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POLITICAS DE ATENÇAO

A SAÚDE DA MULHER
Prof.Ms.Perpetua Mendes
Aula 13.05
Corrimento uretral

■ As uretrites são IST caracterizadas pela presença de processo inflamatório no canal


uretral, acompanhada de corrimento.
■ Os agentes microbianos causadores das uretrites podem ser transmitidos por relação
sexual vaginal, anal e oral.
■ De modo geral, o corrimento uretral tem aspecto que varia de mucoide a purulento, com
volume variável, associado a dor uretral (independentemente da micção), disúria,
estrangúria (micção lenta e dolorosa), prurido uretral e eritema de meato uretral
■ Entre os fatores de risco associados às uretrites, citam‑se a idade jovem, o baixo nível
socioeconômico, as múltiplas parcerias ou nova parceria sexual, o histórico de IST e o
uso irregular de preservativos
■ Os agentes etiológicos mais importantes do corrimento uretral são a Neisseria
gonorrhoeae e a Chlamydia trachomatis.
■ Outros agentes, como T. vaginalis, U. urealyticum, enterobactérias (nas relações anais
insertivas), M. genitalium, vírus do herpes simples (HSV, do inglês herpes simplex
virus), adenovírus e Candida spp. são menos frequentes
Uretrite gonocócica

Também conhecida como gonorreia, blenorragia ou blenorreia. É um processo infeccioso e


inflamatório da mucosa uretral, causado pela Neisseria gonorrhoeae, um diplococo gram-
negativo intracelular.
O risco de transmissão de um parceiro infectado a outro é de 50% por ato sexual.
Os sinais e sintomas são determinados pelos locais primários da infecção, que pode
acometer as membranas mucosas da uretra, a endocérvice, o reto, a faringe e a conjuntiva
■ Clinicamente, apresenta‑se de forma completamente diferente no homem e na mulher.
■ Em cerca de 70 a 80% dos casos femininos, a doença é assintomática. No homem, a
infecção uretral pode ser assintomática em menos de 10% dos casos (BRASIL, 2013b;
2016e).
■ No homem, a infecção provoca a uretrite masculina, na qual o sintoma mais precoce é a
sensação de prurido na fossa navicular, que vai se estendendo para toda a uretra.
■ Após um a três dias, a pessoa doente se queixa de ardência miccional (disúria), seguida
por corrimento, inicialmente mucoide, que com o passar do tempo torna‑se mais
abundante e purulento
■ Em alguns pacientes, pode haver febre e outras manifestações de infecção aguda
sistêmica.
■ Se não for tratada ou se o tratamento for tardio ou inadequado, o processo inflamatório
se propaga ao restante da uretra, com o aparecimento de polaciúria e sensação de peso
no períneo; raramente observa‑se hematúria ao final da micção
■ As complicações da uretrite gonocócica no homem ocorrem por infecção ascendente a
partir da uretra.
■ Entre estas destacam‑se: balanopostite, prostatite, epididimite, estenose uretral (rara),
artrite, meningite, faringite, pielonefrite, miocardite, pericardite e septicemia.

■ A orquiepididimite pode provocar diminuição da fertilidade, podendo desencadear até


