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Escola Austríaca: por uma

economia para além de Keynes


Introdução cognitiva ao estudo da Escola de Viena

Sandro Schmitz dos Santos – Especialista Millenium


São Luis – Maranhão – 23 de maio de 2013
Roteiro
1. Antecedentes históricos
2. Grandes Nomes da Escola Austríaca
3. Bases teóricas da Escola Austríaca
4. A Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos
(TACE)
5. Falando de crises: as causas e os receituários
falhos [1929/2008]
6. O Brasil atual e o futuro perigoso...
7. E Keynes estava errado. Sem pretender
concluir.
 Esses três pensadores
lançam as ideias originais
da Escola Austríaca, mas
não estabelecem sua
doutrina, tampouco a
criam como pensamento
sistematizado, contudo já
é possível antever vários
de seus postulados. Padre Jesuíta Espanhol nascido na
cidade de Talavera, em 1536. Ficou
 São famoso por defender que qualquer
eles: Juan de Mariana cidadão pode matar justificadamente
(1536/1624), Richard seu soberano que crie impostos sem o
Cantillon (1680/1734), e, consentimento das pessoas.
Frederic Bastiat
(1801/1850). Falou também contra a inflação apesar
desse termo não ser usado à época,
assim como a superestrutura do
Estado, defendendo sua redução, além
de defender a ideia de
Os precursores subsidiariedade.
Sobre tributos e sucesso pessoal: "Ele confisca a propriedade dos indivíduos e a
desperdiça, impelido que está pelos vícios, indignos de um rei, da luxúria, avareza,
crueldade e fraude. . . . Tiranos, na verdade, tentam prejudicar e arruinar a todos, mas
eles dirigem seus ataques especialmente contra os ricos e os homens justos de todo o
reinado. Eles consideram o bom mais suspeito do que o mal; e a virtude que lhes falta
é a mais temível para eles . . . . Eles expulsam os homens de bem da comunidade sob o
princípio de que o que quer que seja exaltado no reino deve ser escondido . . . . Eles
exaurem todo o resto - seja através da fabricação de controvérsias para que haja
brigas intensas entre os cidadãos, seja através da extração diária de tributos, seja
através da criação de guerras atrás de guerras - para que eles não possam se unir
contra o tirano”.

Sobre o tamanho do Estado: "o rei deveria reduzir seus favores. Não há reino, no
mundo com tantos prêmios, comissões, pensões, benefícios, e cargos; se eles todos
fossem distribuídos de maneira ordeira, haveria uma necessidade menor de se retirar
recursos adicionais do tesouro público ou de outros impostos".

Sobre Inflação: "se a moeda sofre uma queda de seu valor legítimo, todos os bens
encarecem inevitavelmente, na mesma proporção da queda do valor da moeda, e
todas as contas entram em colapso".

Juan de Mariana - 1598


Richard Cantillon  Foi Cantillon que desenvolveu uma
(década de 1680 - maio nova teoria quantitativa da moeda
de 1734)
em que: “a inflação ocorria
gradativamente e que a nova oferta
Banqueiro e mercador de de moeda tinha um efeito localizado
sucesso, se tornou na inflação, efetivamente originando
especialmente famoso o conceito de moeda não-neutra, ou
por analisar a bolha da seja, os destinatários originais da
Mississipi Company em nova moeda gozam de padrões de
que foi ameaçado por
vida mais altos à custa dos
seu, antes amigo, John
indivíduos posteriores”.
Law
 Também admitiu que o aumento dos
Economista franco-irlandês autor do substitutivos da moeda poderiam
“Essai sur la Nature du Commerce en afetar os preços ao aumentar a
Général” (Ensaio sobre a Natureza do velocidade do dinheiro em circulação
Comércio em Geral), considerado por [ampliar a base monetária].
muito o primeiro tratado de economia
política.
“O estado é a grande ficção da qual todo
mundo se esforça para viver às custas de
todo mundo.”
“Os socialistas temem todas as liberdades.”
“Não esperar senão duas coisas do Estado:
Liberdade e Segurança, e ter bem claro que
não se poderia pedir mais uma terceira
coisa, sob o risco de perder as outras
Claude Frédéric Bastiat, nascido em 30 duas.”
de junho de 1801 na França, e, falecido “Na esfera econômica, um ato, um hábito,
em Roma no ano de 1850. Economista, uma instituição, uma lei não geram
jornalista, e, Deputado Francês. somente um efeito, mas uma série de
efeitos.”
Foi um dos grandes opositores as ideias “Nós não podemos duvidar que o auto-
socialistas em sua origem, tendo em interesse é o principal motivo da natureza
vista que a maior parte de sua obra é humana. Deve ser claramente
publicada pouco antes e durante a compreendido que essa palavra é usada
Revolução de 1848, momento em que aqui para designar um incontestável fato
essas ideias se propagam com força na universal, resultante da natureza do
França. homem, e não um julgamento hostil, como
seria a palavra egoísmo”.
Carl Menger
Valor = um bem tem valor pois
Nascido em fevereiro de 1840 em satisfaz uma necessidade, sendo
Neu-Sandez é o fundador da que esse valor deriva da
Escola Austríaca. necessidade que não seria
Desenvolveu a Teoria Subjetiva do satisfeita caso não tivéssemos o
Valor, ou, Teoria da Utilidade bem.
Marginal Decrescente,
vinculando-a a satisfação dos Preço = é determinado pelo
desejos humanos. mercado, vinculado a
Assim sendo, torna claro que: concorrência e informação do
produto.
Preço # Valor

