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Tema:
A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros)
utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
Autor
Culuze, Amós Abel
Supervisor
Doutor Eng. Mário Paulo Falcão
Email: amosculuzeculuze@gmail.com
Contacto: (+258) 840225841
Autor
Culuze, Amós Abel
Supervisor
Doutor Eng. Mário Paulo Falcão
( ________________________________ )
ii
Declaração
Eu Amós Abel Culuze declaro por minha honra que o trabalho de fim do curso feito por mim é
fruto da minha investigação, e que todas as fontes estão devidamente referênciadas, e que nunca
foi apresentado para a obtenção de qualquer grau nesta universidade, ou em qualquer outra
instituição. Esta monografia é apresentada em cumprimento parcial dos requisitos para a obtenção
do grau de Licenciatura, em Engenharia Florestal, na Universidade Eduardo Mondlane.
Assinatura
(_________________________________)
Juri
iii
Dedicatória
Nélia, Fernanda e Belinha, aos meus tios Júlio Lundo e Julieta Bazo,
iv
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus pela vida e sabedoria iluminando todos os meus passos;
Ao meu supervisor Doutor Eng. Mário Paulo Falcão, por confiar em mim e me direccionar durante
a realização do trabalho, me motivando e me mantendo dentro dos períodos do plano de
actividades, e sendo eficiente na correcção do Projecto Final;
A Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal e aos meus pais Abel Culuze e Luisa Bazo por
financiarem o meu Projecto Final e me darem muitos motivos para continuar com o curso;
Aos meus irmãos Claúdio e Luizinho por fornecerem material que precisava durante a
investigação;
Ao meu irmão Manuel por me ajudar durante todas as fases da colecta de dados;
A todos os professores da FAEF, especialmente Prof. Doutora Natasha Ribeiro, Arménio Cangela,
Adolfo Bila, Jaime Nhamir e Agnelo Dos Milagres por me fornecerem ferramentas necessárias
para que eu pudesse ter uma vida científica saudável;
A todos os meus colegas da Faculdade em especial ao Eng. Simão Rafael Jaime e a Eng. Watinissa
Almirante e a minha turma de 2016, particularmente Focas Bacar, Hilário Biché, Edilson Gomes,
Délcio Munissa, Admiro Macuácua, Álvaro Chipanela, Nascir Morreira, Hélio Felix, Olímpia
Cuna, Bibiana Prósper, Cesaltina Buene, Belmiro Nunes, Pedro Janota, Kélven Nércio, Nóe
Pungue, Edna Cossa, Asraji Heldgod, Adolfo Macuácua, Natálio Minhote, João Firmino, Daniel
Saide e Barzilai Manteiga por serem amigos próximos;
E a todos que directa ou indirectamente contribuiram para que o meu trabalho chega-se ao final.
O meu muito obrigado, pois sem vós não seria possível a finalização deste Projecto Final.
v
Resumo
Moçambique é um dos países que ainda detém grandes quantidades de recursos florestais, estes
recursos estão a ser cada vez mais perdidos devido a exploração ilegal para suprir a demanda por
combustíveis lenhosos e por materiais de construção. As comunidades são um dos principais
beneficiários destes recursos, sendo assim a medida que as comunidades exploram os recursos
para a satisfação das suas necessidades fundamentais também exploram para melhorar a sua renda.
A pressão das florestas para a extracção das estacas de forma não sustentável acompanhado com
a escassez das principais espécies utilizadas nas construções de habitações e celeiros causa redução
de materiais disponiveis nas florestas para as construções, sendo assim houve necessidade de
provar que as construções também são grandes consumidores dos recursos florestais, por isso a
relevância de se determinar a quantidade de materiais de construção para habitações e celeiros
utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge e enfase foi dada na caracterização da
população que utiliza recursos madeireiros, quantificação dos materiais e principais espécies
utilizadas.
Este trabalho foi realizado no distrito de Inhassunge e utilizou-se métodos directo e indirecto para
quantificar os recursos utilizados. No método directo observou-se 30 casas e celeiros e fez-se a
quantificação dos materiais de construção utilizados através da medição do diâmetro e
comprimento das estacas. No método indirecto, fez-se inquéritos sobre a utilização de recursos
florestais a 50 agregados familiares nas 5 localidades e identificação das espécies.
vi
Abstract
Mozambique is one of the countries that still has large amounts of forest resources, these resources
are being increasingly lost due to illegal exploitation to supply the demand for wood fuels and
construction materials. Communities are one of the main beneficiaries of these resources, so as
communities explore resources to meet their fundamental needs, they also explore to improve their
income.
The pressure of the forests to extract the cuttings in a non-sustainable manner accompanied by the
scarcity of the main species used in the construction of houses and granaries causes a reduction in
the materials available in the forests for the constructions, so there was a need to prove that the
constructions are also large consumers of forest resources, so the relevance of determining the
amount of construction materials for houses and granaries used by communities in the Inhassunge
district and emphasis was given to characterizing the population using wood resources, quantifying
the materials and the main species used.
This work was carried out in the Inhassunge district and direct and indirect methods were used to
quantify the resources used. In the direct method, 30 houses and granaries were observed and the
construction materials used were quantified by measuring the diameter and length of the piles. In
the indirect method, surveys were carried out on the use of forest resources in 50 households in
the 5 locations and identifying the species.
The results show that the sample population of residents in the district is mainly led by male heads
with an average level of education, married people and with an income above 5,000.00 Mt/month,
living in huts covered with grass and using stakes for the construction. The total amount of wood
materials was 27,351 cuttings, 26,149 cuttings of which were used in dwellings and 1,202 cuttings
in barns and the total volume was 131.14 m3 in the entire sample population. The species used in
the construction were: Swartzia madagascariensis, Avicennia marina, Afzelia quanzensis,
Pterocarpus angolensis, Cocos nucifera, Bambusa tuldoides and Eucalyptus sp.
vii
Lista de tabelas
viii
Lista de figuras
ix
Lista de Abreviaturas
Cel – Celeiro.
Habit – Habitação.
PA – Posto Administrativo.
Qtd – Quantidade.
RF – Recurso Florestal.
V – Volume.
x
Lista de Anêxos
xi
ÍNDICE
Declaração...................................................................................................................................... iii
Dedicatória ..................................................................................................................................... iv
Agradecimentos .............................................................................................................................. v
Resumo .......................................................................................................................................... vi
Lista de Anêxos.............................................................................................................................. xi
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1
1.3. Objectivos......................................................................................................................... 3
2.2. Princípios e a importância dos trabalhos que antecedem a uma construção rural ........... 5
3. METODOLOGIA .................................................................................................................. 16
xii
3.1.1. Localização da área de estudo................................................................................. 16
3.7. Identificação das espécies utilizadas pelas comunidades nas construções de habitações e
celeiros no distrito ..................................................................................................................... 23
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 25
4.1.10. Factores que influenciam o uso de estacas por sexo do chefe ................................ 34
xiii
4.1.11. Estado da floresta após a exploração ...................................................................... 35
6. LIMITAÇÕES ....................................................................................................................... 45
8. ANÊXOS ............................................................................................................................... 51
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
1. INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
O crescimento populacional está cada vez maior e os problemas da intensa urbanização englobam
também o crescimento de condições precárias de habitações fundamentais ao desenvolvimento
socioeconómico de uma nação (Banco Mundial, 2012). O crescimento das habitações deverá ser
sustentável, respeitando os limites do consumo e exploração dos recursos florestais.
Moçambique é um país rico em recursos florestais, com uma área florestal de aproximadamente
40,6 milhões de hectares e 14,7 milhões de hectares de outras áreas arborizadas (DNTF, 2007).
Todas as províncias possuem vastas áreas de florestas que as comunidades rurais usam para
conseguir variados produtos para seu sustento e práticas de actividades culturais e espirituais.
