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2ª AULA
Individuação e conflito familiar A individuação é uma luta do adolescente por autonomia e diferenciação, ou
identidade pessoal. Um aspecto importante da individuação é a criação de fronteiras de controle entre ele e os
pais (Nucci, Hasebe e Lins-Dyer, 2005), e este processo pode acarretar conflito familiar.
As discussões muito frequentemente dizem respeito ao controle sobre as questões pessoais cotidianas –
tarefas diárias, dever de casa, roupas, dinheiro, horários, namoro e amizades – mais do que sobre questões
de saúde e segurança ou certo e errado (Adams e Laursen, 2001; Steinberg, 2005). A intensidade emocional
desses conflitos – fora de proporção com o assunto – pode refletir o processo de individuação subjacente.
Tanto o conflito familiar como a identificação positiva com os pais atingem seu auge aos 13 anos de idade e
então diminuem até os 17 anos, quando se estabilizam ou aumentam um pouco. Esta mudança reflete o
aumento das oportunidades para tomada de decisão independente pelo adolescente (Gutman e Eccles, 2007),
alargando as fronteiras do que é considerado assunto do adolescente.
Especialmente para as meninas, as relações familiares podem afetar a saúde mental. Adolescentes que têm
mais oportunidades para tomar decisões relatam autoestima mais alta do que aquelas que têm menos
oportunidades. Além disso, interações familiares negativas estão relacionadas a depressão adolescente,
enquanto a identificação familiar positiva está relacionada a menos depressão.
OS ADOLESCENTES E SEUS PARES
Relacionamentos amorosos
Os relacionamentos amorosos são uma
parte central do mundo social dos
A maior intimidade, lealdade e troca com os amigos marcam uma transição rumo a amizades
adolescentes. Com o início da
típicas dos adultos. Os adolescentes começam a confiar mais nos amigos do que nos pais na
busca de intimidade e apoio e trocam confidências mais intensamente do que os amigos mais
puberdade, a maioria dos meninos e
jovens (Berndt e Perry, 1990; Buhrmester, 1990, 1996; Hartup e Stevens, 1999; Laursen, 1996). meninas heterossexuais começa a
pensar e a interagir mais com pessoas
As amizades das garotas podem ser mais íntimas do que as dos rapazes, com frequente troca do sexo oposto. Normalmente, eles
de confidências (B. B. Brown e Klute, 2003). A intimidade com amigos do mesmo sexo aumenta
durante o início até a metade da adolescência, e depois normalmente diminui à medida que a
passam dos grupos mistos ou de
intimidade com o sexo oposto aumenta (Laursen, 1996). encontros grupais para relacionamentos
amorosos pessoais que, ao contrário
A maior intimidade entre amigos adolescentes reflete o desenvolvimento cognitivo e emocional. das amizades com o sexo oposto, eles
Os adolescentes são agora mais capazes de expressar seus pensamentos e sentimentos
descrevem como sendo uma paixão
particulares. Podem considerar mais prontamente o ponto de vista de outra pessoa e, desse
modo, têm mais facilidade para entender os pensamentos e sentimentos de um amigo. envolvente e um sentimento de
compromisso.
Um aumento na intimidade reflete a preocupação inicial que os adolescentes têm de conhecer a
si mesmos. Confidenciar a um amigo ajuda os jovens a explorar seus próprios sentimentos, a
definir suas identidades e a validar sua autoestima (Buhrmester, 1996). A capacidade para
intimidade está relacionada a ajustamento psicológico e competência social. Adolescentes que
têm amizades íntimas, estáveis e solidárias geralmente têm uma opinião favorável a respeito de
si mesmos, têm bom desempenho escolar, são sociáveis e provavelmente não são hostis,
ansiosos ou deprimidos.
Comportamento antissocial e delinquência juvenil
TORNANDO-SE UM DELINQUENTE:
FATORES GENÉTICOS E NEUROLÓGICOS
O que influencia os jovens a praticarem O comportamento antissocial tende a ocorrer em famílias.
ou a absterem-se do envolvimento com Os genes sozinhos, entretanto, não são preditivos de
a violência ou com outros atos anti- comportamento antissocial. Achados de pesquisa recentes
sugerem que embora a genética influencie a delinquência,
sociais? Por meio de que processos as
as influências ambientais incluindo família, amigos e
tendências antissociais se desenvolvem? escola afetam a expressão genética (Guo, Roettger e Cai,
Como os comportamentos 2008). Déficits neurobiológicos, particularmente nas
problemáticos se agravam e se porções do cérebro que regulam as reações ao estresse,
transformam em delinquência crônica? podem ajudar a explicar por que algumas crianças se
O que determina se um delinquente tornam antissociais. Como resultado desses déficits
juvenil se tornará um criminoso neurológicos, que podem resultar da interação de fatores
contumaz? Uma interação entre fatores genéticos ou de temperamento difícil com ambientes
adversos, as crianças podem não receber ou não perceber
de risco ambientais e genéticos ou
sinais de alerta normais para refrear o comportamento
biológicos pode ser a base de muitos impulsivo ou imprudente (van Goozen et al., 2007).
comportamentos antissociais (van
Goozen et al., 2007).
