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CONTROLE DA
PRODUÇÃO
Gisele Lozada
Henrique Martins Rocha
Marcelo Ribas Simões Pires
Planejamento e
programação de projetos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A atividade de projeto corresponde a uma função bastante ampla, que
pode ser praticada nos mais diversos cenários. No contexto do geren-
ciamento de projetos, é definida como um conjunto de atividades com
prazo determinado, executadas em grupo, e destinadas à produção de
resultados únicos. Independentemente do porte e complexidade apre-
sentados, todo projeto requer gerenciamento, que inclui sua definição,
planejamento e controle.
O planejamento de um projeto possibilita a determinação do tempo,
custo e recursos necessários para seu desempenhado. Inclui a identifica-
ção das datas de início e fim de cada uma das atividades integrantes e,
a partir delas, identifica o tempo de duração do projeto como um todo.
Além disso, apura o nível dos recursos que serão utilizados e, através da
compilação destes diversos fatores, apura o custo do projeto. Já a progra-
mação permite determinar quando e onde (ou por quem) cada tarefa será
realizada, visando que as atividades ocorram no menor tempo possível,
com reduzidos estoques em processo e baixa ociosidade de recursos,
garantindo entregas no tempo acertado, mantendo a credibilidade e
competitividade da empresa.
112 Planejamento e controle da produção
Cu
Escopo
Tem
sto
e
Qualidade
Recursos
Figura 1. Parâmetros do projeto.
Fonte: Adaptada de Slack et al. (2006, p. 387).
114 Planejamento e controle da produção
Evento
Atividades
de fim
Evento
de início
Eventos
intermediários
São alguns exemplos de produção por projeto as obras de engenharia civil, construção
de navios e aviões, e até mesmo alguns tipos de serviços, denominados projetos de
produção intelectual, como serviços de arquitetura.
Rede de atividades
O projeto é formado por uma série de atividades, que se caracterizam por
consumir tempo, trabalho e recurso, além de apresentarem relações de pre-
cedência e sequenciamento. Estas relações entre as atividades dão origem à
representação gráfica denominada como rede do projeto, formadas por eventos
(simbolizados por círculos) e as atividades (simbolizados por setas), conforme
você viu na Figura 1.
A relação entre as atividades revela ainda que elas podem ser classificadas
como dependentes, paralelas, concorrentes e fantasmas, sinalizando prioridades
e estabelecendo uma sequência lógica entre as atividades e formando a rede,
conforme Figura 3.
A C E G
1 4
I L N
3 6 7 9 11 12
B D F H J K M
2 5
8 10
Tempos e folgas
Um aspecto fundamental para o planejamento de projetos corresponde à
apuração dos tempos de execução das atividades. Necessários também para o
acompanhamento e controle do projeto (verificação de metas intermediárias), os
tempos são avaliados sob dois parâmetros: tempo mais cedo e tempo mais tarde.
A determinação do tempo das atividades (ou tempo esperado) é realizada
por meio de estimava e probabilidade, considerando-se três níveis de estimativa:
a) otimista, b) provável e c) pessimista. Estas informações são ponderadas
por meio da aplicação da seguinte fórmula: te = (a + 4b + c) / 6. O resultado
desta equação deve ser arredondado para o inteiro superior, para que não
sejam utilizados valores fracionados.
O tempo mais cedo, também denominado TE (Early Time), é determinado
a partir do tempo (te) de cada atividade, apurado na etapa da estimativa dos
tempos das atividades. A ele é somado tempo da atividade, no sentido começo-
-fim. Este será o menor tempo possível para que a tarefa seja concluída, e é
informada dentro do círculo que representa a atividade na rede, posicionada
no canto inferior esquerdo, conforme você pode ver na Figura 4. Caso exista
mais de um tempo possível, como no caso de atividades cujas antecessoras
são paralelas, considera-se sempre a maior data de término entre as atividades
antecedentes (TE inicial é igual a zero).
