valor estão a ser adicionadas nos seus planos de construção. Portanto a quantificação
do material de construção e identificação das espécies que estão a sofrer pressão pelas
comunidades é crucial para minimizar este problema.
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

1.3. Objectivos

Objectivo geral

 Determinar a quantidade de materiais de construção para habitações e celeiros utilizados


pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

Objectivos específicos

 Caracterizar a população que utiliza recursos madeireiros nas construções de habitações e


celeiros no distrito de Inhassunge;
 Quantificar os materiais madeireiros nas construções de habitações e celeiros no distrito de
Inhassunge;
 Identificar as espécies utilizadas pelas comunidades nas construções de habitações e
celeiros no distrito de Inhassunge.

1.4. Questões de estudo

Qual é a quantidade de materiais para as construções de habitações e celeiros?

Quais são as principais espécies utilizadas pelas comunidades na construção de habitações e


celeiros?

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Aspectos gerais das habitações no Mundo e em Moçambique

Desde épocas pré-históricas o ser humano procura por abrigo para se proteger de intempéries,
perigos e desconfortos da natureza. Inicialmente se abrigando em cavernas, posteriormente
passando a utilizar materiais encontrados facilmente na natureza para construir habitações
precárias. E com o passar do tempo novos materiais são descobertos e melhor combinados até
chegar aos conceitos actuais de edificações (Dos Reis, 2018).

Ao longo das últimas décadas a população mundial vem crescendo em ritmo acelerado,
impulsionado pelo advento da revolução industrial e como consequência o aumento da
urbanização. De acordo com a edição de 2014 do relatório “Perspectivas da Urbanização Mundial”
(World Urbanization Prospects) produzida pela Divisão das Nações Unidas para a População do
Departamento dos Assuntos Econômicos e Sociais (DESA), o processo de urbanização avançou
rapidamente nas últimas seis décadas. Em 1950, mais de dois terços (aproximadamente 70%) da
população mundial viviam em assentamentos rurais e menos de um terço (30%) em áreas urbanas.
Já em 2014, 54% da população mundial passou a ser urbana.

Ainda de acordo com a Divisão das Nações Unidas para a População do Departamento dos
Assuntos Econômicos e Sociais, em 2007, pela primeira vez na história, a população mundial
urbana excedeu a população mundial rural, e a população global passou a ser predominantemente
urbana a partir de então. Com todo o deslanche da população no mundo e altas taxas de
urbanização, a demanda por habitações aumentou e continua a aumentar drasticamente,
principalmente nas grandes e médias cidades, gerando grandes déficits habitacionais em várias
partes do mundo.

Os países de clima tropical ocupam 55.000 Km² de território, constituindo cerca de 40% da área
da superfície terrestre, e as suas populações apresentam considerável crescimento, contabilizando
actualmente cerca de 40% da população mundial (Ayoade, 1996). Actualmente, o exponencial
crescimento económico em alguns dos países destas regiões, como é o caso de Angola e
Moçambique, leva o sector da construção a apresentar também um considerável crescimento.
Contudo, é nos países em desenvolvimento, onde o crescimento económico e populacional

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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

apresenta elevada subida, que o aumento de emissões de CO2 (dióxido de carbono) será também
tendencialmente maior (Guedes et al., 2011).

Nas regiões em desenvolvimento haverá um crescimento exponencial da população urbana.


Quanto à população rural destas regiões, é esperado no geral também um ligeiro crescimento num
futuro próximo, mas esta tendência tenderá a inverter-se (United Nations, 2008). De todos os
continentes, o continente africano é o único que apresenta um crescimento tanto da população rural
como da urbana. Estes dados tornam evidente um aumento significativo da população neste
continente, e portanto torna-se necessário proceder rapidamente a medidas e técnicas de construção
mais sustentáveis, para que no futuro se assista a um desenvolvimento positivo no contexto
económico, social e ambiental.

Actualmente algumas construções rurais seguem ainda os princípios das construções antigas
tradicionais, principalmente no que toca a forma. A habitação “informal” em Moçambique era
geralmente construída com recurso a materiais naturais, como madeira de mangal e outras, fibras
e resinas naturais, folhas e entrelaçados de coqueiros, palmeiras bravas, entre outros. Mas o uso
desses materiais evoluiu para materiais mais duráveis, como a terra, a pedra, a argamassa, o
revestimento de cal e a cobertura em telha, folha zincada ou fibrocimento. No entanto, o recurso a
materiais mais recentes é muitas vezes a causa da redução do conforto e da natureza sustentável
da construção (Muchangos, 1999).

2.2. Princípios e a importância dos trabalhos que antecedem a uma construção rural

Segundo De Souza (1997) o princípio que deve nortear qualquer construção, grande ou pequena é
o de fazer uma obra practicamente perfeita no menor tempo possível e ao menor custo,
aproveitando o máximo rendimento das ferramentas e da mão-de-obra. Logicamente é muito
difícil, senão impossível, fazer-se a obra perfeita, mas deve-se procurar, por todos os meios,
aproximar-se dessa situação. Para que isso seja possível, torna-se necessário, acentuada atenção
em todas as fases da construção.

Estas fases são:

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a) Trabalhos preliminares: São os trabalhos iniciais que antecedem a construção propriamente


dita e são os seguintes: elaboração do programa; escolha do local; acerto do terreno;
locação da obra;
b) Execução: Consta da consolidação do terreno; obras simples ou complexas; levantamento
das paredes; cobertura ou telhado; pisos; revestimento das paredes;
c) Acabamento: Finalização e limpeza geral.

Segundo o autor acima as espécies de madeira a serem utilizadas na construção devem ser
naturalmente resistentes ao apodrecimento e ao ataque de insectos ou serem previamente tratadas,
sendo que peças de madeira que sofreram esmagamentos ou outros danos que possam
comprometer a segurança da estrutura, que apresentam alto teor de humidade (madeiras verdes),
que apresentam defeitos como nós soltos, fendas exageradas, arqueamento acentuado, sinais de
deterioração por ataque de fungos ou insectos não devem ser optadas. Todas as peças e
componentes de madeira devem estar no local da obra antes do início da execução da residência,
devendo ser estocada o mais próximo possível do local onde serão empregadas.

As peças e componentes de madeira devem ser manuseados com cuidado para evitar quebras ou
outros danos e a estocagem de peças a céu aberto pode ser feita por períodos relactivamente curtos,
desde que sejam colocadas sobre estrados, à pelo menos 30 cm do solo e sejam empilhadas de
forma a permitir ventilação entre elas, cobertas, isto é, protegidas das intempéries. As construções
devem atender a determinadas condições básicas quanto a higiene, orientação, funcionalidade e
baixo custo. Construções suntuosas, onerosas, exageradas e complicadas, além de serem
antieconômicas, revelam má preparo de quem as projectou.

Nos dias de hoje, a madeira constitui um mecanismo indispensável na construção civil, todavia,
em algumas regiões, tem-se observado perda de mercado para materiais como o aço e o betão. Não
obstante, a construção em madeira é actualmente uma solução competitiva e de grande fiabilidade,
em alternativa a outros mecanismos utilizados na construção tradicional em alvenaria ou aço. Na
realidade é superior à maioria dos materiais tradicionais, pela sua resistência ao fogo,
comportamento em caso de sismo, rapidez de montagem, beleza natural, e baixo custo de mão-de-
obra. Para além das suas caraterísticas naturais de força, durabilidade, isolamento térmico e acús-

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tico, é também o único material de construção limpa e sustentável que absorve carbono da atmos-
fera, ao contrário do que sucede com os restantes materiais que o libertam (Porto et al., 2008).

Papel das comunidades na implementação das políticas e estratégias do sector florestal

As comunidades rurais foram sempre o principal utilizador dos recursos naturais. Assim e para
garantir a utilização e conservação dos recursos da flora e fauna é fundamental que participem
activamente em todas as fases de planificação da utilização dos recursos (LFFB - Lei n.º. 10/99,
de 7 de Julho). O sector florestal tem como função induzir o desenvolvimento socioeconômico do
país, e contribuir para a manutenção de um alto nível da biodiversidade e do equilíbrio ambiental.

O termo sustentabilidade tem origem num conceito ecológico, reflectindo comportamento


prudente por parte de um predador, que evita a exploração demasiada de sua presa, para assegurar
uma produção óptima sustentada (Odum, 1971). Sustentar um recurso natural significa fazê-lo
perpectuar, persistir, manter sua existência e fazer com que resista, sob a restrição de um dado
padrão de vida desejado (Pearce e Turner, 1990). Pode-se dizer que para um recurso natural
renovável ser sustentado é necessário que a taxa de uso não seja maior que a taxa de regeneração
do recurso e, que o fluxo de resíduos para o meio ambiente seja compatível com sua capacidade
de assimilação. Os direitos legais e costumes dos povos indígenas de possuir, usar e manejar suas
terras, territórios e recursos devem ser reconhecidos e respeitados.

2.3. Construção Sustentável

Com a crescente necessidade e preocupação ambiental em poupar os recursos naturais que estão
disponíveis bem como o desempenho energético de cada uma das soluções constructivas, torna-se
hoje em dia de extrema importância o estudo da ecologia dos materiais de construção. Com o ritmo
que actualmente se consomem os recursos, a curto prazo, irá haver escassez dos mesmos,
originando com que a humanidade não consiga sustentar este crescimento de necessidade de
recursos (Vara, 2015).

A indústria da construção é um dos maiores sectores industriais, e uma das indústrias mais
consumidoras quer de matérias-primas, quer de energia. As matérias-primas utilizadas na
construção são responsáveis pelo gasto de 30% dos recursos naturais disponíveis, 40% da energia
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

e 20% da água (Duarte, 2011). Segundo Kibert, Construção Sustentável define-se por “Criação e
gestão responsável de um ambiente construído saudável, baseado na eficiência de recursos e
princípios ecológicos”. Kibert definiu os sete Princípios da Construção Sustentável e serão
descritos a seguir: Redução do consumo de recursos, Reutilização de recursos, Utilização de
recursos recicláveis, Protecção da natureza, Eliminação de tóxicos, Aplicação da análise do ciclo
de vida em termos económicos e Enfase na qualidade.

A construção envolve-se directamente com o meio ambiente, existindo uma relação de


dependência entre os dois ambientes, o artificial e o natural. As interacções entre os ambientes
natural e construído designam-se por impacto ambiental. Quanto menores forem as interacções
entre os dois ambientes menor será o impacto ambiental produzido pelo ambiente construído
(Mateus, 2004). A perda de materiais de construção também é um factor que leva a um grande
desperdício de recursos, isto porque existe sempre o “fator de perda” que descreve a quantidade
de perda de um material, em particular, durante o armazenamento, o transporte e a instalação do
produto final. “ A perda de materiais na obra é de, aproximadamente, 10% do total de resíduos”
(Berge, 2007).

