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INTRODUÇÃO
HUSSERL – intencionalidade
Fontes: Müller, 2013; Pereira Junior, 1990; Moreira & Bloc, 2012; Strauss, 2000; Martins, 1998;
TEMPO VIVIDO
Espera X Recordação
Atribuição de sentidos:
Projetos
Desejos
Traumas
Tempo finito e morte
responsabilização
Cardiológico
Pós Operatório
Clínico
JUSTIFICATIVA
Geral:
Analisar a percepção da passagem do tempo em pacientes internados
no CTI Clínico da Santa Casa de Belo Horizonte
Específicos:
Descrever os mais frequentes marcadores da passagem do tempo
utilizados pelos pacientes internados nesse CTI;
Analisar a vivência dos pacientes do decorrer do tempo dentro do CTI.
METODOLOGIA
Critérios de inclusão:
ambos os sexos,
idade mínima de 18 anos,
Internados na unidade e/ou apresentando Escala de Coma de Glasgow (ECG) 15 há pelo menos 3 dias
consecutivos
linguagem e cognição preservadas.
Questionário sociodemográfico:
descrever o perfil dos pacientes
O questionário semiestruturado
(Gonzales et al, 2012; Santos et al, 2016)
ANÁLISE DOS DADOS
Análise de conteúdo
(Bardin, 1977; Gomes, 2002)
Quatro etapas:
pré-análise definição de
objetivos e instrumento
exploração do material
aplicação das entrevistas
374 321 33
pacientes pacientes
pacientes 20
pacientes
internados X critérios de
no setor no VM, TQT inclusão participaram
período de
coleta ou óbito ou recusa (6)
PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO
21 a 88 anos
Distorções na
percepção dos dias em
pacientes lúcidos
MARCADORES TEMPORAIS
Recursos tecnológicos
Presença de relógio no box
Presença de televisão no box
Duração
Fatores de ajuda
Resignação
DURAÇÃO
PACIENTE 20: “Um dia aqui vale por... Como se fossem dez dias de prisão (risos). Acho que
exagerei, né? Mas a gente se sente assim.”
PACIENTE 03: “Parece que não vou sair daqui nunca! Tem poucos dias que estou aqui, mas parece
que tem uns 15 dias.”
PACIENTE 16: “O tempo tá passando depressa, tá voando. Por causa dessa dificuldade que eu tenho
de ficar aqui. Tô perdendo muito tempo. Perde o tempo da saúde”
PACIENTE 10: “Aqui eu ainda me sinto assim, num ambiente melhor do que se eu estivesse na minha
casa. Aqui entra uma enfermeira, entra um médico, entra um psicólogo, sabe? Assim, as pessoas
que vem até mim.”
PACIENTE 11: “Você pega amizade com os enfermeiros e enfermeiras... Vai brincando com um, vai
brincando com outro. Aí o tempo passa.”
Esperança
PACIENTE 05: “Para mim a passagem aqui é de esperança, né? Porque, assim... O tratamento tem só
aqui no CTI. É a única esperança que eu tenho pro meu transplante funcionar, é isso.”
PACIENTE 01: “Eu tô esperando aqui pra ver se vale a pena o tratamento. É, com esperança.
Tomara que tenha uma vida ainda pela frente. Eu acho que não tem mais nada pra frente. Ruim
pensar isso, mas é o que tem pra pensar”
Heidegger e o ser-para-a-morte
Ressignificação
PACIENTE 03: “Ficar aqui te dá muito tempo para você pensar: ou em muita coisa boa para você
poder refletir e fazer as coisa diferente, ou muita coisa ruim. Aí parte de cada um ter que determinar
o que quer de bem para si.”
PACIENTE 09: “Você aprende a dar mais valor à vida. Você vê a situação que as pessoas estão
passando e você aprende até a não reclamar da sua situação.”
PACIENTE 15: “Pelo que eu vivi, eu acho que eu ter sobrevivido ao que eu tive... Porque foi muito
grave, né? Grave demais. E agora eu tenho que ficar tranquila e agradecer a Deus.”
