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II SEMINÁRIO POVOS AMAZÔNICOS:

HISTÓRIA, IDENTIDADES E EDUCAÇÃO


  
VI SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR DE
PESQUISA EM EDUCAÇÃO DO PPGE/FACED

  PROJETO PIPA
PRÁTICAS EDUCATIVAS PELO
INDIVÍDUO E PELO AMBIENTE

Profa. Dra. ELIZABETH TEIXEIRA


UEPA E FAP
A PARTIR DE1996 PASSEI A ESTUDAR A QUESTÃO
DA FAMÍLIA RIBEIRINHA, EM BELÉM, PA. DE INÍCIO,
A APROXIMAÇÃO ACONTECEU NO INTUITO DE
DESENVOLVER MEU PROJETO DE TESE DE
DOUTORADO NO NAEA/UFPA (1995-1999). NESTE
ESTUDO CONCENTREI-ME NOS CUIDADOS
COTIDIANOS ENTRE MORADORES(AS) DA ILHA DO
COMBU.

Identificamos que o cuidar cotidiano era


desenvolvido com base em ciclos de benefício –
PRIMEIRAS risco e cuidar – descuidar, constituídos de
conhecimentos – desconhecimentos, encontros –
TRAVESSIAS desencontros, conexões – desconexões com a
natureza.
 O estudo revelou a existência de múltiplos saberes
locais sobre o cuidar cotidiano, que precisavam ser
discutidos e melhor mapeados; revelou
necessidades de ações de cuidar/educar entre os
ribeirinhos, que precisavam ser organizadas e
operacionalizadas, com ênfase no cuidar da casa e
do lugar.
Ilha do Combu
ETAPA 1: OS DOCENTES
ENVOLVEMOS 208 PROFESSORES DE 101 ESCOLAS
DE 7 MUNICÍPIOS DO PARÁ.
IDENTIFICAMOS NA ANÁLISE DAS RESPOSTAS AO
QUESTIONÁRIO APLICADO:
DESINFORMAÇÃO E INTERESSE, PRÁTICAS COM
DIFICULDADES, ESCOLAS COM PROBLEMAS DE
INFRA-ESTRUTURA, PCNs POUCO TRABALHADOS,
CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO
INFORMAÇÃO PARA CONSCIENTIZAÇÃO
PROJETO
PIPA I
ETAPA 2: OS DISCENTES
1998-2000 ENVOLVEMOS 4516 ALUNOS DAS 101 ESCOLAS.
FORAM TRABALHADOS 10 TEMAS EM TURMAS DO
UNAMA ENSINO FUNDAMENTAL.
FIDESA IDENTIFICAMOS NA ANÁLISE DAS REDAÇÕES E
DESENHOS RECOLHIDOS: MEIO AMBIENTE É O
LOCAL ONDE SE VIVE, O AMBIENTE PRECISA DE
CUIDADOS, O HOMEM DESTRÓI O AMBIENTE EM
QUE VIVE, SALVE O AMBIENTE DO HOMEM
“EU NÃO QUERO UM MEIO
AMBIENTE! EU QUERO UM
AMBIENTE INTEIRO” (ALUNA DA
5a SÉRIE)
PROJETO
PIPA I
“ A NATUREZA NÃO TEM CÓPIA!
1998-2000 PRESERVE A ORIGINAL” (ALUNA
DA 6a SÉRIE)
ETAPA 3: PIPA VAI ÀS ESCOLAS
FORAM VISITADAS 11 ESCOLAS EM 5 MUNICÍIOS DO
PARÁ.
EM CADA ESCOLA REALIZAMOS DEBATES COM 189
PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL.
FORAM DISCUTIDOS OS CONCEITOS DE
INTERDISCIPLINARIDADE E TRANSVERSALIDADE.
FOI DISTRIBUÍDO FOLDER “EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E PCNs: CONSTRUINDO TRAVESSIAS”

PROJETO
“Acredito que a grande dificuldade em construirmos
PIPA I uma prática pedagógica diferenciada, que discuta,
inclusive, a nossa inserção no meio ambiente, é a
1998-2000 lógica estrutural na qual estamos imersos; é preciso
(re) pensá-la” (P12)
“Eu fiquei mais alerta ao problema ambiental,
disposta a trabalhar a conscientização do aluno e da
comunidade” (P7)
“Eu fiquei muito interessada em conhecer mais os
PCNs” (P4)
OBJETIVOS:
•DESCREVER OS SIMBOLISMOS DA POPULAÇÃO
LOCAL, EDUCADORES E EDUCANDOS
•REGISTRAR AS CARACTERÍSTIAS DO LUGAR ILHA
DO COMBU
•COMPREENDER O CUIDAR COTIDIANO DO
AMBIENTE ENTRE MORADORES(AS), EDUCADORES E
EDUCANDOS