2.4. Situação dos volumes de exploração em Moçambique

Moçambique é um dos poucos países da África Austral que ainda possui uma considerável área de
florestas nativas e outras formações, compostas principalmente por Miombo, Mecrusse e Mopane.
Estas florestas sofrem desmatamento e degradação florestal a taxas elevadas. A alta demanda por
bens e serviços e o facto de serem o principal meio de subsistência da população agrava a situação
(Magalhães, 2017 e CIFOR, 2014).

A área florestal (AF) e a área florestal produtiva (AFP) nacionais estimadas por Magalhães (2018)
são de 31 693 872 e 1 7216 677 ha, com registo de um decréscimo de 21% da área florestal total
e 36% da área florestal produtiva. Com cerca de 27 000 000 de habitantes (INE, 2017), a maior
parte da população Moçambicana (68,9%) vive em comunidades rurais, distantes das principais
vias de comunicação, interage e depende, em grande medida dos recursos florestais para seu
sustento diário e bem estar (Magalhães, 2018).

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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

Segundo o IIAM (2009), a exploração de recursos florestais para diferentes fins e principalmente
a exploração de biomassa lenhosa e madeireira das florestas naturais, não está a ser realizada com
base num conhecimento da ecologia e requisitos das espécies nativas que compõem estas
formações, sua capacidade de regeneração e taxas de incremento, e nos processos de evolução e
sucessão florestal após perturbação. Isto resulta na degradação dos ecossistemas, pondo em causa
a sustentabilidade do recurso florestal.

Os resultados do estudo feito pela FAEF (2013) mostram uma tendência crescente do consumo
doméstico dado provavelmente pela melhoria das condições de vida, sobretudo, nas cidades e por
outro lado pelo crescimento da população e das necessidades em produtos madeireiros. Apesar da
tendência crescente, de acordo com tal estudo, o consumo doméstico manteve-se dentro dos limites
do corte anual admissível. Entretanto, é preciso observar que o consumo doméstico concentra-se
apenas em poucas espécies, cerca de 85% do consumo doméstico de madeira nativa nas cidades é
derivada de apenas três espécies, nomeadamente Chanfuta, Umbila e Jambire. Assumindo este
valor percentual para todo o país, o consumo das três espécies foi estimado em um pouco mais de
352 mil m3/ano, valor que se encontra acima do CAA estimado por DNTF (2008) para as três
espécies (cerca de 200 mil m3/ano).

As principais espécies comerciais mais afectadas pelas principais irregularidades na exploração


florestal são o Pau-ferro, Umbila, Jambire, Mondzo, Chanfuta e Chanate. O Pau-ferro é mais
afectado pelo corte de indivíduos com DAPs inferiores aos estabelecidos por lei, abate fora da área
e abate não licenciado; Umbila é afectada principalmente pelo excesso no volume de abate e abate
fora da área; Mondzo pelo abate sem licença e Chanfuta e Jambire pelo abate fora da área (FAEF,
2013).

Mais de metade do volume de espécies comerciais exploradas corresponde a apenas três espécies
que incluem a Afzelia quanzensis (chanfuta), Pterocarpus angolensis (umbila) e Millettia
stuhlmannii (jambirre ou panga-panga) e 90% das exportações madeireiras para a China estão
restritas a apenas cinco espécies que incluem também a Combretum imberbe (mondzo) e Swartzia
madagascariensis (pau ferro) e as três acima arroladas. Com base nos dados aduaneiros de
importação e exportação, a taxa de exploração destas espécies excede mesmo o limite mais alto do
volume do corte anual admissível (CAA) de Moçambique (EIA, 2014).

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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

Zambézia apresenta um volume total de 138.2951 m3/ha e deste volume 3.9901 m3/ha concentram
- se nas classes de 5 a 10 cm, 7.4760 m3/ha nas classes de 10 a 15 cm, 10.6048 m3/ha nas classes
de 10 a 15 cm e os restantes distribuidos noutras classes. O volume comercial total nesta província
é de 56.8108 m3/ha, sendo a classe de 5 a 10 com o menor volume de 0.9901 m3/ha e 2.1168 m3/ha,
3.3561 m3/ha para classes de 10 a 15 cm e 15 a 20 cm. A espécie Pterocarpus angolensis (umbila)
pertencente a primeira classe apresenta uma percentagem de volume total de 7.1% maior que as
demais províncias. A província da Zambézia liderou em termos de CAA, com 948 526 m3/ano.
Esta cifra é resultado do seu elevado volume comercial disponivel por unidade de área associado
à sua extensa área produtiva. Embora a província da Zambézia tenha apresentado o maior CAA
quando consideradas todas espécies comerciais, desse CAA, apenas 10% é proveniente das
espécies preciosas e da primeira classe. Porém, embora com baixas percentagens de CAA de
espécies preciosas e da primeira classe, em termos absolutos a província da Zambézia é que teve
maior CAA das espécies preciosas e da primeira classe, com 97 340 m3/ano (Magalhães, 2018).

Segundo Magalhães (2018), Zambézia apresenta 2 638, 94 702 , 692 741, 150 082, 12 936 m3/ano
de CAA para espécies preciosas, da primeira classe, da segunda classe, da terceira classe e da
quarta classe respectivamente. A espécie Afzelia quanzensis (chanfuta) não se permite a
exploração, pois não possui CAA, a Pterocarpus angolensis (umbila) têm 32777 m3/ano de CAA
e Swartzia madagascariensis (pau ferro) têm 2204 m3/ano.

2.5. A floresta e a comunidade

As florestas tropicais estão cada vez mais sofrendo pressão, uma vez que áreas extensas, muitas
vezes coincidem geograficamente com comunidades que dependem dos recursos florestais para a
sua subsistência e todas outras comunidades que dela tiram o maior proveito (Wunder, 2001). As
comunidades têm acesso aberto e informal aos recursos da floresta, sendo dificil a protecção contra
os interesses externos e tais interresses comprometem os beneficios das comunidades (Wunder,
2001).

A exploração dos recursos da floresta ao longo das últimas decadas tem vindo a causar a redução
da área das florestas (FAO, 2015), e isto acompanhado ao crescimento demográfico poderá ser

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alarmante com os elevados índices de pobreza. A utilização das florestas é adicionada a vários
bens e serviços, podendo ser eles madeireiros ou não madeireiros, sendo os madeireiros os mais
apreciáveis devido ao seu conhecimento. Os produtos madeireiros podem ser diferenciados devido
a madeira, estacas e combustiveis lenhosos.

As comunidades consideram as estacas como de especial importância e valorizam a floresta de


África subsaariana como a fonte de obtenção deste fundamental material muito usado em
construções de casas, celeiros, curais, etc (Sitoe, Chidumayo, & Alberto, 2010). A importância das
florestas é vista sob o ponto de vista de estabilidade económica, social e física do mundo (Hoeflich
et al., 2007).

Zambézia é a primeira província que ainda detém um maior volume total e comercial (Magalhães,
2018) e isto constitui um indicador atractivo para as comunidades que dela dependem. As
necessidades da população em comunidades rurais dependem fundamentalmente das florestas. Em
Moçambique cerca de 80% da população vivem nas zonas rurais dependendo da agricultura e dos
recursos da floresta para a sua sobrevivência e esta dependência causa maior consumo destes
(FAO, 2007). Sendo assim a sua proibição torna-se impossivel visto que as vezes os recursos da
floresta são a única alternativa de vida destas comunidades (Nhancale, 2008).

2.6. Floresta de mangal

O mangal é um berçário biológico marinho com elevada importância ecológica e com uma
diversidade de espécies, as quais promovem a sua variabilidade e adaptações ao meio ambiente.
Pela sua localização em estuários, rios e ao longo da orla costeira, desenvolve espécies adaptadas
a certos stresses causados pelas marés. O mangal produz raízes aéreas que se projectam acima do
substrato e da água de forma a absorver o oxigénio. Nestes ecossistemas podem crescer desde
árvores, arbustos, fetos e palmeiras que protejem o solo da acção erosiva e devastadora de
mudanças de tempo (Neves et al., 2005).

As florestas de mangal são únicas na sua riqueza e diversidade biológica e têm particularidade de
na mesma árvore albergar uma comunidade tipicamente terrestre e outra tipicamente marinha. Nas
copas vivem macacos, cobras e áves, e nas raízes podemos observar peixes, caranguejos, tartarugas

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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

e manatins. As plantas de mangal estão adaptadas a viver em condições agressivas, onde outras
plantas acabariam por perecer – crescem em águas quentes, pobres em oxigénio e salgadas. A
adaptação mais evidente é o grande prolongamento das raízes, que se estendem acima da água –
denominados de pneumatóforos (Neves et al., 2005).

Os mangais representam um papel muito importante na economia das sociedades dos Trópicos a
milhares de anos, fornecendo grande variedade de bens e serviços, desde produção de madeira, a
suporte para pescaria comercial e de subsistência, aquacultura, produção de sal e controle de erosão
da linha de costa etc, e actualmente eles são mais utilizados como fonte de recreio e estudo. Pela
sua importância os mangais deveriam ficar mais protegidos do que nunca, mas sofrem pressão
devido a um aumento de construções e desenvolvimento geral da urbanização (Neves et al., 2005).
É de lei as comunidades locais usufruirem dos recursos florestais para a satisfação das suas
necessidades fundamentais, sendo assim estes beneficios que podem ser directos ou indirectos
deverão ser salvaguardos pelas entidades responsáveis na gestão das florestas. A medida que se
relaciona a intensidade de urbanização e o direito de uso dos recursos da floresta coloca em risco
certas acções, visto que no entorno das florestas o número de residentes está cada vez muito maior,
resultando na intensidade de extracção dos produtos florestais. As comunidades locais do distrito
de Inhassunge usam principalmente as estacas nas construções de suas casas e celeiros, e medidas
preventivas rápidas são requeridas para minimizar a degradação dos mangais.

Durante muitos anos a população da zona costeira da província da zambézia tem vindo a explorar
o mangal para diversos fins. Devido aos beneficios que eles oferecem, grande parte do mangal já
foi destruido e a perda se alastra pelo mundo (MICOA, 2005). As causas de tal perda são bem
notáveis tais como fabrico de carvão e construções.

Os mangais são sistemas globalmente ameaçados, sobretudo por formas de uso não sustentável e
as principais ameaças globais incluem expansão urbana, poluição e desmatamento para obtenção
de lenha e madeira. Nos países em desenvolvimento, a degradação dos mangais está intimamente
ligada à dependência das comunidades costeiras pelos recursos naturais (Bosire et al., 2016). De
acordo com Barbosa et al., (2001), as principais formas de uso dos mangais em Moçambique são:
o corte para obtenção de combustível lenhoso, madeira e estacas (para venda e consumo
doméstico); a construção de barcos, de vedações e de vários utensílios domésticos. As espécies de

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mangal produtoras de madeira de 3ª classe são: Avicennia sp, Barringtonia recemosa, Bruguiera
gymnorhiza, Ceriops tagal, Heritiera littoralis e Rhyzophora mucronata (Decreto 70/2013, de 20
de Dezembro).