Potencial de responsabilização
“Diante da ambiguidade inerente ao tempo vivido, cabe ao individuo interpretar a sua situação como
crescimento e realização, ou como destruição e decadência” (Strauss, 2000, p. 123)
Fontes: Strauss, 2000; Heidegger, 2005;
FATORES DE AJUDA
Distração
PACIENTE 20: “Quando você tem uma ocupação manual, sua cabeça fica mais tranquila. Um
movimento que você faz, você distrai, igual quando você trabalha, né? Conversar também ocupa o
tempo, igual eu converso com um ou outro. Você tenta ocupar o tempo, né? Porque ficar parado é pior.”
PACIENTE 03: “O bom de ter uma televisão é que você pega, corre o olho, fica vendo, não fica pensando
em bobeira. Não fica com coisas negativas na cabeça.”
PACIENTE 09: “O que a gente mais sente falta é, por exemplo... A gente tá aqui, a gente tá desligado
do mundo lá fora, né? Então você não tem informação de nada. Por exemplo, se tivesse uma
televisão, você já fica tranquilo, porque você assiste um jornal, assiste alguma coisa, aí ficar mais ou
menos ligado ajuda a passar o tempo.”
PACIENTE 18: “Uma pessoa que em quatro meses não sai do quarto, não tem como tomar
iniciativas pra conseguir o aparelho, tudo depende dos outros. Dependo dos meus filhos, mas não é
gratificante. Filho não nasceu pra cuidar dos pais não. Eu que pus eles no mundo, eu que tenho que
cuidar deles.”
PACIENTE 20: “É que quando você tem problema de saúde, vai viver só de internações também, né?
Outro dia, outra coisa, outro dia, outra coisa. E o transplante tem diferença, né? Não pode qualquer
médico, qualquer hospital. Se o cara te dá uma injeção sem saber ele te mata lá no meio do caminho.
Mas o problema é que as coisas demora, né? Às vezes um exame tem que esperar internado”.
PACIENTE 17: “Descobri que foi problema renal. Eu falo trauma, é trauma disso, da doença. E
tratando, fiquei internado, por conta do médico. Me assustou, mas não me abalou porque resisti. Só
que as coisas agravaram. Porque nesse vai e volta, eu não estava melhorando.”
Sensação de desorientação
PACIENTE 08: “Aqui é muito confuso. Você fica sem noção do tempo! Tem hora que eu não entendo
a hora do relógio. Eu fico sem saber que horas são... e tem hora que fica tudo confuso assim. Eu não
sei onde eu tô. Não entendo direito as notícias do médico. Teve uma noite que eu passei muito mal e
não dormi (...) dormi assim confusa. Eu dormia e acordava, sonhava uns sonhos doidos, parecia uns
pesadelos.”
Estudos que mostram prevalência de sensação de confusão no CTI: Nicolás et al (2008), Bäckman at
al (2010) e Haraldsson et al (2015)
Diários de internação
Fontes: Nicolás et al , 2008; Bäckman at al, 2010; Haraldsson et al, 2015; Jones et al, 2010); Bäckman & Whalher, 2001;
RESIGNAÇÃO
Aceitação
PACIENTE 11: “A expectativa é de ficar o tempo que for necessário ficar. Vinte dias, um mês... tem
que acompanhar para, às vezes, ter uma segurança de sair do CTI. Aqui você tem o aparato todo.”
Desresponsabilização
PACIENTE 08: “Ah que seja da vontade de Deus, né? Se for da vontade de Deus eu sair rapidinho eu
saio, se não for, que seja feita a vontade de Deus. Não pode ser a minha, tem que ser a Dele. E a Dele
que é a certa. Então tá nas mãos de Deus, eu já entreguei nas mãos de Deus mesmo”.
PACIENTE 13: “Porque os médicos sabem realmente o que precisa ser feito. Eu não. Aí é a forma que
tem que ser, entendeu? Eu tenho que adequar ao sistema, né? Eu tenho que me adequar de qualquer
forma, porque não depende de mim achar que o tempo passou da hora. Eles é que mandam, como se
diz, né? E se eu quiser uma melhora, e tudo, vai depender deles, não adianta”.
• Papel central das relações positivas com membros da equipe para experiência
temporal (e global) do paciente
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08 Nov. 2017.
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