PROJETO MOMENTOS DA DESCRIÇÃO:


PIPA II •A ILHA, A VIAGEM E OS HABITANTES
•ILHA E CONTINENTE: LUGAR E NÃO-LUGAR
2001-2003
•ÁGUA-RIO
UNAMA •TERRA-MATA
FIDESA E •O CUIDAR COTIDIANO DO AMBIENTE
CNPq •SABERES INSTITUINTES E SABER INSTITUÍDO
•DESAFIOS DO IMAGINÁRIO, MITOS E SIMBOLISMOS
ÀS PRÁTICAS EDUCATIVAS
Ilha do Combu
O exercício etnográfico como método investigativo foi
priorizado neste estudo.
Foi fazendo uso de princípios que compõem a etnografia
como: ver, ouvir e escrever que, lentamente, a descrição foi
tomando forma.
O árduo treino de ver com outras lentes possibilitou uma
aproximação gradativa com o lugar, com aspectos específicos
do espaço social e simbólico da ilha.
O exercício de ouvir, oportunizou captar o discurso dos
informantes, ou seja, dos que vivem o cotidiano e gestam seus
costumes, crenças e vivências.
O ouvir suscitou a busca da análise êmica, aquela que permite
PROJETO centrar a narrativa nos nativos – sujeitos ativos na construção
PIPA II do conhecimento.
Já o escrever, exercício solitário, possibilitou constantes
2001-2003 “viagens mentais”, fazendo o pesquisador retornar, sempre
que necessário, à ilha, ao ilhéu e suas falas, revivendo na
memória, situações – ordinárias ou extraordinárias- vividas
UNAMA pelo morador do lugar.

FIDESA E Só mediante esses princípios de ordem metodológica foi


possível descrever minunciosamente o cotidiano do ilhéu e
CNPq sua percepção sobre o cuidar do ambiente, de seu lugar.
Assim, somente articulando ver, ouvir e escrever, é que se
pôde tornar concreto o que Cliford Geertz define como uma
descrição densa. 
ENTRE O SABER INSTITUINTE E O
SABER INSTITUÍDO
Os livros que eles usam na escola não tem muita coisa da gente...
fala mais de outro mundo, de outra realidade... mas é assim. A
minha irmã que mora em Belém diz que os menino dela também
estudam essas coisa... mas eu acho que não explica nada das
coisa daqui, da nossa vida. Então, deve ser assim mesmo, deve ser
assim que se aprende, né? (Registro de campo:2003)

... Eu não troco o que sei, aprendi por coisa alguma nesse mundo...
eu sou um sábio, né? Eu aprendi essas coisa com minha gente, que
PROJETO me ensinou e eu ensinei meus filhos... Não vou nessa conversa de
médico... eu nunca soube o que é ir em médico, não sei nem como
PIPA II é... sou uma pessoa sadia... quando adoeço, eu mesmo faço meus
remédios... tiro tudo da mata... Dizer que só quem é gente é Doutor,
isso é besteira, eu sei muito mais do que qualquer doutor...
2001-2003 (Registro de campo: 2003)

UNAMA Esse povo de agora não sabe de nada... em vez de ficarem mais
inteligentes, ficaram mais burros. Só querem saber de coisas que
FIDESA E não tem importância... não sabem mais fazer tarrafa, peçonha...
essas coisa... só querem saber desse diabo que é a televisão...
CNPq eles acham que são modernos, mas a televisão só ensina coisa
que não presta, é filho batendo em pai, é pai matando filho... é só
coisa que não tem sentido... é isso que eles querem ver. (Registro
de campo: 2003)
2003: DA AÇÃO VOLUNTÁRIA
IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA NA ONG ISSAR, ILHA
DE CARATATEUA, ITAITEUA, BELÉM, PA.
CICLO DE PALESTRAS I
CURSO DE FITOTERAPIA EM PARCERIA COM A
ESCOLA BOSQUE
CICLO DE PALESRAS II
DINÂMICA DA BORBOLETA
PROJETO
QUARTAS 1a Quarta
2a Quarta
SAUDÁVEIS MULHERES
CRIANÇAS

2003-2004
ISSAR E
UEPA 3a Quarta
4a Quarta MULHERES
JUVENTUDE
2004: À PRÁTICA EXTENSIVA

