O documento descreve o absolutismo monárquico no século XVI-XVIII e a crítica dos contratualistas a essa doutrina. Luís XIV da França é citado como o modelo do rei absolutista que detinha poderes ilimitados como vontade divina. Teóricos como Hobbes, Locke e Rousseau defenderam que o poder do governante advém de um contrato social entre governantes e governados, não de direito divino.
O documento descreve o absolutismo monárquico no século XVI-XVIII e a crítica dos contratualistas a essa doutrina. Luís XIV da França é citado como o modelo do rei absolutista que detinha poderes ilimitados como vontade divina. Teóricos como Hobbes, Locke e Rousseau defenderam que o poder do governante advém de um contrato social entre governantes e governados, não de direito divino.
O documento descreve o absolutismo monárquico no século XVI-XVIII e a crítica dos contratualistas a essa doutrina. Luís XIV da França é citado como o modelo do rei absolutista que detinha poderes ilimitados como vontade divina. Teóricos como Hobbes, Locke e Rousseau defenderam que o poder do governante advém de um contrato social entre governantes e governados, não de direito divino.
• Entre os séculos XVI e XVIII, o absolutismo existiu em maior ou menor grau em todas as monarquias europeias e em sua máxima perfeição somente na França. Como características gerais podemos listar:
Os interesses do rei estavam acima da lei;
Não havia o cidadão, somente o súdito; O poder político estava concentrado nas mãos do monarca que tinha poderes absolutos; O rei garantia a sobrevivência da nobreza, que deveria se submeter para manter seus privilégios; Estabelecia-se uma aliança entre o rei e a burguesia; • Luís XIV (1638-1715) é considerado o rei absolutista modelo. • É atribuída a ele a frase “O Estado sou Eu”. • Reforçou uma rígida etiqueta em sua corte, a nobreza orbitava em torno dele, que era conhecido como “rei sol”. • Onde seu retrato estivesse, ele deveria receber as honras como se fosse a própria pessoa do rei. • Chamamos de Antigo Regime esse Estado marcado pelo Absolutismo e pelo Mercantilismo. • A sociedade do Antigo Regime era estamental, isto é, o seu lugar na sociedade, seus direitos e deveres, eram determinados pelo grupo no qual você nascia. • Havia mobilidade social, mas ela era muito limitada. • No caso da França, esse modelo compreendia três ordens, ou estados: clero (1º), nobreza (2º) e o povo (3º O QUE SUSTENTAVA O PODER DO REI? • O direito divino dos reis é uma doutrina política e religiosa segundo a qual o poder dos reis tem como fundamento a vontade de Deus. • No Ocidente cristão, a doutrina consolidou-se na França durante o Antigo Regime com base na crença de que o monarca reina por vontade divina e, não, por vontade de qualquer entidade terrena ou algum contrato social. • A Reforma Protestante não teve impacto sobre a percepção do rei como um escolhido de Deus. TEÓRICOS DO DIREITO DIVINO • Os dois principais idealizadores da teoria do direito divino dos reis foram Jean Bodin (1530-1596) e Jacques Bossuet (1627-1704) • Bodin foi um teórico político, jurista francês, membro do Parlamento de Paris e professor de Direito em Toulouse, defendia que o Absolutismo era o modelo ideal de governo. • “Nada havendo de maior sobre a terra, depois de Deus, que os príncipes soberanos, e sendo por Ele estabelecidos como seus representantes para governarem os outros homens, é necessário lembrar-se com toda a obediência, a fim de sentir e falar deles com toda a honra, pois quem despreza seu príncipe soberano despreza a Deus, de Quem ele é a imagem na terra.” (BODIN, Jean) TEÓRICOS DO DIREITO DIVINO
• Bossuet (1627-1704) foi um bispo e
