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Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal

Departamento de Engenharia Florestal


Licenciatura em Engenharia Florestal

PROJECTO FINAL

Potenciais usos de resíduos gerados pelas serrações e carpintarias:

Estudo de caso nas cidades de Maputo e Matola

Autor:
Jaime Zunga Chirassicua

Supervisor:
Doutor Narciso F. Bila, Eng.

Maputo, Dezembro de 2023


FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL

LICENCIATURA EM ENGENHARIA FLORESTAL

Potenciais usos de resíduos gerados pelas serrações e carpintarias:

Estudo de caso nas cidades de Maputo e Matola

Projecto final apresentado à Faculdade de Agronomia e


Engenharia Florestal, da Universidade Eduardo Mondlane,
como parte das exigências para obtenção do Grau de
Licenciado em Engenharia Florestal.

Autor: Jaime Zunga Chirassicua

Supervisor: Doutor Narciso F. Bila, Eng.

Maputo, Dezembro de 2023


DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Jaime Zunga Chirassicua, declaro que este projecto final com o tema “Potenciais usos de
resíduos gerados pelas serrações e carpintarias: Estudo de caso nas cidades de Maputo e
Matola” nunca foi apresentada para obtenção de qualquer grau académico em nenhuma instituição
ou num outro âmbito, e que a mesma é fruto de uma pesquisa individual conduzida por mim, com
a orientação do meu supervisor, Doutor Eng. Narciso F. Bila.

Declaro ainda que o conteúdo apresentado é original e que as fontes de informação usadas e
consultadas estão devidamente mencionadas no texto e na Bibliografia do trabalho.

Maputo, Dezembro de 2023

______________________________________

(Jaime Zunga Chirassicua)

Por ser verdade, Confirmo que este trabalho foi realizado pelo candidato sob minha supervisão,
Doutor Narciso F. Bila, do Departamento de Engenharia Florestal, Faculdade de Agronomia e
Engenharia Florestal, Universidade Eduardo Mondlane.

Maputo, Dezembro de 2023

______________________________________

(Doutor Narciso F. Bila, Eng.)


DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Zunga R. Chirassicua e Gilda Tangune.

À minha prima Jéssica Sérgio Velez e aos meus irmãos Elídio Tangune, Virgínia Zunga
Chirassicua, Alfredo Tangune, Joisse Zunga Chirassicua e Jéssica Zunga Chirassicua, que sigam
o exemplo e que este trabalho sirva de inspiração para trajectória académica deles.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus pelo dom da vida, saúde e pela renovação de forças em
diversos momentos ao longo dessa caminhada.

Ao meu supervisor, Doutor Eng. Narciso F. Bila pela oportunidade cedida para a realização do
presente trabalho, pelos valiosos ensinamentos e sábias orientações, pronta disponibilidade,
conhecimentos transmitidos, compreensibilidade e apoio dado durante todo o desenvolvimento
deste trabalho.

Aos docentes do departamento de engenharia florestal da FAEF, Professor Dr. Mário P. Falcão,
Professor Dr. Andrade F. Egas, Mestre Sá Nogueira Lisboa, Mestre Eunice C. Sitoe, Professor Dr.
Valério Macandza, Enga Amélia D. Muchanga, Professora Dra. Natasha S. Ribeiro, Mestre Jaime
V. Nhamirre, Professor Dr. Almeida A. Sitoe e Mestre Jone F. Júnior, pelos conhecimentos
transmitidos durante a minha formação.

Aos meus pais, Zunga R. Chirassicua e Gilda Tangune, pelos ensinamentos, suporte, educação e
apoio incondicional dado durante todos anos da minha vida.

Às minhas tias Catarina Tangune e Rita José A. Mazia por acreditarem e pelo apoio incondicional
dado durante toda frequência do curso mesmo diante de muitas adversidades.

Aos meus primos Jaime F. Chirassicua e Abias Castigo Chirassicua pelo apoio moral e incentivos
dados na frequência do curso.

À minha tia Josefina Mutimba e ao meu tio Manuel Mutondo e sua esposa Mariana Augusto pela
recepção e acolhimento na cidade de Maputo.

Aos Five star, nomeadamente Edmo Elias Vasco, Sharon Luís, Lucelyne Manjama e em especial a
Zelma Júlio Santos por incentivo na escolha do curso e pelo aconselhamento para não desistir no
momento mais difícil.

Aos meus colegas (Irmãos de casa) Kelven P. Sozinho e Milton E. da Joana pelo companheirismo
nos bons e momentos mais difíceis durante a minha formação.
Aos meus amigos Albino Kimbine, Francisco Coimbra, Tomás Titos, Lúcia Comé, Elton
Muchiua, Luís M. Manhanga, Josué Victor, Taimo E. Taimo, João Adamo, Abdala Tomé, Chime
Assane, Pessoal da Luffy Gang (Alquércio Palate, Adérito Nahija, Ivan Tembo) e em especial à
Ester João Machava por tornarem essa caminhada mais leve e pelos vários momentos
inesquecíveis e de descontracção vividos.

Sinceros agradecimentos aos meus companheiros e colegas Abdala de Fátima Tomé, Filomena
Massolonga, Isolino Fondo, Paiva Luís Paiva, Kelven Sozinho, Francisco Coimbra e Albino
Kimbine pela ajuda na recolha de dados nas serrações e carpintarias.

Aos colaboradores das serrações e carpintarias das cidades de Maputo e Matola visitadas, pelo
carinho, e por tornar, minha estadia nos locais mais agradável, em especial aos Senhores João
Olímpio Camacho e Orlando (da SECAMA), António Simone Matusse e Augusto (FERSOL),
Horácio Ernesto Tchaúque (Fábrica de móveis simbine), Salvão (Carpintaria e Marcenaria Norte)
e Jaime Lissai Maunza (Carpintaria Maunza).

Aos meus colegas Hercílio Macamo, Alberto Chambela, Cátia Bié, Leia Sara, Telma Chambule,
Séfora Bambo, Márcia Zaqueu, Ramadan Amade e a toda turma de Engenharia Florestal-2018
pela companhia, críticas, conselhos durante os anos de formação.

O meu agradecimento também é extensivo a todos que de forma directa ou indirecta fizeram com
que a realização deste trabalho fosse possível. A todos, Endereço meu muito obrigado.

6
RESUMO

As indústrias de base florestal apresentam baixo rendimento volumétrico e geram grande


quantidade de resíduos, especialmente as indústrias de transformação primária. O presente
trabalho teve como objectivo caracterizar os resíduos madeireiros produzido pelas serrações e
carpintarias a nível de Maputo e Matola e propor acções potencializadoras para o seu melhor
aproveitamento de modo que agregue mais valor a madeira.

No trabalho são apresentados o diagnóstico da geração e aproveitamento dos resíduos madeireiros


pelos gestores da indústria madeireira a nível de Maputo e Matola. As análises foram feitas sobre
as espécies madeireiras mais usadas, principais resíduos gerados pela indústria madeireira bem
como o destino que estes são dados. Foram visitadas no âmbito deste estudo 21 empresas (sendo 7
serrações e 14 carpintarias) para obtenção dos dados que foi colhido por intermédio de
questionário na forma de entrevista semi-estruturada e ficha de campo. Como principais resultados
verificou-se que quanto as espécies mais processadas nas serrações e carpintarias nas duas cidades
há grande predomínio das espécies nativas Umbila (Pterocarpus angolensis DC.), Chanfuta
(Afzelia quanzensis Welw.) e Jambirre (Millettia stuhlmannii Taub.) e que as mesmas registam
maior procura no mercado madeireiro, e no processamento das mesmas gera-se resíduos do tipo
serradura, costaneira, cascas,lascas,aparas e pequenos pedaços de madeira. Esses resíduos têm
como destino principais a venda, doação e descarte. O estudo conclui que os resíduos madeireiros
gerados nas serrações e carpintarias além dos usos pelo qual comummente tem sido empregues
(cama para aviários, substrato para solo e combustível lenhoso), existem potenciais usos que
agregam valor à madeira que é o emprego em produtos com base no resíduo de madeira
consumidos por sector moveleiro e agrícola, como fabrico de painéis de partículas, painel EGP,
produção de briquets e pellets, uso na compostagem e na produção de utensílios ou diversos
artefactos de madeira.

Palavras-chaves: Resíduos de madeira, Indústria madeireira, rendimento e processamento da


madeira.
ÍNDICE

Índice de figuras .............................................................................................................................. 10

Índice de tabelas .............................................................................................................................. 11

Índice de anexos .............................................................................................................................. 11

Lista de abreviaturas........................................................................................................................ 12

1. Introdução .............................................................................................................................. 13

1.2. Problema de estudo e Justificação. ........................................................................................ 14

1.3. Objectivos .............................................................................................................................. 15

2. Revisão Bibliográfica ............................................................................................................ 16

2.1. Situação actual do sector florestal em Moçambique ............................................................. 16

2.2. Indústria Madeireira em Moçambique .................................................................................. 17

2.3. Serrações e sua classificação ................................................................................................. 18

2.4. Carpintaria e sua subdivisão .................................................................................................. 19

2.5. Rendimento volumétrico no processamento da madeira ....................................................... 20

2.5.1. Factores que afectam o rendimento volumétrico ............................................................... 21

2.6. Resíduos de madeira .............................................................................................................. 25

3. Materiais e métodos ............................................................................................................... 28

3.1. Materiais ................................................................................................................................ 28

3.2. Métodos ................................................................................................................................. 28

3.3. Recolha de dados ................................................................................................................... 30

3.3.1. Determinação do volume de toros (Cubicagem) ............................................................... 32

3.3.2. Determinação do volume de madeira processada .............................................................. 33

4.2. Tipos de resíduos gerados ..................................................................................................... 38

4.3. Usos de resíduos ou produtos à base de resíduos madeireiros .............................................. 42

4.4. Destino dado aos resíduos gerados ........................................................................................ 44


4.5. Volume de resíduos gerados e Rendimento volumétrico ...................................................... 47

4.6. Propostas de aproveitamento de resíduos madeireiros que agregue mais valor a madeira. .. 50

5. Conclusão e recomendações .................................................................................................. 55

5.1. Conclusão .............................................................................................................................. 55

5.2. Recomendações: .................................................................................................................... 56

6. Referências bibliográficas ..................................................................................................... 57

Anexos ............................................................................................................................................. 65

9
Índice de figuras
Figura 1: Localização da cidade de Maputo (Fonte: O autor, 2023)............................................... 29

Figura 2: Localização da cidade da Matola (Fonte: O autor, 2023) ................................................ 29

Figura 3: Mapa de localização dos pontos de colecta de dados na área de estudo. (Fonte: O autor,
2023)................................................................................................................................................ 31

Figura 4: Esquema de cubicagem de toro ....................................................................................... 33

Figura 5: Espécies madeireiras mais processadas pelas serrações e carpintarias. .......................... 36

Figura 6: Resíduos gerados em serrações de acordo com os gestores inquiridos (as percentagens
apresentadas correspondem a resposta dadas pelos gestores em relação aos tipos de resíduos
produzidos). ..................................................................................................................................... 38

Figura 7 – Serradura armazenada em sacos e serradura amontoado ao ar livre em uma serração


(Fonte: O autor, 2023). .................................................................................................................... 39

Figura 10: Resíduos gerados em carpintarias de acordo com os gestores das empresas (as
percentagens apresentadas são provenientes das respostas obtidas dos gestores das carpintarias em
relação aos tipos de resíduos produzidos). ...................................................................................... 40

Figura 14. Destino dado aos resíduos madeireiros gerados nas serrações e carpintarias................ 44