Contudo, a diversidade florestal está escassamente documentada devido a razões tais como a
vastidão do país, a escassa rede de transportes, a longa guerra civil, e a falta geral de recursos
financeiros e humanos (DNTF, 2007). Do contexto acima precitado, os recursos florestais têm
especial importância dada a sua dimensão económica, social, cultural e ambiental. Porém, apesar
dos altos níveis de pobreza as comunidades residentes dentro e no entorno das florestas não são as
únicas que usam os recursos florestais para as construções de habitações e celeiros, portanto a
maior preocupação é a quantidade do material retirado da floresta.
A pressão das florestas para a extracção das estacas de forma não sustentável acompanhado com
a escassez das principais espécies utilizadas nas construções de habitações e celeiros constitue o
principal problema na região. Este problema esta cada vez mais a crescer porque as comunidades
rurais não param de se alargar e a intensidade das consequências já é notável visto que mais
espécies de valor estão a ser adicionadas nos seus planos de construção. Portanto a quantificação
do material de construção e identificação das espécies que estão a sofrer pressão pelas
comunidades é crucial para minimizar este problema.
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
1.3. Objectivos
Objectivo geral
Objectivos específicos
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Aspectos gerais das habitações no Mundo e em Moçambique
Desde épocas pré-históricas o ser humano procura por abrigo para se proteger de intempéries,
perigos e desconfortos da natureza. Inicialmente se abrigando em cavernas, posteriormente
passando a utilizar materiais encontrados facilmente na natureza para construir habitações
precárias. E com o passar do tempo novos materiais são descobertos e melhor combinados até
chegar aos conceitos actuais de edificações (Dos Reis, 2018).
Ao longo das últimas décadas a população mundial vem crescendo em ritmo acelerado,
impulsionado pelo advento da revolução industrial e como consequência o aumento da
urbanização. De acordo com a edição de 2014 do relatório “Perspectivas da Urbanização Mundial”
(World Urbanization Prospects) produzida pela Divisão das Nações Unidas para a População do
Departamento dos Assuntos Econômicos e Sociais (DESA), o processo de urbanização avançou
rapidamente nas últimas seis décadas. Em 1950, mais de dois terços (aproximadamente 70%) da
população mundial viviam em assentamentos rurais e menos de um terço (30%) em áreas urbanas.
Já em 2014, 54% da população mundial passou a ser urbana.
Ainda de acordo com a Divisão das Nações Unidas para a População do Departamento dos
Assuntos Econômicos e Sociais, em 2007, pela primeira vez na história, a população mundial
urbana excedeu a população mundial rural, e a população global passou a ser predominantemente
urbana a partir de então. Com todo o deslanche da população no mundo e altas taxas de
urbanização, a demanda por habitações aumentou e continua a aumentar drasticamente,
principalmente nas grandes e médias cidades, gerando grandes déficits habitacionais em várias
partes do mundo.
Os países de clima tropical ocupam 55.000 Km² de território, constituindo cerca de 40% da área
da superfície terrestre, e as suas populações apresentam considerável crescimento, contabilizando
actualmente cerca de 40% da população mundial (Ayoade, 1996). Actualmente, o exponencial
crescimento económico em alguns dos países destas regiões, como é o caso de Angola e
Moçambique, leva o sector da construção a apresentar também um considerável crescimento.
Contudo, é nos países em desenvolvimento, onde o crescimento económico e populacional
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apresenta elevada subida, que o aumento de emissões de CO2 (dióxido de carbono) será também
tendencialmente maior (Guedes et al., 2011).
Actualmente algumas construções rurais seguem ainda os princípios das construções antigas
tradicionais, principalmente no que toca a forma. A habitação “informal” em Moçambique era
geralmente construída com recurso a materiais naturais, como madeira de mangal e outras, fibras
e resinas naturais, folhas e entrelaçados de coqueiros, palmeiras bravas, entre outros. Mas o uso
desses materiais evoluiu para materiais mais duráveis, como a terra, a pedra, a argamassa, o
revestimento de cal e a cobertura em telha, folha zincada ou fibrocimento. No entanto, o recurso a
materiais mais recentes é muitas vezes a causa da redução do conforto e da natureza sustentável
da construção (Muchangos, 1999).
2.2. Princípios e a importância dos trabalhos que antecedem a uma construção rural
Segundo De Souza (1997) o princípio que deve nortear qualquer construção, grande ou pequena é
o de fazer uma obra practicamente perfeita no menor tempo possível e ao menor custo,
aproveitando o máximo rendimento das ferramentas e da mão-de-obra. Logicamente é muito
difícil, senão impossível, fazer-se a obra perfeita, mas deve-se procurar, por todos os meios,
aproximar-se dessa situação. Para que isso seja possível, torna-se necessário, acentuada atenção
em todas as fases da construção.
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Segundo o autor acima as espécies de madeira a serem utilizadas na construção devem ser
naturalmente resistentes ao apodrecimento e ao ataque de insectos ou serem previamente tratadas,
sendo que peças de madeira que sofreram esmagamentos ou outros danos que possam
comprometer a segurança da estrutura, que apresentam alto teor de humidade (madeiras verdes),
que apresentam defeitos como nós soltos, fendas exageradas, arqueamento acentuado, sinais de
deterioração por ataque de fungos ou insectos não devem ser optadas. Todas as peças e
componentes de madeira devem estar no local da obra antes do início da execução da residência,
devendo ser estocada o mais próximo possível do local onde serão empregadas.
As peças e componentes de madeira devem ser manuseados com cuidado para evitar quebras ou
outros danos e a estocagem de peças a céu aberto pode ser feita por períodos relactivamente curtos,
desde que sejam colocadas sobre estrados, à pelo menos 30 cm do solo e sejam empilhadas de
forma a permitir ventilação entre elas, cobertas, isto é, protegidas das intempéries. As construções
devem atender a determinadas condições básicas quanto a higiene, orientação, funcionalidade e
baixo custo. Construções suntuosas, onerosas, exageradas e complicadas, além de serem
antieconômicas, revelam má preparo de quem as projectou.
Nos dias de hoje, a madeira constitui um mecanismo indispensável na construção civil, todavia,
em algumas regiões, tem-se observado perda de mercado para materiais como o aço e o betão. Não
obstante, a construção em madeira é actualmente uma solução competitiva e de grande fiabilidade,
em alternativa a outros mecanismos utilizados na construção tradicional em alvenaria ou aço. Na
realidade é superior à maioria dos materiais tradicionais, pela sua resistência ao fogo,
comportamento em caso de sismo, rapidez de montagem, beleza natural, e baixo custo de mão-de-
obra. Para além das suas caraterísticas naturais de força, durabilidade, isolamento térmico e acús-
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tico, é também o único material de construção limpa e sustentável que absorve carbono da atmos-
fera, ao contrário do que sucede com os restantes materiais que o libertam (Porto et al., 2008).
As comunidades rurais foram sempre o principal utilizador dos recursos naturais. Assim e para
garantir a utilização e conservação dos recursos da flora e fauna é fundamental que participem
activamente em todas as fases de planificação da utilização dos recursos (LFFB - Lei n.º. 10/99,
de 7 de Julho). O sector florestal tem como função induzir o desenvolvimento socioeconômico do
país, e contribuir para a manutenção de um alto nível da biodiversidade e do equilíbrio ambiental.
Com a crescente necessidade e preocupação ambiental em poupar os recursos naturais que estão
disponíveis bem como o desempenho energético de cada uma das soluções constructivas, torna-se
hoje em dia de extrema importância o estudo da ecologia dos materiais de construção. Com o ritmo
que actualmente se consomem os recursos, a curto prazo, irá haver escassez dos mesmos,
originando com que a humanidade não consiga sustentar este crescimento de necessidade de
recursos (Vara, 2015).
A indústria da construção é um dos maiores sectores industriais, e uma das indústrias mais
consumidoras quer de matérias-primas, quer de energia. As matérias-primas utilizadas na
construção são responsáveis pelo gasto de 30% dos recursos naturais disponíveis, 40% da energia
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
e 20% da água (Duarte, 2011). Segundo Kibert, Construção Sustentável define-se por “Criação e
gestão responsável de um ambiente construído saudável, baseado na eficiência de recursos e
princípios ecológicos”. Kibert definiu os sete Princípios da Construção Sustentável e serão
descritos a seguir: Redução do consumo de recursos, Reutilização de recursos, Utilização de
recursos recicláveis, Protecção da natureza, Eliminação de tóxicos, Aplicação da análise do ciclo
de vida em termos económicos e Enfase na qualidade.