Os principais produtos madeireiros extraídos do mangal são a lenha, carvão, e estacas para
construção e mesas de secagem de peixe. A maior parte destes produtos é feita à base de árvores
relactivamente pequenas, que podem ser manuseadas sem ajuda de maquinaria. Amade (2008)
observou no Saco da Inhaca, que a preferência de corte de árvores de mangal era para árvores com
diâmetro máximo até 10 cm. Macamo et al., (2008), registaram em Miéze, que a classe de diâmetro
preferida para o corte era 5-10 cm, apesar de árvores com até 20 cm de diâmetro sofrerem a pressão
de corte. Sitoe et al., (2014), observaram que a maioria (>83%) dos cepos (indicadores de árvores
abatidas), tinha menos de 20 cm, sendo que 87% eram árvores de Avicennia marina (diâmetro 2.5–
5cm) e para árvores acima de 5 cm, as espécies preferidas eram de Rizhophora mucronata e
Ceriops tagal (representando um total de 65%).

Nicolau (2016), reportou que os tamanhos preferidos de corte estavam entre 8 e 16 cm sendo as
espécies preferidas Ceriops tagal, Rhizophora mucronata e Avicennia marina; e que uma
densidade média de corte de 225-395 árvores/ha de árvores cortadas no mangal foram encontradas.
As espécies de mangal são preferidas para estacas de construção devido à sua durabilidade ao
ataque de insectos e fungos xilófagos.

2.7. Regulamentação do uso dos recursos florestais

A LFFB (Lei no 10/99 de 7 de Julho) e seu Decreto no 12/2002 de 6 de Junho, estabelecem os


princípios e normas básicas para utilização e exploração dos recursos florestais de forma
sustentável, porém o envolvimento da comunidade não deve ser deixado de fora bem como os
beneficios economicos e sociais das presentes e futuras gerações. Segundo Falcão et al. (2015),
vários Diplomas ministeriais foram criados para ajudar a implementação da LFFB e, no entanto
esta lei sofre pressão directa e/ou indirectamente das outras como a Lei de Terras, a Lei do
Ambiente, etc.

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A LFFB defende que a legislação promova a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e que a
comunidade tenha acesso aos recursos da floresta para a sua subsistência. Moçambique figura na
lista dos países mais pobres do mundo, tal que em 2006, o país se encontrava na 168 posição no
ranking mundial (de um total de 177 países), enquanto que se encontra na 41ª posição ao nível do
continente Africano (de um total de 50 países) segundo o índice de desenvolvimento humano.
Sendo assim a proibição dos recursos florestais as comunidades como forma de reduzir a
pressão/desmatamento nas florestas não constitui uma opção.

A procura de material de construção precária excede 200 mil m3/ano. Nas zonas rurais, todo o
material de construção (estacas, capim, fibras para cordas) e os utensílios domésticos (cestos,
colheres, pilões, cadeiras, etc.) são obtidos das florestas locais. Deste material inclui-se o material
para a construção de curais para os animais domésticos e celeiros para a conservação de produtos
agrícolas, que são a base para a segurança alimentar e nutrição das populações rurais (República
de Moçambique, 2006). A participação e o controlo das comunidades locais são factores
importantes na gestão das florestas tanto para garantir legitimidade às políticas e acções do Estado,
como para garantir que sejam concebidas e executadas, para atender os interesses da população
(Johnstone et al., 2004; Sitoe et.al., 2007).

2.8. As construções comunitárias e o desmatamento das florestas

As construções rurais são actividades importantes no desenvolvimento económico e social de uma


região, porém o consumo e exploração dos recursos necessários são factores que contribuem na
modificação de paisagens e geração de impactos no ecossistema (De Oliveira, 2015). Segundo
António (2003), as construções dos habitantes rurais dependem fundamentalmente dos materiais
oriundos das florestas e por mais que a regulamentação restrinja a utilização dos mesmos só
provocará conflitos com as comunidades, tornando mesmo assim o desmatamento das florestas em
seus extremos elevados.

O valor das florestas é alargado para um conjunto de bens (produtos madeireiros e não madeireiros)
e serviços (turismo, protecção de biodiversidade, regulação do ciclo hidrológico, etc) e o maneio
florestal passa a englobar a administração das florestas para obtenção de múltiplos produtos,

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preservação das suas funções (aspectos ambientais) e considerando os diferentes interesses dos
utilizadores primários para garantir uma gestão dos recursos que seja ambientalmente correcta,
economicamente viável e socialmente justa, isto é, o maneio florestal sustentável (Herrera, 2005).
Do texto precitado acima, as comunidades podem explorar a floresta, mas os problemas
relacionados a redução da cobertura serão cada vez mais notáveis devido a um elevado número de
habitantes no entorno das florestas. O crescimento familiar e a intensidade de urbanização causam
o desmatamento das florestas e a pobreza é o factor chave.

O crescimento populacional foi apontada por Geist e Lambin (2001) como umas das causas que
contribui para o desmatamento das florestas e estes multiplos factores dificultam a elaboração de
políticas para o maneio florestal. Como os processos de desmatamento diferem de um nível local
para um nível global, deverão ser avaliados as influencias de cada factor separadamente (Scrieciu,
2004).

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3. METODOLOGIA
3.1. Descrição da área de estudo
3.1.1. Localização da área de estudo

O distrito de Inhassunge localiza-se a sul da província da Zambézia, confinado a Norte com o


distrito de Nicoadala que o separa da cidade de Quelimane através do rio Cuácua (Rio dos Bons
Sinais), a Sul com o distrito de Chinde através do rio dos Abreus, a Este com o Oceano Índico
(canal de Moçambique), e a Oeste com os distritos de Mopeia e Nicoadala (MAE, 2014).

Figura 1. Localização da área de estudo (Fonte: Autor, 2020)

A superfície do distrito é de 757 km2 e a sua população está estimada em 98 mil habitantes à data
de 1/7/2012. Com uma densidade populacional aproximada de 129,1 hab/km2, prevê-se que o
distrito em 2020 venha a atingir os 106 mil habitantes.

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Devido à posição geográfica do Distrito, o acesso é feito por via fluvial, sendo as embarcações os
meios de transporte mais utilizados para o transporte de passageiros e carga, na ligação com a
Cidade de Quelimane.

3.1.2. Clima e hidrografia

O clima do distrito é do tipo tropical chuvoso de savana onde as precipitações médias anuais são
acima dos 800 mm, chegando na maioria dos casos a 1200 ou mesmo 1400 mm, concentrando-se
no período compreendido entre Novembro de um ano e finais de Março podendo localmente
estender-se até Maio. A evapotranspiração potêncial regista valores médios na ordem dos 1000 a
1400 mm e as temperaturas médias anuais variam de 24 a 26ºC, facto que possibilita e encoraja a
prática de agricultura de sequeiro. O distrito é constituído por uma ilha e é atravessado por vários
rios cujas águas possuem propriedades bastante favoráveis para a criação de salinas (MAE, 2014).

Compreende essencialmente a região de baixa altitude, (0-200 metros acima do nível médio do
mar), isto é, a faixa costeira. O panorama paisagístico da região é caracterizado por declives planos
e localmente quase planos. É caracterizado pela ocorrência de solos arenosos e de cobertura
arenosa, solos derivados de grés e ainda os solos derivados e evoluídos a partir da plataforma de
Mangás. Complementam estes agrupamentos de solos as deposições fluvio-marinhas e os aluviões
recentes dos principais rios e seus afluentes (MAE, 2014).

Os solos arenosos, em geral, são profundos a muito profundos, excessivamente bem drenados,
baixa capacidade de retenção de nutrientes e água. O potencial para agricultura irrigada está
limitado aos solos aluvionares, em particular aqueles de textura média a pesada. Estes solos são
profundos a muito profundos, ricos em matéria orgânica e apresentam ainda excelentes
capacidades de retenção de água e nutrientes, contudo, podem localmente ser ligeiramente salinos
e/ou sódicos. Os fluvio-marinhos ocorrem ao longo da linha costeira e nas planícies estuarinas
onde se desenvolvem os mangais, sendo solos profundos, a muito profundos, muito mal drenados,
salinos e sódicos (MAE, 2014).

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3.1.3. Vegetação e fauna

A cobertura vegetal costeira do Distrito é rica em mangal que produz espécies vegetativas de
grande utilidade, tais como: mucandhara, invethe, namuthangira, utilizadas na construção de casas
e para extracção de combustível lenhoso, para além de ajudarem no combate à erosão e na
protecção contra ciclones. Pelo seu valor ambiental, o corte destas espécies não está autorizado,
havendo registo das mesmas estarem a ser utilizadas ilegalmente pelos habitantes locais (MAE,
2014).
A fauna está distribuída ao longo de todo o Distrito, sendo predominante nas margens dos rios,
onde se concentram diferentes tipos de espécies animais, tais como, changos, aves selvagens,
gazelas, macacos, raposas, manguços, répteis e javalis, com maior predominância no povoado de
Mirudune (na Localidade de Ilove) (MAE, 2014).

3.1.4. Infraestruturas

O Distrito possui uma rede viária não asfaltada com 101 km de extensão, sendo as seguintes as
principais vias: Recamba-Abreus (49 km) com 6 pontecas e 11 aquedutos; Gonhane-Bingagira (18
km) com 6 pontecas e 6 aquedutos; Mucupia-Chirimane (20 km) com 4 pontecas e 4 aquedutos; e
Mucupia-Bingagira (18 km) com 3 pontecas e 13 aquedutos. O Distrito é abrangido pelos serviços
de telefonia fixa e móvel, sendo o sinal da TVM captado a partir da antena de Quelimane (MAE,
2014).
Existem 175 fontes de água, das quais 100 operacionais e 75 avariadas, com uma cobertura de
água correspondente a 46%. Porém, a população da localidade de Ilove, no PA de Inhassunge, tem
que caminhar cerca de 25 km até à fonte de água mais próxima. O distrito está ligado à rede
nacional de energia eléctrica desde o ano de 2006, beneficiando um total de 132 consumidores e
abrangendo a sede do distrito e o Posto Administrativo de Gonhane. Funcionam, também, 30
geradores que abrangem algumas escolas e unidades sanitárias. O distrito possui 70 escolas (das
quais, 67 do ensino primário), e está servido por 7 unidades sanitárias, que possibilitam o acesso
progressivo da população aos serviços do Sistema Nacional de Saúde (MAE, 2014).

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3.1.5. Habitação e condições de vida

As características físicas das habitações, especialmente o material usado na sua construção e o


acesso a serviços básicos de água, saneamento e energia, são indicadores importantes do nível de
vida das famílias. As características do parque habitacional duma sociedade constituem um
indicador bastante relevante do nível de desenvolvimento socioeconómico.
Tabela 1. Habitações segundo o regime de propriedade

Total de
%
Habitações

Próprias 95,8%

Alugadas 0,4%

Cedidas ou
2,6%
emprestadas
Outro regime 1,2%
Fonte: INE (2007).