mesmo a esterilidade masculina
■ Embora a infecção seja assintomática na maioria das mulheres, quando a doença é
aparente, manifesta‑se sob a forma de cervicite, a qual, se não for tratada
adequadamente, resulta em graves complicações.
■ Uma cervicite gonocócica prolongada, sem tratamento adequado, pode se estender ao
endométrio e tubas uterinas, causando a doença inflamatória pélvica (DIP).
■ A DIP pode estar relacionada à endometrite, salpingite e peritonite.
■ A esterilidade feminina, a gravidez ectópica e a dor pélvica crônica são as principais
sequelas dessa infecção
■ Alguns sintomas genitais leves, como corrimento vaginal, dispareunia ou disúria, são
frequentes na presença de cervicite mucopurulenta.
■ O colo uterino pode estar edemaciado, facilmente sangrante ao toque da espátula e com
presença de secreção mucopurulenta ou purulenta no orifício externo do colo do útero.
■ As mães doentes ou com a infecção podem transmitir o gonococo para os
recém‑nascidos durante o parto devido à contaminação no canal de parto, causando a
conjuntivite gonocócica
■ O risco de transmissão vertical da N. gonorrhoeae durante o parto vaginal oscila entre
30% e 50%.
■ A oftalmia neonatal ou a conjuntivite purulenta do RN ocorre no primeiro mês de vida
da criança, podendo causar a cegueira, especialmente quando causada pela N.
gonohrroeae.
■ Por isso, a doença deve ser tratada imediatamente, para prevenir o agravamento das
lesões oculares
■ No Brasil, a prevenção da oftalmia neonatal é realizada por
meio da administração de uma solução de nitrato de prata a
1%, chamada método de credeização, com aplicação única, na
primeira hora após o nascimento ou pode ser substituído por
tetraciclina a 1% (colírio), seguindo as mesmas orientações
■ A infecção retal geralmente é assintomática, mas pode ocorrer corrimento retal em 12%
dos casos ou dor/desconforto perianal ou anal em 7% dos casos. A infecção de faringe,
tanto em homens como em mulheres, é habitualmente assintomática (mais de 90%)
(BRASIL, 2016e).
■ O diagnóstico da uretrite deve ser realizado com base nas manifestações clínicas
(drenagem purulenta ou mucopurulenta ao exame físico) ou nos achados laboratoriais,
como a bacterioscopia pela coloração Gram de secreção uretral.
■ O tratamento da infecção é realizado por meio da administração de antibioticoterapia,
prescrita pelo médico.
Uretrite não gonocócica
■ Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2016e), são consideradas uretrites não
gonocócicas as uretrites sintomáticas cujos exames de bacterioscopia pela coloração de
Gram e/ou cultura foram negativas para o gonococo.
■ Diferentes agentes têm sido responsabilizados por essas infecções, como C.
trachomatis, U. urealyticum, M. hominis e T. vaginalis, entre outros.
■ A infecção por Chlamydia trachomatis (clamídia) no homem é responsável por
aproximadamente 50% dos casos das uretrites não gonocócicas.
■ A transmissão da infecção ocorre pelo contato sexual, com risco de 20% por ato, com
período de incubação de 14 a 21 dias no homem.
■ Estima‑se que dois terços das parceiras estáveis de homens com a infecção hospedem a
clamídia na endocérvice.
■ Essas mulheres podem reinfectar seu parceiro sexual e desenvolver quadro de DIP se
permanecerem sem tratamento
■ habitualmente, a uretrite não gonocócica caracteriza‑se pela presença de corrimentos
mucoides, discretos, com disúria leve e intermitente. Entretanto, em alguns casos, os
corrimentos dessas uretrites podem ser clinicamente semelhantes aos da gonorreia. As
uretrites causadas por C. trachomatispodem evoluir para prostatite, epididimite, balanite,
conjuntivite (por autoinoculação) e síndrome uretro‑conjuntivo‑sinovial ou síndrome de
Reiter
■ O diagnóstico da uretrite deve ser realizado com base nas manifestações clínicas ou nos
achados laboratoriais, como a bacterioscopia pela coloração Gram de secreção uretral.
■ O tratamento da infecção é realizado por meio da administração de antibioticoterapia,
realizada pelo médico
Úlceras genitais

■ As ulcerações genitais podem ser causadas por diferentes agentes etiológicos. Entre as
IST que mais frequentemente causam úlceras, citam‑se a sífilis, o herpes genital, o
cancro mole, o linfogranuloma venéreo e a donovanose
Sífilis