Moçambique é um dos poucos países da África Austral que ainda possui uma considerável área de
florestas nativas e outras formações, compostas principalmente por Miombo, Mecrusse e Mopane.
Estas florestas sofrem desmatamento e degradação florestal a taxas elevadas. A alta demanda por
bens e serviços e o facto de serem o principal meio de subsistência da população agrava a situação
(Magalhães, 2017 e CIFOR, 2014).
A área florestal (AF) e a área florestal produtiva (AFP) nacionais estimadas por Magalhães (2018)
são de 31 693 872 e 1 7216 677 ha, com registo de um decréscimo de 21% da área florestal total
e 36% da área florestal produtiva. Com cerca de 27 000 000 de habitantes (INE, 2017), a maior
parte da população Moçambicana (68,9%) vive em comunidades rurais, distantes das principais
vias de comunicação, interage e depende, em grande medida dos recursos florestais para seu
sustento diário e bem estar (Magalhães, 2018).
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
Segundo o IIAM (2009), a exploração de recursos florestais para diferentes fins e principalmente
a exploração de biomassa lenhosa e madeireira das florestas naturais, não está a ser realizada com
base num conhecimento da ecologia e requisitos das espécies nativas que compõem estas
formações, sua capacidade de regeneração e taxas de incremento, e nos processos de evolução e
sucessão florestal após perturbação. Isto resulta na degradação dos ecossistemas, pondo em causa
a sustentabilidade do recurso florestal.
Os resultados do estudo feito pela FAEF (2013) mostram uma tendência crescente do consumo
doméstico dado provavelmente pela melhoria das condições de vida, sobretudo, nas cidades e por
outro lado pelo crescimento da população e das necessidades em produtos madeireiros. Apesar da
tendência crescente, de acordo com tal estudo, o consumo doméstico manteve-se dentro dos limites
do corte anual admissível. Entretanto, é preciso observar que o consumo doméstico concentra-se
apenas em poucas espécies, cerca de 85% do consumo doméstico de madeira nativa nas cidades é
derivada de apenas três espécies, nomeadamente Chanfuta, Umbila e Jambire. Assumindo este
valor percentual para todo o país, o consumo das três espécies foi estimado em um pouco mais de
352 mil m3/ano, valor que se encontra acima do CAA estimado por DNTF (2008) para as três
espécies (cerca de 200 mil m3/ano).
Mais de metade do volume de espécies comerciais exploradas corresponde a apenas três espécies
que incluem a Afzelia quanzensis (chanfuta), Pterocarpus angolensis (umbila) e Millettia
stuhlmannii (jambirre ou panga-panga) e 90% das exportações madeireiras para a China estão
restritas a apenas cinco espécies que incluem também a Combretum imberbe (mondzo) e Swartzia
madagascariensis (pau ferro) e as três acima arroladas. Com base nos dados aduaneiros de
importação e exportação, a taxa de exploração destas espécies excede mesmo o limite mais alto do
volume do corte anual admissível (CAA) de Moçambique (EIA, 2014).
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Zambézia apresenta um volume total de 138.2951 m3/ha e deste volume 3.9901 m3/ha concentram
- se nas classes de 5 a 10 cm, 7.4760 m3/ha nas classes de 10 a 15 cm, 10.6048 m3/ha nas classes
de 10 a 15 cm e os restantes distribuidos noutras classes. O volume comercial total nesta província
é de 56.8108 m3/ha, sendo a classe de 5 a 10 com o menor volume de 0.9901 m3/ha e 2.1168 m3/ha,
3.3561 m3/ha para classes de 10 a 15 cm e 15 a 20 cm. A espécie Pterocarpus angolensis (umbila)
pertencente a primeira classe apresenta uma percentagem de volume total de 7.1% maior que as
demais províncias. A província da Zambézia liderou em termos de CAA, com 948 526 m3/ano.
Esta cifra é resultado do seu elevado volume comercial disponivel por unidade de área associado
à sua extensa área produtiva. Embora a província da Zambézia tenha apresentado o maior CAA
quando consideradas todas espécies comerciais, desse CAA, apenas 10% é proveniente das
espécies preciosas e da primeira classe. Porém, embora com baixas percentagens de CAA de
espécies preciosas e da primeira classe, em termos absolutos a província da Zambézia é que teve
maior CAA das espécies preciosas e da primeira classe, com 97 340 m3/ano (Magalhães, 2018).
Segundo Magalhães (2018), Zambézia apresenta 2 638, 94 702 , 692 741, 150 082, 12 936 m3/ano
de CAA para espécies preciosas, da primeira classe, da segunda classe, da terceira classe e da
quarta classe respectivamente. A espécie Afzelia quanzensis (chanfuta) não se permite a
exploração, pois não possui CAA, a Pterocarpus angolensis (umbila) têm 32777 m3/ano de CAA
e Swartzia madagascariensis (pau ferro) têm 2204 m3/ano.
As florestas tropicais estão cada vez mais sofrendo pressão, uma vez que áreas extensas, muitas
vezes coincidem geograficamente com comunidades que dependem dos recursos florestais para a
sua subsistência e todas outras comunidades que dela tiram o maior proveito (Wunder, 2001). As
comunidades têm acesso aberto e informal aos recursos da floresta, sendo dificil a protecção contra
os interesses externos e tais interresses comprometem os beneficios das comunidades (Wunder,
2001).
A exploração dos recursos da floresta ao longo das últimas decadas tem vindo a causar a redução
da área das florestas (FAO, 2015), e isto acompanhado ao crescimento demográfico poderá ser
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
alarmante com os elevados índices de pobreza. A utilização das florestas é adicionada a vários
bens e serviços, podendo ser eles madeireiros ou não madeireiros, sendo os madeireiros os mais
apreciáveis devido ao seu conhecimento. Os produtos madeireiros podem ser diferenciados devido
a madeira, estacas e combustiveis lenhosos.
Zambézia é a primeira província que ainda detém um maior volume total e comercial (Magalhães,
2018) e isto constitui um indicador atractivo para as comunidades que dela dependem. As
necessidades da população em comunidades rurais dependem fundamentalmente das florestas. Em
Moçambique cerca de 80% da população vivem nas zonas rurais dependendo da agricultura e dos
recursos da floresta para a sua sobrevivência e esta dependência causa maior consumo destes
(FAO, 2007). Sendo assim a sua proibição torna-se impossivel visto que as vezes os recursos da
floresta são a única alternativa de vida destas comunidades (Nhancale, 2008).
O mangal é um berçário biológico marinho com elevada importância ecológica e com uma
diversidade de espécies, as quais promovem a sua variabilidade e adaptações ao meio ambiente.
Pela sua localização em estuários, rios e ao longo da orla costeira, desenvolve espécies adaptadas
a certos stresses causados pelas marés. O mangal produz raízes aéreas que se projectam acima do
substrato e da água de forma a absorver o oxigénio. Nestes ecossistemas podem crescer desde
árvores, arbustos, fetos e palmeiras que protejem o solo da acção erosiva e devastadora de
mudanças de tempo (Neves et al., 2005).
As florestas de mangal são únicas na sua riqueza e diversidade biológica e têm particularidade de
na mesma árvore albergar uma comunidade tipicamente terrestre e outra tipicamente marinha. Nas
copas vivem macacos, cobras e áves, e nas raízes podemos observar peixes, caranguejos, tartarugas
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
e manatins. As plantas de mangal estão adaptadas a viver em condições agressivas, onde outras
plantas acabariam por perecer – crescem em águas quentes, pobres em oxigénio e salgadas. A
adaptação mais evidente é o grande prolongamento das raízes, que se estendem acima da água –
denominados de pneumatóforos (Neves et al., 2005).
