Você está na página 1de 27

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE

CURSO
II
O DIREITO À CRENÇA E O
DIREITO À EDUCAÇÃO DOS
ESTUDANTES ADVENTISTAS DO
SÉTIMO DIA
André Amaral Pereira

Profa. Dra. Lisianne Sabedra Ceolin

São Borja, 14 dezembro de 2018


INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa dialogar sobre as questões
que abranjam a liberdade de crença e o direito à
educação, bem como os conflitos existentes que os
envolvem, quando relacionadas aos estudantes do
ensino superior membros da Igreja Adventista do
Sétimo Dia.
INTRODUÇÃO

A temática possui relevância devido a nova


formatação do Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem), que a partir de 2017 passou a ser realizado em
dois domingos consecutivos.
INTRODUÇÃO
A metodologia empregada nessa pesquisa é qualitativa,
a partir de uma revisão bibliográfica sobre o tema, e
análise de leis e decisões jurídicas.
CAPÍTULO 2 - LIBERDADE
RELIGIOSA E ESTADO LAICO

A liberdade religiosa está intrinsicamente relacionada à


laicidade estatal. Waltrick (2010, p.17) explana que “a
conquista da liberdade religiosa dentro do “Estado
Laico” é o fundamento de um Estado Democrático de
Direito. ”
• Estado Laico

Um Estado pode se constituir de duas formas em sua


relação com a religião.
Nesse sentido Nuto e Alcântara afirmam:
 
Estado laico é um Estado não clerical,
conforme as correntes políticas que defendem
a autonomia de instituições públicas e da
sociedade civil das diretrizes emanadas pelo
magistério eclesiástico e da interferência de
organizações confessionais. (2014, p. 107)
• Liberdade Religiosa

Segundo Weingartner (2007, p. 113) “o direito à


liberdade religiosa visa proteger o forum iternaum, de
modo a impedir qualquer pressão, direta ou indireta,
explícita ou implícita, às opções de fé’’.
Liberdade religiosa compreende as liberdades de
consciência, pensamento, discurso, culto e organização
religiosa.
O direito à liberdade religiosa está garantido no art. 5º,
inciso VI, da Constituição Federal de 1988: "É inviolável
a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e suas liturgias".
CAPÍTULO 3 – IGREJA ADVENTISTA
DO SÉTIMO DIA E A GUARDA
SABÁTICA
• Igreja Adventista do Sétimo Dia

No início do século XIX, os Estados Unidos passavam


por um processo de avivamento religioso, que culminou
com o surgimento de diversos movimentos cristãos:
Mórmons, Testemunhas de Jeová e os Milirista. Deste
último, faziam parte os fundadores da Igreja Adventista
do Sétimo Dia.
Schunemann explica que:
 
“A Igreja Adventista do Sétimo Dia começou a
ser formada em torno de três figuras
principais Ellen White, James White e Joseph
Bates, que defenderam uma posição singular:
a data estava correta, mas o evento errado”.
(SHUNEMANN, 2003, p. 28)
• Santificação do Sábado

A Santificação do Sábado remonta à criação do mundo,


dentro da teologia judaico-cristã, ligada à soberania de
Deus como Criador, já que “abençoou o dia sétimo e o
santificou” (Gênesis 2:31).
O período que estabelece o Sábado vai de um pôr-do-
sol a outro pôr-do-sol, ao cair da noite na sexta-feira e
terminando com o cair da noite no sábado.
Levítico 23:32 traz essa estrutura "de uma tarde a
outra celebrareis o Sábado”.
CAPÍTULO 4 – EDUCAÇÃO COMO
DIREITO FUNDAMENTAL

