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Síndrome da Apnéia

Obstrutiva do Sono (SAOS)

Beatriz Zampoli, Gabriella Pytel e Letícia Vilela


Obesidade:

○ Caracterizada pelo excesso de tecido adiposo corporal com distribuição localizada ou


generalizada;

○ É o resultado de desequilibro nutricional, podendo estar associada a alterações genéticas e


endócrinas (ex: hipotireoidismo).

○ Trata-se de uma doença multifatorial, envolvendo fatores biológicos, nutricionais, ambientais,


sociais, culturais, econômicos e psicológicos.

○ Leva em consideração o peso, altura, circunferência abdominal e o IMC (não avalia a composição
e a distribuição corporal, mas kg/altura2).
OBS.: IMC idoso:
- ≤ 22 → baixo;
- >22 e <27 → adequado;
- ≥ 27 → sobrepeso;
Tipos de obesidade
● Ginecóide ou periférica
○ Formato de pêra → acúmulo de gordura em quadril e coxas
○ Mais comum em mulheres
○ Deposição de gordura predominantemente subcutânea (baixo risco de doenças
cardiovasculares)

● Andróide ou central
○ Formato de maçã → gordura concentrada em tórax e abdome
○ Deposição de gordura predominantemente visceral (aumento do risco cardiovascular)
Exame físico
Sinais Vitais

● PA: Utilizar o tamanho do manguito certo;


○ Analisar a distância do acrômio até o olécrano;
○ Na metade dessa distância, mede-se a circunferência do braço;

● Ausculta diminuída;
● Orofaringe e jugular: difícil de visualizar;
● Diminuição do retorno venoso;
● Dificuldade de visualização e palpação da tireoide;
● Pulmão: MV diminuídos;
● Abdome: dificuldade de palpação de visceras
○ Teste arranhador: colocar o diafragma do estetoscópio na superfície sólida do fígado (aumento
do ruído na borda hepática).
Medidas antropométricas
Circunferência do pescoço:

● Medida abaixo da cartilagem cricóide;


● Mulher: 40,6 cm
● Homem: 43,2 cm
● Valores maiores: risco de SAOS.

Circunferência abdominal:

● A medição é feita no ponto médio da distância entre a crista ilíaca e o rebordo costal (coincide na
maioria das vezes com a cicatriz umbilical);
● Mulher < 80 cm;
● Homem < 94 cm;

Relação cintura-quadril:

● Mais sensível que IMC para predizer mortalidade e risco CV;


● Homens > 1,0;
● Mulheres > 0,8.
Doenças associadas
Acantose Nigricans
● Condição dermatológica caracterizada por espessamento, hiperpigmentação e
acentuação das linhas da pele, gerando aspecto grosseiro e aveludado;
● Marcador de resistência insulínica;
● Muito comum em regiões de dobras;

○ Achados: lesão papular hipercrômica cervical e manchas


hiperemiadas inguinal;
○ Tipos: maligna (marcador de neoplasias abdominais) e
benigna (dividida em idiopática, hereditária, induzida por
drogas e as causadas por doenças endócrinas).
Doenças associadas
Osteoartrite

● Doença crônica caracterizada por degeneração da cartilagem articular, dor e rigidez a


movimentação;
● As relações feitas entre obesidade e o desenvolvimento da OA restringiam-se as
alterações biomecânicas da articulação provocadas pelo aumento do peso corporal
levando a gênese de um processo inflamatório na cartilagem e culminando no
desenvolvimento e progressão da doença;
Doenças associadas
Ginecomastia
● Proliferação benigna do tecido glandular mamário no homem que se extende de forma
concêntrica a partir do mamilo;
● Relação com aromatase do tecido adiposo (aumento da atividade dessa enzima no tecido
adiposo);
○ Aromatase catalisa a conversão dos precursores esteróides C19 em estrogênios C18
○ Está presente no tecido adiposo, principal local de aromatização periférica dos
androgênios em estrogênios;
● Classificação:
○ Fisiológica: até 4 cm, não é dolorosa;
○ Patológica: mais de 4 cm. pode ser dolorosa;
Hipertensão
Tipos:
• HAS do jaleco branco – normotenso que fica hipertenso em um ambiente hospitalar, decorrente de uma resposta adrenérgica
transitória. Já o efeito do jaleco branco – aumenta a PA do paciente no médico, sem mudar o seu diagnostico, ou seja, se era
hipertenso continua hipertenso e se era normotenso continua normotenso.

• HAS mascarada – hipertenso, mas no médico se normaliza, por causa de hiperatividade simpática na vida diária devido ao
estresse no trabalho ou no lar, abuso de tabaco ou outra estimulação adrenérgica que se dissipa quando o paciente vai ao
consultório.