Os mangais representam um papel muito importante na economia das sociedades dos Trópicos a
milhares de anos, fornecendo grande variedade de bens e serviços, desde produção de madeira, a
suporte para pescaria comercial e de subsistência, aquacultura, produção de sal e controle de erosão
da linha de costa etc, e actualmente eles são mais utilizados como fonte de recreio e estudo. Pela
sua importância os mangais deveriam ficar mais protegidos do que nunca, mas sofrem pressão
devido a um aumento de construções e desenvolvimento geral da urbanização (Neves et al., 2005).
É de lei as comunidades locais usufruirem dos recursos florestais para a satisfação das suas
necessidades fundamentais, sendo assim estes beneficios que podem ser directos ou indirectos
deverão ser salvaguardos pelas entidades responsáveis na gestão das florestas. A medida que se
relaciona a intensidade de urbanização e o direito de uso dos recursos da floresta coloca em risco
certas acções, visto que no entorno das florestas o número de residentes está cada vez muito maior,
resultando na intensidade de extracção dos produtos florestais. As comunidades locais do distrito
de Inhassunge usam principalmente as estacas nas construções de suas casas e celeiros, e medidas
preventivas rápidas são requeridas para minimizar a degradação dos mangais.
Durante muitos anos a população da zona costeira da província da zambézia tem vindo a explorar
o mangal para diversos fins. Devido aos beneficios que eles oferecem, grande parte do mangal já
foi destruido e a perda se alastra pelo mundo (MICOA, 2005). As causas de tal perda são bem
notáveis tais como fabrico de carvão e construções.
Os mangais são sistemas globalmente ameaçados, sobretudo por formas de uso não sustentável e
as principais ameaças globais incluem expansão urbana, poluição e desmatamento para obtenção
de lenha e madeira. Nos países em desenvolvimento, a degradação dos mangais está intimamente
ligada à dependência das comunidades costeiras pelos recursos naturais (Bosire et al., 2016). De
acordo com Barbosa et al., (2001), as principais formas de uso dos mangais em Moçambique são:
o corte para obtenção de combustível lenhoso, madeira e estacas (para venda e consumo
doméstico); a construção de barcos, de vedações e de vários utensílios domésticos. As espécies de
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
mangal produtoras de madeira de 3ª classe são: Avicennia sp, Barringtonia recemosa, Bruguiera
gymnorhiza, Ceriops tagal, Heritiera littoralis e Rhyzophora mucronata (Decreto 70/2013, de 20
de Dezembro).
Os principais produtos madeireiros extraídos do mangal são a lenha, carvão, e estacas para
construção e mesas de secagem de peixe. A maior parte destes produtos é feita à base de árvores
relactivamente pequenas, que podem ser manuseadas sem ajuda de maquinaria. Amade (2008)
observou no Saco da Inhaca, que a preferência de corte de árvores de mangal era para árvores com
diâmetro máximo até 10 cm. Macamo et al., (2008), registaram em Miéze, que a classe de diâmetro
preferida para o corte era 5-10 cm, apesar de árvores com até 20 cm de diâmetro sofrerem a pressão
de corte. Sitoe et al., (2014), observaram que a maioria (>83%) dos cepos (indicadores de árvores
abatidas), tinha menos de 20 cm, sendo que 87% eram árvores de Avicennia marina (diâmetro 2.5–
5cm) e para árvores acima de 5 cm, as espécies preferidas eram de Rizhophora mucronata e
Ceriops tagal (representando um total de 65%).
Nicolau (2016), reportou que os tamanhos preferidos de corte estavam entre 8 e 16 cm sendo as
espécies preferidas Ceriops tagal, Rhizophora mucronata e Avicennia marina; e que uma
densidade média de corte de 225-395 árvores/ha de árvores cortadas no mangal foram encontradas.
As espécies de mangal são preferidas para estacas de construção devido à sua durabilidade ao
ataque de insectos e fungos xilófagos.
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
A LFFB defende que a legislação promova a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e que a
comunidade tenha acesso aos recursos da floresta para a sua subsistência. Moçambique figura na
lista dos países mais pobres do mundo, tal que em 2006, o país se encontrava na 168 posição no
ranking mundial (de um total de 177 países), enquanto que se encontra na 41ª posição ao nível do
continente Africano (de um total de 50 países) segundo o índice de desenvolvimento humano.
Sendo assim a proibição dos recursos florestais as comunidades como forma de reduzir a
pressão/desmatamento nas florestas não constitui uma opção.
A procura de material de construção precária excede 200 mil m3/ano. Nas zonas rurais, todo o
material de construção (estacas, capim, fibras para cordas) e os utensílios domésticos (cestos,
colheres, pilões, cadeiras, etc.) são obtidos das florestas locais. Deste material inclui-se o material
para a construção de curais para os animais domésticos e celeiros para a conservação de produtos
agrícolas, que são a base para a segurança alimentar e nutrição das populações rurais (República
de Moçambique, 2006). A participação e o controlo das comunidades locais são factores
importantes na gestão das florestas tanto para garantir legitimidade às políticas e acções do Estado,
como para garantir que sejam concebidas e executadas, para atender os interesses da população
(Johnstone et al., 2004; Sitoe et.al., 2007).
O valor das florestas é alargado para um conjunto de bens (produtos madeireiros e não madeireiros)
e serviços (turismo, protecção de biodiversidade, regulação do ciclo hidrológico, etc) e o maneio
florestal passa a englobar a administração das florestas para obtenção de múltiplos produtos,
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
preservação das suas funções (aspectos ambientais) e considerando os diferentes interesses dos
utilizadores primários para garantir uma gestão dos recursos que seja ambientalmente correcta,
economicamente viável e socialmente justa, isto é, o maneio florestal sustentável (Herrera, 2005).
Do texto precitado acima, as comunidades podem explorar a floresta, mas os problemas
relacionados a redução da cobertura serão cada vez mais notáveis devido a um elevado número de
habitantes no entorno das florestas. O crescimento familiar e a intensidade de urbanização causam
o desmatamento das florestas e a pobreza é o factor chave.
O crescimento populacional foi apontada por Geist e Lambin (2001) como umas das causas que
contribui para o desmatamento das florestas e estes multiplos factores dificultam a elaboração de
políticas para o maneio florestal. Como os processos de desmatamento diferem de um nível local
para um nível global, deverão ser avaliados as influencias de cada factor separadamente (Scrieciu,
2004).
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
3. METODOLOGIA
3.1. Descrição da área de estudo
3.1.1. Localização da área de estudo
A superfície do distrito é de 757 km2 e a sua população está estimada em 98 mil habitantes à data
de 1/7/2012. Com uma densidade populacional aproximada de 129,1 hab/km2, prevê-se que o
distrito em 2020 venha a atingir os 106 mil habitantes.
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
Devido à posição geográfica do Distrito, o acesso é feito por via fluvial, sendo as embarcações os
meios de transporte mais utilizados para o transporte de passageiros e carga, na ligação com a
Cidade de Quelimane.
O clima do distrito é do tipo tropical chuvoso de savana onde as precipitações médias anuais são
acima dos 800 mm, chegando na maioria dos casos a 1200 ou mesmo 1400 mm, concentrando-se
no período compreendido entre Novembro de um ano e finais de Março podendo localmente
estender-se até Maio. A evapotranspiração potêncial regista valores médios na ordem dos 1000 a
1400 mm e as temperaturas médias anuais variam de 24 a 26ºC, facto que possibilita e encoraja a
prática de agricultura de sequeiro. O distrito é constituído por uma ilha e é atravessado por vários
rios cujas águas possuem propriedades bastante favoráveis para a criação de salinas (MAE, 2014).
Compreende essencialmente a região de baixa altitude, (0-200 metros acima do nível médio do
mar), isto é, a faixa costeira. O panorama paisagístico da região é caracterizado por declives planos
e localmente quase planos. É caracterizado pela ocorrência de solos arenosos e de cobertura
arenosa, solos derivados de grés e ainda os solos derivados e evoluídos a partir da plataforma de
Mangás. Complementam estes agrupamentos de solos as deposições fluvio-marinhas e os aluviões
recentes dos principais rios e seus afluentes (MAE, 2014).