Figura 15: K- Briquetes; L- Pellets (Fontes: woodfirst.pt e packpine-madeiras.negocio.site) ....... 52

Figura 16: Alternativas para agregação de valor de costaneiras e aparas (M- Painel colado na
lateral; N- Móvel de decoração). (Fontes:natural-resources.canada.ca e cavalus.com.br) ............. 54
Índice de tabelas

Tabela 1. Materiais utilizados no estudo ......................................................................................... 28

Tabela 2: Números de toros acompanhados em cada serração e sua variação em termos de


diâmetros por espécie. ..................................................................................................................... 32

Tabela 3. Tipo de resíduo gerado em cada equipamento utilizado nas carpintarias no geral ......... 41

Tabela 4. Volume de toros, Tábuas-não-alinhadas e resíduos produzidos. .................................... 47

Tabela 5. Rendimento volumétrico. ................................................................................................ 48

Índice de anexos
Anexo 1- Questionário submetido aos gestores das serrações e carpintarias durante as entrevistas.
......................................................................................................................................................... 66

Anexo 2- Ficha de registo de dados no campo................................................................................ 69

Anexo 3-Serrações e carpintarias abrangidas pelo presente estudo. ............................................... 70

Anexo 4 - Maquinaria comum encontrada nas serrações e carpintarias da Cidade de Maputo e


Matola.............................................................................................................................................. 71
Lista de abreviaturas

SPFFB – Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia

Mt – Metical

Kg – Quilogramas

m3 – Metros cúbicos

PIB – Produto interno bruto

m3/ha - Metros cúbicos por hectares

DMC – Diâmetro mínimo de corte

% - Percentagem

FNDS – Fundo nacional de desenvolvimento sustentável

INE – Instituto nacional de estatísticas

EGP – Edged glued panels (Painel de colagem lateral)

MDF – Medium Density Fiberboard

MDP – Medium Density Particleboard

RV - Rendimento volumétrico na conversão mecânica da madeira


1. Introdução

Em Moçambique a indústria madeireira é formada basicamente por serrações e carpintarias, que


são caracterizados como sendo indústrias obsoletas e ineficiente (Afonso, 2019).

Ainda de acordo com o mesmo autor, a maioria destas unidades da indústria florestal nacional,
apresentam limitada capacidade técnica, operacional e de gestão, baixa qualidade do produto final
e sobretudo baixo nível de rendimento e do aproveitamento dos resíduos.

Segundo CEAGRE (2020), em média estima-se uma proporção de 2:1 a 3:1 de madeira em toros
para madeira serrada, com um nível de desperdício de até 60%, quando se pretende produzir
madeira limpa de primeira classe.

Com um rendimento operacional bastante baixo, o volume de resíduos madeireiros gerados pela
indústria madeireira é bastante elevado no país, chegando a situar-se em cerca de 70 %, o que de
certa forma cria dificuldades para a sustentabilidade dessas indústrias aliados à inúmeros
problemas sócio-ambientais, como por exemplo o acúmulo de resíduos em locais impróprios,
entre outros (Ramos et al., 2017).

Os resíduos de madeira são derivados de diversos processos industriais desde indústrias primárias
(serrações) e secundárias (carpintarias), que geram resíduos como casca, costaneiras, pequenos
pedaços de madeira oriundos da canteagem, destopo e serradura (Pierre et al., 2014). De acordo
com Donato e Takenaka (2016), a indústria madeireira tem a característica de gerar grandes
volumes de resíduos no processo de beneficiamento de madeira, em que o toro é processado e
transformado em peças serradas, com acabamento e dimensões pré-estabelecidos.
Por sua vez, Ogunwusi (2014) afirma que, a maioria das unidades de processamento da madeira
normalmente não possuem instalações para integração dos resíduos gerados durante o processo
produtivo, e que muitos gestores de empresas madeireiras consideram os resíduos de madeira
como um subproduto problemático, adequado apenas para produção doméstica de energia.
Segundo CEAGRE (2020), a indústria madeireira ainda se mostra incapaz de fazer o uso de
madeira de espécies secundarizadas, de produzir produtos mais baratos, através do aproveitamento
e valorização da madeira de segunda e terceira classes, e de reduzir o volume de desperdícios e
aumentar o aproveitamento das espécies madeireiras existente nas florestas nacionais.

13
1.2. Problema de estudo e Justificação.
A indústria madeireira moçambicana é composta maioritariamente por serrações de pequeno
porte, pouco desenvolvidas ao nível tecnológico, onde algumas delas operam de forma mista com
carpintarias para produção de diversos móveis e esquadrias. Contudo, essas unidades de
processamento têm tido baixos rendimentos (como relatado anteriormente), geralmente devido
entre outras causas à maquinaria obsoleta, operações manuais ou semi-mecanizadas,deficiente
manutenção das máquinas e qualidade de mão-de-obra (Mogeia et al., 2016). Esses factores têm
ocasionado a produção de grandes volumes de desperdícios (resíduos) de madeira que quando são
mal gerenciados, reduzem a lucratividade, prejudicando a competitividade das empresas do sector
madeireiro (Nolasco e Uliana, 2014).

De acordo com Juízo (2015), a forma de minimizar e reduzir os danos que os resíduos podem
causar é com sua reutilização, podendo ser utilizados na própria indústria ou revendidos para
terceiros, onde serão sujeitos à uma nova transformação física com a finalidade de agregar valor a
madeira e incremento do lucro, passando de resíduo para matéria-prima de uma nova linha de
produção. A maioria das serrações e carpintarias em Moçambique, simplesmente não dá
importância para seus resíduos, muitas vezes doam ou cobram uma pequena taxa para quem queira
levar. Por conta disso, o presente estudo buscará responder as seguintes principais perguntas:

 Será que os gestores das empresas das indústrias de processamento de madeira têm alguma
estratégia para agregar valor aos resíduos?
 De que forma podem os gestores das empresas madeireiras reutilizar os resíduos e qual
maquinaria seria necessária?

A resposta destas perguntas de estudo e dos objectivos específicos, irão permitir a recomendação
da destinação mais adequada dos resíduos de madeira gerados em processos produtivos
industriais, de modo a contribuir para redução da pressão sobre as florestas e garantir a
sustentabilidade das indústrias madeireiras moçambicanas.

14
1.3. Objectivos
1.3.1. Geral
 Caracterizar os resíduos gerados nas serrações e carpintarias nas cidades de
Maputo e Matola
1.3.2. Específicos
 Identificar as espécies de madeira mais usadas nas serrações/carpintarias
 Identificar os tipos de resíduos comuns gerados nas serrações e carpintarias
 Descrever o destino dado aos resíduos gerados pelas serrações e carpintarias
 Determinar o rendimento volumétrico na conversão de toros em tábuas não-
alinhadas nas serrações
 Propor melhor (es) alternativa (s) de aproveitamento dos resíduos gerados no
processo produtivo nas serrações e carpintarias que agregue mais valor a madeira.

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2. Revisão Bibliográfica

2.1. Situação actual do sector florestal em Moçambique


As florestas em Moçambique desempenham um papel fundamental na economia nacional e local,
O sector florestal contribui em cerca de 4% no PIB, sem contar os diversos serviços e bens
utilizados directamente pelas comunidades locais ( como alimento, energia, medicamentos,
materiais de construção e mobiliário ). (FNDS, 2017).

As florestas moçambicanas fornecem também serviços de valor local e global nomeadamente, a


regulação do clima através da captura e armazenamento do carbono, protecção das bacias
hidrográficas através do controle da erosão do solo, garantia do fluxo normal da água dos rios
mantendo a qualidade (florestas ribeirinhas), serve de habitat para algumas espécies importantes a
nível global, como alguns grandes mamíferos e espécies endémicas únicas, como o camaleão-
pigmeu da Gorongosa e o esquilo-do-mato de Vincent. (Aquino et al., 2018).

Não obstante, as florestas moçambicanas (Miombo, Mopane e Mecrusse) estão sujeitas a uma
elevada taxa de desmatamento e de degradação florestal, devido à sua fragilidade e à alta demanda
de bens e serviços a que estão sujeitas por constituírem o principal meio de subsistência da
população rural (Magalhães, 2018).

Estima-se que actualmente Moçambique possui por unidade de área para todos tipos florestais um
volume comercial em cerca de 26 m3/ha, correspondente a um volume comercial total de 800
milhões de m3,sendo que 51% do volume comercial total concentra-se em áreas não produtivas e
protegidas por lei (áreas de conservação e áreas de protecção) e os restantes 49% do volume
comercial total estão concentrados em áreas de florestas produtivas, contendo em sua composição
uma elevada proporção de árvores que não alcançaram o diâmetro mínimo de corte (DMC).
(Magalhães, 2018).

O inventário florestal nacional realizado em 2017, evidencia que a área florestal em Moçambique,
é estimada em cerca de 34 milhões de hectares que corresponde à 43% do território nacional,
sendo que 17 milhões de hectares de floresta são produtivos (Aquino et al., 2018).

O desmatamento e degradação florestal que ocasionam reduções de cobertura florestal, numa


média de cerca 50 mil hectares por ano, estão, associados aos processos de conversão de florestas

16
para agricultura, expansão de áreas habitacionais, exploração de madeira, produção de lenha e
carvão e, queimadas, tem vindo a reduzir o potencial florestal nacional tanto em termos de área,
assim como no volume de madeira disponível (MITADER, 2018).

2.2. Indústria Madeireira em Moçambique

A indústria madeireira desempenha um papel importante na melhoria das condições de vida das
comunidades contribuindo para o alívio a pobreza, através da criação de postos de trabalho e
disponibilização de produtos madeireiros processados. Assim, o desenvolvimento da indústria
florestal é uma das formas de contribuir para o desenvolvimento do país (Malate, 2014).
A indústria madeireira é tipicamente obsoleta e pouco eficiente, reflectindo em parte a fraca
habilidade dos operadores florestais na concepção de produtos para o mercado nacional e
internacional (FNDS, 2017). Ainda de acordo com o mesmo autor, o mercado nacional de
produtos de origem florestal é muito rico, mas muitas vezes ocupado por produtos importados de
qualidade baixa.

Apesar das 118 espécies de árvores produtoras de madeiras de valor comercial listado no
regulamento florestal do país (CEAGRE, 2020), a indústria madeireira moçambicana não processa
e nem exporta mais de 10 espécies (Nhancale et al., 2009).

Para Mogeia et al., (2016), o estado da maquinaria usada no processo de transformação primária e
secundária da madeira pode ocasionar uma fraca produtividade tecnológica e levar o nível de
desperdícios de madeira a atingir cerca de 70%,o que significa um aproveitamento de 30%. Para
além de baixos rendimentos verificado principalmente durante o processamento, a indústria
madeireira debate-se com fraca qualidade do produto final devido a não observância dos
procedimentos básicos da secagem de madeira, pois devido a sua anisotropia as dimensões da
madeira alteram em função de variações no teor de humidade (Jankowsky e Galina, 2013).

De acordo com Malate (2014), existe uma grande preocupação pela rentabilidade da indústria
madeireira que não se mostra capaz de responder às necessidades do mercado nacional em
quantidade e qualidade dos seus produtos. Esta indústria é caracterizada por possuir maquinaria

17
obsoleta de baixo rendimento e eficiência industrial com dificuldades de adquirir sobressalentes o
que faz com que uma grande parte delas funcione com deficiência ou esteja paralisada.