Reconhecer a educação como um direito fundamental é


garantir que se tenha acesso aos diversos níveis do
ensino sem depender de quaisquer condições
provenientes econômicas ou de mercado. É dever do
Estado assegurar esse direito; quando isso não
acontece devem ser exigidos na justiça.
A Constituição Federal de 1988 estabelece o direito à
educação no art. 205 e 206, afirmando que:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever


do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho.
A LDB (art. 23) divide a educação brasileira em dois
níveis: Educação Básica e Ensino Superior.
Ambos os níveis do sistema educacional brasileiro
requerem setenta e cinco por cento de frequência
mínima para obtenção da aprovação, estabelecido no
art. 24, inc. VI.
Restrição da Liberdade Religiosa diante das
normais educacionais:

Como já foi exposto, existe dentro das normas


educacionais a exigência de no mínimo setenta e cinco
por cento de presença das aulas. Porém, os estudantes
membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia estão
inaptos a realizarem atividades de cunho não religioso,
nesse caso frequentar aulas ou realizar atividades
acadêmicas no dia de Sábado.
Projeto de Lei n° 2171 de 2003, do então Deputado
Federal Rubens Otoni PT-GO.
• Posicionamento do MEC

Em 2006, a Igreja Adventista do Sétimo Dia por meio


do seu departamento de educação solicitou que o CES
se manifestasse sobre o abono de faltas devido a
convicções religiosas. A manifestação se deu através do
parecer CNE/CES nº 244/2006, tendo como relatora
conselheira Marilena de Souza Chauí, mantendo a
posição de não existir amparo legal para o abono de
faltas por motivo de crença religiosa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O direito à liberdade religiosa, assegurado pelo


ordenamento jurídico nacional e internacional,
constituído da liberdade de crença que visa proteger a
orientação religiosa escolhida, ou de não possui uma,
assim como de mudar de escolha. Além de assegurar a
liberdade de culto, que nada mais é do que a
manifestação da crença seguida através de ritos,
liturgias e qualquer prática relacionada a ela.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os incisos VI e VIII do art. 5º, da Constituição Federal,


estabelecem as diretrizes da liberdade religiosa, sendo
esta inviolável de modo que ninguém será privado de
direitos por motivos religiosos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O que se consta é que a obrigação de frequência


mínima esta restringindo a liberdade religiosa, dessa
forma uma norma infraconstitucional está se
sobrepondo a um direito fundamental assegurado pela
Constituição Federal, e por consequência o direito a
educação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

• Norma regimental nas universidades.

• Lei em âmbito federal que regulamente a prestação


alternativa.
REFERÊNCIAS
BÍBLIA SAGRADA. Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida.
Revista e Atualizada 2ª ed. 1988, 1993. Barueri: Sociedade Bíblica do
Brasil, 2012.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Constituição Federal de


1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em 15 out. 2018.

BRASIL. Lei nº 9.394/1996. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em 14
out. 2018.

______. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara


de Educação Superior. Parecer CNE/CES nº 224/2006. Rel. Marilena
de Souza Chauí. Aprovado em 20/09/2006. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pces224_06.pdf. Acesso em:
26 out. 2018.
REFERÊNCIAS
NUTO, João Vianney Cavalcanti; ALCÂNTARA, Pedro Ivo Souza de. O uso
de símbolos religiosos em repartições públicas: uma análise histórica
sobre o alcance da laicidade. In: Conselho Nacional do Ministério
Público. Ministério Público em defesa do Estado laico. Brasília: CNMP,
2014.

SCHUNEMANN, Haller Elinar Stach. A inserção do Adventismo no


Brasil através da comunidade alemã. Revista de Estudos da Religião.
n. 1, p. 27-40, 2003.

WEINGARTNER NETO, Jayme. Liberdade Religiosa na Constituição:


fundamentalismo, pluralismo, crença, cultos. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2007.

WALTRICK, Fernanda Ávila. Liberdade religiosa: direito à educação como


expressão do respeito à dignidade da pessoa humana. 2010. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Direito) - Universidade do Vale do
Itajaí.
Muito obrigado!
p.andreamaral@gmail.com

Você também pode gostar