Os solos arenosos, em geral, são profundos a muito profundos, excessivamente bem drenados,
baixa capacidade de retenção de nutrientes e água. O potencial para agricultura irrigada está
limitado aos solos aluvionares, em particular aqueles de textura média a pesada. Estes solos são
profundos a muito profundos, ricos em matéria orgânica e apresentam ainda excelentes
capacidades de retenção de água e nutrientes, contudo, podem localmente ser ligeiramente salinos
e/ou sódicos. Os fluvio-marinhos ocorrem ao longo da linha costeira e nas planícies estuarinas
onde se desenvolvem os mangais, sendo solos profundos, a muito profundos, muito mal drenados,
salinos e sódicos (MAE, 2014).
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
A cobertura vegetal costeira do Distrito é rica em mangal que produz espécies vegetativas de
grande utilidade, tais como: mucandhara, invethe, namuthangira, utilizadas na construção de casas
e para extracção de combustível lenhoso, para além de ajudarem no combate à erosão e na
protecção contra ciclones. Pelo seu valor ambiental, o corte destas espécies não está autorizado,
havendo registo das mesmas estarem a ser utilizadas ilegalmente pelos habitantes locais (MAE,
2014).
A fauna está distribuída ao longo de todo o Distrito, sendo predominante nas margens dos rios,
onde se concentram diferentes tipos de espécies animais, tais como, changos, aves selvagens,
gazelas, macacos, raposas, manguços, répteis e javalis, com maior predominância no povoado de
Mirudune (na Localidade de Ilove) (MAE, 2014).
3.1.4. Infraestruturas
O Distrito possui uma rede viária não asfaltada com 101 km de extensão, sendo as seguintes as
principais vias: Recamba-Abreus (49 km) com 6 pontecas e 11 aquedutos; Gonhane-Bingagira (18
km) com 6 pontecas e 6 aquedutos; Mucupia-Chirimane (20 km) com 4 pontecas e 4 aquedutos; e
Mucupia-Bingagira (18 km) com 3 pontecas e 13 aquedutos. O Distrito é abrangido pelos serviços
de telefonia fixa e móvel, sendo o sinal da TVM captado a partir da antena de Quelimane (MAE,
2014).
Existem 175 fontes de água, das quais 100 operacionais e 75 avariadas, com uma cobertura de
água correspondente a 46%. Porém, a população da localidade de Ilove, no PA de Inhassunge, tem
que caminhar cerca de 25 km até à fonte de água mais próxima. O distrito está ligado à rede
nacional de energia eléctrica desde o ano de 2006, beneficiando um total de 132 consumidores e
abrangendo a sede do distrito e o Posto Administrativo de Gonhane. Funcionam, também, 30
geradores que abrangem algumas escolas e unidades sanitárias. O distrito possui 70 escolas (das
quais, 67 do ensino primário), e está servido por 7 unidades sanitárias, que possibilitam o acesso
progressivo da população aos serviços do Sistema Nacional de Saúde (MAE, 2014).
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Total de
%
Habitações
Próprias 95,8%
Alugadas 0,4%
Cedidas ou
2,6%
emprestadas
Outro regime 1,2%
Fonte: INE (2007).
A maioria (96%) das cerca de 26 mil habitações existentes no distrito são de propriedade própria.
O tipo de habitação dominante é a palhota (90%). A casa mista, que é um tipo de habitação que
combina materiais de construção duráveis e materiais de origem vegetal, representa 10% do parque
habitacional do distrito (MAE, 2014).
Tabela 2. Tipos de habitações
O distrito tem dois Postos Administrativos: Mucupia e Gonhane que, por sua vez, estão
subdivididos em 5 Localidades.
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
Mucupia
Mucupia - Sede
Chirimane
Ilove
Gonhane
Gonhane - Sede
Bingagira
Inhassunge é um dos distritos da Zambézia responsáveis pela produção de coco, sendo a Doença
de Amarelecimento Letal um problema na produção desta cultura de rendimento. Em alguns casos,
são aproveitados os troncos abatidos para o fabrico de madeira que, de certa maneira, constitui
uma fonte de receitas para as famílias. A lenha é a fonte de energia mais utilizada na confecção de
alimentos, seguida da casca de coco e do carvão (MAE, 2014).
A caça de gazelas e de áves marinhas são uma importante fonte de alimento neste distrito. O facto
do distrito de Inhassunge estar rodeado de inúmeras pequenas ilhas, não existe muita caça. Por esta
razão, a pesca é um importante suplemento dietético das famílias. Este distrito apresenta uma
redução no Índice de Incidência da Pobreza desde um nível de 70% em 1997 para 65% no ano de
2007. Este distrito é alvo de calamidades naturais que afectam profundamente a vida social e
económica da comunidade (MAE, 2014).
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Como desenho amostral foi usado uma amostragem não probabilística intencional, porque este
modelo de amostragem, a seleção dos elementos da população para compor a amostra depende em
parte do julgamento do pesquisador (Mattar, 1996). A aplicação deste desenho amostral na
selecção de casas garantiu que o pesquisador usasse o seu julgamento para selecionar os membros
da população dos agregados familiares que se mostraram disponíveis para fornecer informação e
que fossem boas fontes de informação precisa (Chiffman, 2000).
A unidade amostral foi formada de acordo com cada habitação/celeiro observado. As casas foram
o meio de quantificação dos materiais de construção, o que facilitou a medição de diámetro e altura
de cada uma das estacas e a área da habitação e celeiro. A quantificação do material seguiu o layout
da casa/celeiro. Foram observados no distrito um total de 15 casas e 15 celeiros, mas também 50
agregados familiares foram escolhidos para responder inquéritos sobre a utilização de recursos
florestais em construções. As unidades amostrais para a identificação das espécies foram as
mesmas, fazendo o uso das características externas da estaca, madeira ou pau.
O tamanho da amostra dos indivíduos a serem inquiridos para o levantamento de dados sobre a
utilização dos recursos florestais na construção foi determinado considerando uma população finita
e usando a fórmula que se segue descrita por Levine et al., (2000):
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
𝑁.𝑝̂.𝑞̂.(𝑧𝑎/2) 2
n꞊ 2 +(𝑁−1).𝑒 2
𝑝̂.𝑞̂.𝑧𝑎/2
Onde:
𝑧(𝑎/2) = Valor crítico que corresponde ao grau de confiança desejado (95%) (1.96).
𝑒 = Margem de erro/erro máximo de estimativa (5%).
p = Proporção populacional de indivíduos que pertence a categoria que estamos interessados em
estudar.
q = Proporção populacional de indivíduos que não pertence à categoria que estamos interessados
em estudar (q = 1 – p).
N = Tamanho da população dos agregados (26000 agregados).
Segundo Levine et al (2000), se os valores populacionais p e q não forem conhecidos pode-se
substituir por valores amostrais pˆ e qˆ por 50%.
Para caracterizar a população amostrada do distrito de Inhassunge fez o uso do método indirecto
(inquérito), onde visitou-se 50 agregados familiares das 5 localidades pertencentes a 2 postos
administrativos nomeadamente Mucupia e Gonhane e em seguida, agrupou-se os dados segundo
os chefes dos agregados familiares.
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
Onde:
V – volume em m3;
H – altura (m);
π – constante pi (3,14).
3.7. Identificação das espécies utilizadas pelas comunidades nas construções de habitações e
celeiros no distrito
A identificação das espécies utilizadas nas construções foi feita no momento que se contavam os
materiais, e consistiu na identificação com base em suas características externas.
A colecta de dados foi feita dentro das unidades amostrais estabelecidas no distrito de acordo com
a ficha de campo (anêxo I). Foram medidos todos os diâmetros das estacas utilizadas na construção
no centro de cada peça e estimadas as alturas de cada uma das peças.
De referir que a colecta de dados foi realizada tendo em conta dois métodos: Directo e Indirecto.
No método indirecto, fez-se um inquérito aos 50 chefes dos agregados pertencentes a cada uma
das 5 localidades, dentre as quais perguntas abertas e fechadas sobre a utilização dos recursos da
floresta para a construção e a identificação de espécies.