■ Também conhecida como doença de Lues, a sífilis é uma doença infectocontagiosa


sistêmica, de evolução crônica, provocada por uma espiroqueta exclusiva do ser
humano chamada Treponema pallidum.
■ Pode ser classificada como congênita e adquirida
■ A sífilis congênita é a infecção do feto pelo T. pallidum, transmitida por via placentária,
em qualquer momento da gestação ou estágio clínico da doença em gestante não tratada
ou inadequadamente tratada.
■ Sua ocorrência evidencia falhas dos serviços de saúde, particularmente da atenção ao
pré‑natal, pois o diagnóstico precoce e o tratamento da gestante são condutas
relativamente simples e muito eficazes para a prevenção dessa doença
■ A sífilis congênita é classificada em
recente e tardia. Quando os sinais e
sintomas surgem logo após o
nascimento ou nos primeiros dois
anos de vida da criança, é
denominada sífilis congênita recente.
■ Quando o surgimento da
sintomatologia ocorre após esse
período (dois anos), a sífilis
congênita é classificada como tardia
■ O quadro clínico da sífilis congênita varia conforme diferentes fatores, tais como o
tempo de exposição fetal ao treponema; a carga treponêmica materna; a virulência do
treponema; o tratamento da infecção materna; a coinfecção materna pelo HIV ou outra
causa e imunodeficiência.
■ Esses fatores podem acarretar em processo de abortamento, natimorto ou óbito neonatal,
assim como sífilis congênita sintomática ou assintomática ao nascimento
■ A sífilis adquirida é transmitida predominantemente pela relação sexual. A transmissão
por transfusão sanguínea é rara nos dias atuais.
■ Sua evolução é dividida em recente e tardia. A sífilis adquirida recente compreende o
primeiro ano de evolução da doença, período de desenvolvimento imunitário na sífilis
não tratada.
■ Inclui as fases primária, secundária e latente precoce e tardia da sífilis. É considerada
tardia após o primeiro ano devolução e inclui a sífilis latente tardia e terciária. Ocorre
em indivíduos infectados pelo treponema que não receberam tratamento adequado ou
que não foram tratados
■ A sífilis é um importante agravo em saúde pública. Além de ser infectocontagiosa e de
causar graves comprometimentos no organismo de uma pessoa não tratada, a infecção
aumenta significativamente o risco de se contrair a infecção pelo vírus da
imunodeficiência humana (HIV), uma vez que a entrada do vírus é facilitada pela
presença das lesões sifilíticas.
■ A presença do T. pallidum no organismo também acelera a evolução da infecção pelo
HIV para a síndrome da imunodeficiência adquirida (aids). Ademais, a sífilis congênita
é responsável pelas elevadas altas taxas de morbidade e mortalidade infantil, podendo
chegar a 40% a taxa de abortamento, óbito fetal e morte neonatal
■ A evolução da sífilis não tratada consiste em fases sintomáticas entremeadas por
períodos
assintomáticos (latência). No entanto, essa coreografia regular pode ser alterada por alguns
fatores, como o estado imunológico do hospedeiro e a administração de terapia
antimicrobiana para outros patógenos e que podem ser efetivas contra o treponema.
Dessa forma, o tempo de apresentação e os sinais e sintomas podem variar.
Classicamente, os estágios da sífilis não tratada são classificados como:
sífilis primária, sífilis secundária, sífilis latente (recente até um ano após exposição e tardia
com mais de um ano de evolução) e sífilis terciária
■ A sífilis primária, também conhecida como cancro duro ou protossifiloma, ocorre após
o contato sexual com um indivíduo infectado.
■ O período de incubação da infecção varia de 10 a 90 dias (média de três semanas). A
primeira manifestação clínica é caracterizada pela presença de úlcera,geralmente única,
que ocorre no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca
ou outros locais do tegumento), indolor, com base endurecida e fundo limpo, rica em
treponemas.
■ Geralmente é acompanhada de linfadenopatia inguinal. Esse estágio pode durar entre
duas e seis semanas, desaparecendo de modo espontâneo, independentemente de
tratamento.
■ A sífilis secundária é marcada pela disseminação dos treponemas pelo organismo e aparece
em média entre seis semanas e seis meses após a infecção. Podem ocorrer erupções cutâneas
em forma de máculas (roséola) e/ou pápulas, principalmente no tronco; eritema
palmoplantares; placas eritematosas branco‑acinzentadas nas mucosas; lesões
pápulo‑hipertróficas nas mucosas ou pregas cutâneas (condiloma plano ou condiloma lata);
alopécia em clareira e madarose (perda dos cílios e/ou sobrancelhas).
■ A sintomatologia pode desaparecer espontaneamente em poucas semanas,
independentemente de tratamento.
■ As lesões secundárias são ricas em treponemas.
■ Mais raramente, pode haver comprometimento hepático e quadros meníngeos e/ou até
oculares
■ Na sífilis latente não existem
manifestações clínicas, mas há
treponemas localizados em
determinados tecidos.
■ É classificada em latente recente
(menos de um ano de infecção) e latente
tardia (mais de um ano de infecção).
■ O diagnóstico da infecção é realizado
apenas pelas reações sorológicas. As
manifestações clínicas surgem após um
período variável de latência
■ A sífilis terciária ocorre aproximadamente em 30% das infecções não tratadas, após um
longo período de latência, podendo surgir entre dois e 40 anos depois do início da infecção.
■ É considerada rara, devido ao fato de que a maioria da população recebe indiretamente, ao
longo da vida, antibióticos com ação sobre o T. pallidum e que levam à cura da infecção.
Quando presente, nesse estágio a sífilis se manifesta na forma de inflamação e destruição
tecidual.
■ Caracteriza‑se pela formação de gomas sifilíticas (tumorações com tendência a liquefação)
na pele, mucosas, ossos ou qualquer tecido. As lesões causam desfiguração e incapacidade,
podendo ser fatais. É comum o acometimento do sistema nervoso e cardiovascular.
■ Para o diagnóstico, devem‑se considerar as seguintes lesões
■ • cutâneas: gomosas e nodulares, de caráter destrutivo;
■ • ósseas: periostite, osteíte gomosa ou esclerosante, artrites, sinovites e nódulos
justa‑articulares;
■ • cardiovasculares: aortite sifilítica, aneurisma e estenose de coronárias;
■ • neurológicas: meningite aguda, goma do cérebro ou da medula, atrofia do nervo
óptico, lesão do sétimo par craniano, paralisia geral, tabes dorsalis e demência
■ O tratamento da sífilis é realizado por meio da administração de penicilina. O esquema
terapêutico recomendado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2016d) para o tratamento
da sífilis primária, secundária e latente recente (até um ano de duração) é a penicilina G
benzatina, 2,4 milhões UI, intramuscular, em dose única (1,2 milhão UI em cada
glúteo).
■ Nos casos de sífilis latente tardia (com mais de um ano de evolução) ou latente com
duração ignorada e sífilis terciária recomenda‑se a penicilina G benzatina, 2,4 milhões
UI, intramuscular, administradas semanalmente durante três semanas, com dose total de
7,2 milhões UI.

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