Você está na página 1de 15

DIREITO DO TRABALHO – Profº Leandro Cardoso Lages

FÉRIAS

leandrolagesadv
Breve Histórico

Os antecedentes históricos das férias vão buscar à velha Roma (feriae, feriarum – dias de
festas) eram festejos consagrados aos deuses, no começo e no fim das colheitas.

Em 1821, a Dinamarca concedeu férias ao domésticos

A Inglaterra garantiu férias aos empregados das indústrias em 1872

No Brasil, em 1889 foi assegurada férias aos empregados do Ministério da Agricultura,


Comércio e Obras. E para os ferroviários em 1890.

Em 1925, férias remuneradas de 15 dias para bancários, comerciários e industriários

Regulamentação de forma abrangente pela CLT, em 1944. E status constitucional em


1934
Conceito e Natureza Jurídica

Período do contrato de trabalho em que o empregado não presta


serviços ao empregador, mas recebe remuneração, após ter
adquirido o direito no decurso dos doze primeiros meses de
vigência do seu contrato de trabalho.

***************************
A natureza jurídica das férias envolve um aspecto negativo, que é
o período em que o empregado não deve trabalhar e o empregador
não pode exigir serviços de obreiros.
OBJETIVOS:

As férias possuem os seguintes objetivos básicos:

1) Proteger a saúde do trabalhador e permitir-lhe recuperar a energia


física que tinha investido durante o ano (fisiológico);

2) o aumento de produtividade, dando mais tempo de ócio aos


trabalhadores (econômico);

3) Viabilizar uma melhor relação entre patrões e empregados (político);


4) A abertura do beneficiário para outras culturas e ideias (cultura).
Aquisição e Duração

O art. 129 da CLT estatui o direito do empregado ao gozo anual de um


período de férias; logo na sequência, o art.130, caput, e o art. 130 - A,
caput, estipulam um critério objetivo para a aquisição das férias pelo
obreiro.

O período aquisitivo é aquele que terá de ser cumprido pelo empregado


para que ele adquira o direito às férias, isto é, corresponde a cada ciclo de
doze meses do contrato de trabalho.

O marco inicial do período aquisitivo corresponde ao primeiro dia do


contrato de trabalho, o qual será incluído para fins de contagem do prazo.
A cada período de doze meses do contrato de trabalho, terá o obreiro
o direito ao gozo das férias pagas na seguinte proporção:

30 (trinta) dias corridos desde que não tenha faltado aos serviços mais
de 5 (cinco) vezes;

24 (vinte e quatro) dias corridos quando houver tido de 6 (seis) a 14


(quatorze) faltas;

18 (dezoito) dias corridos quando houver tido de 15 (quinze) a 23


(vinte e três) faltas;

12 (doze) dias corridos quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32


(trinta e duas) faltas.
Período Concessivo
O período concessivo é aquele em que o empregado permanecerá
em descanso, e como regra geral é de 30 (trinta) dias.

Haverá concessão das férias ao trabalhador nos 12 (doze) meses


subsequentes à data de aquisição do direito nos termos da norma
veiculada no art. 134 da CLT;

Período aquisitivo / Período concessivo

Se o prazo estabelecido pelo art. 134 da CLT não for respeitado pelo
empregador, isto é, se ele optar por conceder as férias fora do
período, deverá pagá-las ao empregado em dobro.
Regras gerais
A concessão das férias deverá ser comunicada por escrito ao obreiro com pelo
menos 30 (trinta) dias de antecedência, mediante recibo (art. 135 da CLT).

O empregado terá que apresentar sua CTPS para a anotação das férias, a qual
também deverá ser averbada no livro ou nas fichas de registro do empregador.

Época da concessão: o que melhor atender aos interesses do empregador (art. 136
CLT)

Os membros de uma mesma família que laborem no mesmo estabelecimento


poderão, se assim o desejarem, gozar as férias em idêntico período, desde que não
haja prejuízo ao serviço. (§1º, art. 136, CLT)

Empregado-estudante goza férias no mesmo período das férias escolares (§2º, art.
136, CLT)
Fracionamento das Férias
Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser
usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá
ser inferior a 14 dias corridos e os demais não poderão ser
inferiores a 05 dias corridos, cada um (Art. 134, §1º, CLT).

Vedação de inicio das férias no período de 02 dias que antecede


feriado ou repouso semanal remunerado.

Revogação da proibição do fracionamento das férias para


trabalhadores maiores de 50 anos e menores de 18 anos.
(Lei nº 13.467/2017 – Reforma Trabalhista)
Remuneração das Férias

O trabalhador no período de férias não deixa de receber seu salário,


devendo perceber a contraprestação pecuniária correspondente ao
valor devido na data de sua concessão, o que denota a natureza
remuneratória das férias.

A Constituição consagrou o direito do empregado em receber, além da


remuneração devida, um terço a mais que o salário normal (Art. 7º,
no inciso XVII).

Questão que se coloca: se o direito a um terço também é devido


quando se trata de férias indenizadas? (Súmula n.º 328, TST)
Abono de Férias

O empregado pode requerer a conversão em pecúnia da fração


de 1/3 das férias anuais no valor da remuneração que lhe seria
devida nos dias correspondentes (Art. 143, CLT).

Trata-se de uma faculdade do empregado, que pode decidir pela


concessão do abono das férias, desde que formalize o pedido em
até quinze dias antes do término do período aquisitivo.

O empregador não pode compelir o empregado a utilizar o abono.


Férias Coletivas
Concedidas a todos os empregados da empresa, de determinados
estabelecimentos ou de setores da empresa, englobando uma comunidade
de empregados (Art. 139 da CLT).

A adoção das férias coletivas constitui valioso instrumento a cargo do


empregador devido à oportunidade de paralisar as atividades da empresa
em períodos-chave.

As férias coletivas poderão ser fracionadas em dois períodos anuais, desde


que nenhum deles seja menor que dez dias corridos.

Os trabalhadores que tiverem sido admitidos há menos de doze meses


poderão gozar das férias, sendo iniciado novo período aquisitivo.
Efeito na Cessação do Contrato de Trabalho

As férias vencidas são aquelas com períodos de aquisição e fruição


consumados por omissão do empregador, e que, por essa razão, não
foram gozados pelo empregado.

As férias simples não são caracterizadas pela mora do empregador.


Nelas, o período aquisitivo já está completo, porém o período
concessivo ainda está em vigor.

As férias proporcionais são aquelas em que o período aquisitivo


ainda não se consumou, não havendo ainda o período de gozo.
Prescrição das Férias

A prescrição é caracterizada como a perda da exigibilidade judicial


concernente a determinado direito em face da omissão do credor em
exigir do devedor a prestação devida no lapso temporal prefixado.
(DELGADO, 2016, p. 1.110)

O instituto da prescrição tem incidência sobre os direitos patrimoniais


e, consequentemente, sobre as férias, cujas regras estão previstas no
art. 7, XXIX, da Constituição da República Federativa do Brasil, e no
art. 11 da CLT.
PRAZO DA PRESCRIÇÃO

Começa a correr do término do período concessivo de férias, ou, se for o


caso, da cessação do contrato de trabalho (artigo 149 da CLT).

Inicia o prazo de prescrição a ser contado, a partir do término do período


concessivo, tendo o empregado cinco anos para reclamar a concessão das férias,
estando em vigor o contrato de trabalho.

O empregado terá dois anos, a contar da cessação do contrato de trabalho,


para propor a ação, momento em que poderá reclamar as férias dos últimos
cinco anos.

Você também pode gostar