2.3. Serrações e sua classificação

As serrações são indústrias que realizam o processamento primário da madeira (Ramos et al.,
2017). Essas indústrias utilizam, em seu processamento, a madeira bruta, cujos produtos
beneficiados são usados em inúmeros sectores da economia, como na fabricação de móveis, cabos
de ferramentas e, principalmente, na construção civil, como pranchas, ripas, caibros, entre outros
derivados da madeira serrada (Iwakiri et al., 2012).
Segundo Egas (2000), as serrações são classificadas segundo sua capacidade de produção em
pequena (que processam até 50 m3 diário), médias (que processam de 50 m3 a 100 m3 diário) e
grandes (processam um volume superior a 100 m3 de toros por dia).

Em Moçambique, as serrações de acordo com sua capacidade de produção são na sua maioria
pequena e médias, devido a baixos níveis tecnológicos disponíveis no país.

As serrações são classificadas também de acordo com o carácter da sua instalação num
determinado lugar, que de acordo com Egas (2000) destacam-se os seguintes:

Serração móvel – aquela que é constituída de uma estrutura simples, que é instalada num
determinado lugar com finalidade de processar madeira somente em algumas semanas ou meses
dependendo da quantidade de matéria-prima disponível no local. Este tipo de empreendimento,
geralmente é transladada no seu conjunto para um outro local para dar continuidade as operações,
e assim sucessivamente.

Serração semi-permanente – este tipo de serração é feito sobre uma estrutura de madeira ou aço
que permite fácil desmontagem, transporte de seus componentes e montagem num novo local,
depois de cessar operações no local inicial. Este tipo de serração geralmente é constituído por
materiais locais para protecção contra o sol e a chuva.

Serração permanente ou estacionária – são aquelas projectadas e montadas de forma definitiva


num local, para funcionar toda sua vida útil nesse local. Diferente das serrações mencionadas

18
anteriormente (móvel e semi-permanente),este tipo de serração não é constituído por estruturas
simples.

O outro critério de classificação das serrações é com base no tipo de maquinaria utilizado no corte
principal, que de acordo Egas (2000) tem-se serração de serra fita (em que a maquinaria de corte
principal são serras fita), serração de serra de circular (cujo maquinaria principal de corte são
serras de disco de metal muito endurecido) e serração de serra múltipla alternativa (em que
máquina de corte é constituído de várias lâminas montadas sobre ele, que move-se para cima e
para baixo). Quanto ao tipo de maquinaria, a maioria das serrações em Moçambique utilizam a
serra fita como serra principal de corte, devido ao uso da madeira nativa com elevada
heterogeneidade e também pelo facto da serra fita levar a menor produção de serradura quando
comparado com outras serras, pois este usa uma serra de menor espessura da linha de corte, oque
proporciona uma boa qualidade da superfície de madeira serrada (Egas e Nhantumbo, 2021).

2.4. Carpintaria e sua subdivisão

A carpintaria é uma unidade de processamento secundário da madeira que utiliza como matéria-
prima a madeira proveniente do processamento primário (serração), e tem como objectivo
transformar as características da madeira para construção de objectos que sejam de grande
utilidade para uma obra ou projecto de construção (Rezende, 2021).

De acordo com de Andrade (2012), a carpintaria íntegra a marcenaria, que é o local (oficina) onde
trabalha o marceneiro (carpinteiro), um profissional do sector moveleiro a base de madeira,
especialista em trabalhos artísticos e artesanal em transformar peças de madeira em um objecto
útil ou decorativo, por meio de cortes, encaixes e entalhes de peças e objectos (Weil, 2009).

A marcenaria é tida como parte mais complexa da carpintaria, e ela destina-se exclusivamente no
fabrico de móveis, tais como: Cadeiras, mesas, camas, armários, cristaleiras, estantes e mobílias de
cozinha diversos, etc (De Andrade, 2012).

De acordo com CEAGRE (2020), no país o processamento secundário da madeira abrange


principalmente a carpintaria, marcenaria (produção de móveis) e produção de madeira perfilada

19
(parquet,forros de parede e tecto). Entretanto dessas unidades, é comum encontrar uma unidade de
processamento secundário que realiza todas actividades mencionadas anteriormente.

De acordo com o mesmo autor citado anteriormente, em Moçambique as carpintarias e


marcenarias na sua maioria é feito por pequenas unidades de carácter familiar.

2.5. Rendimento volumétrico no processamento da madeira

O rendimento volumétrico é um parâmetro que está directamente ligado à produção de resíduos


madeireiros, pois qualquer volume proveniente de um toro que não é transformado em madeira
serrada é considerado resíduo (Cabreira, 2011).

Para Sales (2017), rendimento volumétrico é a relação entre o volume produzido de madeira
serrada e o volume utilizado no processamento de madeira em toro e é expresso em percentagem.

O rendimento volumétrico é um parâmetro que de alguma forma está relacionado com a


sustentabilidade na utilização dos recursos florestais e é de grande importância para a planificação,
optimização e controle da produção nas serrações (Danielli, 2013).

As indústrias de base florestal geralmente possuem um rendimento volumétrico muito baixo,


gerando em seu processo produtivo grandes quantidades de resíduos (De Andrade, 2017). O
grande volume de resíduos gerados no processo produtivos das diversas indústrias florestais
muitas das vezes são frutos do processamento inadequado da matéria-prima e da falta de
conhecimento das propriedades tecnológicas básicas da Madeira (Melo et al., 2012).

De acordo com Sales (2017), o rendimento volumétrico em serrações varia de 45% a 65% para
coníferas e entre 45% e 55% para folhosas.

20
2.5.1. Factores que afectam o rendimento volumétrico

A indústria madeireira nacional depara-se com grandes dificuldades de colocar seus produtos no
mercado com preço e qualidade competitivos em relação aos produtos importados destinados aos
mesmos fins (Egas e Nhantumbo, 2021). Este facto está relacionado às diversas razões como o
estado obsoleto da maquinaria utilizada no processamento da madeira e a deficiente e inadequada
manutenção de equipamentos empregues, razão que leva a frequentes paragens (interrupções) do
processo produtivo (Egas e Nhantumbo, 2021).

Para Marchesan (2012), existem diversos factores que podem afectar de forma significativa o
rendimento volumétrico de madeira serrada, e dentre ele tem-se:

2.5.1.1. Diâmetro de toros

Geralmente a medida em que o diâmetro de toro aumenta também aumenta o rendimento


volumétrico. No desdobro de toros com menor diâmetro resulta em perdas de madeira na forma de
costaneiras oque chega a afectar o rendimento volumétrico. Mas essa perda fica reduzida com a
utilização de toros de diâmetros maiores (Manhiça, 2010).

Por sua vez, Egas (2000), ressalta que quanto a afirmação de que quanto menor o diâmetro de um
toro processado menor é o rendimento volumétrico em madeira serrada nem sempre é valido, ou
seja, é somente parcialmente válido pois o autor sustenta que fazendo uma correcta selecção da
maquinaria e dos equipamentos é possível reduzir a influência negativa causada pelo uso de toros
de pequenos diâmetros sobre o rendimento.

2.5.1.2. Qualidade dos toros

A qualidade do toro é tida como um dos factores que influencia no rendimento tanto como na
eficiência de uma serração e que influencia na qualidade de madeira serrada (Marchesan, 2012).

Para Manhiça (2010), os principais aspectos que permitem descrever a qualidade de toros estão
directamente ligados com a forma do tronco (conicidade e tortuosidade), defeitos ou

21
anormalidades visíveis na superfície do toro (bifurcação, rachaduras e nós). A conicidade afecta
na classificação dos toros, e quanto menos cónico e de baixa qualidade for o toro, aumenta a
quantidade de resíduo produzido, reduz o rendimento volumétrico (devido a perda de madeira ao
eliminar os defeitos existentes) e altera as propriedades mecânicas da madeira serrada produzida
(Vital, 2008).

A tortuosidade é outro factor que quando presente no toro afecta a produção de madeira serrada
limitando o comprimento das peças produzidas, e no final no rendimento volumétrico. Além
disso, a tortuosidade afectará as propriedades da madeira, aumentará a produção de resíduo
(Manhiça, 2010).

2.5.1.3. Esquemas de corte

Esquema de corte é o processo no qual os toros são convertidos em produtos úteis de madeira,
mediante aplicação de um ou mais processos mecânicos que os transformam em peças menores,
dando-lhes forma, tamanho e superfícies requeridas para cada tipo de uso que é destinado (João,
2017).

De acordo com Vital (2008), os esquemas de corte em uma serração podem ser classificadas da
seguinte maneira:

 Corte segundo a orientação em relação aos anéis de crescimento e raios lenhosos (corte
tangencial e radial)
 Corte de acordo com orientação quanto ao eixo longitudinal do toro
 Corte quanto à continuidade dos cortes (em sucessivos, simultâneos ou alternados)
 De acordo com os sistemas especiais de corte para evitar defeitos

Os produtos das serrações são produzidos em dimensões variadas, estando algumas vezes
dependente da exigência dos clientes. As peças são dimensionadas, principalmente em função da
espessura, variando de 3 a 6 centímetros. A largura por seu lado está dependente do diâmetro do
toro serrado (Mogeia et al., 2016).

O esquema de corte utilizado nas serrações é uma das variáveis de especial importância no
rendimento em madeira serrada, além deste motivo, os esquemas de corte são de extrema

22
importância que é necessário fazer um planeamento e uma avaliação económica, que deve-se ter
em conta o custo da mão-de-obra, da matéria-prima e dos equipamentos, a fim de atingir os
melhores resultados económicos (João, 2017).

2.5.1.4.Operações dos equipamentos e Mão-de-obra empregados

O tipo de equipamento utilizado no processamento de toros numa serração depende geralmente de


vários factores que inclui o tipo de produto a fabricar, espécie e suas características, dimensões de
toros e fabricação pretendida (Marchesan, 2012).

A experiência do operador da máquina principal afecta de forma considerável o rendimento


volumétrico, na medida em que decisões concernentes às formas de processamento relacionadas
com a orientação dos toros, número de cortes e o tipo de peças de madeira a serem obtidas, são
tomados pelo próprio operador. Portanto, o operador decide sobre o tratamento a dar para cada
toro em particular que passa pela serra principal (Manhiça, 2010).

A escolha dos operadores da serra principal, resserradora, canteadora e topejadora é de grande


importância, tendo em vista que esses operadores estão continuamente tomando decisões que
dizem respeito a factores que dependem do bom funcionamento das máquinas, que, por sua vez,
afectam o desempenho da indústria, como produtividade, qualidade do produto e elevado índice de
trabalho para recuperação da matéria-prima. A decisão pessoal de um operador de como processar
um toro, dificilmente obterá o nível óptimo, isso porque ele raramente conseguirá obter a melhor
visualização de todas as alternativas no pouco tempo que tem para a tomada de decisões
(Marchesan, 2012).

23
2.5.1.5. Técnicas de processamento

Refere-se a técnica de processamento a maneira pela qual a madeira em toro é transformada em


madeira serrada (Souza, 2006).

A técnica de processamento adequada deverá ser adoptada por cada indústria em função da
qualidade da matéria-prima e características dos equipamentos utilizados nas operações dentro da
serração (Manhiça, 2010).

De acordo com Corteletti (2010), as técnicas de processamento em serrações são tidas como
convencionais e modernas.

Nas técnicas convencionais são utilizados matéria-prima de origem nativa, com custo elevado,
grande variação de espécies, diâmetros e comprimentos. Devidas as essas variações existentes,
cada toro recebe um certo tipo de tratamento particular no processamento, fazendo com que haja
maior aproveitamento do toro. Nesse processo convencional de processamento de toro geralmente
é bastante lento devido as variabilidades existentes mencionadas anteriormente, resultando em
baixa produção e eficiência, porém resulta em um produto final com maior valor agregado
(Corteletti, 2010).

