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ACIDENTE VASCULAR

ENCEFÁLICO (A.V.E.)

ANDERSON OSCAR
Enfermeiro Auditor em Sistema de Saúde
Especialista em Saúde Pública
DEFINIÇÃO
É uma síndrome clínica que afeta o cérebro.

Nela a circulação sanguínea que vai em direção ao cérebro


pode ser interrompida no meio do trajeto e não chegar ao seu
destino devido ao rompimento de um vaso sanguíneo
(hemorragia) ou a presença de uma obstrução (isquemia).
O oxigênio que seria levado ao cérebro através do sangue
para que ele funcionasse normalmente não chega para nutrir
as células cerebrais causando uma série de alterações
cognitivas, sensoriais e/ou motoras, dependendo do local em
que ocorreu.
Fornecimento de sangue para o cérebro

O sangue é fornecido para o cérebro por meio de dois pares


de grandes artérias:

As artérias carótidas internas, que levam o sangue do


coração ao longo da frente do pescoço.

As artérias vertebrais, que levam o sangue do coração ao


longo da parte de trás do pescoço.
DADOS ESTASTÍSTICOS

De acordo com as estatísticas publicadas pela American Heart


Association podemos ver a gravidade deste problema:

• O AVC está em terceiro lugar como causa de morte perdendo


para a doença cardíaca e câncer;

• A cada ano, 600.000 sofrem de um AVC novo ou recorrente;

• Existem cerca de 4.400.00 sobreviventes de AVC hoje;


• A porcentagem de AVC que resulta em morte dentro de 1
ano é de cerca de 29%, menos se o AVC ocorrer antes dos 65
anos;

• Vinte e oito por cento das pessoas que sofreram AVC tem
menos de 65 anos. Para pessoas com mais de 55 anos, a
incidência de AVC Aumenta mais que o dobro para cada
década sucessiva e;

• A incidência de AVC é cerca de 19% mais alta em homens


que em mulheres.
TIPOS
AVE pode ser classificado em três tipos:

Isquêmico
• Hemorrágico
• Transitório
Sintomas Gerais

Eles variam dependendo da localização exata da obstrução ou


sangramento no cérebro ( Quando áreas específicas do cérebro
são lesionadas).

Todas as zonas do cérebro são irrigadas por artérias específicas.


Por exemplo: Se uma artéria que irriga a zona do cérebro que
controla os movimentos musculares da perna esquerda se
encontra obstruída, a perna fica fraca ou sofre uma paralisia.
Se a zona lesionada é a parte do cérebro que se encarrega do tato
no braço direito, este membro perde a sensibilidade.
Sintomas de Alerta de Acidentes
Vasculares Cerebrais
• Súbita fraqueza ou paralisia de um lado do corpo (por exemplo,
metade do rosto, um braço ou uma perna, ou um lado inteiro).

• Súbita perda de sensibilidade ou sensibilidade anormal em um


lado do corpo.

• Dificuldade súbita em falar, incluindo dificuldade em achar as


palavras e algumas vezes linguagem ininteligível.
• Confusão súbita, acompanhada de dificuldade em
compreender a linguagem e em falar.

• Obscurecimento súbito, visão turva ou perda da visão, em


particular em um olho.

• Tontura súbita ou perda de equilíbrio e coordenação,


levando a quedas.
Por que os acidentes vasculares afetam
apenas um lado do corpo

Os acidentes vasculares cerebrais, em geral, afetam apenas um


lado do cérebro.

Como os nervos no cérebro atravessam para o outro lado do


corpo, os sintomas aparecem no lado do corpo oposto ao lado
danificado do cérebro.
AVE ISQUÊMICO
A isquemia é a causa mais comum de AVE, responsável por
70% a 75% dos casos, sendo definida como obstrução de um
vaso devido à presença de trombose ou oclusão resultante de
arteriosclerose, ou embolia- presença de trombo formado em
outro local do sistema vascular que se fragmenta e atinge um
vaso cerebral.
Causas comuns
Normalmente, as obstruções são coágulos sanguíneos (trombos)
ou pedaços de depósitos de gordura (ateromas, ou placas) devido
à aterosclerose.
Essas obstruções ocorrem frequentemente nas seguintes formas:

Ao se formar e bloquear uma artéria: Um ateroma na parede de


uma artéria pode continuar a acumular material de gordura e
tornar-se suficientemente grande para bloquear a artéria.
Mesmo que a artéria não esteja completamente bloqueada, o
ateroma estreita a artéria e diminui o fluxo sanguíneo através dela
Ao deslocar-se de uma outra artéria para uma artéria no cérebro:
Um pedaço de um ateroma ou um coágulo de sangue na parede
de uma artéria pode soltar-se e viajar através da corrente
sanguínea (tornando-se um êmbolo).