A maioria (96%) das cerca de 26 mil habitações existentes no distrito são de propriedade própria.
O tipo de habitação dominante é a palhota (90%). A casa mista, que é um tipo de habitação que
combina materiais de construção duráveis e materiais de origem vegetal, representa 10% do parque
habitacional do distrito (MAE, 2014).
Tabela 2. Tipos de habitações

Casa convencional ou apartamento 0,3%


Casa mista 9,6%
Casa básica 0,3%
Palhota, casa improvisada e outras 89,8%
Fonte: INE (2007).

O distrito tem dois Postos Administrativos: Mucupia e Gonhane que, por sua vez, estão
subdivididos em 5 Localidades.

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Mucupia
Mucupia - Sede
Chirimane
Ilove
Gonhane
Gonhane - Sede
Bingagira

3.1.6. Actividades económicas

A agricultura é a actividade dominante e envolve quase todos os agregados familiares, porém a


produção agrícola é feita predominantemente em condições de sequeiro. O sistema de produção
predominante nos solos de textura pesada e mal drenados é a monocultura de arroz pluvial (na
época chuvosa) seguida por batata-doce em regime de camalhões ou matutos (época fresca),
enquanto que nos solos moderadamente bem drenados predominam as consociações de milho,
mapira, mexoeira, mandioca e feijões nhemba e boere. Este sistema de produção é ainda
complementado por criações de espécies como gado bovino, caprino e áves (MAE, 2014).

Inhassunge é um dos distritos da Zambézia responsáveis pela produção de coco, sendo a Doença
de Amarelecimento Letal um problema na produção desta cultura de rendimento. Em alguns casos,
são aproveitados os troncos abatidos para o fabrico de madeira que, de certa maneira, constitui
uma fonte de receitas para as famílias. A lenha é a fonte de energia mais utilizada na confecção de
alimentos, seguida da casca de coco e do carvão (MAE, 2014).

A caça de gazelas e de áves marinhas são uma importante fonte de alimento neste distrito. O facto
do distrito de Inhassunge estar rodeado de inúmeras pequenas ilhas, não existe muita caça. Por esta
razão, a pesca é um importante suplemento dietético das famílias. Este distrito apresenta uma
redução no Índice de Incidência da Pobreza desde um nível de 70% em 1997 para 65% no ano de
2007. Este distrito é alvo de calamidades naturais que afectam profundamente a vida social e
económica da comunidade (MAE, 2014).

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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

3.2. População alvo

O trabalho de investigação acenta-se na quantificação do material usado nas construções das


comunidades rurais do distrito de Inhassunge. Sendo assim, têm se como população alvo neste
trabalho de investigação, todas as casas precárias ou palhotas e celeiros feitos de material
vegetal/estacas. A limitação concernente a valores financeiros, logísticas e a dificuldade de acessar
todo distrito fez com que o estudo fosse numa parte pequena do distrito. A selecção das habitações
e celeiros que observou-se fez-se por julgamento do pesquisador dentro de cada localidade.

3.3. Desenho amostral

Como desenho amostral foi usado uma amostragem não probabilística intencional, porque este
modelo de amostragem, a seleção dos elementos da população para compor a amostra depende em
parte do julgamento do pesquisador (Mattar, 1996). A aplicação deste desenho amostral na
selecção de casas garantiu que o pesquisador usasse o seu julgamento para selecionar os membros
da população dos agregados familiares que se mostraram disponíveis para fornecer informação e
que fossem boas fontes de informação precisa (Chiffman, 2000).

3.4. Unidade amostral

A unidade amostral foi formada de acordo com cada habitação/celeiro observado. As casas foram
o meio de quantificação dos materiais de construção, o que facilitou a medição de diámetro e altura
de cada uma das estacas e a área da habitação e celeiro. A quantificação do material seguiu o layout
da casa/celeiro. Foram observados no distrito um total de 15 casas e 15 celeiros, mas também 50
agregados familiares foram escolhidos para responder inquéritos sobre a utilização de recursos
florestais em construções. As unidades amostrais para a identificação das espécies foram as
mesmas, fazendo o uso das características externas da estaca, madeira ou pau.

3.5. Determinação do tamanho da amostra

O tamanho da amostra dos indivíduos a serem inquiridos para o levantamento de dados sobre a
utilização dos recursos florestais na construção foi determinado considerando uma população finita
e usando a fórmula que se segue descrita por Levine et al., (2000):

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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

𝑁.𝑝̂.𝑞̂.(𝑧𝑎/2) 2
n꞊ 2 +(𝑁−1).𝑒 2
𝑝̂.𝑞̂.𝑧𝑎/2

Onde:
𝑧(𝑎/2) = Valor crítico que corresponde ao grau de confiança desejado (95%) (1.96).
𝑒 = Margem de erro/erro máximo de estimativa (5%).
p = Proporção populacional de indivíduos que pertence a categoria que estamos interessados em
estudar.
q = Proporção populacional de indivíduos que não pertence à categoria que estamos interessados
em estudar (q = 1 – p).
N = Tamanho da população dos agregados (26000 agregados).
Segundo Levine et al (2000), se os valores populacionais p e q não forem conhecidos pode-se
substituir por valores amostrais pˆ e qˆ por 50%.

Considerando a determinação do tamanho da amostra com a fórmula acima e o facto do distrito de


Inhassunge ter cerca de 26000 agregados familiares (INE, 2007), deviam ser entrevistados 379
agregados. Nesta perspectiva, devido a existência de uma desproporcionalidade entre o uso de
recursos florestais para a construção nas zonas rurais e nas zonas urbanas do distrito, maior
prioridade foi dada as comunidades rurais com cerca de 70% e comunidades mais urbanas com
30% do total dos agregados familiares. Porém, segundo INE (2007), 90% da população vive
dependendo dos recursos da floresta para construção, sendo assim considerando este pressuposto
341 agregados deviam ser amostrados. Dificuldades financeiras, temporais, humanas e a
impossibilidade de acessar todo distrito fez com que somente observasse 50 agregados familiares,
dos quais foi distribuido em igual número nas 5 localidades do distrito.

3.5. Caracterização da população amostrada no distrito de Inhassunge

Para caracterizar a população amostrada do distrito de Inhassunge fez o uso do método indirecto
(inquérito), onde visitou-se 50 agregados familiares das 5 localidades pertencentes a 2 postos
administrativos nomeadamente Mucupia e Gonhane e em seguida, agrupou-se os dados segundo
os chefes dos agregados familiares.

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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

3.6. Quantificação dos materiais nas construções de habitações e celeiros no distrito de


Inhassunge

Para se quantificar os materias usados em construções de habitações e celeiros fez-se a contagem


de materiais de 3 casas e 3 celeiros escolhidos de forma intencional em cada uma das 5 localidades
visitadas no distrito e o seu posterior agrupamento em classes de DAP e espécie. A quantidade
𝐃𝐢á𝐦𝐞𝐭𝐫𝐨 𝟐
volumétrica foi determinada a partir da fórmula: 𝑽 = 𝐇 ∗ 𝛑 ∗ ( 𝟐𝟎𝟎
) .

Onde:

V – volume em m3;

H – altura (m);

π – constante pi (3,14).

3.7. Identificação das espécies utilizadas pelas comunidades nas construções de habitações e
celeiros no distrito

A identificação das espécies utilizadas nas construções foi feita no momento que se contavam os
materiais, e consistiu na identificação com base em suas características externas.

3.8. Colecta de dados

A colecta de dados foi feita dentro das unidades amostrais estabelecidas no distrito de acordo com
a ficha de campo (anêxo I). Foram medidos todos os diâmetros das estacas utilizadas na construção
no centro de cada peça e estimadas as alturas de cada uma das peças.

De referir que a colecta de dados foi realizada tendo em conta dois métodos: Directo e Indirecto.

No método indirecto, fez-se um inquérito aos 50 chefes dos agregados pertencentes a cada uma
das 5 localidades, dentre as quais perguntas abertas e fechadas sobre a utilização dos recursos da
floresta para a construção e a identificação de espécies.

No método directo, fez-se a medição directa de indivíduos, contagem e agrupamento por espécie
e classe diamétrica de 3 casas e 3 celeiros de cada uma das 5 localidades.

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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

3.9. Análise de dados

A análise de dados sobre a quantidade de material utilizado na construção de habitações e celeiros


no distrito de Inhassunge foi feita com base na ferramenta estatística Excel 2013, onde foi feito
cálculos referentes a estatística descritiva que ajudou a identificar as possíveis anomalias dos dados
colhidos para possíveis modificações. A estatística descritiva facilitou a comparação dos dados.

Os dados qualitativos foram analisados organizando-os numa planilha do pacote estatístico Excel
2013, onde foi feita a distribuição das frequências e possíveis comparações entre si.

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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Caracterização da população amostrada no distrito de Inhassunge
4.1.1. Sexo do chefe do agregado familiar e estado civil

A população amostrada ou entrevistada no distrito de Inhassunge (Tabela 3) foi maioritariamente


casada, isto é, cerca de 60% dela vive em união familiar, seguida de solteiros com 20%,
divorciados 12% e por último os que possuem cônjuges falecidos com 4%. Estes resultados estão
muito próximos dos obtidos pelo INE (2007) no censo nacional que estimou cerca de 61.3% para
agregados unidos/casados, cerca de 26.9% para os solteiros, 4.6% para os separados/divorciados
e 7.2% para viúvos. Apesar da estimativa apresentada pelo autor ser um pouco maior que a
apresentada pelo INE (2007), supõe-se que vários factores demográficos como a natalidade,
mortalidade, migração estejam actuando sobre esta população, razão pela qual houve uma
disparidade.

O sexo do chefe do agregado mais dominante na população amostrada no distrito foi o masculino
com cerca de 80% e apenas 20% foram chefiados por chefes do sexo feminino.

Tabela 3. População por sexo do chefe do agregado familiar e estado civil

Estado civil
Sexo do chefe Solteiro(a) Casado(a) Divorciado(a) Viúvo(a) Total
Masculino 7 28 3 2 40
Feminino 3 2 3 2 10
Total 10 30 6 4 50

4.1.2. Escolaridade do chefe e localidade de residência

O nível de escolaridade dos chefes do agregado familiar (Tabela 4) variou por localidades e por
género. De um modo geral 40% dos agregados familiares dos amostrados no distrito foram
chefiados por chefes de nível médio, 24% chefiados por chefes com nível básico, 14% com nível
elementar, 10% por chefes sem nível de escolaridade, 8% chefiados por chefes com nível superior
e por último apenas 4% chefiados por chefes com nível de bacharel. O nível de alfabetização dos

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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

chefes que frequentou pelo menos o nível elementar corresponde a 90% e esta correspondência
segundo o INE (2007), no que diz respeito a população do distrito cerca de 60% já frequentou a
escola, sendo assim o autor esta dentro dos intervalos aceites.