1 ª Geração
Eugen Böhm Ritter von Bawerk Demonstra no transcorrer da obra
os diversos pontos de
É um dos expoentes da 2ª Geração contradição entre o Livro I e o
da Escola. Livro III de “O capital” onde
está exposta a Teoria do Valor-
Trabalho e as razões pela qual
Escreveu sua obra magna “Capital
ela não se sustenta, sendo que
e Juro”durante a década de 1880,
uma das principais razões para
obra em que faz uma análise
isso o fato de ele desconsiderar a
profunda sobre esses
taxa de lucro e os preços de
mecanismos.
produção.
No que se refere a teoria da
Contudo, desconstruiu em sua
exploração, essa é desconstruída,
obra: “Karl Marx and the Close of
pois Marx desconsidera em toda
His System” a Teoria do valor-
obra o fator TEMPO, essencial
trabalho de Karl Marx provando
para se considerar a exploração e
a contradição na obra desse
para qualquer cálculo
autor.
econômico, portanto,
2 ª Geração insustentável.
Autor de diversas obras, dentre as
principais podemos citar: “A Ação
humana – Um tratado de
Economia”, e, “Theory of Money &
Credit”, além das famosas “Seis
Lições”.
Em 1920 publicou o artigo: “O cálculo
econômico no sistema socialista”,
onde evidenciou a inviabilidade do
socialismo por meio do cálculo
econômico. Nesse artigo Mises
Ludwig von Mises afirma que: “sem mercado, não há
formação de preços, e sem formação de
preços, não pode haver cálculo
O Grande Nome da 3ª Geração da econômico, ou seja, se o governo é quem
Escola Austríaca, e, pode ser determina os preços, o cálculo econômico
considerado o sistematizador da não é real. É falso. o mecanismo de
mesma. formação de preços só é possível
mediante as relações de trocas de bens
produzidos sob a base de um regime de
propriedade privada”.

3 ª Geração
Individualismo Metodológico
Subjetivismo
Análise de Processo
Complexidade => estrutura do capital
Heurística positiva
Heurística Negativa

Bases teóricas
Individualismo Metodológico

Apenas o indivíduo possui uma mente; apenas o indivíduo


pode sentir, ver, realizar e entender; apenas o indivíduo pode
adotar valores e fazer escolhas; apenas o indivíduo pode agir.
[Murray Rothbard]

À aplicação formal do individualismo metodológico dá-se o


nome de Praxeologia.

No mundo atual vivemos um processo de desconstrução do


indivíduo, a desconstrução do Ego.

Bases teóricas
Subjetivismo

Para entender o subjetivismo na concepção austríaca temos de


entender a ação humana nessa escola. Para Mises: “Ação humana é
qualquer ato voluntário praticado com o intuito de se passar de um
estado menos satisfatório para um estado mais satisfatório. Toda
ação, sendo por definição voluntária, é uma escolha e toda escolha
acarreta consequências não apenas no momento em que é feita, mas
em uma série de acontecimentos futuros interdependentes, que não
têm como ser previstos no instante da escolha”.

Ou nas palavras do Professor Ubiratan Iorio: “Ação humana ao longo


do tempo sob condições de incerteza genuína”.

Bases teóricas
Análise de Processo

Toda ação — e, portanto, toda atuação empresarial — tem a


capacidade de gerar novas informações de cunho implícito, de
natureza ao mesmo tempo prática e subjetiva e que muitas vezes
não podem ser expressas. Sendo assim, o conjunto de ações ou atos
empresariais induz cada agente a ajustar ou coordenar suas
próprias atuações levando em consideração as necessidades, desejos
e circunstâncias dos demais agentes, transmitidas pelo processo de
mercado por meio de suas atuações. Essa dinâmica, no final das
contas, é que torna possível e interessante, de maneira inteiramente
espontânea e inconsciente, a própria vida em sociedade.

