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DISCIPLINA: Políticas de Saúde e Estado

Prof.ª: Alaneir de Fátima dos Santos

Seminários
Parte 1: Reformas do Estado brasileiro e a área de saúde: principais marcos.

Grupo: Bruno, Érica, Laires e Lígia


O Sistema Único de Saúde em Perspectiva Histórica

A saúde na construção do Estado Nacional no Brasil: Reforma Sanitária em


perspectiva histórica

Saúde pública, 1ª fase do governo Fim do militarismo,


Saúde na República Saúde Pública no autoritário e a redemocratização e
democracia e
Oligárquica governo Vargas articulação do nascimento do SUS.
desenvolvimento
(1930-1945) movimento sanitário
(1889-30) (1964-1974)
(1945-1964)
(1945-1964)
Saúde na República oligárquica “Havia um país chamado
Brasil; mas absolutamente não
(1889-1930) havia brasileiros.”
AUGUSTE DE SAINT-HILAIRE

• Epidemias: peste bulbônica, febre amarela, gripe espanhola

• Importância da pesquisa biomédica e dos médicos


higienistas

• Inicialmente, saneamento de portos e centros urbanos,


depois a interiorização: combate à malária, acompanhando
atividades econômicas (borracha, construção de ferrovias)

• Saneamento rural frente ao entrave civilizatório de pobreza e


inferioridade racial: saúde como questão social e política

• Processo de expansão da autoridade pública do Estado


nacional e da infraestrutura sanitaria: construção de um
Estado nacional em suas dimensões jurídicas, simbólicas e
materiais;

• Concentração e verticalização de ações no governo central.


Saúde Pública no Governo Vargas (1930-1945)
• Política de saúde pública adequou propostas internacionais
(OPAS) às condições do país: centralização normativa e
descentralização executiva.
• Welfare modelando os serviços de saúde como instrumento de
poder político, ideológico e institucional. Papel da saúde na
construção do Estado e da Nação através da institucionalização,
burocratização e profissionalização.

• Assistência médica individual


previdenciária aos trabalhadores
inseridos no mercado de trabalho.
criação do Ministério do Trabalho,
“cidadania regulada”
Indústria e Comércio (1930)
• Caixas e institutos previdenciários FONTE:https://efemeridesdoefemello.com/2015/11/26
/getulio-vargas-cria-o-ministerio-do-trabalho/

Urbano
• Saúde pública prestada aos “pré-cidadãos”:
X pobres, desempregados, trabalhadores
Rural informais
Ministério da Educação e Saúde, criado em 1930
• Serviços oficiais e Casas de caridade
(prédio 1945)
FONTE:https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos30-
37/IntelectuaisEstado/MinisterioEducacao#
Saúde Pública, democracia e desenvolvimento (1945-1964)
• Estrutura centralizada no governo federal e programas
verticalizados, orientados a doenças das coletividades, em especial
endemias rurais. Campanhas e ações sanitárias, a exemplo da • 3ª Conferência Nacional de Saúde:
malária, de cunho internacional.

• Criação do Ministério da Saúde (1953) e do Departamento Nacional


de Endemias Rurais (1956)

FONTE: https://www.scielo.br/pdf/hcsm/v10n3/19311.pdf

Atestado de imunidade contra a febre amarela Documentos iniciais da 3ª CNS.


FONTE:http://www.ccs.saude.gov.br/cns/pdfs/3conferencia/3_CNS.pdf
FONTE:http://observatoriohistoria.coc.fiocruz.br/local/File/na-corda-
bamba-cap_4.pdf
As origens da reforma sanitária
Processo histórico que deu origem ao SUS no Brasil
Primeira fase do regime autoritário e a articulação do
movimento sanitário (1964-1974);

• Jango no poder junto ao movimento trabalhista PTB;


• 1964 - Golpe Militar (UDN – União Democrática Nacional), Castelo Branco depõe Jango;
• 1967 - Costa e Silva é o próximo presidente. Ele adoece e Médici assume;
• Crescimento econômico, mas distribuição de renda desigual;
Metade da população economicamente ativa fora do mercado de trabalho e sem direitos previdenciários;
Altas taxas de mortalidade nas regiões metropolitanas.