teólogo francês, um dos principais teóricos do absolutismo por direito divino, defendendo que os reis recebiam seu poder de Deus. • Foi autor de La Politique tirée de l'Écriture sainte, publicada postumamente em 1709, na qual defende a teoria do Direito divino dos reis justificando que Deus delegava o poder político aos monarcas, conferindo-lhes autoridade ilimitada e incontestável. • Três razões fazem ver que este governo [monarquia hereditária] é o melhor. A primeira é que é o mais natural e se perpetua por si próprio (…). A segunda razão (…) é que este governo é o que interessa mais na conservação do Estado e dos poderes que o constituem: o príncipe, que trabalha para o seu Estado, trabalha para os seus filhos, e o amor que tem pelo seu reino, confundi com o que tem pela sua família, tornasse-lhe natural (…). A terceira razão tira-se da dignidade das casas reais (…). A inveja, que se tem naturalmente daqueles que estão acima de nós, torna- se aqui em amor e respeito: os próprios grandes obedecem sem repugnância a uma família que sempre viram como superior e à qual se não conhece outra que a possa igualar (…). O trono real não é o trono de um homem, mas o trono do próprio Deus (…). Os reis (…) são deuses e participam de alguma maneira da independência divina. O rei vê de mais longe e de mais alto; deve acreditar-se que ele vê melhor, e deve obedecer-lhe sem murmurar, pois o murmúrio é uma disposição para a sedição. (BOSSUET, Jacues) • Em 2001, o herdeiro do trono do Nepal massacrou a família real, nove de seus membros foram mortos. Os guardas não reagiram. Como poderiam atirar no príncipe, que era como um deus vivo? Segundo consta, príncipe deu um tiro contra a própria cabeça. DIREITO DIVINO NA INGLATERRA • Na Inglaterra, a ideia de direito divino não era estranha, o rei, ou rainha, era o chefe da Igreja, porém, sem poderes absolutos. • O poder do rei tinha limites, por exemplo, ele não podia criar novos impostos, pois era uma • Desde a Magna Carta (1215) atribuição do Parlamento. estava assentado que o • A lei também tinha sido monarca não estava acima estabelecida por vontade de lei, que seu poder tinha de Deus. limites. DIREITO DIVINO NA INGLATERRA
• Jaime I e seu filho Carlos I tentaram implantar as
ideias de direito divino aos moldes franceses na Inglaterra, tentando ignorar o Parlamento. O NASCIMENTO DO CONTRATUALISMO • O contratualismo é uma teoria política e filosófica baseada na ideia de que existe uma espécie de pacto ou contrato social que retira o ser humano de seu estado de natureza e coloca-o em convivência com outros seres humanos em sociedade. • Os contratualistas desmontaram os argumentos que justificavam o poder real a partir do direito divino, defendendo, cada um a sua maneira, que o que se estabelecia entre o governante e a sociedade era um pacto, um acordo, um contrato, no qual todos tinham direitos e deveres. • Foram filósofos contratualistas os ingleses Thomas Hobbes e John Locke, e o suíço Jean-Jacques Rousseau. O ESTADO DE NATUREZA
• Segundo os filósofos contratualistas, há um período
da humanidade, que é o período pré-social, em que o ser humano encontra-se em seu estado de natureza. • O estado de natureza é o período em que a sociedade ainda não se formou, quando não há uma lei civil e, portanto, uma civilização para amparar o convívio social. • Esse estado é regido pela lei da natureza que coloca os seres humanos em plena igualdade de direitos. Chamamos esse conjunto de direitos naturais e a teoria do estado de natureza de jusnaturalismo. THOMAS HOBBES: “O HOMEM É O LOBO DO HOMEM” • O primeiro dos contratualistas foi o filósofo, teórico político e matemático Thomas Hobbes (1588-1679). Hobbes foi muito próximo da família real e defendeu, até o fim de sua vida, a monarquia. • O eixo principal do pensamento de Hobbes é que os homens só podem viver em paz se concordarem em submeter-se a um poder absoluto e centralizado. THOMAS HOBBES: “O HOMEM É O LOBO DO HOMEM” • Seu principal livro se chama o Leviatã, um grande monstro citado na Bíblia. • O estado de natureza de Hobbes seria marcado pela extrema violência de todos contra todos. O medo da morte, a mais forte das paixões, forçou os homens a