No método directo, fez-se a medição directa de indivíduos, contagem e agrupamento por espécie
e classe diamétrica de 3 casas e 3 celeiros de cada uma das 5 localidades.
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Os dados qualitativos foram analisados organizando-os numa planilha do pacote estatístico Excel
2013, onde foi feita a distribuição das frequências e possíveis comparações entre si.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Caracterização da população amostrada no distrito de Inhassunge
4.1.1. Sexo do chefe do agregado familiar e estado civil
O sexo do chefe do agregado mais dominante na população amostrada no distrito foi o masculino
com cerca de 80% e apenas 20% foram chefiados por chefes do sexo feminino.
Estado civil
Sexo do chefe Solteiro(a) Casado(a) Divorciado(a) Viúvo(a) Total
Masculino 7 28 3 2 40
Feminino 3 2 3 2 10
Total 10 30 6 4 50
O nível de escolaridade dos chefes do agregado familiar (Tabela 4) variou por localidades e por
género. De um modo geral 40% dos agregados familiares dos amostrados no distrito foram
chefiados por chefes de nível médio, 24% chefiados por chefes com nível básico, 14% com nível
elementar, 10% por chefes sem nível de escolaridade, 8% chefiados por chefes com nível superior
e por último apenas 4% chefiados por chefes com nível de bacharel. O nível de alfabetização dos
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chefes que frequentou pelo menos o nível elementar corresponde a 90% e esta correspondência
segundo o INE (2007), no que diz respeito a população do distrito cerca de 60% já frequentou a
escola, sendo assim o autor esta dentro dos intervalos aceites.
Dentro das localidades a percentagem dos chefes foi de 20% diferindo apenas por género, em que
a maioria dos chefes foi do sexo masculino perfazendo para todas as localidades observadas 80%
do total dos chefes dos agregados familiares. O posto administrativo de Mucupia que inclui as
localidades de Mucupia, Chirimane e Ilove foi o que apresentou um maior nível de alfabetização,
com 60% de toda população amostrada divididos em 46% para homens e 14% para mulheres. O
posto administrativo de Gonhane que inclui as localidades de Gonhane e Bingagira apresentou
uma taxa de alfabelização de 40% distribuidos em 34% para homens e 6% para mulheres. Estes
resultados vão de acordo com os do INE (2007), quando diz que 82.3% das mulheres e 36.3% dos
homens no PA de Mucupia é analfabeta e 87.8% das mulheres e 35.5% dos homens é analfabeta
no PA de Gonhane, apesar de pequenas diferenças na variação dos valores o autor ressalta que é
devido a actuação dos factores demográficos.
A tabela reflecte também que por mais que o nível de escolaridade possa influenciar o tipo de vida
de um agregado familiar, não é completamente linear, visto que os problemas sociais podem
comprometer uma vida estabilizada.
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A maior percentagem de chefes dos agregados (Tabela 5) encontrou - se nos agregados de tamanho
4 até 6 com cerca de 52%, seguida por agregados de 1 até 3 com 32%, 14% de tamanho 7 até 9 e
2% de tamanho maior ou igual a 10 agregados. Segundo o autor os resultados vão de acordo com
os obtidos pelo INE (2007), que obtiveram 51.9% para agregados de dimensão 3 até 5, 29.4% para
os de dimensão 1 até 2 e 18.6% para os de dimensão maior ou igual a 6. O autor deste trabalho
constata que por mais que a divisão por tamanhos dos agregados não seja a mesma estabelecida
pelo INE, se reagrupar os tamanhos dos agregados verifica-se que a diferença nas percentagens
não é tão significativa e compensa os de maior ou menor tamanho.
De toda população amostrada no distrito, cerca de 46% dos chefes do agregado familiar têm um
rendimento acima dos 5000 meticais, destes 30% vivem nas palhotas/casa precária, 10% em
apartamentos/moradia e apenas 6% vive em casas de madeira/zinco. Em seguida 26% dos chefes
dos agregados vivem com um rendimento até 1000 meticais, sendo destes 24% residindo em
palhotas/casa precária e apenas 2% nas casas de madeira/zinco. Para chefes que vivem com
rendimento de 3501 até 5000 ocupam apenas 14% do total dos chefes e destes 8% vive em
palhotas/casa precária e 6% em casas de madeira/zinco. 10% é ocupado por chefes que têm um
rendimento de 1001 até 2000 meticais sendo que todos residem em palhotas/casa precária e por
último chefes que têm um rendimento de 2001 até 3500 que ocupam 4%, sendo que todos residindo
em palhotas ou casa precária.
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Tabela 5. População por tamanho do agregados, tipos de habitações e rendimentos
Rendimento do agregado
Segundo INE (2004) o rendimento mensal dos agregados familiares é de cerca de 748 Meticais por agregado, sendo que 48% destes
usados principalmente em produtos alimentares, 22% em habitações, 7% transportes, 6% para vestuários e mobiliários, 0.7% educação,
1.2% saúde e 15.1% recreação e lazer.
4.1.4. Chefes dos agregados familiares por total de agregados e tipos de residências
A maioria da população amostrada no distrito de Inhassunge (Tabela 6) vive em casas
precárias/palhotas, isto é, cerca de 76% observados ao nível dos chefes do agregado das famílias,
sendo que apenas 10% foi das mulheres chefes dos agregados e os restantes 66% chefes homens.
Foi registado ainda que 14% preferiam casas de madeira/zinco e outros 10% residiam em
apartamentos/moradia. Do total dos agregados familiares a percentagem dos residentes em
palhotas/casa precária foi de 78.5%, seguida de casa de madeira/zinco com 13.08% e 8.4% para
os residentes em apartamentos/moradia. Dados do INE (2007), mostram que 89.8% do tipo
habitacional predominante no distrito de Inhassunge são as palhotas/casas precárias, seguida de
casa de madeira/zinco com 9.6% e apartamentos/moradia com 0.6%, porém estes resultados não
diferem pelos encontrados pelo autor em sua pesquisa, mas uma redução em 11.3% dos residentes
em palhotas, aumento em 3.48% nas casas de madeira/zinco e aumento em 7.8% nos
apartamentos/moradia constitui um bom indicador das melhorias do modo de vida das pessoas.
Foram encontrados 237 indivíduos pertencentes aos 50 agregados observados e destes 118 eram
do sexo masculino, outros 119 do sexo feminino. A maioria dos indivíduos pertencentes aos
agregados observados residiam em casas precárias (186 indivíduos), seguida de casas mistas (31
indivíduos) e apartamento/moradia (20 indivíduos).
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Tipos de residências
0% 10%
14%
76%
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100
80 100
60 80
40 60 66
20 628 6 8 14 404 448 6 000 20
0
Material utilizado
Masculino Feminino Total
Figura 3. População por material utilizado na construção de paredes e sexo do chefe do agregado
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Material
A figura 4, indica que qualquer material apresentado pode ser usado para um mesmo fim, sendo
assim a acessibilidade e a disponibilidade deles, além de factores como o rendimento dos
agregados são um dos impulsionantes da preferência de um em relação ao outro. O
capim/colmo/palmeira foi o que apresentou maior aderência em torno de 64%, seguida por chapa
de lusalite/zinco com 32% e por último a telha com 4% perfazendo 100% de todos os materiais
utilizados para cobertura. Estes resultados estão no padrão aceitável, pois aproximou-se aos
observados pelo INE (2007) que obteve 90,5% para capim ou outro material e chapas/telhas com
9,5%. Estes resultados de cobertura apresentam uma grande disparidade percentual, mas supõe-se
que o agrupamento em classes tenha influência nesta disparidade, porém esta não e a única razão
para haver esta diferença nos valores, é do facto de a tal percentagem não ser apenas de
capim/colmo/palmeiras.