• Anos 70, expansão da saúde e sua mercantilização (expansão de leitos, cobertura e volume de recursos e
orçamento, porém prestado pelo capital privado. As US (Unidades de Serviço) foi fonte incontrolável de
corrupção.
• Construção e reforma de clínicas privadas com dinheiro público (recursos da previdência) concomitante à
expansão das faculdades particulares de medicina pelo país.
Em meio à ditadura, desenvolvimento
econômico e o abandono do social...
• O papel dos congressos de estudos, pesquisadores e militância demandando soluções imediatas para os problemas criados pelo governo;

• Tentativa de mudança de paradigma - A ideia de que o setor de saúde é autônomo politicamente e a medicina estava em busca da
construção da própria escola >>>> “As determinações sociais que interferem na produção das doenças e nas relações entre o setor de
saúde e a população não eram geralmente questionadas.”;
• Sobre a escola de Medicina temos, Juan Cesar Garcia (Médico e Sociólogo Argentino) – caráter político da área da saúde (a elaboração
de um pensamento sistemático e reflexivo sobre o social; uma atitude crítica na problematização do ensino e das práticas profissionais;
um compromisso com a institucionalização e divulgação do saber sanitário.).
• Foi nesse campo que começou a se organizar o movimento sanitário que buscava conciliar a produção de conhecimento e a prática
política, envolvendo-se com organizações da sociedade civil nas suas demandas pela democratização do país;
• A lei da reforma sanitária de 68 incorporou medicina preventiva no currículo das faculdades tornou obrigatórios os DMP.

• Déc. 60 forte crítica à desmedicalização da sociedade com programas alternativos de autocuidado à saúde com valorização da medicina
tradicional.
• A discussão contra a elitização da prática médica e a inacessibilidade dos serviços médicos às grandes massas teve seu ponto culminante
na Conferência Internacional sobre a APS em Alma Ata (Cazaquistão) em 1978, quando se reafirmou ser a saúde um dos direitos
fundamentais do homem sob a responsabilidade política dos governos.
Os anos Geisel: II Plano Nacional de
Desenvolvimento e novos Espaços Institucionais
• Concessões econômicas restritas e uma política social ao mesmo tempo repressiva e paternalista;

• Inflexão do regime militar. Fim da censura à grande imprensa. A OAB, a Associação Brasileira de Imprensa e a Igreja Católica foram
importantes no combate às políticas do regime autoritário.

• Ressurgimento do movimento estudantil, do novo sindicalismo, Movimento contra o custo de vida e o Início do Movimento Sanitário.

• II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) foi um plano quinquenal voltado ao desenvolvimento econômico e social (voltado para
ideia do “Brasil Grande Potência”). Apareciam nele, entretanto, algumas prioridades no campo social: educação, saúde e infra-estrutura de
serviços urbanos. O diagnóstico para saúde pública e inclusive para a assistência médica, denunciava a carência gerencial e de estrutura
técnica.

• Para isso foi criado o Conselho de Desenvolvimento Social (CDS, porém figuras de pensamento não tão próximo ao social entram e fazem
com que a saúde entre em alta burocracia.