O êmbolo pode, então, se alojar em uma artéria que irriga o


cérebro e obstruir o fluxo sanguíneo ali.

(Embolia refere-se à obstrução das artérias por materiais que se


deslocam através da corrente sanguínea para outra parte do
corpo.)
As principais causas do AVE isquêmico são:

• Hipertensão;
• Doenças Cardíacas;
• Diabetes;
• Tabagismo;
• Uso de drogas ilegais;
• Uso excessivo de álcool;
• Estilo de vida como obesidade, inatividade física, dieta e
estresse emocional
AVE HEMORRÁGICO
São AVC hemorrágicos a hemorragia subaracnóidea e
intracerebral, que responde a 15 a 25% do total de AVC.

Este tipo de AVC tem muitas causas.

As quatro causas mais comuns são:

• Hemorragias intracerebrais hipertensivas profundas;


• Aneurismas saculares com ruptura;
• Sangramento decorrente de malformações arteriovenosas e
• Hemorragias espontânea dos lobos.
DIAGNÓSTICO

O diagnóstico de um AVE é fundamentado na elaboração de uma


história clínica detalhada e na realização de exames físico e
neurológico que podem indicar a artéria acometida a partir dos
sintomas apresentados, embora a diferenciação quanto a etiologia
hemorrágica ou isquêmica não possa ser realizado com base em
achados clínicos.

A realização de tomografia computadorizada e ressonância


magnética indica a etiologia e confirma o território vascular
afetado.
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES

• Afasia: dificuldade na articulação e/ou compreensão das


palavras;
• Alterações visuais;
• Ataxia contralateral ao hemisfério cerebral atingido: isto é, se o
AVE aconteceu no hemisfério direito, poderá haver a ocorrência de
perda do controle muscular durante movimentos voluntários do
lado contrário a lesão, ou seja, o esquerdo;
• Déficits cognitivos: alterações na memória, atenção, raciocínio e
habilidades motoras;
• Dificuldade na deglutição (ação de engolir);
• Distúrbios de equilíbrio ou vestibulares;
• Déficits visuais;
• Paralisia facial;
• Perda ou diminuição da sensibilidade e controle motor
contralateral a lesão: déficit na percepção de estímulos
aplicados e/ou na realização de movimentos ao lado
contralateral afetado;
CAUSAS / FATORES DE RISCO
Existem inúmeros fatores de risco que, comprovadamente, podem
ser responsáveis pelo AVE isquêmico, como:

• Arritmia cardíaca (alteração ritmo do coração)


• Doença cardíaca
• Hipertensão arterial
• Diabetes mellitus
• Tabagismo
• Hiperlipidemia (aumento de colesterol e/ou triglicerídeos)
• Trombo na carótida
• Uso de pílulas anticoncepcionais
• Álcool
AVE hemorrágico, esses fatores de risco são, em sua grande
maioria, em detrimento da má-formaçãdos vasos sanguíneos
cerebrais, assim como os aneurismas cerebrais. Os principais
fatores de risco para o o AVE hemorrágico são

• Aneurismas no cérebro
• Malformações dos vasos cerebrais
• Vasculites
• Traumas
• Hipertensão
• Tabagismo
• Uso de anticoagulantes como a heparina e varfarina
PROGNÓSTICO
A etiologia, o tamanho, o local da lesão e a progressão da
recuperação influenciam no prognóstico.

•INDICADORES DE PIOR PROGNÓSTICO: Presença de flacidez nos


membros afetados, severidade dos déficits motores iniciais,
ocorrência prévia de AVE, déficits visuoespaciais e cognitivos,
afasia, perda de controle vesical, doenças preexistentes como
diabetes ou distúrbios cardíaco e vascular periférico.

•INDICADORES DE PROGNÓSTICO FAVORÁVEL: Idade jovem,


suporte social adequado, acesso a serviços de reabilitação e
retorno ao trabalho.
TRATAMENTO
O AVE é uma emergência médica e portanto o paciente deve ser
encaminhado imediatamente para atendimento hospitalar.
Trombolíticos e anticoagulantes podem diminuir a extensão dos
danos.
A cirurgia pode ser indicada para retirar o coágulo ou êmbolo,
aliviar a pressão cerebral ou revascularizar veias ou artérias
comprometidas.
Células cerebrais mortas não se regeneram.
No entanto, existem recursos terapêuticos capazes de ajudar a
restaurar funções, movimentos e fala.
A repetição do AVE é frequente. Acredita-se que cerca de 25% dos
pacientes que se recuperam do seu primeiro AVE terão outro
dentro de 5 anos.
A pessoa que sofreu o AVE deve iniciar o tratamento o mais
precocemente possível, uma vez que o período de maior
recuperação funcional compreende os primeiros seis meses,
sendo o primeiro mês o período de recuperação maciça.