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120
100
80
60
40
20 Masculino
0
Feminino
Total
Origem
Figura 5. População por origem dos materiais utilizados na construção e sexo do chefe do agregado
A figura 5, verifica a dependência dos locais mais comuns que a população do distrito de
Inhassunge obtem os materiais necessários para as suas construções. Nota-se que as maiores
percentagens são extraidas em ordem decrescente das florestas, mercados locais e mercados
externos com valores de 62%, 32% e 6% respectivamente. Se considerar o pressuposto que mais
de 70% da população da África subsaariana é rural, e que cerca de um quinto destas famílias
dependem das florestas directa ou indirectamente para necessidades básicas de habitações e
subsistência, então a maior quantidade dos materias é oriundo das florestas (Banco Mundial,
2004).
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2% 18% Diariamente
6% Semanalmennte
46% Mensalmente
28% Anualmente
Outra
A figura 6, deixou claro que cerca de 46% da população extrai da floresta os materiais para
construção anualmente, seguida por 28% que extrai mensalmente, 18% diariamente, 6%
semanalmente e apenas 2% outras frequências. A extracção dos materiais da floresta depende da
variedade dos seus derivados e produtos, sendo assim sabendo que as florestas desempenham um
papel fundamental no combate à pobreza rural, garantem a segurança alimentar e proporcionam às
pessoas meios de subsistência, o seu uso pelas comunidades que deles dependem têm uma
frequência periódica curta (Adam & Eltayeb, 2016).
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Figura 7. Factores que influenciam a utilização das florestas para a extracção de materiais de
construção
A figura 7 verifica os principais factores que influenciam o uso dos materiais florestais na
construção. O factor predominante é a pobreza/baixa renda com cerca de 68% da população,
seguida por acessibilidade dos recursos com 16% da população, 8% para rapidez na construção e
8% para outros factores. Segundo o Banco Mundial (2018), Zambézia é uma das províncias com
taxas elevadas de pobreza, sendo a maioria das pessoas concentradas nas zonas rurais pressionando
as florestas para a sua subsistência.
Estado da floresta
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Da (Tabela 7) as construções comunitárias ou rurais são as que mais utilizam os recursos florestais.
As estacas ou materiais necessários para levantar uma casa urbana variou em função da sua
dimensão e espécie. O desmatamento do mangal pelas comunidades colocou em risco todas
espécies locais, sendo assim é inevitável o seu uso. As populações amostradas no distrito de
Inhassunge vivem maioritariamente dependendo das espécies do mangal para construção bem
como lenha para cozinha e fabrico de carvão para actividades da sua vida. A quantidade total de
materiais/estacas utilizadas na construção variou por espécie e classes de tamanho, no entanto
assumindo as habitações como as unidades da amostra, para uma área de 108 m2 foram necessárias
3093 estacas/habitação. Da população de habitações amostradas no distrito de Inhassunge foram
despendidas das florestas cerca de 26149 estacas em construções.
A construção de celeiros foi mais precária que de habitações visto que na colocação das estacas há
necessidade de deixar um espaço livre de pelomenos 5 cm nas paredes para garantir uma devida
circulação de ar. Sendo assim para uma área de 12.25 m2 foram necessárias 105 estacas/celeiro.
Portanto de toda população de celeiros de áreas diferentes amostrada foram necessárias 1202
estacas diversas.
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
dos materiais de construção com 16966 estacas/ano, distribuidos em 16334 estacas/ano para
habitações e os restantes 632 estacas/ano para uso em celeiros. Já no Posto de Gonhane, o número
foi um pouco reduzido com 10385 estacas/ano distribuidos em 9815 estacas/ano para habitações e
570 estacas/ano para celeiros. Porém o consumo de estacas na construção de habitações e celeiros
perfaz um total de 27351 estacas/ano para a área amostrada no distrito.
Quantidade
Área da Quantidade total
Nr de casa Área do total para
Localidades Habitação para habitação
ou celeiro celeiro (m2) celeiro
(m2) (estacas/habitação)
(estacas/celeiro)
1 108 3093 7.2 59
Mucupia 2 64.74 2592 9 85
3 35 985 2.25 40
4 108 2627 6.25 72
Chirimane 5 30 1067 4 52
6 76.5 2578 6 75
7 75.39 2204 5.25 75
Ilove 8 27.5 549 7.5 79
9 16 639 9.75 95
10 25 796 12.25 105
Gonhane 11 47.4 1358 10 87
12 94.99 2454 12 77
13 63 2114 8.75 91
Bingagira 14 36 987 10.89 102
15 72 2106 10.5 108
Total 879.52 26149 121.59 1202
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
A tabela 8, mostra que existe uma grande variação de volumes por área habitacional, ou seja, para
uma mesma área construida em lugares diferentes houve uma alteração de volume. Os volumes
para construção de habitações foram muito maiores (109.01 m3) em relação aos volumes
requeridos em celeiros (22.14 m3). Foi observado um maior volume na localidade de Chirimane
com 11,64 m3/habitação e o menor na localidade de Ilove com 2,65 m3/habitação. A população
dos agregados observados, tirou em média 7,27 m3 para as construções de habitações por ano e
1,48 m3 para celeiros. Segundo Magalhães (2018), Zambézia é uma das províncias com maior
volume total por unidade de área com 138 m3/ha e maior CAA com 948 526 m3/ano, um valor
requerido quando comparado com o que a população precisa 131.14 m3.
Nr de Área da Área do
Volume Volume
Localidades casa ou Habitação 3 celeiro 3
(m /habitação) (m /celeiro)
celeiro (m2) (m2)
1 108 10.96 7.2 1.12
Mucupia 2 64.74 7.83 9 1.52
3 35 6.42 2.25 0.99
4 108 9.32 6.25 1.34
Chirimane 5 30 4.55 4 0.89
6 76.5 11.64 6 1.53
7 75.39 9.68 5.25 1.46
Ilove 8 27.5 2.95 7.5 1.42
9 16 2.65 9.75 1.82
10 25 4.09 12.25 1.79
Gonhane 11 47.4 6.87 10 1.54
12 94.99 10.80 12 1.48
13 63 7.94 8.75 1.69
Bingagira 14 36 5.53 10.89 1.72
15 72 7.78 10.5 1.82
Total 879.52 109.01 121.59 22.14
Da população amostrada, o posto de Mucupia foi o que apresentou maior volume com cerca de
78.10 m3, seguido do posto de Gonhane com 53.05 m3. O volume total foi de 131.14 m3 e deste
volume 109.01 m3 foi observada em habitações e 22.14 m3 em celeiros.
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
Portanto para classes um pouco maiores, mas inferiores ao DAP requerido pelos exploradores
concessionais, a exploração pelas comunidades nas classes de 7 a 13 cm é baixa quando comparado
a classes de 1 a 7, apesar da riqueza não ser a mesma. A quantidade total para as espécies Swartzia
madagascariensis, Pterocarpus angolensis, Afzelia quanzensis e Cocos nucifera está em cerca de
1613 estacas. A classe diamétrica de 13 a 19 cm é muito pouco explorada, somente exploram
habitações com um topo no centro, mas um total de 10 estacas foram encontrados nas unidades
amostrais.
Tabela 9. Distribuição da quantidade de estacas por espécie e classe diamétrica para habitações
A quantidade de material para a construção de celeiros (Tabela 10) é geralmente menor por causa
da estrutura que é usada, muito simples e precária. Os celeiros das comunidades de Inhassunge são
feitos das mesmas espécies utilizadas na construção de habitações, diferindo apenas em que na
construção de celeiros a quantidade de estacas diminui mais da metade, além do facto que algumas
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
Porém para ambos os casos tanto para a construção de habitações como para de celeiros a
Avicennia marina é uma espécie muito sobreutilizada para a construção com 639 estacas na classe
não estabelecida de 1 a 7 cm de diâmetro, seguido de Bambusa tuldoides com 70 e Swartzia
madagascariensis com 17 estacas. Na classe de 7 a 13 há uma distribuição quase igual de todas
espécies utilizadas excepto a Avicennia marina que somente é explorada na classe de 1 a 7 cm.