• O setor Saúde do Centro Nacional de Recursos Humanos do IPEA, a Financiadora de Estudos e Projetos e o Programa de Preparação
Estratégica de Pessoal de Saúde da Organização Pan-americana de Saúde serviram como pilares institucionais para a estruturação e
articulação do movimento sanitário.
O Governo Sarney e a Transição Democrática
• Em 85 o regime militar chega ao fim, Tancredo Neves é eleito, mas falece antes de tomar posse. Quem assume é José
Sarney, com a chamada Nova República (estabilidade e crescimento econômico);
• Na Política busca equilíbrio entre democratas e liberais, centro do espectro ideológico na redemocratização da Nova
República. Nela, lideranças do movimento sanitário assumem posições chave nas instituições responsáveis pela política de
saúde no país.
• 8ª Conferência Nacional de Saúde de 1986 lançaram-se os princípios da reforma sanitária. A saúde carecia de uma
reformulação mais profunda, com a ampliação do conceito e sua correspondente ação institucional;
• Foi aprovada a criação de um Sistema Único de Saúde com novo arcabouço institucional , com a separação total da saúde
em relação à previdência.
• Propôs-se a criação de um grupo executivo da Reforma Sanitária, convocado pelo Ministério da Saúde – a Comissão
Nacional da Reforma Sanitária.
• O objetivo era descentralizar os recursos de saúde do governo federal para os municípios.
Proposta: a criação de um sistema único de
saúde
• A presidência do Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da
Previdência) cria o Suds (Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde ). que
tinha como princípios básicos a: universalização, a equidade, a descentralização,
a regionalização, a hierarquização e a participação comunitária.
• Viabilização da descentralização dos recursos federais para os municípios deveria
proporcionar o sonhado projeto do movimento sanitário de real acesso à atenção à
saúde para toda a população.
A construção do SUS
• Em 1988, conclui-se o processo constituinte e é promulgada a oitava Constituição do
Brasil. A chamada “Constituição Cidadã” foi um marco fundamental na redefinição das
prioridades da Política do Estado na área de Saúde Pública. Em seu artigo 196, a saúde é
descrita como um direito de todos e dever do Estado, “garantido mediante políticas sociais
e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso
universal às ações e serviços para a sua promoção, proteção, recuperação.”
• Em 1990 assume Collor, que reunia as forças conservadores, mas os reformistas puderam
contribuir no projeto de formulação da Lei Orgânica de Saúde, que sofreria muitos vetos.
• É nessa conjuntura que tem início a construção do SUS.
Gastão Wagner de Sousa Campos
• Medicina na UnB (déc. 70)
• Especialização em Saúde Pública em SP (1977)
• Médico sanitarista da SES de SP (1978)

• Presidente Cebes/SP (1978-1979)


• Mestrado em medicina preventiva e social, na USP (1981)
• Professor medicina preventiva e doutorando na Unicamp (déc. 80)
• Secretaria de Saúde de Campinas (1989 e 2000)
• Secretaria Executiva do Ministério da Saúde (2003)
Pergunta norteadora para o debate
• A história nos mostra que a organização da sociedade civil frente aos governos
é eficaz na construção e reorganização das políticas públicas. Passamos por um
processo onde a saúde não era para todos, para a saúde como direito universal e
hoje vivenciamos uma nova tentativa de privatização da saúde. (CITAÇÃO
Paim) Como a movimentação da sociedade civil hoje pode ser capaz de atingir
o Estado, através dos poderes executivo, legislativo e judiciário, para que as
bases da política de saúde da reforma sanitária não sejam destruídas?
Perguntas para debate
1) Categorias profissionais de relevância econômica e política da sociedade brasileira possuem
Planos de Saúde. Representam cerca de 37,9 milhões de pessoas, no conjunto de 47 milhões
de pessoas contratantes de planos de saúde (dados de setembro de 2020). Qual os motivos e
consequências dessa posição? Como o movimento sanitário deve se posicionar e atuar?

2) A história nos mostra que a organização da sociedade civil frente aos governos é eficaz na
construção e reorganização das políticas públicas. Passamos por um processo onde a saúde
não era para todos, para a saúde como direito universal e hoje vivenciamos uma nova
tentativa de privatização da saúde. (CITAÇÃO Paim) Como a movimentação da sociedade
civil hoje pode ser capaz de atingir o Estado, através dos poderes executivo, legislativo e
judiciário, para que as bases da política de saúde da reforma sanitária não sejam destruídas?
Enquete Final

• Qual principal contradição da Reforma Sanitária Brasileira?"

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