Dentro das localidades a percentagem dos chefes foi de 20% diferindo apenas por género, em que
a maioria dos chefes foi do sexo masculino perfazendo para todas as localidades observadas 80%
do total dos chefes dos agregados familiares. O posto administrativo de Mucupia que inclui as
localidades de Mucupia, Chirimane e Ilove foi o que apresentou um maior nível de alfabetização,
com 60% de toda população amostrada divididos em 46% para homens e 14% para mulheres. O
posto administrativo de Gonhane que inclui as localidades de Gonhane e Bingagira apresentou
uma taxa de alfabelização de 40% distribuidos em 34% para homens e 6% para mulheres. Estes
resultados vão de acordo com os do INE (2007), quando diz que 82.3% das mulheres e 36.3% dos
homens no PA de Mucupia é analfabeta e 87.8% das mulheres e 35.5% dos homens é analfabeta
no PA de Gonhane, apesar de pequenas diferenças na variação dos valores o autor ressalta que é
devido a actuação dos factores demográficos.

Tabela 4. População por nível de escolaridade dos chefes, localidades e sexos

Total de chefes nas Localidades de Inhassunge


Mucupia Chirimane Ilove Gonhane Bingagira
Nível de escolaridade do chefe M F M F M F M F M F Total
Sem nível 1 0 0 1 0 0 2 0 0 1 5
Elementar 1 1 1 0 1 0 0 0 3 0 7
Básico 0 2 1 1 2 0 2 0 3 1 12
Médio 2 0 5 0 4 1 5 1 2 0 20
Bacharel 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 2
Superior 2 0 0 0 1 1 0 0 0 0 4
Total 7 3 8 2 8 2 9 1 8 2 50

A tabela reflecte também que por mais que o nível de escolaridade possa influenciar o tipo de vida
de um agregado familiar, não é completamente linear, visto que os problemas sociais podem
comprometer uma vida estabilizada.

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4.1.3. Tamanho dos Agregados familiares, habitações e rendimentos

A maior percentagem de chefes dos agregados (Tabela 5) encontrou - se nos agregados de tamanho
4 até 6 com cerca de 52%, seguida por agregados de 1 até 3 com 32%, 14% de tamanho 7 até 9 e
2% de tamanho maior ou igual a 10 agregados. Segundo o autor os resultados vão de acordo com
os obtidos pelo INE (2007), que obtiveram 51.9% para agregados de dimensão 3 até 5, 29.4% para
os de dimensão 1 até 2 e 18.6% para os de dimensão maior ou igual a 6. O autor deste trabalho
constata que por mais que a divisão por tamanhos dos agregados não seja a mesma estabelecida
pelo INE, se reagrupar os tamanhos dos agregados verifica-se que a diferença nas percentagens
não é tão significativa e compensa os de maior ou menor tamanho.

De toda população amostrada no distrito, cerca de 46% dos chefes do agregado familiar têm um
rendimento acima dos 5000 meticais, destes 30% vivem nas palhotas/casa precária, 10% em
apartamentos/moradia e apenas 6% vive em casas de madeira/zinco. Em seguida 26% dos chefes
dos agregados vivem com um rendimento até 1000 meticais, sendo destes 24% residindo em
palhotas/casa precária e apenas 2% nas casas de madeira/zinco. Para chefes que vivem com
rendimento de 3501 até 5000 ocupam apenas 14% do total dos chefes e destes 8% vive em
palhotas/casa precária e 6% em casas de madeira/zinco. 10% é ocupado por chefes que têm um
rendimento de 1001 até 2000 meticais sendo que todos residem em palhotas/casa precária e por
último chefes que têm um rendimento de 2001 até 3500 que ocupam 4%, sendo que todos residindo
em palhotas ou casa precária.

O rendimento e o tamanho dos agregados familiares influenciam o tipo de residência do agregado,


cerca de 46% da população amostrada no distrito têm um rendimento acima de 5000 meticais,
sendo assim apesar desta maior percentagem, 18% destes indivíduos vivem em palhotas e têm um
tamanho do agregado de 4 até 6 indivíduos, 8% dos residentes em casas precárias com tamanho
de 7 até 9, 2% dos residentes em casas precárias com tamanhos maiores ou iguais a 10 indíviduos,
2% dos residentes em casas precárias com tamanhos dos agregados de até 3 indivíduos. Para os
residentes em apartamentos/moradia, 6% vivem em agregados de 4 até 6 indivíduos e 4% em
agregados de até 3 indivíduos, sendo os restantes 6% em casas mistas e agregados de 4 até 6
indivíduos. 54% dos indivíduos vivem dependendo de um rendimento abaixo de 5000 meticais.

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Tabela 5. População por tamanho do agregados, tipos de habitações e rendimentos

Rendimento do agregado

Tamanho do Total por Total por


agregado Tipo de habitação Até 1000 1001 até 2000 2001 até 3500 3501 até 5000 Mais de 5000 habitação agregado
Apartamento/moradia 0 0 0 0 2 2
Casa de madeira/zinco 1 0 0 1 0 2
1 até 3 16
Palhota/casa precária 5 1 2 3 1 12
Outras 0 0 0 0 0 0
Apartamento/moradia 0 0 0 0 3 3
Casa de madeira/zinco 0 0 0 2 3 5
4 até 6 26
Palhota/casa precária 5 3 0 1 9 18
Outras 0 0 0 0 0 0
Apartamento/moradia 0 0 0 0 0 0
Casa de madeira/zinco 0 0 0 0 0 0
7 até 9 7
Palhota/casa precária 2 1 0 0 4 7
Outras 0 0 0 0 0 0
Apartamento/moradia 0 0 0 0 0 0
Casa de madeira/zinco 0 0 0 0 0 0
>= 10 1
Palhota/casa precária 0 0 0 0 1 1
Outras 0 0 0 0 0 0
Total Total 13 5 2 7 23 50 50

Segundo INE (2004) o rendimento mensal dos agregados familiares é de cerca de 748 Meticais por agregado, sendo que 48% destes
usados principalmente em produtos alimentares, 22% em habitações, 7% transportes, 6% para vestuários e mobiliários, 0.7% educação,
1.2% saúde e 15.1% recreação e lazer.
4.1.4. Chefes dos agregados familiares por total de agregados e tipos de residências
A maioria da população amostrada no distrito de Inhassunge (Tabela 6) vive em casas
precárias/palhotas, isto é, cerca de 76% observados ao nível dos chefes do agregado das famílias,
sendo que apenas 10% foi das mulheres chefes dos agregados e os restantes 66% chefes homens.
Foi registado ainda que 14% preferiam casas de madeira/zinco e outros 10% residiam em
apartamentos/moradia. Do total dos agregados familiares a percentagem dos residentes em
palhotas/casa precária foi de 78.5%, seguida de casa de madeira/zinco com 13.08% e 8.4% para
os residentes em apartamentos/moradia. Dados do INE (2007), mostram que 89.8% do tipo
habitacional predominante no distrito de Inhassunge são as palhotas/casas precárias, seguida de
casa de madeira/zinco com 9.6% e apartamentos/moradia com 0.6%, porém estes resultados não
diferem pelos encontrados pelo autor em sua pesquisa, mas uma redução em 11.3% dos residentes
em palhotas, aumento em 3.48% nas casas de madeira/zinco e aumento em 7.8% nos
apartamentos/moradia constitui um bom indicador das melhorias do modo de vida das pessoas.

Tabela 6. População por tipo de residência e sexo do chefe do agregado

Sexo do Chefe do Total dos Indivíduos


agregado de todos agregados
Tipo de residência Masculino Feminino Masculino Feminino Total
Apartamento/moradia 4 1 13 7 20
Casa de madeira/zinco 3 4 12 19 31
Palhota/casa precária 33 5 93 93 186
Outras 0 0 0 0 0
Total 40 10 118 119 237

Foram encontrados 237 indivíduos pertencentes aos 50 agregados observados e destes 118 eram
do sexo masculino, outros 119 do sexo feminino. A maioria dos indivíduos pertencentes aos
agregados observados residiam em casas precárias (186 indivíduos), seguida de casas mistas (31
indivíduos) e apartamento/moradia (20 indivíduos).
A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

4.1.5. Tipos de residências

Tipos de residências

0% 10%

14%

76%

Apartamento/moradia Casa de madeira/zinco


Palhota/casa precária Outras

Figura 2. População por tipo de residência do agregado familiar

A figura 2, ilustra os tipos de habitações mais comuns e as respectivas percentagens da população


que vive nestes tipos, porém a sequência é esta única, e como apresentada segundo INE (2007),
que esta população que reside em casas precárias tende a reduzir para outros tipos de habitações.
Dos resultados apresentados pelo INE (2007) que a população residente em palhotas seja de 90%,
o autor deste trabalho não refuta, apenas acrescenta que este tipo de vida dependente de habitações
do tipo precárias, reduziu para em torno de 76%, aumentando outros tipos tais como casa de
madeira/zinco em torno de 14% e apartamentos/moradia em torno de 10%, não tendo sido
registados nenhum em outros tipos diferentes dos apresentados na figura 2.

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4.1.6. Materiais de construções comuns em paredes

Material para a construção de paredes


120
% de consumo

100
80 100
60 80
40 60 66
20 628 6 8 14 404 448 6 000 20
0

Material utilizado
Masculino Feminino Total

Figura 3. População por material utilizado na construção de paredes e sexo do chefe do agregado

A figura 3 ilustra melhor a dependência de certos materiais que as populações observadas no


distrito de Inhassunge utilizam em construções de habitações, porém como quaisquer material uns
são preferidos que outros. A população utiliza as estacas/paus em cerca de 66%, mas não só se
limitam a estacas, também utilizam em cerca de 14% madeira/zinco e outros 8% procuram por
caniço/bambu/palmeiras, 8% blocos de cimento/tijolos e 4% blocos de adobe. A contribuição do
tipo de material para uso em construções de paredes está em maior percentagem para homens em
relação as mulheres, visto que são em um número limitado as que chefiam agregados familiares
com pai vivo. Estes resultados do autor, aproximam-se dos apresentados pelo INE (2007), que
obtiveram 97.1% para paus/estacas, 0.5% para casas de madeira/zinco, 0.6% blocos de
cimento/tijolo, 1.2% para blocos de adobe e 0.6% para outros materiais. Se observar com atenção
estes batem com os apresentados pelo autor e considerando que a população não esteve estática ao
longo dos anos e também avanços dos rendimentos das famílias.