Por sua vez, nas técnicas modernas, são utilizados matéria-prima de baixo custo, espécies
semelhantes, geralmente com pouca variação nas dimensões de diâmetro e comprimento, além de
utilizar matéria-prima homogénea. Devido a essa homogeneidade da matéria-prima e pouca
variação entre eles, o processamento é rápido, resultando em elevada produção e eficiência, porém
baixo rendimento e produtos com menor valor agregado (Rocha, 2007).

2.5.1.6. Espécie de Madeira

O rendimento volumétrico obtido em coníferas está entre 55 a 65%, enquanto para folhosas o
rendimento varia de 45 a 55%. O maior rendimento nas coníferas deve-se ao facto deste grupo de
espécies possuir forma mais rectilínea do tronco, com menos defeitos e terem o alburno sempre
utilizável (Batista, 2006).

Sendo assim, Corteletti (2010), chegou a conclusão de que dentre os vários factores existentes, a
espécie também exerce influencia relevante no rendimento de madeira serrada.

24
2.6. Resíduos de madeira

A conversão de toros em tábuas, pranchas, vigas ou outras peças de madeira implica


necessariamente a produção de grande ou menor volume de desperdício, que muitas vezes esta
relacionado a factores como natureza da matéria-prima empregue e a eficiência das máquinas
empregadas pelas indústrias na conversão da madeira (Pereira et al., 2011).

Segundo Lira et al. (2015), resíduo é tudo aquilo que sobra de um processo de produção industrial
de madeira (serrações e carpintarias) ou exploração florestal.

Os resíduos do sector florestal são divididos em duas categorias, nomeadamente: o que sobra da
colheita florestal (resíduos proveniente da actividade de colheita florestal) e da produção
madeireira também comumente designada de resíduos industriais, (proveniente do processamento
mecânico e beneficiamento da madeira) (Oliveira et al., 2015).

Os resíduos provenientes da actividade de colheita florestal são: casca de árvores, galhos, torretes
e folha (Pulito e Arthur Jr., 2013). Também pode ser parte superior da árvore (ponteiras), partes
quebradas ou toros que não possuem diâmetro mínimo para uso, ou até mesmo, que não possuem
valor comercial suficiente que justifique a remoção do interior da floresta (Gonçalves, 2021).

Geralmente, os resíduos provenientes da actividade de colheita florestal são deixados no interior


das florestas após o corte das árvores pois não é possível ser feito um aproveitamento deste tipo de
material (Gonçalves, 2021).

Para Amorim et al. (2021), O resíduo da exploração quando mantido no campo auxilia na
fertilidade do solo. A composição química de nutrientes dos resíduos oriundos da colheita florestal
é um importante factor na manutenção da qualidade da superfície do solo, evitando assim, a
compactação do solo pela maquinaria industrial (ex: Tractor utilizado na colheita florestal).

Resíduos industriais florestais são definidos como os subprodutos decorrentes do processamento


primário e secundário, como também da utilização da madeira. Dessa forma, são resíduos
industriais, a casca, a costaneira, as aparas, as lascas, o pó de serra (Serradura) (Santos et al.,
2012).

25
2.7. Caracterização dos resíduos de madeira

2.7.1. Pó de serra ou serradura

Comumente conhecido serradura fina (nas cidades de Maputo e Matola), a serradura é o produto
originado da operação da lâmina de serra de redução no toro, é encontrado basicamente em todos
tipos de indústria madeireira, com excepção da indústria laminadora (Olmos, 2022). A serradura é,
particularmente, aquele resíduo que tem maior rigor da fiscalização ambiental, por sua fácil
disseminação pelo vento (Cabreira, 2011).

Este resíduo é produzido em serração tanto como na carpintaria. Na serração é produzido durante
o corte de madeira em toro nas serras de corte, e na carpintaria é produzido na serra disco e
esquadrejadora (esquadrilhadora) (durante o alinhamento de tábuas não alinhadas produzidas em
serrações) e na tupia (quando está-se a fazer molduras e respigas para fabrico de móveis diversos).

2.7.2. Costaneiras

As costaneiras são tábuas com uma face plana e outra curvilínea, onde se encontra o alburno e,
parte do cerne, que são retiradas geralmente no primeiro corte no processamento da madeira. Elas
são geradas no desdobro primário, etapa em que a madeira útil é separada do material que,
teoricamente, não possui valor agregado. Este material é descartado como resíduo devido à sua
forma, fora dos padrões desejáveis para o desdobro e à presença do alburno, que o torna mais
vulneráveis ao ataque de agentes xilófagos (Fernanda e Lopes, 2022).

2.7.3. Lascas

As Lascas são aqueles resíduos gerados pelas plainas nas serrações e carpintarias. As serrações são
responsáveis pelo processamento, propriamente dito da madeira, enquanto as carpintarias são
indústrias que adquirem a madeira já transformada e a processam em componentes para móveis,
esquadrias, pisos, etc (Numazawa et al, 2005).

As lascas são aqueles resíduos de madeira que é produzido por meio de aplainamento da madeira
(tábuas, prancha e barrotes),que geralmente sai em formato espiral (Alves, 2019). É um tipo de
resíduo de madeira que possui maior tamanho e espessura que a serradura (Alves, 2019).

26
No nosso contexto as lascas são comumente designada por serradura grossa e é gerada nas
carpintarias durante o processamento secundário da madeira em máquinas como a garlopa (plaina
industrial) e a desengrossadeira.

2.7.4. Aparas

São aqueles resíduos de padronização do comprimento e da largura das peças, que são as aparas
das pontas (destopos) e laterais das tábuas (refilos), pranchas ou outras peças de seções quadradas
e rectangulares (Cabreira, 2011).

As aparas são produzidas durante o processamento secundário nas carpintarias durante o


canteamento das peças nas alinhadeira (canteadora) que geralmente é de serra circular.

Ressaltar que as aparas também são produzidas em serrações que realizam o reprocessamento ou
resserragem de peças com defeitos (peças com rachaduras, empenamentos, nós e defeitos de grã)
como forma de aproveitar essas peças com defeitos (Cabreira, 2011).

2.7.5. Cascas

As cascas são revestimento externo dos toros responsável pela protecção do tronco, que deveriam
a princípio ser deixadas, através do descascamento mecânico ou manual, preferencialmente no
talhão de onde foi retirada o toro (Olmos, 2022). Assim, além de possibilitar reduzir parte do
volume a ser transportado, possibilita o emprego das cascas como condicionador do solo da
própria floresta (Amorim et al., 2021).

Este resíduo é, individualmente, um resíduo com poucas alternativas de emprego. Sua utilização é
baseiada na geração de energia, implicando em pouco interesse pelo mercado. (Olmos, 2022).

27
3. Materiais e métodos

3.1. Materiais

Tabela 1. Materiais utilizados no estudo


Material Utilidade
Cubicagem de toros, medição de comprimento e largura de tábuas
1 Fita métrica
produzidas no processamento primário e secundário.
2 Paquímetro digital Medição de espessura das tábuas não-alinhadas.
Registo de informações inerente ao processamento primário e secundário
3 Caderno de campo
da madeira fornecido pelos informantes chaves da empresa.
4 Ficha de campo Registo de dados de cubicagem de toros e medidas das peças produzidas.
5 Questionário Para recolha de informações relacionadas a resíduos gerados na empresa.
6 GPS Para levantamento de coordenadas geográficas das empresas visitadas

3.2. Métodos

3.2.1. Localização da Área de Estudo

O estudo foi realizado nas cidades de Maputo e Matola. Como ilustrado na figura 1, a cidade de
Maputo localiza-se no sul do país, na margem ocidental da Baía de Maputo. Tem limites, a norte
com o distrito de Marracuene; a oeste com o município da Matola e o distrito de Boane, e a sul
com o distrito de Matutuine (INE, 2012).

Por sua vez, a cidade da Matola (figura 2) encontra-se na Província de Maputo (sendo a capital do
mesmo), confina-se a Norte com o distrito de Moamba, a Sul com o distrito de Boane e Cidade de
Maputo, a Este com o distrito de Marracuene e Cidade de Maputo e a Oeste com o distrito de
Boane (INE, 2012).

28
Figura 1: Localização da cidade de Maputo (Fonte: O autor, 2023)

Figura 2: Localização da cidade da Matola (Fonte: O autor, 2023)

29
3.3. Recolha de dados

O processo de recolha de dados para o presente estudo teve uma duração de três (3) meses, entre
os meses de Abril a Julho de 2023.

Primeiro foi solicitada aos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia da província de
Maputo (SPFFB) a lista de empresas madeireiras (serrações e carpintarias) das cidades de Maputo
e Matola legalmente registadas. Após a disponibilização da lista de empresas pelos Serviços
Provinciais de Florestas e Fauna Bravia da província de Maputo, foram realizadas visitas de
reconhecimento as empresas de modo a conhecer a localização das mesmas assim como proceder
o pedido de realização do estudo na empresa. A lista de empresas dos SPFFB continha um total de
13 serrações e 66 de carpintarias.

Os critérios de selecção das empresas para o presente estudo foram: facilidade de deslocação até à
empresa, disponibilidade dos gestores em receber o pesquisador e do facto destas se encontrarem
operacionais no período da recolha de dados. Sendo assim, foram abrangidas um total de sete (7)
serrações e catorze (14) carpintarias. Os locais (serrações e carpintarias) não abrangidos para
recolha de dados durante este estudo, não se encontravam operacionais e em funcionamento
durante o tempo de recolha de dados. A tabela (anexo 3) ilustra as empresas (serrações e
carpintarias) abrangidas pelo estudo bem como algumas outras informações adicionais relativa aos
mesmos.

Após aceitação por partes dos gestores para recolha de informação na empresa, agendou-se um (1)
dia de visita de trabalho para fazer o acompanhamento da cadeia produtiva de cada empresa.

Também aproveitou-se fazer a medição de toros e de madeira serrada, bem como o registo da
maquinaria comum encontrado em cada uma delas.

A figura 3, ilustra mapa de localização das empresas alvos de colecta de dados na área de estudo.

30
Figura 3: Mapa de localização dos pontos de colecta de dados na área de estudo. (Fonte: O autor,
2023).

Depois de fazer-se o acompanhamento da cadeia produtiva, colecta de dados e registo da


maquinaria existente em cada serração ou carpintaria visitada, os gestores dos mesmos foram
submetidos a um questionário na forma de entrevista semi-estruturada (anexo 1). As entrevistas
visavam a obtenção de dados e informação sobre espécies de madeira mais utilizadas nas
serrações e carpintarias, tipos de resíduos gerados no processamento mecânico da madeira nas
serrações e carpintarias e destinação dada aos resíduos pelos gestores das serrações e carpintarias.

A identificação das principais espécies utilizadas, tipos de resíduos gerados e destinação dada aos
mesmos foi feita através da entrevista aos gestores e observação directa na empresa.

Escolheu-se a entrevista semi-estruturada porque é um tipo de entrevista que é desenvolvido de


forma mais espontânea, flexível, permite obter grande diversidade de informação e não exige
bastantes habilidades por parte do entrevistado assim como do entrevistador (Minayo, 2010).
Foi também elaborada uma ficha de campo (anexo 2), que permitiu o registo de dados no campo
para posterior determinação dos volumes de madeira em toro, tábuas não-alinhadas, volume de
resíduos e o rendimento volumétrico.

31
No presente estudo foi possível fazer medição de toros assim de tábuas-não-alinhadas somente
em 3 serrações. Na tabela 2, encontra-se sumarizada o número total de toros acompanhados em
cada serração que foi possível efectuar medição bem como sua variação em termos de diâmetros
por espécie.