organizarem as bases da vida social. • Para Hobbes, o Estado deve ser forte e com o poder centralizado, pois precisa ter capacidade para conter os impulsos naturais destrutivos das pessoas. • “O fim último, causa final e desígnio dos homens (que amam naturalmente a liberdade e o domínio sobre os outros), ao introduzir aquela restrição sobre si mesmos sob a qual os vemos viver nos Estados, é o cuidado com sua própria conservação e com uma vida mais satisfeita. Quer dizer, o desejo de sair daquela mísera condição de guerra que é a consequência necessária (conforme se mostrou) das paixões naturais dos homens, quando não há um poder visível capaz de os manter em respeito, forçando-os, por medo do castigo, ao cumprimento de seus pactos e àquelas leis de natureza que foram expostas (...).” Mesmo o poder absoluto precisava se apoiar em um consenso, no corpo do Leviatã é possível ver os súditos que são o suporte do poder do monarca. JOHN LOCKE, O PAI DO LIBERALISMO POLÍTICO • O filósofo e médico foi o grande nome do empirismo inglês e defendia que ao nascermos éramos como uma tábula rasa e que o conhecimento era proveniente da experiência, tanto de origem externa, nas sensações, quanto nas internas, através das reflexões. • Defendia a monarquia constitucional parlamentarista, três poderes com preeminência do legislativo e a tolerância religiosa, pois o exercício da John Locke (1632- 1704) era um porta-voz fé deveria ser questão de ordem do pensamento da privada. burguesia. JOHN LOCKE, O PAI DO LIBERALISMO POLÍTICO • Para Locke, todos os homens possuem direitos naturais (vida, liberdade e propriedade privada, fruto do trabalho) e o Estado seria o garantidor desses direitos em um contrato social. • Locke discorda de Hobbes que defendia que o estado de natureza era um estado de guerra. • Em seu estado de natureza, o homem seria feliz, porém egoísta. Para resolver os litígios gerados por interesses rivais, deveria existir um poder mediador ao qual todos devam estar submetidos. JOHN LOCKE, O PAI DO LIBERALISMO POLÍTICO • Logo, o Estado existiria para garantir os direitos naturais, em troca, os seres humanos abririam mão de parte da sua liberdade. • Todo o governo que desrespeitasse os direitos naturais poderia e deveria ser derrubado (direito à rebelião). Para Locke, a soberania não reside no Estado, mas sim na população. • As ideias de Locke influenciarão os colonos norte americanos na sua luta contra a metrópole e estarão presentes na declaração de independência das Treze Colônias. • “Para compreender corretamente o que é o poder político e derivá-lo a partir de sua origem, devemos considerar qual é a condição em que todos os homens se encontram segundo a natureza. E esta condição é a de completa liberdade para poder decidir suas ações e dispor de seus bens e pessoas do modo que quiserem, respeitados os limites das leis naturais, sem precisar solicitar a permissão ou de depender da vontade de qualquer outro ser humano.” • “Eu asseguro, tranquilamente, que o governo civil é a solução adequada para as inconveniências do estado de natureza, que devem certamente ser grandes quando os homens podem ser juízes em causa própria, pois é fácil imaginar que um homem tão injusto a ponto de lesar o irmão dificilmente será justo para condenar a si mesmo pela mesma ofensa.” CONTROVÉRSIAS DE LOCKE • A tolerância religiosa não se estendia aos católicos, considerados súditos de um príncipe estrangeiro. • Locke tinha ações em companhias de tráfico de escravos, condenava a escravidão de forma geral, mas não a escravidão negra em particular. • Não foi claro em defender a propriedade da terra dos povos nativos da América, abrindo brecha para justificar a apropriação delas pelos europeus. • Defendia que crianças pobres fossem ensinadas a trabalhar a partir dos três anos de idade para que não fossem um peso para a sociedade. • Os mendigos deveriam ser disciplinados e obrigados a trabalhar.