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4.1.7. Materiais comuns na cobertura de residências

Materiais utilizados na cobertura


% de consumo 120
100
80
60
40
20
0 Masculino
Feminino
Total

Material

Figura 4. População por consumo de material para cobertura e sexo do chefe

A figura 4, indica que qualquer material apresentado pode ser usado para um mesmo fim, sendo
assim a acessibilidade e a disponibilidade deles, além de factores como o rendimento dos
agregados são um dos impulsionantes da preferência de um em relação ao outro. O
capim/colmo/palmeira foi o que apresentou maior aderência em torno de 64%, seguida por chapa
de lusalite/zinco com 32% e por último a telha com 4% perfazendo 100% de todos os materiais
utilizados para cobertura. Estes resultados estão no padrão aceitável, pois aproximou-se aos
observados pelo INE (2007) que obteve 90,5% para capim ou outro material e chapas/telhas com
9,5%. Estes resultados de cobertura apresentam uma grande disparidade percentual, mas supõe-se
que o agrupamento em classes tenha influência nesta disparidade, porém esta não e a única razão
para haver esta diferença nos valores, é do facto de a tal percentagem não ser apenas de
capim/colmo/palmeiras.

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4.1.8. Origem dos materiais para a construção

Origem dos materiais utilizados na construção


% de extracção

120
100
80
60
40
20 Masculino
0
Feminino
Total

Origem

Figura 5. População por origem dos materiais utilizados na construção e sexo do chefe do agregado

A figura 5, verifica a dependência dos locais mais comuns que a população do distrito de
Inhassunge obtem os materiais necessários para as suas construções. Nota-se que as maiores
percentagens são extraidas em ordem decrescente das florestas, mercados locais e mercados
externos com valores de 62%, 32% e 6% respectivamente. Se considerar o pressuposto que mais
de 70% da população da África subsaariana é rural, e que cerca de um quinto destas famílias
dependem das florestas directa ou indirectamente para necessidades básicas de habitações e
subsistência, então a maior quantidade dos materias é oriundo das florestas (Banco Mundial,
2004).

4.1.9. Frequência de extracção dos recursos florestais

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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

Frequência de extracção dos RF

2% 18% Diariamente

6% Semanalmennte
46% Mensalmente

28% Anualmente
Outra

Figura 6. População por frequência de extracção dos RF

A figura 6, deixou claro que cerca de 46% da população extrai da floresta os materiais para
construção anualmente, seguida por 28% que extrai mensalmente, 18% diariamente, 6%
semanalmente e apenas 2% outras frequências. A extracção dos materiais da floresta depende da
variedade dos seus derivados e produtos, sendo assim sabendo que as florestas desempenham um
papel fundamental no combate à pobreza rural, garantem a segurança alimentar e proporcionam às
pessoas meios de subsistência, o seu uso pelas comunidades que deles dependem têm uma
frequência periódica curta (Adam & Eltayeb, 2016).

4.1.10. Factores que influenciam o uso de estacas por sexo do chefe

Factores que influenciam a utilização de estacas na


construção
150 100
100 68 80
50 50 18 14 2 16
8 0 8 8 0 8 20
0
Pobreza/Baixa Rapidez na Outros Total
renda construção Acessibilidade
dos recursos

Masculino Feminino Total

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Figura 7. Factores que influenciam a utilização das florestas para a extracção de materiais de
construção

A figura 7 verifica os principais factores que influenciam o uso dos materiais florestais na
construção. O factor predominante é a pobreza/baixa renda com cerca de 68% da população,
seguida por acessibilidade dos recursos com 16% da população, 8% para rapidez na construção e
8% para outros factores. Segundo o Banco Mundial (2018), Zambézia é uma das províncias com
taxas elevadas de pobreza, sendo a maioria das pessoas concentradas nas zonas rurais pressionando
as florestas para a sua subsistência.

O rendimento observado na população amostrada apesar de ser predominantemente inferior a 5000


meticais, era concentrado em chefes com nível médio de escolaridade e maiores agregados
familiares, sendo insuficiente para cobrir todas as despesas familiares em termos de alimentação e
escola dos seus membros.

4.1.11. Estado da floresta após a exploração

Estado da floresta

8% 10% Nada degradada


14%
Pouco degradada
26% Degradada
Muito degradada
42% Totalmente degradada

Figura 8. Pontos de vista dos inquiridos sobre a degradação das florestas

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A figura 8 ilustra o estado da floresta com a sobrexploração ou pressão para a extracção de


materiais de construção, sendo assim o estado actual da floresta corresponde a cerca de 42% para
o estado degradado, 26% para o estado pouco degradada, 14% estado muito degradado, 10% para
o estado normal da floresta, isto é, sem degradação e 8% para o estado em que a floresta perdeu
completamente sua capacidade de resistir a certos fenómenos da humanidade, visto que a mesma
se encontra totalmente degradada. Segundo a FAO (2015), extensas áreas florestais sofrem pressão
anualmente, as quais estão seriamente ameaçadas pelo desmatamento e degradação florestal.

4.2. Quantidade de materiais para a construção de habitações e celeiros na comunidade de


Inhassunge
4.2.1. Quantidades de materiais para habitações e celeiros nas localidades de Inhassunge

Da (Tabela 7) as construções comunitárias ou rurais são as que mais utilizam os recursos florestais.
As estacas ou materiais necessários para levantar uma casa urbana variou em função da sua
dimensão e espécie. O desmatamento do mangal pelas comunidades colocou em risco todas
espécies locais, sendo assim é inevitável o seu uso. As populações amostradas no distrito de
Inhassunge vivem maioritariamente dependendo das espécies do mangal para construção bem
como lenha para cozinha e fabrico de carvão para actividades da sua vida. A quantidade total de
materiais/estacas utilizadas na construção variou por espécie e classes de tamanho, no entanto
assumindo as habitações como as unidades da amostra, para uma área de 108 m2 foram necessárias
3093 estacas/habitação. Da população de habitações amostradas no distrito de Inhassunge foram
despendidas das florestas cerca de 26149 estacas em construções.

A construção de celeiros foi mais precária que de habitações visto que na colocação das estacas há
necessidade de deixar um espaço livre de pelomenos 5 cm nas paredes para garantir uma devida
circulação de ar. Sendo assim para uma área de 12.25 m2 foram necessárias 105 estacas/celeiro.
Portanto de toda população de celeiros de áreas diferentes amostrada foram necessárias 1202
estacas diversas.

Do total da população amostrada no distrito de Inhassunge, o posto administrativo de Mucupia por


possuir uma maior percentagem dos agregados familiares apresentou o maior nível de utilização

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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

dos materiais de construção com 16966 estacas/ano, distribuidos em 16334 estacas/ano para
habitações e os restantes 632 estacas/ano para uso em celeiros. Já no Posto de Gonhane, o número
foi um pouco reduzido com 10385 estacas/ano distribuidos em 9815 estacas/ano para habitações e
570 estacas/ano para celeiros. Porém o consumo de estacas na construção de habitações e celeiros
perfaz um total de 27351 estacas/ano para a área amostrada no distrito.

Tabela 7. Quantidade de materiais para construções de habitações e celeiros na vila de Inhassunge

Quantidade
Área da Quantidade total
Nr de casa Área do total para
Localidades Habitação para habitação
ou celeiro celeiro (m2) celeiro
(m2) (estacas/habitação)
(estacas/celeiro)
1 108 3093 7.2 59
Mucupia 2 64.74 2592 9 85
3 35 985 2.25 40
4 108 2627 6.25 72
Chirimane 5 30 1067 4 52
6 76.5 2578 6 75
7 75.39 2204 5.25 75
Ilove 8 27.5 549 7.5 79
9 16 639 9.75 95
10 25 796 12.25 105
Gonhane 11 47.4 1358 10 87
12 94.99 2454 12 77
13 63 2114 8.75 91
Bingagira 14 36 987 10.89 102
15 72 2106 10.5 108
Total 879.52 26149 121.59 1202

O uso de grandes quantidades de material florestal na construção de habitações e celeiros na


comunidade do distrito de Inhassunge não é um desejo das populações, porém a falta de
alternativas habitacionais, gerada pelo intenso processo de urbanização, baixa renda das famílias
e inadequação das políticas de habitação, levou um contigente significativo da população a viver
em assentamentos precários e informais. No brasil, segundo FJP (2006), as construções de
habitações precárias abrigou cerca de 120 milhões de pessoas entre 1940 e 2000, populações estas
que estariam desestabilizadas se não existissem florestas que lhes sustentassem.

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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

4.2.2. Volume de materiais de construção para habitações e celeiros

A tabela 8, mostra que existe uma grande variação de volumes por área habitacional, ou seja, para
uma mesma área construida em lugares diferentes houve uma alteração de volume. Os volumes
para construção de habitações foram muito maiores (109.01 m3) em relação aos volumes
requeridos em celeiros (22.14 m3). Foi observado um maior volume na localidade de Chirimane
com 11,64 m3/habitação e o menor na localidade de Ilove com 2,65 m3/habitação. A população
dos agregados observados, tirou em média 7,27 m3 para as construções de habitações por ano e
1,48 m3 para celeiros. Segundo Magalhães (2018), Zambézia é uma das províncias com maior
volume total por unidade de área com 138 m3/ha e maior CAA com 948 526 m3/ano, um valor
requerido quando comparado com o que a população precisa 131.14 m3.

Tabela 8. Volume de materiais requeridos na construção de habitações e celeiros

Nr de Área da Área do
Volume Volume
Localidades casa ou Habitação 3 celeiro 3
(m /habitação) (m /celeiro)
celeiro (m2) (m2)
1 108 10.96 7.2 1.12
Mucupia 2 64.74 7.83 9 1.52
3 35 6.42 2.25 0.99
4 108 9.32 6.25 1.34
Chirimane 5 30 4.55 4 0.89
6 76.5 11.64 6 1.53
7 75.39 9.68 5.25 1.46
Ilove 8 27.5 2.95 7.5 1.42
9 16 2.65 9.75 1.82
10 25 4.09 12.25 1.79
Gonhane 11 47.4 6.87 10 1.54
12 94.99 10.80 12 1.48
13 63 7.94 8.75 1.69
Bingagira 14 36 5.53 10.89 1.72
15 72 7.78 10.5 1.82
Total 879.52 109.01 121.59 22.14

Da população amostrada, o posto de Mucupia foi o que apresentou maior volume com cerca de
78.10 m3, seguido do posto de Gonhane com 53.05 m3. O volume total foi de 131.14 m3 e deste
volume 109.01 m3 foi observada em habitações e 22.14 m3 em celeiros.

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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

4.2.3. Quantidades por classes diamétricas e por espécies

As comunidades, para a construção de habitações (Tabela 9) concentram-se em certas classes


diamétricas, não requerendo diâmetros muito superiores ou os requeridos pelas serrações. Em geral
as comunidades do distritos de Inhassunge pressionam muito o mangal para a exploração da
Avicennia marina, uma espécie que eles usam com muita frequência como cocotelos para as suas
construções. A pressão desta espécie predominante nos mangais de Inhassunge causa degradação
do mesmo, deixando o ecossistema a padecer de restauração. A espécie Avicennia marina é muito
explorada nas classes de 1 a 7 cm, não tendo descanso para a sua recomposição. Cerca de 24526
estacas desta espécie são exploradas no mangal para a satisfação das necessidades de cada 15
famílias existentes no distrito uma vez que em cada 10 casas 9 são de estacas.