Tabela 2: Números de toros acompanhados em cada serração e sua variação em termos de


diâmetros por espécie.
Serração A Serração B Serração C
Espécies No. de Variação de No. de Variação de No. de Variação de
toros diâmetros (m) toros diâmetros (m) toros diâmetros (m)
Millettia
3 0,715 - 0,84 6 0,405 - 0,66 2 0,43 - 0,53
stuhlmannii Taub.
Pterocarpus
- - 1 0,385 - 0,455 8 0,33 - 0,51
angolensis DC.
Afzelia quanzensis
- - 2 0,505 - 0,72 - -
Welw.
Androstacys
- - 3 0,17 – 0,24 7 0,195 – 0,27
johnsonii Prain.
Total 3 - 12 - 17 -

3.3.1. Determinação do volume de toros (Cubicagem)

Para o cálculo do volume dos toros foi utilizado o método de cubicagem de Smallian (fórmula 1),
em que foi tirado diâmetro cruzado da base, diâmetro cruzado do topo sem casca e o comprimento
do mesmo com auxílio da fita métrica. A figura 4, ilustra o esquema de cubicagem dos toros.

(1)

Em que:

Vt = volume de toro pelo método de smallian (m3)

G1 e G2 – são as áreas basais da base e do topo respectivamente (m2), obtidos a partir da seguinte
fórmula:

(2)

32
L – é o comprimento do toro (m)

Fonte: Da cunha, 2004

Db Dt

Figura 4: Esquema de cubicagem de toro


Fonte: O autor, 2023

3.3.2. Determinação do volume de madeira processada

Para determinar volume da madeira processada (tábuas não alinhadas), primeiro foi obtido nas
peças individuais o comprimento, largura e a espessura. Tomou-se as medidas da espessura (em
três pontos) e da largura (nas extremidades e no centro sem casca),com auxílio de material de
medição como o paquímetro e a fita métrica respectivamente. O volume individual de cada peça
processada foi determinado através da equação:

Vi = c*l*e (3)

Após a determinação do volume individual de cada peça, o volume total de tábua-não-alinhadas,


para os toros processados foi obtido, a partir da equação: VS = ∑

Onde:

Vi – é o volume individual de cada peça (m³);

e – é a espessura da peça ( m)

c – é o comprimento da peça ( m);

l – é a largura da peça ( m).

33
VS – é o volume total de madeira serrada ou processada na serração (m³)

Fonte: Araújo et al., 2014

3.3.3. Determinação do volume de resíduos gerados

O volume de resíduos gerados foi determinado com base na diferença entre o volume do toro e o
volume de tábuas não-alinhadas obtidos no processamento mecânico da madeira, utilizando a
equação:

VR = VT-Vtna (4)

Onde:

VR – volume total de resíduos gerados na indústria em m³.

VT - volume do toro que entra no processo de serragem em m³.

Vtna - volume de tábua-não- alinhadas em m³.

Fonte: Araújo et al., 2014

3.3.4. Determinação do rendimento volumétrico

O rendimento volumétrico na conversão foi determinado com base na relação entre o volume de
tabuas-não-alinhadas obtidos e o volume de toros processados, utilizando a equação:

( ) (5)

Em que:

R – É o rendimento volumétrico em tábuas-não-alinhadas (%)

Vtna – é o volume de tábuas-não-alinhadas (m3)

Vt - é o volume de madeira em toro utilizado (m3)

Fonte: Freitas et. Al., 2017

34
3.4. Processamento e Análise dos dados

3.4.1. Dados colectados através da ficha de campo

Os dados colectados por intermédio da ficha de campo foram tratados e analisados usando o
Microsoft Excel 2010 onde foram feitos cálculos de volume de todos os toros (m3) e volumes
totais de tabuas-não-alinhadas (m3) discriminando a espécie e a empresa, esses parâmetros
permitiram a realização do cálculo do volume em m3 dos resíduos gerados e do rendimento
volumétrico no processamento de tabuas-não-alinhadas de algumas espécies mais utilizadas pelas
serrações e carpintarias das cidade de Maputo e Matola. Os resultados foram apresentados em
formato de tabelas de médias e medidas de variabilidade como coeficiente de variação (Para o
volume de resíduos).

3.4.2. Dados colectados através do questionário

Para processamento de dados colectados através do questionário foi usado o pacote estatístico
SPSS (Software statistical package for the social sciences), que consistiu no agrupamento das
questões e suas respectivas respostas com o intuito de avaliar semelhanças e diferenças entre as
respostas obtidas dos vários gestores de empresas madeireiras entrevistados, e de seguida
determinou-se as percentagens correspondentes a cada resposta dada pelos gestores das serrações
e carpintarias de modo a facilitar a interpretação dos dados obtidos. As análises foram feitas sobre
espécies mais utilizadas nas serrações e carpintarias, tipos de resíduos gerados, destinação dada
aos resíduos gerados, armazenamento dos resíduos e sobre as possibilidades de uso dos resíduos.
Os resultados foram representados em forma de gráficos de frequência.

35
4. Resultados e discussão

4.1.Espécies de madeira utilizadas em serrações e carpintarias


As espécies mais processadas nas serrações e carpintarias para diversas finalidades nas cidades de
Maputo e Matola encontram-se apresentadas na figura 5.

Espécies de madeira mais processadas


Pinheiro
Casuarina
Mecrusse
Jambirre
Chanfuta
Umbila
0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% 140% 160% 180% 200%
Umbila Chanfuta Jambirre Mecrusse Casuarina Pinheiro
Espécies processadas em
100% 83,30% 100% 100% 16,70% 0%
Serração
Espécies processadas em
85,70% 100% 78,60% 0% 0% 71,40%
Carpintarias

Figura 5: Espécies madeireiras mais processadas pelas serrações e carpintarias.

Com relação as espécies madeireiras processadas nas serrações e carpintarias, das empresas
inquiridas nas cidades de Maputo e Matola, notou-se que as espécies nativas Umbila (Pterocarpus
angolensis DC.), Chanfuta (Afzelia quanzensis Welw.) e Jambirre (Millettia stuhlmannii Taub.)
são as mais processadas e que registam maior procura no mercado madeireiro a nível de Maputo e
Matola, e algumas serrações inquiridas (as que possuem carpintaria acopladas) afirmaram que uma
vez a outra processam espécies como Mecrusse (Androstacys johnsonii Prain.), e uma serração
que presta serviços afirmou que casualmente efectua corte de Casuarina.
Já o Pinheiro (Pinus sp.) foi registado o seu processamento somente nas unidades de
processamento secundário da madeira (Carpintaria).

36
Este resultado vai de acordo com Malate (2014), quando analisou a comercialização de madeira
serrada nos mercados da Junta e Benfica na cidade de Maputo, onde a autora afirma que as
principais espécies madeireiras comercializadas nos dois mercados são a
Chanfuta,Umbila,Jambirre e Pinus sp. (Pinheiro), sendo a última em percentual reduzido
correspondente a 13%. Os principais clientes das espécies mencionadas são os carpinteiros,
pequenas empresas e revendedores.
O mesmo resultado corrobora com Bila e Nhantumbo (2021),onde os autores afirmam que do
estudo feito no Distrito de Mocuba, notou-se que algumas unidades de processamento processam e
tem muita preferência por espécies como Umbila,Chanfuta e Jambirre, e que uma pequena parte
processa outras espécies e em quantidades reduzidas como metacha (Bridelia micrantha),
Missanda (Erythrophloeum suaveolens), Messassa (Brachystegia spiciformis), Muimbe
(Julbernadia globiflora), entre outras espécies.
DINAF (2021) citado por Bila e Nhantumbo (2021), salienta que a Umbila,Chanfuta e Jambirre
Juntamente com outras 4 espécies, nomeadamente Pau-preto, Mondzo, Chanate e Pau-ferro
correspondem cerca de 80% da madeira mais exploradas no país devido a sua alta demanda no
mercado nacional, e reforçando tal afirmação, AMOMA (2016), reporta que 85% de volume de
madeira comercial mais exploradas são provenientes principalmente das espécies
Umbila,Chanfuta e Jambire seguidas de outras espécies como Metonha (Sterculia quinqueloba),
Metil (Sterculia appendiculata), Messassas (Brachystegia spiciformis e Julbernadia globiflora),
Missanda (Erythrophloeum suaveolens) e Messinge (Terminalia spp.).

MITADER (2018), também afirma que no país apesar de existir 118 espécies madeireiras
identificadas e classificadas com base no seu potencial comercial e do vasto potencial existente, a
actividade madeireira é muito selectiva, concentrando-se em três principais espécies,
nomeadamente Umbila (Pterocarpus angolensis DC.), Chanfuta (Afzelia quanzensis Welw.) e
Jambirre (Millettia stuhlmannii Taub.), onde o mesmo afirma que as três espécies em conjunto
representaram cerca de 78% do volume total de madeira exportada nos anos de 1997 a 2016.

37
4.2.Tipos de resíduos gerados

4.2.1. Em serrações

Os tipos de resíduos madeireiros oriundos da actividade exercida em serrações são apresentados


na figura 6.

Resíduos produzidos na serração


Outros ( Pedaços de madeira) 33%

Costaneiras 100%

Cavacos 0%

Serradura 100%

Casca 100%

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

Figura 6: Resíduos gerados em serrações de acordo com os gestores inquiridos (as percentagens
apresentadas correspondem a resposta dadas pelos gestores em relação aos tipos de resíduos
produzidos).

Os principais resíduos provenientes de actividades exercidas em uma serração englobam casca,


serradura, costaneiras e diversos pedaços de madeira com dimensões variadas geralmente
provenientes de toros com um certo grau de tortuosidade.

Weber et al. (2006), relataram que num estudo feito em 30 serrações verificou-se que os resíduos
gerados correspondiam a serradura, costaneiras e outros (lenha e casca), em que fazem parte de
lenha resíduos como pequenos pedaços de madeira.

38
Barbosa et al. (2014), também encontrou resultados similares ao fazer estudo da viabilidade de
uso de resíduos de Pinus elliotte de uma serração para produção de celulose por meio de processo
de Kraft, os autores tiveram como principais resíduos obtidos da transformação mecânica do toro
em madeira serrada a serradura, costaneira, refilo e destopos /Aparas.

Já Olmos e Sponchiado (2022), em um estudo sobre o processo produtivo da madeira em


serração,seus resíduos e seu destino em que a principal matéria-prima utilizada é Eucalyptus spp.
Chegaram a uma conclusão que os resíduos gerados são a costaneira, serradura refilo e tocos,
sendo a costaneira o resíduo que possui maior proporção de resíduos gerados no processo
produtivo.

A B

Figura 7 – Serradura armazenada em sacos e serradura amontoado ao ar livre em uma serração


(Fonte: O autor, 2023).

D
C

Figura 8 – costaneiras geradas durante o corte da madeira de Umbila (C – face curvilínea; D –


Face plana) (Fonte: O autor, 2023)

39
E F

Figura 9 – Cascas de Jambirre gerada através de descascamento Manual. (Fonte: O autor, 2023).

4.2.2. Em carpintarias

Os tipos de resíduos madeireiros oriundos das actividades exercidas em carpintarias são


apresentados na figura 10.

Resíduos produzidos na carpintaria

Outros ( Pedaços de madeira) 100%

Aparas 78,6%

Cavacos 0%

Serradura 78,6%

Lascas 78,6%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0% 120,0%

Figura 10: Resíduos gerados em carpintarias de acordo com os gestores das empresas (as
percentagens apresentadas são provenientes das respostas obtidas dos gestores das carpintarias em
relação aos tipos de resíduos produzidos).