Bases teóricas
Complexidade => estrutura do capital

Se enfatiza o estudo da estrutura do capital em detrimento de


sua quantidade total, os movimento relativos nos preços são
mais importantes do que o estudo do "nível dos preços", o
conhecimento e expectativas variam conforme o agente e o
sistema de preços é visto como um sistema complexo de
adaptação a mudanças frequentes e desconhecidas pelos
agentes.

Bases teóricas
Heurística positiva

Devemos tornar os fenômenos inteligíveis em termos de ação


humana proposital, em especial o estudo de planos individuais;
traçar conseqüências não intencionais da ação humana; lidar
com as conseqüências da passagem do tempo e da imperfeição
do conhecimento, como o estudo da inconsistência de planos;
desenvolver teorias sobre a aquisição de conhecimento por
parte dos agentes; estabelecer as condições para se admitir a
existência de uma tendência ao equilíbrio; estabelecer as
condições em que ocorrem desequilíbrio, como na teoria de
ciclos; construir teorias com relações estruturais entre seus
elementos, que dêem conta da diversidade e complexidade do
fenômeno estudado.
Bases teóricas
Heurística Negativa

Paralelamente ao programa positivo, seguimos regras negativas


como: não construir teorias que estabeleçam relações causais
entre agregados e médias, mas que careçam de base em ações
humanas individuais; não construir teorias nas quais as ações
humanas são completamente determinadas por situações
externas, negando-se alguma autonomia à mente humana;
não utilizar teorias que admitem conhecimento perfeito ou
otimamente imperfeito; não desconsiderar diversidade
individual dos agentes e o realismo das hipóteses (rejeita-se o
instrumentalismo metodológico).

Bases teóricas
“o dinheiro deve primeiramente ter se originado como um bem
diretamente aproveitável antes de se tornar um bem indiretamente
aproveitável (i.e., dinheiro)”. [Mises, Theory of Money & Credit] –
Teoria da Regressão

1ª fase: boom nas indústrias de bens de capital sob inflação


2ª fase: efeitos-renda
3ª fase: o aperto de crédito (“credit crunch”)
4a fase: recessão
5ª fase: retomada e estabilidade

A Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos


(TACE)
 Crise de 1929  Soluções adotadas pelo
governo dos EUA
 Criação do FED em 1913  Impedir ou retardar
 Criação de políticas de liquidação de empresas;
regulação do sistema  Inflacionar ainda mais;
financeiro em 1926  Manter elevados os salários;
 Imposição de barreiras a  Manter os preços altos;
importação na Europa a partir  Estimular o consumo e
de 1927 desincentivar a poupança;
 Forte aumento do  Subsidiar o desemprego.
INTERVENCIONISMO em
ambos os lados do Atlântico  [Rothbard, A grande
 Enorme aumento de custos
depressão americana, pp.
para as empresas 61/62]

Falando de crises 1929/2008?


 A enorme
irresponsabilidade
governamental na
concessão de
crédito a
população nos
mais diversos
setores cria uma
situação
insustentável no
médio e longo
prazo.

O Brasil atual e o futuro perigoso...


 O elevado nível de
 A falsa criação de renda: intervencionismo do país
programas de transferência provoca mais pobreza ainda,
de renda NÃO criam renda, tendo em vista que um
apenas modificam a posição empreendedor leva em torno
dessa, assim sendo criam de 119 dias para abrir sua
uma falsa liquidez no empresa.
mercado propiciando uma A ilusória crença que a
alavancagem financeira que proteção do Estado é útil tem
favorece a criação de custo e pode ser medida. No
“bolhas”. ano passado consumiu 36.5%
 O subsídio ao desemprego do PIB do país.
desincentiva a produção, ou  Apenas nesse sábado os
seja, cria mais empecilhos a
empresários começarão a
produção de renda no país,
dificultando ainda mais o trabalhar para receberem para
processo de criação de si, pois irá terminar o período
riqueza. dedicado ao pagamento de
tributos.

O Brasil atual e o futuro perigoso...


Enquanto vários países do mundo adotam medidas
Keynesianas para sair da crise mundial o mais liberal
dos países da América Latina, o Chile, reclamou na
semana passada que perdeu dois pontos percentuais
de seu PIB no primeiro trimestre que foi de 4.1%, sem
abrir mão de suas “terríveis” políticas liberais, sendo
de longe o país com o melhor ambiente para
investimento da América Latina.

E Keynes estava errado, mas sem pretender concluir...


Para sintetizar

"A economia não lida com coisas e objetos


materiais tangíveis, trata dos homens, suas ações
e propósitos.“

(Ludwig von Mises)

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