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IRMANDADES DE
PRETOS NA CAPITAL DE
GOIÁS, NO SÉCULO
XVIII”
Profa. Cristina de Cássia Pereira Moraes
DEFINIÇÃO DE IRMANDADES
As irmandades e confrarias
conforme seus Compromissos,
se autodefinem como corpos
místicos que pela união das
vontades, se unem entre si para
formar um místico governo.
CONCEITUAÇÃO
O fundamento teológico para a origem
dessas associações é a doutrina do Corpo
Místico de Cristo, consoante o ensinamento
de São Paulo (1ª Cor., 15, 27; Ef. 1, 22-23)
segundo a qual todos os batizados no Senhor
são seus membros, os quais, irmanados entre
si, constituem um corpo único e uno, cuja
cabeça é Cristo.
OBJETIVO
Estudar as conexões entre a história das
irmandades de cor na capitania de Goiás
com a história de um grupo particular de
africanos, genericamente chamados angolas
e seus parceiros crioulos.
A convivência harmoniosa dos angolas com os
crioulos e os “altos e baixos” nas relações
com os jejes são interpretados como
mecanismos fundamentais na construção da
identidade angola em Goias.
A DEVOÇÃO AO ROSÁRIO
Domingos de Gusmão, religioso
dominicano e pregador na região
de Albi, sul da França teve uma
revelação da Virgem que lhe
ensinou um método de oração no
qual seria invocada com a ajuda
de contas unidas por um cordão.
A DEVOÇÃO AO ROSÁRIO
busca de proteção divina,
o auxílio nos momentos difíceis da vida,
a garantia de um funeral cristão
a multiplicação dos tempos de sociabilidade
possibilidade de exercício de poder para os
grupos sociais menos privilegiados
“aumentando assim seus níveis de
protagonismo social”
ORIGEM DA DEVOÇÃO
Há muito os estudiosos vêm buscando
interpretar as razões desta associação tão
estreita e duradoura.
Saunders lançou a hipótese de que “a
natureza semi mágica, quase talismânica do
rosário pode ter constituído um apelo aos
africanos acostumados a feitiços.
hipótese interessante considerar a
transformação do Rosário de modo
semelhante à que ocorreu com outros
objetos sagrados do cristianismo em minkisi.
ORIGEM DA DEVOÇÃO
Tinhorão propôs a hipótese de que
“os negros se fixaram em Nossa
Senhora do Rosário pela ligação
estabelecida com seu orixá Ifá,
através do qual era possível
consultar o destino atirando soltas
ou unidas em rosário as nozes de
uma palmeira chamada okpê-lifa.
ORIGEM DA DEVOÇÃO
Lahon observa que as irmandades
jogaram um papel fundamental na
defesa dos interesses das populações
escravas e libertas.
a manutenção destes espaços permitiu
a criação de uma experiência do
catolicismo certamente imbuída de
valores africanos.
Batismos de crianças escravas em Vila Boa de Goiás 1794-1810. angola
6 m ina
crioulo(a)
5
m oçam bique
nagô
4
buçá
de s conhe cido
3
0
1794 1795 1796 1797 1798 1799 1800 1801 1802 1803 1804 1805 1806 1807 1808 1809 1810
[1
6 m ina
50
crioulo(a)
40
5
m oçam bique
Ho m e n s
30
M u lh e r e s
nagô
4
20
buçá
10
desconhecido
3
0
5 9 4 9 4 9 4 9 4 9 4 9 4 9 4 9 4
3 -3 -4 -4 -5 -5 -6 -6 -7 -7 -8 -8 -9 -9 -0 -0 -1
7 6 0 5 0 5 0 5 0 5 0 5 0 5 0 5 0
1 3 4 4 5 5 6 6 7 7 8 8 9 9 0 0 1
7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 8 8 8
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
2
30:1Gráfico – Número de Irmãos e Irmãs na Irmandade de N. Sra. Do Rosário dos Pretos de Vila Boa.
(AFSD: Documentos Avulsos: Termo de Assentos e anuais da Irmandade de N.S. do Rosário de Vila Boa 1736 a 1810)..
0
1794 1795 1796 1797 1798 1799 1800 1801 1802 1803 1804 1805 1806 1807 1808 1809 1810
N.S.ROSARIO DE VILA BOA
“Havendo algum Irmão captivo que sequeira
libertar a Irmandade lhe assistirá com
oprecizo para se libertar, dando primeiro
hum fiador a irmandade que se obrigues pelo
tempo que sejustarem satisfazer à dita
Irmandade o que desembolçar e será este
fiador eleito pela Meza e passará obrigação
à mesma.”
N.S.ROSARIO DE VILA BOA
As irmandades construíram suas próprias capelas
com as esmolas arrecadas com os irmãos,
Os irmãos pagavam duas oitavas de entrada e
uma de anual.
A anuidade cobrada para se exercer os 4
principais cargos um rei e uma rainha, um juiz e
uma juíza era de 24 oitavas de ouro.
O escrivão, o tesoureiro, o procurador e o
andador nada pagavam.
Os 24 irmãos e irmãs de Mesa pagavam três
oitavas cada um e os demais irmãos, designados
por irmãos rasos pagavam uma oitava de ouro.
N.S.ROSARIO DE VILA BOA
No século XVIII, as irmandades mantinham uma
atividade pública intensa,
Ligadas sobre o signo da ajuda mútua em vida
e na morte, notamos o poder exercido pelas
irmandades como uma família sobre as famílias
reais.
É uma família artificial, com um Compromisso
cultual e social,
as Irmandades promoveram a cooperação e
solidariedade entre os seus membros e
dinamizou a prática religiosa, substituiu e
suplantou a família originária.