40
Com base na Figura 10, é notório que os principais resíduos provenientes das actividades
exercidas em carpintarias englobam a serradura, lascas, aparas e diversos pedaços de madeira com
dimensões variadas geralmente provenientes de cortes durante o canteamento e topejamento.

Os resíduos mencionados, são todos eles provenientes do processo de beneficiamento da madeira.

E estudo já realizados, pelo Mendonza et al. (2010), com objectivo de analisar resíduos
madeireiros gerados em marcenarias do município de viçosa-Minas Gerais, identificou que os
principais resíduos gerados foram serradura (36,17%), sarrafo (pequenas peças de madeira)
(25,53%),Maravalhas (Lascas) (23,40%) e cavacos (12,77%).

Por sua vez, Santos (2017), em seu estudo realizado com objectivo de analisar a geração de
resíduos em uma marcenaria encontrou resultados similares á do presente estudo, em que
observou que os principais resíduos gerados provenientes da usinagem da madeira foram:
Maravalhas (Lascas), serradura, aparas (refilos/destopos).

Por sua vez Pereira et al. (2021), realizou um estudo com objectivo de quantificar a geração de
resíduos em uma marcenaria e teve como principais resíduos gerados as lascas e serradura, tendo
os autores ignorados outros tipos de resíduos devido grandes irregularidades das partículas na sua
granulometria.

Tabela 3. Tipo de resíduo gerado em cada equipamento utilizado nas carpintarias no geral
Equipamento Tipo de resíduo gerado
Serra circular de bancada Aparas, Serradura e pedaços de madeira de diversos tamanhos
Plaina industrial (Garlopa) Lascas
Desengrossadeira Lascas
Esquadrilhadeira (Traçadeira) Aparas, Serradura e pedaços de madeira de diversos tamanhos
Calibradora Serradura
Tupia Serradura e Lascas
Fonte: O autor, 2023

41
G H

Figura 11 – Lascas gerada durante aplainamento de madeira de Mecrusse ( Androstachys


johnsonny Prain)

(G – Lascas gerada na Garlopa; H – Lascas gerada na Desengrossadeira) (Fonte: O autor, 2023)

I J

Figura 12. (I) - Aparas gerada durante produção de tábuas alinhadas de Mecrusse (Androstachys
johnsonny); (J) – Aparas geradas durante produção de tábuas alinhadas de diversas espécies.
(Fonte: O autor, 2023).

4.3.Usos de resíduos ou produtos à base de resíduos madeireiros

Na figura 13, é apresentado o nível de percepção dos gestores das empresas madeireiras em
relação aos resíduos de madeiras gerados.

42
Serração Carpintaria

14,29%
28,57%
Sim Sim
Não Não
85,71% 71,43%

Figura 13. Percentagem de conhecimento de utilização de resíduos madeireiros por parte de


gestores inquiridos. (Sim – corresponde aos que conhecem alguma utilidade de resíduos e Não –
corresponde aos que não conhecem alguma utilidade de resíduos madeireiros).

No presente estudo, foi perceptível que tanto nas serrações assim como em carpintarias que muito
dos inquiridos (acima da metade como representado no gráfico 13) tem alguma percepção e noção
sobre a algum tipo de uso na qual pode se destinar a cada tipo de resíduo madeireiro gerado. Por
outro lado, também foi notório que uma pequena parte dos inquiridos não conhece nenhum tipo de
uso que pode-se destinar os resíduos gerados.

Quanto a possibilidade de usos dos resíduos gerados em serrações, muitos gestores afirmaram ter
conhecimento de usos tradicionais em que a serradura geralmente é utilizada para corrigir e
melhorar as condições de solos destinada a agricultura, como matéria-prima para fabrico de blocos
de cerâmica e também como combustível por meio de compactação em recipientes como latas (de
variados tipos e tamanhos), a costaneira e os diversos pedaços de madeira são utilizados como
lenha, já quanto a casca muitos deles afirmaram não terem muita utilidade, mas em alguns casos
usa-se como combustível.

Já na carpintaria os usos de resíduos madeireiros mais mencionados foram para uso em aviários
(Lascas), como combustível e como adubo (serradura) e como lenha (Aparas e diversos pedaços
de madeira oriundo da canteagem).

43
Apesar dos usos descritos acima, tanto nas serrações assim como nas carpintarias uma pequena
parte dos inquiridos que afirmaram que conhecem e tem alguma percepção de uso de resíduos
madeireiros tem conhecimento de outros usos, em que afirmaram que se tivessem condições
financeiras, os resíduos destinariam para usos mais industrializados, com a serradura sendo
destinada para fabrico de chapas unitex e lasca para fabrico de madeira prensada (painéis de
partícula). Mas mesmo sabendo que os resíduos produzidos podem ser utilizados como matéria-
prima para tal finalidade, os gestores afirmaram não ver nenhuma vantagem no momento para
investir na aquisição de algumas maquinarias devido ao alto custo envolvido.

4.4.Destino dado aos resíduos gerados

Quanto a destinação dada aos resíduos gerados em serrações e carpintarias a nível da cidade de
Maputo e Matola, o resultado é apresentado na figura abaixo.

Destino dado aos resíduos


70 64,3
60 57,1

50
Percentagem

40
28,6 Serração
30
21,4
20 14,3 14,3 Carpintaria

10
0
Venda Doação Descarte
(Queima)

Figura 14. Destino dado aos resíduos madeireiros gerados nas serrações e carpintarias.

Ressaltar que nas serrações, o resíduo de maior demanda é a serradura que é empregada para
melhoria de solo agrícolas e como combustível, seguido de costaneira que é utilizada como lenha,
em que os principais clientes são moradores ao redor da serração.

44
Quanto ao armazenamento dos resíduos, a serradura em serrações é armazenada ao ar livre e em
sacos de 30 à 50Kg, e sua comercialização é feita em sacos em valores que variam de 60 a 110Mt
por saco, já a costaneira é armazenado ao ar livre e sua comercialização é feita em molhos em
valores que variam de 50 à 100Mt.

A nível de carpintarias o resíduo de maior demanda são as lascas (geralmente denominada de


serradura grossa) seguida das aparas.

As lascas são utilizadas na criação de frangos (avicultura) com o objectivo de evitar o contacto
directo da ave com o chão, absorver água, incorporar fezes, urina e restos de alimento, e reduzir as
oscilações de temperatura dentro dos aviários. Já aparas são vendida para serem usados como
lenha.

As lascas são vendidas em sacos de 50Kg em valores que variam de 120 a 250Mt por saco.

No presente também possível observar que, os gestores das empresas não tem o interesse em
reaproveitar os resíduos gerados, porque muito deles não sabem como fazê-lo, ou acham que isso
de alguma forma irá acarretar custos a empresa, afectando a sua rentabilidade. Alguns gestores
alegam que comercializar ou doar para terceiros é uma destinação adequada e não pensam em
reaproveitamento. Também foi possível notar que os gestores ou responsáveis pelas serrações e
carpintarias não demonstram ou tem alguma preocupação quanto à maior agregação de valor aos
resíduos gerados pela actividade desenvolvidas em seus estabelecimentos ou quanto aos prejuízos
ambientais que estes resíduos podem causar, caso forem descartados de forma incorrecta.

O resultado encontrado no presente estudo em que a principal destinação dada aos resíduos é
venda seguida de doação e por fim o descarte também é o mesmo encontrado com de Cerqueira et
al. (2012), em que no estudo realizado com objectivo de analisar os resíduos madeireiros gerados
pelas serrações no município de Eunápolis-BA os autores constataram que em relação a destinação
dos resíduos gerados pelas serrações avaliadas, que a maioria (55%) realizava a venda dos
resíduos para geração de energia em cerâmicas próximas ao município,17% realizavam venda dos
resíduos para utilização em baias de animais, 16% doam a pessoas interessadas, 8% simplesmente
descartam os resíduos no lixo e 2% utilizavam como matéria-prima para confecção de pequenos
artefactos de madeira.

45
O mesmo posicionamento também partilhado com Porto et al. (2011), que com objectivo analisar
resíduos gerados por indústrias de beneficiamento da madeira na região de Belém observou que os
principais resíduos gerados são a serradura, lascas e lenha (aparas) em que os mesmos, a principal
destinação dada é a venda para olarias como material combustível.

Por sua vez, De Souza (2016), em estudo realizado com a finalidade de avaliar quantitativamente a
geração dos resíduos sólidos em indústrias madeireiras do município de Rio Branco – AC e
também a sua destinação constatou que a destinação mais comuns dadas a resíduos madeireiros
entre as empresas é a venda ou doação para a indústria de cerâmicas, em que no decorrer do dia os
resíduos são separados e organizados para serem colectados e encaminhados para as cerâmicas em
sua grande maioria, seguidos em menores escalas para as padarias, frigoríficos e outras entidades
doados.

46
4.5.Volume de resíduos gerados e Rendimento volumétrico

Na tabela 4, apresenta-se o volume médio de resíduos (costaneiras, serradura e pequenos pedaços


de madeira) gerados estimados a partir da conversão de toros em tábuas-não-alinhadas de algumas
principais espécies nativas.

Tabela 4. Volume de toros, Tábuas-não-alinhadas e resíduos produzidos.

Serração A Serração B Serração C


Espécies
V. t. V.t.n. V.r. V. t. V.t.n V.r V. t. V.t.n V.r
3 3 3 3 3 3 3 3
(m ) (m ) (m ) (m ) (m ) (m ) (m ) (m ) (m3)
Millettia stuhlmannii 6,18 3,75 3,68 2,39 1,14 0,73
2,43 1,29 0,42
Taub. (13,68%) (34,13%) (24,05%) (41,92%) (15,18%) (11,02%)
Pterocarpus angolensis 3,03 1,61
- - - 0,43 0,33 0,10 1,41
DC. (21,81%) (20,43%)
Afzelia quanzensis 1,66 1,04
- - - 0,62 - - -
Welw. (27,86%) (30,39%)
Androstacys johnsonii 0,40 0,24 1,36 0,75
- - - 0,16 0,61
Prain. (12,74%) (11,85%) (42,94%) (31,89%)
*Vt – Volume de toro; V.t.n.- Volume de tábua não-alinhada e V.r.- Volume de resíduos.
*O número entre parêntesis representa o coeficiente de variação.

De acordo com Mendoza et. al (2017), a quantidade de resíduos gerados a nível das empresas do
ramo madeireiro está directamente relacionado com a manutenção dos equipamentos e com a
qualidade de mão-de-obra. Por sua vez, Brand et al. (2002), diz que a geração de quantidades
enormes de resíduos por parte da indústria madeireira é influenciada pela manutenção incorrecta
da maquinaria e o seu estado de obsoletismo, falta de experiência e baixo conhecimento dos
operadores em efectuar cortes de madeira, adopção de técnicas menos apuradas de processamento
mecânico da madeira, a qualidade da matéria-prima a ser utilizada no processamento e o produto
que se deseja obter, pois os autores afirmam que quanto mais subprodutos são obtidos do
processamento da madeira mais resíduos são gerados.

Na Tabela 5 estão apresentados os resultados de rendimento volumétrico médio obtidos para as


principais espécies processadas em cada serração visitada.

47
Em média o rendimento volumétrico para a espécies Pterocarpus angolensis, Millettia
stuhlmannii e Androstacys johnsonii nas três empresas foi de 64,94; 63,22 e 57,58 %, tendo o
maior RV observado para ambas espécies na serração B, que atingiu RV de 76,74; 64,95 e 60%.

Tabela 5. Rendimento volumétrico.