O tratamento será constituído pelo acompanhamento com


diferentes profissionais, dentre eles médicos, terapeutas
ocupacionais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, entre outros que
trabalharão buscando a reabilitação desse paciente.
IDENTIFICANDO OS SINAIS “SAMU”
S= SORRIA: Peça para a pessoa sorrir. Se um lado do rosto ficar
torto, provavelmente ela pode estar tendo um AVE

A= ABRACE: Peça para a pessoa levantar os braços. Se ela não


conseguir levantar um deles, provavelmente ela pode estar tendo
um AVE

M= MÚSICA: Peça para a pessoa falar ou cantar uma música. Se


ela não falar ou falar de forma que não dê para entender,
provavelmente ela pode estar tendo um AVE

U= URGÊNCIA: Se identificou algum desse sinais. ligue para 192!


Abordagem do paciente com AVE
A fase inicial da abordagem do AVE ocorre antes mesmo da
instalação do evento, é o que chamamos de Tratamento
Preventivo, que inclui a identificação e controle dos fatores de
risco, sejam eles hipertensão arterial, diabetes mellitus ou
tabagismo, entre outros.
A segunda fase da abordagem do paciente é o Tratamento do
AVE agudo, cujo objetivo principal é a estabilização do
quadro, com uma avaliação clínica e com exames
complementares feitos em até 60 minutos, visando
diferenciar o AVE isquêmico do hemorrágico e até mesmo
identificar o local exato da isquemia ou da hemorragia.
Essa avaliação deverá focar a necessidade ou não de suporte de
oxigênio, com ou sem ventilação mecânica, controle da pressão
arterial, identificação e controle de hipoglicemia ou hiperglicemia,
bem como da hipertermia (com mais de 38 oC).

Nesse estágio do tratamento, é preciso determinar os riscos e


benefícios de uma possível anticoagulação e trombólise, no caso
do AVE isquêmico agudo, que tentam dissolver o coágulo que está
causando a isquemia.

Quanto mais rápida for a ação terapêutica nesses casos, a


recuperação é maior. Em alguns casos selecionados, uma cirurgia
pode ser indicada para retirada do coágulo de dentro da artéria
carótida.
Algumas vezes, no AVE hemorrágico, a cirurgia pode ser
indicada para drenar um coágulo ou uma hemorragia maciça
que esteja provocando uma hipertensão intracraniana ou até
mesmo corrigir uma má-formação e/ou aneurisma que tenha
sido a causa do evento.
A Reabilitação pós-AVE é o terceiro estágio do tratamento e ajuda
o indivíduo a superar as dificuldades resultantes dos danos
causados pela lesão.
Envolvem principalmente a fisioterapia e a fonoaudiologia, com o
objetivo de recuperar a força motora, a fala e a deglutição,
sequelas comuns após um AVE.
Ataque Isquêmico Transitório (AIT)
Consiste numa alteração da função cerebral que,
normalmente, dura menos de uma hora e é causada por um
bloqueio temporário do fornecimento de sangue ao cérebro.
A causa e os sintomas de um AIT são os mesmos que os de um
acidente vascular cerebral isquêmico.

Os AITs diferem de acidentes vasculares cerebrais isquêmicos, pois


os sintomas geralmente se resolvem em uma hora e nenhuma
lesão cerebral permanente ocorre.

Os sintomas sugerem o diagnóstico, mas exames de imagem do


cérebro também são feitos.
Fatores de risco
Os fatores de risco para AITs também são os mesmos que
para acidente vascular cerebral isquêmico.

Alguns desses fatores de risco podem ser controlados ou


modificados até certo ponto, por exemplo, tratando-se o
distúrbio que aumenta o risco.
Os principais fatores de risco
modificáveis de AITs

Níveis altos de colesterol


Hipertensão arterial
Diabetes
Tabagismo
Obesidade, particularmente se o excesso de peso estiver ao redor do
abdômen
Consumo excessivo de álcool
Falta de atividade física
Dieta pouco saudável (como aquelas que apresentam um teor
elevado de gorduras saturadas, gorduras trans e calorias)
Vamos Treinar

1- Define um AVE
2- Quais os tipos de AVE
3- Conceitue os tipos, diagnósticos e tratamento dos AVE
4- Quais as identificações de AVE

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