Segundo Magalhães (2018) no IV inventário florestal algumas espécies como umbila, chanfuta,
pau-ferro e várias outras muito demandadas o seu corte anual admissivel reduziu substancialmente
e sendo assim a comunidade totalmente dependente destas espécies deverão procurar outras
alternativas para as construções rurais. Sendo assim, a prova disto é que na Zambézia certas
espécies secundarizadas começaram a ter uma grande apreciação por parte dos exploradores
(Cuambe, 2005). Magalhães (2018), também diz que na Zambézia a espécie Swartzia
madagascariensis sofreu um declínio de 81% no CAA, dificultando a procura desta espécie.
As espécies que já alcançaram o DMC para chanfuta, umbila e pau-ferro não é muito grande, e
supõe que pode ter sido o resultado de sobreexploração pelas comunidades, porém o pau-ferro,
uma espécie actualmente em defeso especial tem uma comparticipação menor no CAA das
espécies da primeira classe (Magalhães, 2018).
Tabela 10. Distribuição da quantidade por espécie e classe diamétrica para celeiros
Classes diamétricas
(cm)
Nome científico [1-----7[ [7-----13[ Total
Bambusa tuldoides 70 277 347
Avicennia marina 639 0 639
Swartzia madagascariensis 17 120 137
Pterocarpus angolensis 0 63 63
Eucalyptus sp 0 16 16
Total 726 476 1202
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
A tabela 11 indica que em média 7.27 m3 de volume foi utilizado em construções de habitações,
porém o volume mínimo explorado foi de 2.65 m3 e o volume máximo foi de 11.64 m3, o erro
padrão foi de 0.75 m3, o desvio padrão foi de 2.90, a variância foi de 8.41 (m3 )2 e a mediana foi
de 7.78 m3, estes valores foram altos em relação aos volumes requeridos por celeiros que
apresentou uma média de 1.48 m3, erro padrão de 0.075 m3, mediana de 1.52 m3, desvio padrão de
0.29, variância de 0.084 (m3 )2, e um valor mínimo e máximo de 0.89 m3 e 1.82 m3 respectivamente.
Dos resultados apresentados acima vários autores deduzem que a situação das contruções nas
zonas rurais está se agravando cada vez mais, visto que quantidades maiores estão sendo requeridas
pelas comunidades, assim sendo pelo simples facto de Zambézia ter uma população de cerca de
2.891.809 habitantes (22% da população total do País), e atendendo e considerando que o maior
número de habitantes concentra-se nas zonas costeiras em redor da Cidade de Quelimane e nos
distritos de Inhassunge, Namacurra e Nicoadala e cerca de noventa e três por cento (93%) da
população pertencer a zona rural (INE, 1997), a exploração para a subsistência nas florestas de
mangal designado de Errecamba e as florestas comunitárias serão cada vez mais pressionadas em
requerimento das maiores necessidades de construção de habitações e celeiros para cada uma das
famílias, além da produção de carvão.
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A determinação da quantidade de materiais de construção (habitações e celeiros) utilizados pelas comunidades no distrito de Inhassunge.
desmatamento das florestas um facto e não uma hipótese, pois com o crescimento urbano que se
assiste, as comunidades irão precisar de mais suporte florestal.
Tabela 11. Parâmetros estatísticos para área, volume e quantidade da população amostrada
Variáveis
Parâmetros Área (m2) Volume (m3) Quantidade (estacas)
estatísticos Habitações Celeiros Habitações Celeiros Habitações Celeiros
Média 58.63 8.11 7.27 1.48 1743.27 80.13
Erro padrão 7.86 0.76 0.75 0.075 221.49 5.0056
Mediana 63 8.75 7.78 1.52 2106 79
Desvio padrão 30.43 2.95 2.90 0.29 857.82 19.39
Variância 926.11 8.69 8.41 0.084 735856.78 375.84
Mínimo 16 2.25 2.65 0.89 549 40
Máximo 108 12.25 11.64 1.82 3093 108
A tabela 12 ilustra que são várias as espécies que as comunidades da vila de Inhassunge exploram
para a satisfação das suas necessidades de subsistência, tais como construção de habitações e
celeiros, combustíveis para a confecção de alimentos (lenha e produção de carvão), sendo assim
as florestas de mangal de Inhassunge, foram as que sofrem pressão pelas comunidades. As
principais espécies utilizadas para a construção de habitações e celeiros são: Swartzia
madagascariensis, Avicennia marina, Afzelia quanzensis, Pterocarpus angolensis, Cocos
nucifera, Bambusa tuldoides, e Eucalyptus sp, porém destas as primeiras seis foram utilizadas
predominantemente na construção de habitações e todas excepto o Cocos nucifera foram utilizadas
na construção de celeiros. Além dos usos que as tais espécies assumem, foi apresentado apenas
os usos da comunidade da vila de Inhassunge.
As espécies de mangal possuem cada uma suas especificidades e usos, isto é, enquanto umas são
utilizadas na construção, outras são preferidas para produção de carvão vegetal. Sendo assim várias
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Nr da Nome
Nome científico Família Subfamília Usos
espécie comum
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5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. CONCLUSÕES
A população amostrada foi maioritariamente liderada por chefes do sexo masculino com
nível médio de escolaridade, pessoas casadas e com um rendimento abaixo de 5000
Mt/mês. A maioria dos agregados vivem em palhotas cobertas por capim e utilizam
predominantemente estacas para a construção de paredes. Pela dependência dos recursos
florestais para a sua subsistência, a comunidade do distrito retira anualmente a maior
percentagem dos recursos para construção nas florestas, sendo a pobreza o principal factor.
Portanto as florestas deste distrito encontram-se degradadas.
Para a construção de habitações e celeiros a quantidade de materiais ou estacas variou
dependendo da arquitectura da casa. Portanto foram necessárias 3093 estacas para
construção de uma habitação de 108 m2 e 105 estacas para construção de um celeiro com
uma área de 12.25 m2. Das observações amostradas, o PA de Mucupia foi o que apresentou
maior consumo com 16966 estacas, sendo 16334 estacas aplicadas em habitações e 632
estacas em celeiros. No PA de Gonhane, 10385 estacas foram usadas e destas 9815 estacas
foram usadas em construções de habitações e 570 estacas em celeiros.
O volume das estacas utilizadas nas construções foi de 78.10 m3 no PA de Mucupia e 53.05
m3 no PA de Gonhane, totalizando 131.14 m3 em toda população amostrada. 65.99 m3 deste
volume foi utilizado para construção de habitações no PA de Mucupia e 12.10 m3 em
celeiros. No PA de Gonhane 43.01 m3 foi utilizado em habitações e 10.03 m3 em celeiros.
As espécies utilizadas pelas comunidades na construção de habitações e celeiros na
população amostrada no distrito de Inhassunge foram: Swartzia madagascariensis,
Avicennia marina, Afzelia quanzensis, Pterocarpus angolensis, Cocos nucifera, Bambusa
tuldoides e Eucalyptus sp.
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5.2. RECOMENDAÇÕES
Recomenda-se que:
6. LIMITAÇÕES
Não observância de todas as unidades amostrais do distrito, visto que o mesmo possui uma
maior extensão, o que seria necessário um maior orçamento;
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8. ANÊXOS
8.1. Anêxo 1: Ficha de campo
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Inquérito para o levantamento de dados sobre a utilização dos materiais vegetais (estacas) em
construções das comunidades rurais no Distrito de Inhassunge).
A. Dados gerais
Nome do inquiridor: …………………………… No do inquérito: …………………….
Localidade: ………………..
Nível de escolaridade
o
N do
Idade Sexo Sem Elementar Básico Médio Bacharel Superior
agregado
nível
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Apartamento/moradia ( )
Outras ………………………
Blocos de cimento/tijolos ( )
Madeira/zinco ( )
Blocos de adobe ( )
Caniço/bambu/palmeiras ( )
Paus/estacas ( )
Outros …………………………
Telha ( )
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Chapa de lusalite/zinco ( )
Capim/colmo/palmeira ( )
Outros …………………………..
Retirados da floresta ( )
Mercados locais ( )
……………………………………………………………………………………..
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Outra: ……………………………………
6. Pontos de vista dos inquiridos a cerca da utilização dos recursos florestais na construção pelas
comunidades rurais…………………………………………………….
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