Serração A Serração B Serração C


Espécies Rendimento Volumétrico (%) Rendimento
Médio
Millettia stuhlmannii Taub. 60,68 64,95 64,04 63,22
Pterocarpus angolensis DC. - 76,74 53,14 64,94
Afzelia quanzensis Welw. - 62,65 - 62,65
Androstacys johnsonii Prain. - 60 55,15 57,58

Com base na tabela 5 é notório que, as espécies Pterocarpus angolensis Millettia stuhlmanii e
Afzelia quanzensis apresentaram ao nível das três empresas um rendimento volumétrico médio
maior quando comparada a Androstacys johnsonni, Diante destas variações entre maior e menor
rendimento volumétrico julga-se que o diâmetro dos toros é o principal factor que afectou a
percentagem de aproveitamento no processo de conversão, visto que, em termos de diâmetro as
espécies espécies Pterocarpus angolenses,Millettia stuhlmanii e Afzelia quanzensis crescem mais
do que a espécie Androstacys johnsonni.

Já ao nível das empresas, também é notório que existe uma variação no rendimento volumétrico
para uma mesma espécie processada em ambas. Tal facto pode-se interpretar que a qualidade dos
toros usados, operações dos equipamentos, experiência das mãos-de-obra empregadas e as
técnicas de processamento são os principais factores que afectaram a percentagem de
aproveitamento da madeira, vistos que estas variam de uma empresa para outra.

Ainda de acordo com a tabela 5, pode-se constatar no presente estudo que na serração B
encontrou-se altos valores de rendimentos volumétricos em relação a serração A e C, isso pode ser
explicado pela diferença no nível operacional e tecnológico entre as três serrações na conversão
mecânica da nmadeira. Verificou-se que quanto ao nível da maquinaria, a serração B apresentou
ter maquinaria com melhor estado técnico em relação aos da serração A e C, ou seja, possui

48
melhores equipamentos em relação a serração A e C, e o mesmo também possui um alto grau de
instrução dos seus colaboradores no processamento de toros.

Apesar do descrito por Corteletti (2010), ao afirmar que rendimento volumétrico varia de 55 a
65% em coníferas, enquanto nas folhosas normalmente varia de 45 a 55%, pelo facto das resinosas
possuírem troncos com forma mais rectilínea (com menos tortuosidade) e com menos defeitos.

A tabela 5 mostra que neste estudo foram obtidos valores médios de rendimento volumétrico
acima de 55% (57,58;62,65;63,22 e 64,94%), tais valores são explicado que apesar das espécies
Millettia stuhlmanii,Pterocarpus angolenses,Afzelia quanzensis e Androstacys johnsonni serem
folhosas, indicando de certo modo alto nível de aproveitamento nessas serrações. Tal facto deve-se
em parte de a maioria de toros observados e processados nessas serrações apresentarem pouca
tortuosidade ou outras anomalias (bifurcação ou rachaduras), facto este que segundo Tonini e
Ferreira (2004), influencia negativamente no rendimento volumétrico, visto que na serragem de
toros com tortuosidade muito acentuada há perdas de grande quantidade de madeira na forma de
costaneiras.

Realçar que em contrapartida além dos motivos já descritos, outro factor que pode estar por detrás
dos altos valores de rendimentos volumétricos obtidos no presente estudo é o facto de as peças
(tábuas-não-alinhadas) serem obtidas pelo sistema de corte tangencial em função dos anéis de
crescimento do toro, visto que este é o principal sistema de corte utilizado por todas serrações
visitadas que se fez medição.

De acordo com Rocha (2002), o corte tangencial aos anéis de crescimento além de fornecer peças
com melhor desempenho, possibilita o aumento do rendimento volumétrico na conversão e maior
rapidez de secagem dos produtos. Tal conclusão também é justificada pelo Bila et al. (2014), que
com o objectivo de avaliar o rendimento volumétrico em madeira serrada de Eucalipto para dois
modelos de desdobro (radial e tangencial) numa serra portátil, os autores observaram que a
madeira de Eucalipto obteve melhores rendimentos no uso de modelo de desdobro tangencial em
relação ao modelo radial.

49
4.6. Propostas de aproveitamento de resíduos madeireiros que agregue mais valor a
madeira.

Para um aproveitamento adequado dos resíduos é necessária uma segregação para os diferentes
tipos de resíduos gerados em serrações tanto em carpintarias. A segregação dos resíduos é um
processo importante pois irá facilitar na selecção dos resíduos para uma possível reutilização ou
melhor definir a destinação final. Para tal é necessário que gestores ou actores madeireiros tenham
conhecimentos referentes ao armazenamento, classificação, reutilização e transformação dos
resíduos em diferentes produtos de maior valor agregado possível dentro ou fora da empresa.

A colocação no mercado de novos produtos vindo de resíduos madeireiros além de agregação de


valor, pode constituir mais uma valia para a empresa e passar boa imagem da empresa para a
sociedade, pois a empresa será vista como estando a comercializar produtos ecológicos e
benéficos ao ambiente com vantagens aos consumidores e a própria empresa, a boa imagem irá
consistir em ser tida como empresa que incentiva utilização total da madeira e que promove um
ambiente mais limpo, que de certa forma evita a queima dos resíduos, ajudando na mitigação das
alterações climáticas.

Os principais problemas que podem ser encontrados nas indústrias onde os resíduos de madeira
não são utilizados, estão relacionados à necessidade de espaço de depósito, desperdício de
matéria-prima com potencial de uso em outros produtos, maior necessidade de matéria-prima
gerando grandes impactos às florestas, e, além disso, custos elevados para manuseio e descarte em
empresas de pequeno à médio porte como é característico das empresas madeireiras
Moçambicanas.

O aproveitamento dos resíduos provenientes do processamento mecânico da madeira traz


benefícios, desde para a própria indústria até mesmo a terceiros que os compram ou que os
recebem na forma de doação, os quais também podem dar novas destinações, podendo gerar
empregos, além da conservação do meio ambiente e incentivos na obtenção mais de renda para as
empresas.

Considerando as diversas possibilidades em que podem ser empregues os resíduos provenientes do


processamento mecânico da madeira, para agregação de valores sugere-se os seguintes:

50
4.6.1. Produção de briquetes e Pellets

Esta é uma das possibilidades pelo qual pode ser empregue a serradura produzida na serra fita
(serração) e serra circular (carpintaria) e os diversos pedaços de madeira. Os briquetes são
produzidos a partir da compactação dos resíduos para formar blocos com forma definida a
elevadas pressões e temperatura através de uso de prensas. O fabrico de briquetes é uma óptima
opção em relação a lenha e carvão vegetal, pois produz menores quantidades de cinzas e fumaça e,
tem maior densidade energética e sua queima é regular devido à sua geometria. Além dessas
vantagens, ela é de fácil manuseamento, transporte e armazenamento e pouco propenso a
biodegradação.

Os resíduos são compactados e prensados por uma máquina denominada briquetadeira que
segundo Bila e Nhantumbo (2021), ainda não se encontra disponível no mercado nacional.

Os briquets são excelentes fontes energéticas para a indústria panificadora, Pizzarias,


churrasqueiras e restaurantes nos grandes centros urbanos.

Quanto aos pellets, esses também são obtidos por meio de compactação e prensagem de partículas
a altas pressões e temperatura de modo a obter um sólido geométrico. O pellets é concentrado
principalmente no uso doméstico para aquecimento. O pellet também também é vantajoso em
relação ao carvão vegetal e lenha por ter alto poder calorífico e menor produção de quantidade de
cinzas.

O uso da serradura, astilhas e diversos pedaços de madeira proveniente do processamento


mecânico da madeira para produção de briquets e pellets acredita-se ser alternativa correcta a dar
em comparação aos destinos dados pelos gestores das serrações e carpintarias, pois estes possuem
maior valor no mercado e podem trazer maior vantagem económica.

51
L
K

Figura 15: K- Briquetes; L- Pellets (Fontes: woodfirst.pt e packpine-madeiras.negocio.site)

4.6.2. Produção de painéis de partículas

Para esta possibilidade pode ser utilizada como matéria-prima as lascas provenientes do
aplainamento de peças no processamento secundário da madeira e diversos pedaços de madeira.

Paínel de partículas é um produto constituído por conjunto de partículas de madeira ou outro


material lignocelulosico unido através de adesivos sintéticos (fenol-formaldeído, Ureia-
formaldeído e Melanina-formaldeído) e através de aplicação de calor e pressão na prensa. Com
painéis de partículas produz-se produtos de variados tamanhos e de alta estabilidade dimensional
devido a eliminação de efeitos de anisotropia e outros factores que reduzem a qualidade da
madeira.

Os painéis de partículas podem ser destinados a amplas aplicações, tais como em indústria
moveleira e marcenarias no fabrico portas, divisórias internas, tampos de mesas e prateleiras. Para
produção de painéis de partículas é necessário investimentos em tecnologia
(Triturador,prensa,formadora,secador, entre outros) que ainda não está disponível no mercado
nacional.

52
4.6.3. Produção de painel EGP (Edge Glued Panel -Painel com colagem lateral) e diversos
utensílios

Para esta finalidade pode empregar-se as ripas que podem ser extraídas da costaneira e aparas
produzida nas carpintarias.

O Painel EGP é um tipo de painel formado por um conjunto de peças de madeira colados
lateralmente, em que as peças de madeiras podem ser inteiras ou apresentar união de topo do tipo
finger-joints (emendas dentadas) que geralmente aplica-se o adesivo poliacetato de vinila (PVA)
ou emulsão polimétrica de isocianato (EPI).

O painel EGP é utilizado para confecção de móveis, portas, pisos, tampos de mesa e na construção
civil.

De acordo com Bila e Nhantumbo (2021), o painel EGP ainda não produzidos comercialmente no
país, mas apresentam bom potencial para sua introdução devido a menor tecnologia requerida e
baixos investimentos se comparados a MDF e MDP.

E de acordo com os autores citados anteriormente o equipamento necessário para fabrico do painel
EGP são a tupia, serra de disco de bancada, plaina desempandeira e desengrossadeira,prensa a frio
e conjunto de grampos.

Além de produção de EGP as costaneiras e aparas também podem ser utilizados para confecção de
artefactos de madeira (que pode ser de feito de modo industrial ou artesanal) com vasta gama de
uso desde produtos para uso domestico, produtos para decoração, de escritório, diversos brindes e
cabos para ferramentas.

M N

53
Figura 16: Alternativas para agregação de valor de costaneiras e aparas (M- Painel colado na
lateral; N- Móvel de decoração). (Fontes:natural-resources.canada.ca e cavalus.com.br)

4.6.4. Uso resíduo madeireiro na compostagem como condicionador de solo

Para esta finalidade pode empregar-se as cascas provenientes do descascamento de toros no pátio
das serrações.

O destino deste tipo de resíduo normalmente é a sua incineração. E a incineração não é viável,
pois o mesmo apresenta alto teor de humidade e possui poder calorífico baixo

Os resíduos de origem florestal são, de uma forma geral, ricos em matéria orgânica, mas
apresentam concentrações relativamente baixas de nutrientes. Entretanto, devido às elevadas
quantidades geradas, disponibilidade a baixos custos, podem constituir-se em importante fonte de
nutrientes para as plantas, podendo ser empregues como cobertura ou serem usados na
compostagem.

O uso da casca como condicionador de solo deve ser antecedido de certificação dos componentes
químicos do mesmo antes da sua aplicação no terreno.