Portanto para classes um pouco maiores, mas inferiores ao DAP requerido pelos exploradores
concessionais, a exploração pelas comunidades nas classes de 7 a 13 cm é baixa quando comparado
a classes de 1 a 7, apesar da riqueza não ser a mesma. A quantidade total para as espécies Swartzia
madagascariensis, Pterocarpus angolensis, Afzelia quanzensis e Cocos nucifera está em cerca de
1613 estacas. A classe diamétrica de 13 a 19 cm é muito pouco explorada, somente exploram
habitações com um topo no centro, mas um total de 10 estacas foram encontrados nas unidades
amostrais.

Tabela 9. Distribuição da quantidade de estacas por espécie e classe diamétrica para habitações

Classes diamétricas (cm)


Nome científico [1-----7[ [7-----13[ [13----19[ Total
Swartzia madagascariensis 0 713 0 713
Avicennia marina 24526 0 0 24526
Afzelia quanzensis 0 240 6 246
Pterocarpus angolensis 0 253 4 257
Cocos nucifera 0 407 0 407
Total 24526 1613 10 26149

A quantidade de material para a construção de celeiros (Tabela 10) é geralmente menor por causa
da estrutura que é usada, muito simples e precária. Os celeiros das comunidades de Inhassunge são
feitos das mesmas espécies utilizadas na construção de habitações, diferindo apenas em que na
construção de celeiros a quantidade de estacas diminui mais da metade, além do facto que algumas

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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

espécies serem incorporadas. A espécie Bambusa tuldoides é fundamental ao funcionamento de


um celeiro, por causa da possibilidade que têm de rachamento e entrelaçamento formando uma
espécie de esteira que é colocada a uma altura de cerca de 1 m para evitar humidade e ataques de
patógenos aos produtos agricolas armazenados.

Porém para ambos os casos tanto para a construção de habitações como para de celeiros a
Avicennia marina é uma espécie muito sobreutilizada para a construção com 639 estacas na classe
não estabelecida de 1 a 7 cm de diâmetro, seguido de Bambusa tuldoides com 70 e Swartzia
madagascariensis com 17 estacas. Na classe de 7 a 13 há uma distribuição quase igual de todas
espécies utilizadas excepto a Avicennia marina que somente é explorada na classe de 1 a 7 cm.

Segundo Magalhães (2018) no IV inventário florestal algumas espécies como umbila, chanfuta,
pau-ferro e várias outras muito demandadas o seu corte anual admissivel reduziu substancialmente
e sendo assim a comunidade totalmente dependente destas espécies deverão procurar outras
alternativas para as construções rurais. Sendo assim, a prova disto é que na Zambézia certas
espécies secundarizadas começaram a ter uma grande apreciação por parte dos exploradores
(Cuambe, 2005). Magalhães (2018), também diz que na Zambézia a espécie Swartzia
madagascariensis sofreu um declínio de 81% no CAA, dificultando a procura desta espécie.

As espécies que já alcançaram o DMC para chanfuta, umbila e pau-ferro não é muito grande, e
supõe que pode ter sido o resultado de sobreexploração pelas comunidades, porém o pau-ferro,
uma espécie actualmente em defeso especial tem uma comparticipação menor no CAA das
espécies da primeira classe (Magalhães, 2018).

Tabela 10. Distribuição da quantidade por espécie e classe diamétrica para celeiros

Classes diamétricas
(cm)
Nome científico [1-----7[ [7-----13[ Total
Bambusa tuldoides 70 277 347
Avicennia marina 639 0 639
Swartzia madagascariensis 17 120 137
Pterocarpus angolensis 0 63 63
Eucalyptus sp 0 16 16
Total 726 476 1202

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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.

4.2.4. Parâmetros da estatística descritiva apresentados a área, volume e quantidade de


estacas

A tabela 11 indica que em média 7.27 m3 de volume foi utilizado em construções de habitações,
porém o volume mínimo explorado foi de 2.65 m3 e o volume máximo foi de 11.64 m3, o erro
padrão foi de 0.75 m3, o desvio padrão foi de 2.90, a variância foi de 8.41 (m3 )2 e a mediana foi
de 7.78 m3, estes valores foram altos em relação aos volumes requeridos por celeiros que
apresentou uma média de 1.48 m3, erro padrão de 0.075 m3, mediana de 1.52 m3, desvio padrão de
0.29, variância de 0.084 (m3 )2, e um valor mínimo e máximo de 0.89 m3 e 1.82 m3 respectivamente.

Os valores de quantidades seguem a mesma tendência, maiores para habitações e menores


quantidades para celeiros. A quantidade média observada em habitações amostradas foi de 1743.27
estacas, um erro padrão de 221.49 estacas , mediana de 2106 estacas, desvio padrão de 857.82,
variância de 735856.78 (estacas)2, um valor mínimo necessário de 549 estacas e um máximo de
3093 estacas, sendo para celeiros de 80.13, 5.0056, 79, 19.39, 40 e 108 para média, erro padrão,
mediana, desvio padrão, variância, mínimo e máximo respectivamente.

Dos resultados apresentados acima vários autores deduzem que a situação das contruções nas
zonas rurais está se agravando cada vez mais, visto que quantidades maiores estão sendo requeridas
pelas comunidades, assim sendo pelo simples facto de Zambézia ter uma população de cerca de
2.891.809 habitantes (22% da população total do País), e atendendo e considerando que o maior
número de habitantes concentra-se nas zonas costeiras em redor da Cidade de Quelimane e nos
distritos de Inhassunge, Namacurra e Nicoadala e cerca de noventa e três por cento (93%) da
população pertencer a zona rural (INE, 1997), a exploração para a subsistência nas florestas de
mangal designado de Errecamba e as florestas comunitárias serão cada vez mais pressionadas em
requerimento das maiores necessidades de construção de habitações e celeiros para cada uma das
famílias, além da produção de carvão.

Actualmente o aumento da quantidade de assentamentos é resultante do processo da intensa


urbanização, problema este que afecta não só a vila de Inhassunge/Moçambique, mas também
outros paises como o Brasil com um déficit habitacional estimado em cerca de 7,9 milhões de
unidades habitacionais (FJP, 2006 e CEM/CEBRAP, 2007), sendo a degradação florestal e o

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desmatamento das florestas um facto e não uma hipótese, pois com o crescimento urbano que se
assiste, as comunidades irão precisar de mais suporte florestal.

Tabela 11. Parâmetros estatísticos para área, volume e quantidade da população amostrada

Variáveis
Parâmetros Área (m2) Volume (m3) Quantidade (estacas)
estatísticos Habitações Celeiros Habitações Celeiros Habitações Celeiros
Média 58.63 8.11 7.27 1.48 1743.27 80.13
Erro padrão 7.86 0.76 0.75 0.075 221.49 5.0056
Mediana 63 8.75 7.78 1.52 2106 79
Desvio padrão 30.43 2.95 2.90 0.29 857.82 19.39
Variância 926.11 8.69 8.41 0.084 735856.78 375.84
Mínimo 16 2.25 2.65 0.89 549 40
Máximo 108 12.25 11.64 1.82 3093 108

4.3. Espécies utilizadas pelas comunidades na construção de habitações e celeiros no distrito


de Inhassunge.

A tabela 12 ilustra que são várias as espécies que as comunidades da vila de Inhassunge exploram
para a satisfação das suas necessidades de subsistência, tais como construção de habitações e
celeiros, combustíveis para a confecção de alimentos (lenha e produção de carvão), sendo assim
as florestas de mangal de Inhassunge, foram as que sofrem pressão pelas comunidades. As
principais espécies utilizadas para a construção de habitações e celeiros são: Swartzia
madagascariensis, Avicennia marina, Afzelia quanzensis, Pterocarpus angolensis, Cocos
nucifera, Bambusa tuldoides, e Eucalyptus sp, porém destas as primeiras seis foram utilizadas
predominantemente na construção de habitações e todas excepto o Cocos nucifera foram utilizadas
na construção de celeiros. Além dos usos que as tais espécies assumem, foi apresentado apenas
os usos da comunidade da vila de Inhassunge.

As espécies de mangal possuem cada uma suas especificidades e usos, isto é, enquanto umas são
utilizadas na construção, outras são preferidas para produção de carvão vegetal. Sendo assim várias
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espécies se encontram no mangal de Inhassunge nomeadamente, Avicennia marina, Rhizophora


mucronata, Bruguiera gymnorrhiza, sonerratia alba, Heritiera littorales, e Lumnitzera recemosa
(Saket e Matusse, 1994). A pressão destas espécies para a construção só caiu grandemente para
Avicennia marina, enquanto outras são pressionadas para a produção de carvão vegetal.
A exploração da Avicennia marina, independentemente dos níveis retirados da floresta, desde que
o ecossistema não seja muito perturbado, a regeneração do mangal pode ocorrer naturalmente e de
forma satisfatória, através de sementes (Semesi & Howell, 1985), mas isto não é visível nestes
ecossistemas visto que o nível de perturbação é degradada.

Tabela 12. Espécies comuns na construção de habitações e celeiros na comunidade de Inhassunge

Nr da Nome
Nome científico Família Subfamília Usos
espécie comum

1 Pau ferro Swartzia madagascariensis Fabaceae Caesalpinioideae Construção


Mangal
2 Construção
branco Avicennia marina Acanthaceae Avicennioideae
Construção
3
Chanfuta Afzelia quanzensis Fabaceae Caesalpinioideae e carvão
Construção
4
Umbila Pterocarpus angolensis Fabaceae Caesalpinoideae e carvão
5 Coqueiro Cocos nucifera Arecaceae Cocoideae Construção
6 Bambu Bambusa tuldoides Poaceae Bambusoideae Construção
7 Eucalypto Eucalyptus sp Myrtaceae Leptospermoidae Construção

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5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. CONCLUSÕES

No final da pesquisa concluiu-se que:

 A população amostrada foi maioritariamente liderada por chefes do sexo masculino com
nível médio de escolaridade, pessoas casadas e com um rendimento abaixo de 5000
Mt/mês. A maioria dos agregados vivem em palhotas cobertas por capim e utilizam
predominantemente estacas para a construção de paredes. Pela dependência dos recursos
florestais para a sua subsistência, a comunidade do distrito retira anualmente a maior
percentagem dos recursos para construção nas florestas, sendo a pobreza o principal factor.
Portanto as florestas deste distrito encontram-se degradadas.
 Para a construção de habitações e celeiros a quantidade de materiais ou estacas variou
dependendo da arquitectura da casa. Portanto foram necessárias 3093 estacas para
construção de uma habitação de 108 m2 e 105 estacas para construção de um celeiro com
uma área de 12.25 m2. Das observações amostradas, o PA de Mucupia foi o que apresentou
maior consumo com 16966 estacas, sendo 16334 estacas aplicadas em habitações e 632
estacas em celeiros. No PA de Gonhane, 10385 estacas foram usadas e destas 9815 estacas
foram usadas em construções de habitações e 570 estacas em celeiros.
 O volume das estacas utilizadas nas construções foi de 78.10 m3 no PA de Mucupia e 53.05
m3 no PA de Gonhane, totalizando 131.14 m3 em toda população amostrada. 65.99 m3 deste
volume foi utilizado para construção de habitações no PA de Mucupia e 12.10 m3 em
celeiros. No PA de Gonhane 43.01 m3 foi utilizado em habitações e 10.03 m3 em celeiros.
 As espécies utilizadas pelas comunidades na construção de habitações e celeiros na
população amostrada no distrito de Inhassunge foram: Swartzia madagascariensis,
Avicennia marina, Afzelia quanzensis, Pterocarpus angolensis, Cocos nucifera, Bambusa
tuldoides e Eucalyptus sp.