O tempo mais tarde, também denominado TL (Late Time), é determinado
por uma mecânica semelhante à do TE, porém em sentido inverso: subtrai-se
do tempo (te) o tempo da atividade, no sentido fim-começo. Este será o maior
tempo para que a tarefa seja concluída, e é informada dentro do círculo que
representa a atividade na rede, posicionada no canto inferior direito, conforme
118 Planejamento e controle da produção
C=4 4 E=5
10 10
A=2 B=4
1 1 2 3 6
TE TL 00 22 66 15 15
D=1
5
7 14
Os tempos mais cedo e mais tarde podem ainda ser apurados em outras variações,
como tempo de início mais cedo e tempo de término mais cedo, entre outras. Leia
mais sobre os tempos em projetos, tempos mais cedo, tempos mais tarde e folgas na
obra Gerenciamento de operações e processos: princípios e práticas de impacto estratégico,
no capítulo 15 (SLACK et al., 2013).
Atividade
A Fazer escavação
B Executar fundações
C Construir paredes
D Executar rede de esgoto
E Construir telhado
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
C=4 4 E=5
10 10
A=2 B=4
1 2 3 6
00 22 66 15 15
D=1
5
7 14
Figura 8. A rede PERT/CPM, contendo tempos mais cedo e mais tarde, e o caminho crítico.
Fonte: Adaptada de Jacobs et al. (2012, p. 329).
Planejamento e programação de projetos 123
Introdução
A linha de montagem corresponde ao mais antigo dos modelos de
produção, introduzido por Henry Ford no início do século XX, quando
a linha de montagem do Ford T, primeira movida por meios mecânicos,
marcava o início da produção em massa. Mesmo depois de tanto tempo,
mudanças e evolução, a linha de montagem de Henry Ford continua
sendo um dos tipos mais utilizados pela indústria, principalmente a
automobilística. Neste modelo, voltado para produtos padronizados e
operações repetitivas, as máquinas, equipamentos e postos de trabalho
são dispostos de acordo com a sequência de montagem. Desta forma, as
atividades são aproximadas e as distâncias percorridas pelos recursos são
encurtadas. O material se desloca, percorrendo um caminho previamente
estabelecido, sem caminhos alternativos.
Neste ambiente, a produção é programada para buscar um ritmo
equilibrado entre os diversos postos de trabalho, normalmente denomi-
nado balanceamento de linha, que tem a intenção de atender a uma
taxa de demanda expressa em termos de tempo de ciclo de trabalho. O
balanceamento da linha de produção busca atribuir tarefas às estações
de trabalho de modo que estas demandem aproximadamente o mesmo
tempo para a execução das tarefas a elas destinadas, minimizando a
ociosidade dos recursos.
126 Planejamento e controle da produção
Leia mais sobre cronoanálise e como é realizada na obra Estudo de movimentos e tempos:
projeto e medida do trabalho (BARNES, 1999).
Tempo de ciclo.
Lead time.
Takt time.
130 Planejamento e controle da produção
Capacidade de produção.
Nível de produção desejado.
Número de estações de trabalho.
Índice de ociosidade.
Grau de utilização.
10 15 13 5
minutos minutos minutos minutos
No tempo de ciclo, a operação mais lenta dita o ritmo das demais, ou, no
mínimo, das tarefas subsequentes a ela, impondo uma restrição à produção,
denominada de gargalo. Esta é uma questão bastante relevante, abordada mais
profundamente pela Teoria das Restrições, que corresponde a uma importante
Balanceamento de linhas 131
Leia mais sobre a Teoria das Restrições e o impacto dos gargalos sobre a produção
na obra Sistemas de produção: conceitos e práticas para projetos e gestão da produção
enxuta, no capítulo 4 (ANTUNES et al., 2008).
É oportuno comentar que o takt time também será responsável por ditar
ritmo do fluxo de materiais na linha ou célula de produção, e que o tempo
disponível para a produção pode ser afetado pelos tempos de paradas progra-
madas da produção (como manutenções preventivas, por exemplo).
Entende-se por lead time de um produto o tempo total, computado desde a inserção
do pedido até a emissão da nota fiscal do produto.
O takt time pode ser entendido, metaforicamente, pela comparação do sistema
produtivo a uma orquestra, em que corresponderá à batuta do maestro regendo a
sinfonia da produção.
10 15 13 5
minutos minutos minutos minutos
5s 10 s 15 s 13 s
Leitura recomendada
COX III, J. F.; SPENCER, M. S. Manual da teoria das restrições. Porto Alegre: Bookman, 2002.