• HAS mantida – hipertenso dentro e fora do consultório

• HAS resistente – PA maior ou igual a 140x90 usando 3 medicamentos sendo um diurético e todos sendo usados em dose plena.
Ou usando 4 medicamentos para PA independente se esta acima ou abaixo de 140x90. • HAS refrataria – não controlam a PA
com 5 ou 6 medicamentos (mais grave)

Na SAOS tem o aumento da PA pois a obstrução gera a hipoxemia e tem aumento da atividade simpático e por
isso a dificuldade de controle pressórico
HAS isolada

Idoso apresenta (artérias ficam endurecidas, dificuldade de excretar todo a sal em


excesso e assim acumula lentamente e aumenta a volemia – por isso idoso
responde bem a diurético) aumento da PA sistólica.
Anamnese de HAS (doença crônica)
• Duração (quanto mais tempo, maior o risco de complicações associadas)
• Início (progressivo – ligada a primaria; abrupta – ligada a secundária)
• Medicamentos utilizados
• Controle
• Sinais e sintomas associados (sudorese, taquicardia...)
• Comorbidades associadas

HAS resistente por:


• Pseudorresistência. A hipertensão pseudorresistente é causada por agravamento por avental branco, um efeito de avental
branco superposto à hipertensão crônica que é bem controlada com medicação fora do consultório médico.
• Um esquema clínico inadequado
• Não adesão ou ingestão de substâncias pressóricas
• Hipertensão secundária. Diversas causas comuns de hipertensão aparentemente resistente são relacionadas com o
comportamento do paciente: não adesão à medicação; recidiva da modificação do estilo de vida (obesidade, dieta rica em sal,
ingestão excessiva de álcool); ou uso habitual de substancias pressóricas como fumo, cocaína, metanfetamina, remédios para
resfriado contendo fenilefrina ou herbáceas ou anti-inflamatórios não esteroidais, que podem causar retenção renal de sódio.

Características e fatores de risco para HAS resistente:


• Idade (quanto mais velho maior o risco),
• Obesidade,
• Doença crônica dos rins,
• Sobrecarga ventricular esquerda,
• Mulher,
• Negro,
• Alguns medicamentos como AINES...
Por que obesidade leva a HAS?

Por conta de uma hiperatividade simpática nesses indivíduos, sendo uma tentativa
compensadora de queimar gordura, causada por uma resistência insulínica e essa
hipersecreção acaba liberando centros simpáticos que causa vasoconstrição
(aumento da RVP), aumento da sistema renina-angiotensina-aldosterona que retém
mais líquidos (aumenta retenção de sódio e água).

Aumento da resistência de insulina ocorre porque existe uma hiperatividade


simpática por causa da obesidade.
Causas de HAS resistente secundária
Doença parenquimatosa renal: A doença renal crônica é a causa mais comum de hipertensão secundária. A
hipertensão está presente em mais de 85% dos pacientes com doença renal crônica e é um fator importante
responsável pela morbidade e pela mortalidade cardiovascular aumentada.
Os mecanismos que causam a hipertensão incluem um volume plasmático expandido e vasoconstrição periférica
(causada por ativação de vias vasoconstritoras (sistemas renina-angiotensina e nervoso simpático) e inibição de
vias vasodilatadores (óxido nítrico))

Síndrome de Cushing: ligada aos achados de obesidade, disglicemia, acnes e estrias; checar cortisol urinário
aumentado, facie de lua cheia.

Estenose de artéria renal (associado a processo aterosclerótico em idosos e fibromuscular em jovens) – idosos,
tabagistas, aterosclerose (DAP- Doença arterial periférica), doença renal de causa desconhecida (perdeu função
renal e não sabe o porquê); sopro na topografia de artéria renal abdominal

SAOS (síndrome da apneia obstrutiva do sono) – 80% dos pacientes com HAS resistente.
Definições:

- Apnéia - redução do fluxo aéreo para menos de 10% do volume basal por mais
de 10 segundos.
- Obstrutiva se tem esforço respiratório e central sem esforço respiratório.
- Hipopnéia – redução do fluxo aéreo para menos de 30% por mais de 10
segundos em associação com uma dessaturação de 4% de oxigênio.
Apnéia Obstrutiva do Sono
○ É uma condição crônica com obstrução cíclica das vias aéreas superiores durante o
sono, combinada com sinais e sintomas de distúrbio do sono, sendo bem comum a
sonolência durante o dia e ronco alto;
○ Frequência de pelo menos 5 eventos obstrutivos por hora de sono → critério mínimo
para diagnóstico;
○ Os efeitos da oclusão intermitente das vias aéreas superiores incluem:
■ esforços inspiratórios ineficazes;
■ pausas ventilatórias;
■ altas pressões negativas intratorácicas,
■ alterações dos gases arteriais;
■ estimulação de quimiorreceptores e barorreceptores, todos levando a
despertares frequentes, aumento da atividade nervosa simpática muscular e
resposta cardiovascular adversa;
Apnéia Obstrutiva do Sono:
○ Fatores de risco:
■ idade > 40 anos;
■ sexo masculino;
■ obesidade:
● O ganho ponderal maior que 1 % do peso corporal está associado a aumento
do índice de apneia e hipopneia por hora (IAH) de 3%.
■ tabagismo;
■ etilismo;
■ fatores obstrutivos anatômicos;
■ hipertrofia de tonsilas e adenóide;
■ Mallampati;
■ Retrognatia.
Mallampati:
● é utilizada tanto para risco de apneia obstrutiva do sono como para
dificuldade de intubação
● baseia-se na visualização das tonsilas, úvula, palatos mole e duro e
orofaringe posterior
● Quanto maior o Mallampati, maior a possibilidade de apneia obstrutiva do
sono
Retrognatia
- é a má oclusão maxilar devido a posição mais posterior da mandíbula
- é medido com auxilio de 2 réguas:
- na distância glabela-mento, coloca-se uma régua paralela ao nariz e mede-se a
distância do queixo para régua – se essa distância for maior que 0,5 cm, há presença
de retrognatia
- outra forma é colocar a régua entre o mento e a cricoidea, achar o ponto médio da
linha e colocar a outra régua paralelamente (formando 90º); se à distância de uma
régua para outra for menor que 1,5 cm há indicação de retrognatia
Apnéia Obstrutiva do Sono

- Sinais e Sintomas:
- ronco;
- apneias observadas;
- sonolência diurna;
- sono leve;
- cansaço;
- dificuldade de perder peso;

- Situações de alto risco para SAOS:


- Obesidade;
- ICC;
- HAS e DM tipo II;
- Fibrilação atrial (FA)
- Arritmias noturnas;
- AVC.
Apnéia Obstrutiva do Sono
Rastreamento:
- Escala de Berlim e Epworth:
Apneia Obstrutiva do Sono
Diagnóstico:
→ Polissonografia:
- é um teste multiparamétrico
utilizado no estudo do sono e
de suas variáveis fisiológicas
- geralmente é realizada à
noite e registra as amplas
variações biofisiológicas que
ocorrem durante o sono
- analisa se ou quando os padrões
são interrompidos e o porquê (avalia
quantidade de obstrução e quantidade de
sono REM)
- 5 a 15 apneias por noite: leve
- 15 a 30 apneias por noite:
moderado
- mais de 30 apneias por noite:
grave
Apneia Obstrutiva do Sono

Tratamento
CPAP: a pressão positiva contínua nas vias aéreas é uma forma de ventilador de pressão positiva
nas vias aéreas, que aplica uma leve pressão de ar em uma base contínua para manter as vias
aéreas continuamente abertas em pessoas que são incapazes de respirar durante o sono
Questões:

1. Paciente, sexo masculino, 45 anos, procura serviço ambulatorial por quadro de


obesidade. Refere aumento de peso desde os 15 anos. Já fez diversos
tratamentos sem sucesso. Diversos achados foram encontrados no seu exame
físico compatíveis com obesidade, EXCETO:
a. Fígado palpável a 5cm abaixo do rebordo costal direito.
b. Acantose nigricans.
c. Estrias nacaradas.
d. Bulhas hipofonéticas.
e. Abdômen em batráquio.
Questões:

1. Paciente, sexo masculino, 45 anos, procura serviço ambulatorial por quadro de


obesidade. Refere aumento de peso desde os 15 anos. Já fez diversos
tratamentos sem sucesso. Diversos achados foram encontrados no seu exame
físico compatíveis com obesidade, EXCETO:
a. Fígado palpável a 5cm abaixo do rebordo costal direito.
b. Acantose nigricans.
c. Estrias nacaradas.
d. Bulhas hipofonéticas.
e. Abdômen em batráquio.
Questões:

2. Qual dos achados abaixo é esperado em um paciente com diagnóstico de SAOS?

a. Mallampati I.
b. Retrognatia.
c. Gibosidade.
d. Acantose nigricans.
e. Circunferência do pescoço 36cm.
Questões:

2. Qual dos achados abaixo é esperado em um paciente com diagnóstico de SAOS?

a. Mallampati I.
b. Retrognatia.
c. Gibosidade.
d. Acantose nigricans.
e. Circunferência do pescoço 36cm.
Questões:

3. Qual das alternativas abaixo NÃO é fator de risco para a Síndrome de Apneia
Obstrutiva do Sono (SAOS)?
a) Sexo masculino
b) Obesidade
c) Tabagismo
d) Insuficiência cardíaca
e) Hipertireoidismo.
Questões:

3. Qual das alternativas abaixo NÃO é fator de risco para a Síndrome de Apneia
Obstrutiva do Sono (SAOS)?
a) Sexo masculino
b) Obesidade
c) Tabagismo
d) Insuficiência cardíaca
e) Hipertireoidismo.

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