OBJETIVOS

a) discutir com as famílias ribeirinhas


saúde e qualidade de vida e as relações
com o ambiente;
b) investigar as representações dessas
famílias sobre os temas tratados;
PROJETO c) construir canais de comunicação e
QUARTAS participação entre as famílias e os
agentes comunitários de saúde;
SAUDÁVEIS d) mapear o cuidar cotidiano de saúde entre
as famílias;
2003-2004 e) incentivar o plantio e o uso de plantas
medicinais e alimentos naturais;
ISSAR E f) fomentar educação ambiental e
UEPA educação em saúde.
2004: DIGA SIM À PREVENÇÃO, DIGA NÃO À
DEGRADAÇÃO

MÊS E TEMA GERADOR

ABRIL
“Diga NÃO à violência doméstica e abuso sexual, acidentes domésticos e no trânsito.”

MAIO
“Diga SIM à prevenção (do câncer, doenças do coração, da desnutrição , diarréia infantil,
da cárie.) e ao Planejamento Familiar.”

PROJETO JUNHO
”Diga NÃO á degradação e á poluição de solo, das águas, das encostas, ao desmatamento
QUARTAS e queimadas irresponsáveis.”

SAUDÁVEIS AGOSTO
”Diga SIM aos direitos e deveres da família, à cidadania, ECA e participação e
organização comunitária”
2003-2004 SETEMBRO
“Diga SIM aos hábitos saudáveis (exercícios , sol, alimentação, lazer) aos cuidados com

ISSAR E corpo e com a mente e ao brincar.”

OUTUBRO
UEPA “Diga NÃO às drogas e ao stress, gravidez na adolescência e DST”
 

NOVEMBRO
“Diga SIM a coleta seletiva e ao tratamento do lixo, ao tratamento da água e destinação
adequada dos esgotos.”
PROJETO
QUARTAS
SAUDÁVEIS
2003-2004
ISSAR E
UEPA
PROJETO
QUARTAS
SAUDÁVEIS
2003-2004
ISSAR E
UEPA
PROJETO
QUARTAS
SAUDÁVEIS
2003-2004
ISSAR E
UEPA
•O pensamento complexo de Edgar Morin, com ênfase
nos sete saberes necessários para a educação do
futuro (MORIN, 2000).
• O pensamento de Marcos Reigota, com ênfase em
sua proposta pedagógica para uma educação
ambiental pós- moderna com base em uma intervenção
cidadã (REIGOTA, 1999).
• O pensamento de Moacir Gadotti, com ênfase em sua
pedagogia da terra, que defende uma educação
sustentável para uma sociedade sustentável
PARCEIROS (GADOTTI, 2000).

TEÓRICOS • O pensamento de Leonardo Boff, com ênfase no


cuidar da casa e do lugar (BOFF, 1999).
NAS
• O pensamento de Antonio Carlos Diegues, com
TRAVESSIAS ênfase nos conceitos de ilheidade, imaginário e
simbolismo em rios e mares (DIEGUES, 1998)
• O pensamento de Boaventura de Sousa Santos com
ênfase nos conceitos de contrato social, fronteira e
emancipação (SANTOS, 1998; 2000; 2004)
• O Pensamento de Carlos Rodrigues Brandão, com
ênfase em sua reflexão sobre educação popular
(BRANDÃO, 2002).
PESQUISA:
AMBIENTE.COM
CONSTRUÇÕES DO IMAGINÁRIO DE CRIANÇAS,
JOVENS, ADULTOS E IDOSOS ALFABETIZANDOS DA
CIDADE E DAS ILHAS
PRÓXIMAS
TRAVESSIAS
PARA 2005
EXTENSÃO:
QUARTAS SAUDÁVEIS
APRENDENDO A CUIDAR DO INDIVÍDUO E DO
AMBIENTE
BOFF, L. Saber cuidar. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.
BRANDÃO, C. R. A educação popular na escola cidadã.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
DIEGUES, A. C. Ilhas e mares, simbolismo e imaginário.
São Paulo: HUCITEC, 1998.
GADOTTI, M. Pedagogia da terra. São Paulo: Peirópolis,
2000.
MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do
REFERÊNCIAS futuro. São Paulo: Cortez, 2000.
REIGOTA, M. A floresta e a escola: por uma educação
ambiental pós-moderna. São Paulo: Cortez, 1999.
SANTOS, B de S. Reinventar a democracia. Lisboa:
Gradiva, 1998.
______. Conhecimento prudente para uma vida decente.
Porto: Afrontamento, 2003.
______. A crítica da razão indolente. São Paulo: Cortez,
2000.

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