54
5. Conclusão e recomendações

5.1.Conclusão
Com este trabalho e de acordo com os resultados obtidos, foi possível concluir que:

 Apesar da diversidade de espécies madeireiras existentes no país, a nível da cidade de Maputo


e Matola foi observado como as espécies madeiras mais processadas nas serrações e
carpintarias a Afzelia quanzensis Welw.,Pterocarpus angolensis DC.,Millettia stuhlmanii Taub.
e o Pinus sp, espécies essas cuja destinação é geralmente para o fabrico de diversos
mobiliários.
 Os principais resíduos gerados em serrações são a casca, costaneiras, serradura e pequenos
pedaços de madeira, e na carpintaria os resíduos gerados compreendem a serradura, lascas,
Pequenos pedaços de madeira e aparas (refilos/destopos), em que a maioria dos resíduos é
gerada no processo de beneficiamento da madeira (excepto a casca em serrações que provem
de descasque manual).
 Quanto à destinação dos resíduos gerados no processamento mecânico pelas serrações e
carpintarias visitadas, verificou-se que a maior parte delas comercializa os resíduos
principalmente para a geração de energia como combustível lenhosos, e alguns vendem os
resíduos para uso em aviários e correcção de solos agrícolas, (28,6 e 14,3%) doam às pessoas
interessadas, e outros gestores descartam e realizam a queima dos resíduos por acharem que
não possui nenhuma utilidade e alguns alegam por ser quantidades muito pequenas produzidas.
 Para as principais espécies mais processadas (Umbila,Jambirre,Chanfuta e Mecrusse), ao nível
das três empresas obteve-se um rendimento volumétrico médio de 64,94; 63,22; 62,65 e
57,58% que geraram um valor percentual médio de resíduos de 34,89 ; 37,07; 37,35 e 42,43 %
respectivamente.
 Além dos usos pelo qual tem sido empregue os resíduos (Combustível lenhoso, cama para
aviário e substratos para solo), existem potenciais usos de maior valor agregado para o melhor
aproveitamento dos resíduos gerados em serrações e carpintarias, sobretudo o uso na produção
de novos produtos e fabricação de objectos de madeira, como o empregue da serradura para
produção de briquetes e pellets, uso da lasca como matéria-prima para fabricação de painéis de
partículas e uso de costaneiras e aparas para fabricação de painel EGP.

55
5.2.Recomendações:

Ao Governo

 Criação de incentivos aos gestores madeireiros no uso de resíduos madeireiros para fabricação
de produtos acabados de qualidade de maior valor agregado.

 Promover o conhecimento e a valorização de produtos à base de resíduos madeireiros no seio


da sociedade, de modo a contribuir para aceitação e incentivo do uso dos mesmos.
 Realizar divulgação dos produtos acabados de maior valor agregado que pode-se obter através
do uso de resíduos madeireiros por meio de diferentes canais, incluindo organização de
seminários para os diferentes actores da indústria madeireira nacional de modo a ser mais
abrangente.

Aos gestores de serrações e carpintarias

 Recomenda-se que estes possuam um plano para o melhor gerenciamento dos resíduos gerados
que incluem acções de armazenamento adequado, busca de parceiros para comercializar,
transportar, desenvolver alternativas para melhor aproveitamento e parcerias com
empreendedores do sector privado, para tratar adequadamente os resíduos produzidos dando
utilidade mais viáveis.

Instituições de pesquisa

 Recomenda-se a realização de estudo mercado mais detalhado para cada aproveitamento de


resíduos madeireiros propostos.

56
6. Referências bibliográficas
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Direcção nacional de florestas, Maputo, 23 de Setembro de 2019, 28p.
 Alves, M., 2019. Maravalha como opção sustentável para higienizar a acomodação de
aves., 18 de Setembro. Disponível em: www.agro20.com.br/maravalha/. Acesso em: 04
Março 2023.
 AMOMA. Estudo sobre a situação actual do sector e intervenientes do mercado da
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Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) FLEGT (GCP/GLO/395/EC), Maputo,
Moçambique, 34p.
 Amorim, E., De Souza, E.C., Pimenta, A.C., 2021. Aproveitamento dos resíduos da
colheita florestal: estado da arte e oportunidades. Disponível em:
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 André, A.N.C. 2015. Herbário digital de algumas espécies nativas do Miombo Angolano
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Moçambique., Grupo banco mundial., Outubro, 34p. Disponível
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Benth. - Fabaceae), Artigo científico, Centro científico conhecer, 12p.
 Barbosa, L.C., Pedrazzi, C., Ferreira, E.S., Schneid, G.N., Wille, V.K.D., Avaliação da
viabilidade de uso de resíduos de Pinus elliotte de uma serração para produção de celulose
por meio de processo de Kraft., Artigo ciência florestal.
 Batista, D.C., 2006., Avaliação do desempenho operacional de uma serraria através de
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64
Anexos
Anexo 1- Questionário submetido aos gestores das serrações e carpintarias durante as entrevistas.

QUESTIONÁRIO DIRIGIDO AOS GESTORES DAS SERRAÇÕES E CARPINTARIAS


DA CIDADE DE MAPUTO E MATOLA.

SECÇÃO I: Identificação do Gestor da serração ou carpintaria


Ordem Perguntas Respostas
1 Nome do Gestor
2 Género M F
3 A actividade serração ou Sim Não
carpintaria é a sua principal Se não, qual é a outra fonte de renda? ______________________
fonte de renda?
4 Há quanto tempo pratica essa
actividade (serração
/carpintaria)?

SECÇÃO II: Processo produtivo da empresa


1 Quais são os produtos que a Madeira serrada Móveis Parquet Tábua Prancha
empresa produz?
2 Qual é a matéria-prima 1. Toro proveniente de 2. Toro de espécie exótica
utilizada pela empresa? espécie nativa
3 Que Espécie?
4 Como é que a empresa adquire
a matéria-prima?

66
5 Quais são as etapas de
produção do (s) produto (s)
produzidos pela empresa?

SECÇÃO III. Equipamentos/instalações, (próprios/emprestados)


1 Que tipos de equipamentos são
usados no processo produtivo?
2 Proveniência dos 1.Próprios 2.Alugados 3.Emprestados 4.Outros (espec)
equipamentos

SECÇÃO IV: Resíduos gerados no processo produtivo da empresa

1 Quais resíduos são gerados 1.Casca 2. Serradura 3. Cavacos 4. Costaneiras


durante o beneficiamento da Outros__________
5.Lascas 6. Aparas
madeira?
2 Em que etapa do processo
produtivo gera-se grandes
quantidades de resíduos?

3 Os resíduos gerados durante o 1.Sim 2. Não


processo produtivo são
armazenados?
4 Se não, por quê?

5 Se, sim por quanto tempo? E


quais cuidados são levados em
conta?

6 Destino dado aos resíduos de 1.Venda 2. Doação 3.Reaproveitamento


madeira gerados durante o
processo produtivo?
7 A empresa possui alguma 1. Sim 2. Não
dificuldade com a destinação
correcta dos resíduos? Se sim,
qual?

67
8 Se sim, qual?

9 Quais são as possibilidades


que a empresa conhece ou
implanta para agregar mais
valor aos resíduos?

10 O que acha que deve ser feito


para melhor aproveitamento
dos resíduos?

68
Anexo 2- Ficha de registo de dados no campo.

Espécie: Anotado Por:


Diâmetro Comprimento
Peças produzidas:
(m) (m)
nr de
c (m) l (m) e (mm)
peça
Do Topo: 1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Toro 13
nr: 14
15
16
Da base: 17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30

69
Anexo 3-Serrações e carpintarias abrangidas pelo presente estudo.

Nome da Acti. Ano de Endereço Capacidade de Nº de


Bairro
Empresa Desenvolvidas estabelecimento Físico: Rua/ Av. Processamento Trabalhadores
Serração e Av.Julius
Fersol 1995 Hulene 15m³/dia 18
carpintaria Nyerere nº 8831
Av. Eduardo
Secama /
Serração 1995 Infulene Mondlane nº 10m³/dia 33
Matsomuia
1608
Funerária Machava,Bana Av. Das
Serração 1994 5m³/dia 33
Moçambicana neiras indústrias
Fábrica de Serração e Polana Caniço Rua da costa de
10m³/dia 29
Móveis Simbine carpintaria A sol,Compone
Mobílias Serração e Av. Das
Sem data Machava sede Sem dados Sem dados
Mamade carpintaria indústrias nº 491
Grupo Chantel Serração e Rua da nova
2015 Tchumene 2 30m³/dia 17
Trading Lda carpintaria coca-cola
Serração Josefa Serração e Av. Josina
2007 Machava sede Sem dados Sem dados
Macamo carpintaria Machel nº 925
Carpintaria e Av. Carlos
Marcenaria Carpintaria 1974 Aeroporto B Morgado, Q,nº Sem dados 8
Torrejana 14, casa nº 4
Carpintaria Nkobe , P. Estrada do
Carpintaria 2012 Sem dados 6
Maunza Igreja Nkobe
Rua Mario
Carpintaria
Carpintaria 2010 3 de Fevereiro coluna, Q nº5, Sem dados 8
E.R.F.I.
casa nº 1385
Carpintaria Rua do Boquisso
Fransisco Carpintaria 2014 Intaka Q,nº29. Casa Sem dados 5
Guambe nº154
Carpintaria Maos
Carpintaria 2014 Mali A Rua do Boquisso Sem dados 2
Talentos
Rua do Boquisso
Carpintaria
Carpintaria 2015 Boquisso A Q,nº6. Casa nº Sem dados 3
Móveis Marrima
108
Carpintaria
Rua do Boquisso
Constantino Carpintaria 2014 Boquisso A Sem dados 4
Q,nº6.
Rajabo
Carpintaria
António Duarte Carpintaria 2015 Mucatine Rua do Boquisso Sem dados 2
(Ideal)
Prestação de Av. de
Sometal II 2004 Benfica Sem dados 21
serviços Moçambique
Cristóvão Gabriel Av. De
Carpintaria 2006 Benfica Sem dados 3
Fungate Moçambique
Carpintaria e Carpintaria e Av. Do Trabalho
2012 Chamanculo Sem dados 11
Marcenaria Norte Marcenaria 1208
Carpintaria
Carpintaria 2015 Ndlavela Rua da Sonefe Sem dados 14
Arnaldo Zavala
Prestação de
Carpintaria Chico 2017 FPLM Rua de Mbuzine Sem dados 2
serviços
Carpintaria Prestação de
2014 FPLM Rua de Mbuzine Sem dados 3
Antonio serviços

Fonte: SPFFB – Maputo.

71
Anexo 4 - Maquinaria comum encontrada nas serrações e carpintarias da Cidade de Maputo e
Matola.
Maquinaria de processamento primário

Maquinaria utilizada para processamento primário


da madeira
85,7
80,0
70,0
Percentagem

60,0
50,0
40,0
30,0
20,0 14,3
10,0
0,0
Charriot de serra de fita Serra circular
Tipo de serra

Figura 17: Maquinaria comum utilizada pelas serrações em Maputo cidade e Matola.

Em relação a maquinaria utilizada, no presente estudo constatou-se que nas duas cidades é
caracterizado pelo predomínio de Charriot de serra fita e serra circular como serra principal de
processamento, em que 100% da maquinaria são de proveniência própria.

Ressaltar que o uso da serra circular como maquinaria principal de corte foi registado somente em
uma única empresa localizada na cidade da Matola que no passado processava madeira em toro
mas actualmente utiliza como matéria-prima painéis de partículas .

Maquinaria de processamento Secundário

Já ao nível do processamento secundário do ponto de vista de maquinaria, a maquinaria comum


encontrada destacam-se a Garlopa (Plaina industrial), desengrossadeira, Tupia, Serra disco,
Furadeira e a rebarbadeira, tendo sido dito como pertencente a própria empresa por parte dos
gestores.

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