O Transtorno Opositivo Desafiador — TOD
É descrito no DSM, como parte dos Transtornos de Comportamento Disruptivo,
cujas características são comportamentos desafiantes, negativistas e Quais as causas do TOD – Transtorno Opositivo
desobedientes, principalmente diante figuras de autoridade. Fazem parte desse
Desafiador?
grupo também o TDAH — Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade — e
o Transtorno de Conduta. As causas do TOD não são conhecidas, mas segundo
É preciso considerar a hipótese de TOD quando os sintomas causam prejuízos evidências, fatores genéticos e neurofisiológicos
significativos na vida do sujeito. Isso porque os comportamentos presentes no podem influenciar o desenvolvimento do transtorno.
transtorno restringem a vida social da pessoa, devido às manifestações Assim como um ambiente familiar conturbado e
constantes de raiva, teimosia, hostilidades e insubordinação. ambíguo, no que se refere a educação dada pelos
Toda criança e adolescente pode apresentar comportamentos dessa ordem em pais, pode contribuir para o surgimento do TOD.
alguma fase da vida. Por isso, o diagnóstico de TOD é feito quando os sintomas Quais os principais sintomas do TOD?
persistem por mais de seis meses e ocorrem em diversos ambientes. Saiba mais, Os sintomas do TOD costumam se manifestar na pré-
neste artigo. escola, embora possam aparecer mais tarde, na
Como é feito o diagnóstico de TOD?
adolescência. Como mencionado, os principais
Para realizar o diagnóstico de TOD, é necessário descartar a presença de outros
sintomas do transtorno incluem os seguintes
transtornos psicóticos, afetivos, transtorno de conduta ou personalidade anti social
(maiores de 18 anos).
comportamentos:
agressividade;
O diagnóstico é feito através da observação do comportamento e sintomas da
criança, por um médico especialista. É importante também avaliar sinais de irritabilidade;
depressão, ansiedade e perturbação do sono. Isso porque essas condições desafia regras e instruções;
podem causar sintomas semelhantes aos do TOD, como irritabilidade e discute com adultos frequentemente;
desobediência. desobediência;
Como podemos ver, os comportamentos presentes no TOD prejudicam as agitação;
habilidades sociais das crianças e podem fazê-las sentir-se mal e culpadas. incomoda os outros deliberadamente;
Dessa forma, é muito importante buscar ajuda com médico, psicólogo e culpa terceiros pelos seus erros;
psicopedagogo para receber as orientações e tratamento adequados.
pode ser cruel e vingativo.
Como ajudar a criança a superar esse comportamento?
Como é o tratamento do TOD? Para superar o comportamento de oposição, a criança precisa perceber
O tratamento do TOD visa modificar esses que seu comportamento é impróprio. A terapia com um profissional
comportamentos que causam prejuízos na vida social e especializado, ajuda a encontrar o que pode estar causando esses
acadêmica das crianças e adolescentes. Na maioria das comportamentos indesejados, assim como ensina novos comportamentos
vezes, isso é feito através de técnicas de controle do mais saudáveis e apropriados.
comportamento e uma abordagem disciplinar com reforço Uma criança com TOD tem mais risco de desenvolver outros
dos comportamento desejados. transtornos na vida adulta?
Pais e professores podem receber orientações dos A probabilidade de uma criança com TOD ter maiores dificuldades no final
profissionais que trabalham com as crianças para que da adolescência e na idade adulta depende dos tratamentos e das
saibam como agir em casa e na escola, a fim de ajudar as circunstâncias ambientais. Geralmente, elas correm maior risco de ter
crianças a modificar esses comportamentos. depressão e abuso de substâncias, principalmente quando o TOD na
Como distinguir os sinais de TOD do comportamento infância for acompanhado por outros transtornos, como TDAH, depressão
“desafiador” que as crianças podem apresentar? e dificuldades de aprendizagem.
O diagnóstico de TOD pode ser difícil, já que a maioria das Em alguns casos, o diagnóstico de TOD pode se agravar até desenvolver
crianças exibe alguns dos sintomas ocasionalmente um transtorno de conduta, que é um quadro mais grave de transtorno de
(especialmente quando estão cansadas, com fome ou comportamento. As pessoas com transtorno de conduta tendem a
chateadas). apresentar comportamento de violação da lei; destruição de propriedade e
No entanto, uma criança com Transtorno Opositivo até crueldade com animais e pessoas.
Desafiador irá exibir esses sintomas com mais frequência É claro que uma criança com diagnóstico de TOD não irá fatalmente
do que outras crianças, demonstrar problemas desenvolver o transtorno de conduta. No entanto, é importante
comportamentais por um período de pelo menos seis acompanhar de perto o comportamento das crianças e buscar um
meses, ter problemas na escola e para fazer amizades tratamento adequado e eficaz.
como resultado direto do comportamento, além de ter seu Referências:
funcionamento geral comprometido por seus GREVET, Eugenio Horacio; SALGADO, Carlos Alberto Iglesias; ZENI,
comportamentos desafiadores. Gregory and BELMONTE-DE-ABREU, Paulo. Transtorno de oposição e
desafio e transtorno de conduta: os desfechos no TDAH em adultos. J.
bras. psiquiatr. [online]. 2007, vol.56, suppl.1 [cited 2020-10-23], pp.34-
38.