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5.2. RECOMENDAÇÕES

Recomenda-se que:

 As comunidades não pressionem grandemente as florestas em busca só de espécies


Swartzia madagascariensis, Avicennia marina, Afzelia quanzensis, Pterocarpus
angolensis e Bambusa tuldoides, mas que alarguem em termos de variedade de espécies
utilizadas nas suas construções, convista a permitir que haja regeneração das florestas e
não haja desaparecimento de espécies daquelas florestas;
 As entidades responsáveis pela gestão dos recursos florestais no distrito de Inhassunge que
sigam a regulamentação da Lei de Florestas e Fauna Bravia de modo a não existir grandes
perdas de áreas florestais pela degradação, visto se tratar de ecossistemas muito sensíveis
e de grande interesse na reprodução de muitos marinhos e por isso devem obedecer os
grandes pilares da sustentabilidade (Economicamente viável, Ambientalmente sustentável
e Socialmente justa);
 Se faça um monitoramento anual das florestas com enfase na quantificação dos recursos
florestais de modo a garantir-se que não haja redução da riqueza de espécies pelo uso
abusivo pela população naqueles ecossistemas;
 Se faça estudos sobre a vida útil das habitações e celeiros convista a permitir que se conheça
a durabilidade delas.

6. LIMITAÇÕES

Durante a realização da investigação deparou-se com a seguinte limitação:

 Não observância de todas as unidades amostrais do distrito, visto que o mesmo possui uma
maior extensão, o que seria necessário um maior orçamento;

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8. ANÊXOS
8.1. Anêxo 1: Ficha de campo

Ficha de colecta de dados 1


Área de estudo: Distrito de Inhassunge
Registador: Amós Abel Culuze
Data________________________
Classes diametricas (cm)
Nr da
Casa/C Área Espécie [1-----7[ [7-----13[ [13----19[ Observação
eleiro

Ficha de colecta de dados 2


Área de estudo: Distrito de Inhassunge
Registador: Amós Abel Culuze
Data________________________
Principais espécies
Nr Nome comum Nome científico Família Diâmetro (cm) Altura (m) Observação
1
2
3

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8.2. Anêxo 2: Fotos

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8.3. Anêxo 3: Formato do inquérito utilizado nas visitas comunitárias

Inquérito para o levantamento de dados sobre a utilização dos materiais vegetais (estacas) em
construções das comunidades rurais no Distrito de Inhassunge).

A. Dados gerais
Nome do inquiridor: …………………………… No do inquérito: …………………….

Data do inquerito: ………………………

Posto administrativo: ………………….

Localidade: ………………..

Parte I. Dados pessoais

1.1. Idade do chefe do agregado familiar inquirido: ……………


1.2. Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )
Estado civil: Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado/a ( ) Viúvo/a ( )
1.3. Nível de escolaridade:
Nunca frequentou ( )
Elementar ( )
Básico ( )
Médio ( )
Bacharel ( )
Superior ( )
1.4. Tamanho do agregado familiar :………………….
1.5. Preencha a tabela correspondente a tamanho do agregado familiar:

Nível de escolaridade
o
N do
Idade Sexo Sem Elementar Básico Médio Bacharel Superior
agregado
nível

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Parte II. Questões gerais

2.1. Caracterização dos domicílios.

2.1.1. Tipo de residência:

Apartamento/moradia ( )

Casa de madeira e zinco ( )

Palhota ou casa precária ( )

Outras ………………………

2.1.1.1. Tipo de material para paredes :

Blocos de cimento/tijolos ( )

Madeira/zinco ( )

Blocos de adobe ( )

Caniço/bambu/palmeiras ( )

Paus/estacas ( )

Outros …………………………

2.1.1.2. Tipo de material para cobertura :

Telha ( )

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Chapa de lusalite/zinco ( )

Capim/colmo/palmeira ( )

Outros …………………………..

2.1.1.3. Origem dos materiais usados na construção

Retirados da floresta ( )

Mercados locais ( )

Mercados exteriores do distrito ( )

Outras fontes ……………………..

2.1.1.4. Quais são os produtos retirados da floresta?

……………………………………………………………………………………..

Parte III. Dados socio - económicos


3.1. Número do agregado familiar que trabalha: ………..
3.2. Rendimento dos trabalhadores do agregado familiar:
Rendimento até 1000 Meticais ( )
Rendimento entre 1001 até 2000 Meticais ( )
Rendimento entre 2001 até 3500 Meticais ( )
Rendimento entre 3501 até 5000 Meticais ( )
Rendimento acima de 5001 Meticais ( )
Outra fonte de rendimento…………………..
3.2.1. Preencha a tabela correspondente ao rendimento dos agregados familiares

No Função/cargo Rendimento mensal (MZN)


1
2
3
4
5

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Parte IV. Questões sobre a utilização dos recursos florestais


4.1. Quais são os recursos da floresta mais extraidos para a construção?
Estacas ( )
Folhas ( )
Madeira ( )
Outros:
4.2. Que quantidades são extraidas da floresta para a construção de habitações?
450 a 1450 estacas ( )
1450 a 2450 estacas ( )
2450 a 3450 estacas ( )
Mais de 3450 estacas ( )
Nenhuma ( )

4.3. Que quantidades são extraidas da floresta para a construção de celeiros?


30 a 60 estacas ( )
60 a 90 estacas ( )
90 a 120 estacas ( )
Mais de 120 estacas ( )
Nenhuma ( )
4.4. Qual é a frequência de extração dos materiais na floresta?
Diariamente ( )
Semanalmennte ( )
Mensalmente ( )
Anualmente ( )
Outra: ………
4.5. Todas as construções são de estacas?
Sim ( ) Não ( )
4.6. Quais são os factores que influenciam a utilização das estacas na construção?
Pobreza/Baixa renda ( )
Rapidez na construção ( )

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Acessibilidade dos recursos ( )


Outro ………………………..
4.7. Será que o tempo necessário para construir uma habitação/celeiro influencia a exploração das
florestas para a extracção de estacas?
Sim ( ) Não ( )
4.8. Se sim, como influencia ? …………………………….................................................
…………………………………………………………………………………………….
4.9. Qual é o tempo que leva para construir uma habitação e um celeiro? ………………
……………………………………………………………………………………………
4.10. Quais são os indivíduos explorados na floresta? …….……………………………..
…………………………………………………………………………………………….
4.11. Qual é a disponibilidade dos materiais de construção ao longo do tempo?
…………………………………………………………………………………………….

Parte V. Questões relacionadas a degradação da floresta


5.1. Qual é o estado actual da floresta?
Nada degradada ( )
Pouco degradada ( )
Degradada ( )
Muito degradada ( )
Totalmente degradada ( )
5.2. O que a comunidade está a fazer para minimizar a degradação?
Nada ( )
Controlar a exploração por estranhos ( )
Usar blocos na construção ( )
Diminuir a frequência de exploração ( )
5.3. O que o Governo está a fazer para minimizar a degradação?
Nada ( )
Proibir a utilização para todos ( )
Propor as medidas de uso racional ( )

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Outra: ……………………………………

6. Pontos de vista dos inquiridos a cerca da utilização dos recursos florestais na construção pelas
comunidades rurais…………………………………………………….

8.4. Anêxo 4: Estatística descritiva para área

Área para Habitação Área para celeiro

Mean 58,63442667 Mean 8,106


Standard Error 7,857541467 Standard Error 0,761260108
Median 63 Median 8,75
Mode 108 Mode #N/A
Standard Deviation 30,43212724 Standard Deviation 2,948347721
Sample Variance 926,1143686 Sample Variance 8,692754286
Kurtosis -1,12679824 Kurtosis -0,572995544
Skewness 0,310917574 Skewness -0,425481161
Range 92 Range 10
Minimum 16 Minimum 2,25
Maximum 108 Maximum 12,25
Sum 879,5164 Sum 121,59
Count 15 Count 15
Largest(1) 108 Largest(1) 12,25
Smallest(1) 16 Smallest(1) 2,25
Confidence Level(95,0%) 16,85275034 Confidence Level(95,0%) 1,632740546

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8.5. Anêxo 5: Parâmetros da estatística descritiva para volume e quantidade

Volume (m3/habitação) Volume (m3/celeiro) Quantidade (e

Mean 7,267011874 Mean 1,47595095


Standard Error 0,74859971 Standard Error 0,074618959
Median 7,784310574 Median 1,521942237
Mode #N/A Mode #N/A
Standard Deviation 2,899314209 Standard Deviation 0,288997985
Sample Variance 8,40602288 Sample Variance 0,083519835
Kurtosis -1,081041424 Kurtosis -0,164570269
Skewness -0,121424244 Skewness -0,750151152
Range 8,993101901 Range 0,92663932
Minimum 2,645467077 Minimum 0,893672516
Maximum 11,63856898 Maximum 1,820311837
Sum 109,0051781 Sum 22,13926425
Count 15 Count 15
Largest(1) 11,63856898 Largest(1) 1,820311837

Smallest(1) 2,645467077 Smallest(1) 0,893672516


Confidence Level(95,0%) 1,605586692 Confidence Level(95,0%) 0,16004175

Quantidade (estacas/habitação) Quantidade total para celeiro (estacas/celeiro)

Mean 1743,266667 Mean 80,13333333


Standard Error 221,4884167 Standard Error 5,005584183
Median 2106 Median 79
Mode #N/A Mode 75
Standard Deviation 857,8209492 Standard Deviation 19,38654418
Sample Variance 735856,781 Sample Variance 375,8380952
Kurtosis -1,641399401 Kurtosis -0,108404145
Skewness -0,030978795 Skewness -0,505721009
Range 2544 Range 68
Minimum 549 Minimum 40
Maximum 3093 Maximum 108
Sum 26149 Sum 1202
Count 15 Count 15
Largest(1) 3093 Largest(1) 108

Smallest(1) 549 Smallest(1) 40


Confidence Level(95,0%)
475,0454077 Confidence Level(95,0%) 10,73591032

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