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Filosofia

Determinismo e liberdade na ação humana


- O livre-arbítrio

 Livre arbítrio é o poder que cada indivíduo tem de escolher suas ações, que caminho quer seguir. No
âmbito da filosofia, o livre arbítrio se opõe ao determinismo, que defende que todos os acontecimentos são
causados por fatos anteriores. Para o determinismo, as ações do Homem são determinadas por leis da
natureza ou por outras causas e por isso não o ser humano não pode ser responsabilizado pelos seus atos.

 Para a filosofia, o indivíduo faz exatamente aquilo que tinha de fazer, seus atos são inerentes à sua vontade,
e ocorrem com a força de outras causas, internas ou externas.
- As condicionantes da ação humana

 As condicionantes da ação humana são todo o conjunto de constrangimentos e obstáculos que lhe impõe limites.
Mas, ao mesmo tempo que limitam, abrem de igual modo um horizonte de possibilidades, assumindo-se também,
de certo modo, como condições do agir.

 Condicionantes da ação humana:


- Psicológicas, ligadas à personalidade do agente, ao seu temperamento ou aos seus estados psicológicos
temporários.
- Físico-Biológicos, ligadas à nossa constituição morfológica e fisiológica.
- Histórico-culturais, fatores de carácter histórico, cultural, social, económico, cientifico, tecnológico,
religioso, entre outros.

 A existência de condicionantes não implica a inexistência de livre-arbítrio.


- A discussão acerca do livre-arbítrio

 Colocar o problema do livre-arbítrio é colocar um dos


problemas centrais da Filosofia da Ação que pode ser
formulado deste modo simples: temos ou não livre-arbítrio?
 o problema do livre-arbítrio consiste precisamente em
saber se a liberdade humana , em termos de possibilidade
de optar, é ou não compatível com outras forças que a
parecem anular: será que, ao optarmos, o fazemos de
maneira autónoma, ou a escolha resulta de uma sequencia
necessária de causas e efeitos?
- O determinismo radical

 De acordo com o determinismo radical, o universo é um vasto sistema que obedece a leis casuais
invariáveis, leis baseadas em relações necessárias de causas e efeitos. Tudo na natureza consiste em
partículas e relações entre elas, e “tudo se pode explicar em termos dessas partículas e das suas relações”.
Qualquer acontecimento, incluindo a ação humana, resulta de causas que o antecedem, de acordo com as
leis da natureza, que possuem um caracter imutável. Considerar que todo o mundo obedece a um conjunto
de leis naturais e que nem a ação humana escapa ao determinismo tem como consequência a negação do
livre-arbítrio, ou a afirmação de que este é ilusório, e a total desresponsabilização do agente. O
determinismo radical nega a liberdade à ação humana e defende assim o incompatibilismo entre a
liberdade e o determinismo natural.
- Determinismo ambiental e hereditário

 O determinismo ambiental, defendido na


psicologia clássica, pela corrente behaviorista, é a
perspetiva segundo a qual são os fatores sociais e
culturais que definem o que somos e a maneira
como agimos, não havendo qualquer relevância
por parte da componente genérica.
 O determinismo hereditário é a teoria que
afirma o caracter decisivo da componente
genética na estruturação da personalidade e do
comportamento individual ignorando os fatores
sociais e culturais
- O compatibilismo

 O compatibilismo, também designado determinismo moderado, é uma perspetiva que aceita o determinismo
no mundo natural, mas defende que existe espaço para a liberdade e para a responsabilidade humana. Sendo
assim, um ato pode ser, ao mesmo tempo, livre e determinado, o que nos devolve, como refere a afirmação
“uma imagem de nós próprios como agentes situados no interior da ordem causal da natureza.”
- Objeção ao compatibilismo

 Ao dizer que somos livres, mas que as nossas ações


decorrem dos nossos desejos e do nosso caracter, não
manipulados, não se pode no entanto ignorar que o
caracter e o desejo dependem de forças que não
controlamos. Se assim for, não somos realmente livres.
-ações livres e ações não livres

 As ações livres são aquelas que fazemos


com vontade de as fazer sem que ninguém Ações livres Ações não livres
nos obrigue. São resultado dos nossos
● Damos um anel a uma pessoa de quem ● Entregamos as joias a um ladrão porque
desejos, do nosso caracter e da nossa
gostamos porque achamos importante ele nos apontou uma arma.
personalidade. faze-lo.
 As ações não livres, por sua vez, são ● Subimos a um monte escarpado pelo ● Aceitamos um trabalho mais difícil que o
prazer da aventura e do desporto. chefe nos mandou executar com medo de
aquelas em que somos forçados a escolher perder o emprego.
isto ou aquilo, a fim de conversarmos, por ● Doamos alimentos a uma instituição de ● Ingerimos um alimento de que não
exemplo, a integridade física ou a posse solidariedade social por acharmos essa uma gostamos porque não tínhamos outro para
de bens materiais ou outros. Ser livre, boa opção. matar a fome.
significa, assim, encontrar-se isento de
coerção.
- O libertismo

 O libertismo defende, de modo racional, o livre-arbítrio e a responsabilidade de ser humano,


considerando que o agente tem o poder de interferir no curso normal das coisas pela sua capacidade
racional e deliberativa, iniciando sequencias de acontecimentos, sem que esse seja casualmente
determinado. Assim, para os libertistas, o agente não é determinado: ele tem o poder de se
autodeterminar, o que é muitas vezes defendido a par da ideia de que há uma dualidade entre o corpo e
a mente, considerando-se que esta ultima está acima ou fora da causalidade do mundo natural.
- Argumentos dos libertistas para o livre-arbítrio

 São dois os argumentos em que os libertistas se apoiam para defender a existência do livre-arbítrio:
- O argumento da experiencia e da responsabilidade: Sabemos que somos livres porque nos
apercebemos imediatamente de que o somos de cada vez que escolhemos conscientemente e temos também a
noção da responsabilidade do nosso modo habitual de pensar e de avaliar as ações.
- O argumento de que o Universo não constitui um sistema determinista: É impossível prever os
fenómenos a partir de causas determinantes (indeterminismo).
- Porque que o indeterminismo não chega para
resolver o problema do livre-arbítrio

 O indeterminismo, ao defender a impossibilidade


de prever os fenómenos a partir de causas
determinantes, introduzindo as noções do acaso
e da aleatoriedade, acaba por não resolver o
problema do livre-arbítrio. Com efeito, se não
podemos prever, em rigor, de que forma um
individuo irá agir, se é o acaso que conduz as
ações humanas imprevisíveis, então elas não são
livres, nem o agente é responsável.
- Objeções ao libertismo

 O facto de termos experiência da liberdade e


de atribuirmos responsabilidades não prova
que elas existem: elas podem ser ilusórias; se é
o acaso que conduz as ações humanas
imprevisíveis, então elas também não são
livres, nem o agente é responsável; finalmente,
esta doutrina não nos fornece grandes
explicações relativamente àquilo que produz
as nossas decisões.

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