Você está na página 1de 24

O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO E A

CRITICA DOS CONTRATUALISTAS


• Entre os séculos XVI e XVIII, o absolutismo existiu em
maior ou menor grau em todas as monarquias
europeias e em sua máxima perfeição somente na
França. Como características gerais podemos listar:

 Os interesses do rei estavam acima da lei;


 Não havia o cidadão, somente o súdito;
 O poder político estava concentrado nas mãos do
monarca que tinha poderes absolutos;
 O rei garantia a sobrevivência da nobreza, que
deveria se submeter para manter seus privilégios;
 Estabelecia-se uma aliança entre o rei e a
burguesia;
• Luís XIV (1638-1715) é
considerado o rei absolutista
modelo.
• É atribuída a ele a frase “O
Estado sou Eu”.
• Reforçou uma rígida etiqueta
em sua corte, a nobreza
orbitava em torno dele, que
era conhecido como “rei sol”.
• Onde seu retrato estivesse, ele
deveria receber as honras
como se fosse a própria
pessoa do rei.
• Chamamos de Antigo Regime esse
Estado marcado pelo Absolutismo e
pelo Mercantilismo.
• A sociedade do Antigo Regime era
estamental, isto é, o seu lugar na
sociedade, seus direitos e deveres,
eram determinados pelo grupo no
qual você nascia.
• Havia mobilidade social, mas ela era
muito limitada.
• No caso da França, esse modelo
compreendia três ordens, ou estados:
clero (1º), nobreza (2º) e o povo (3º
O QUE SUSTENTAVA O PODER DO REI?
• O direito divino dos reis é uma doutrina política e
religiosa segundo a qual o poder dos reis tem como
fundamento a vontade de Deus.
• No Ocidente cristão, a doutrina consolidou-se na
França durante o Antigo Regime com base na crença
de que o monarca reina por vontade divina e, não, por
vontade de qualquer entidade terrena ou algum
contrato social.
• A Reforma Protestante não teve impacto sobre a
percepção do rei como um escolhido de Deus.
TEÓRICOS DO DIREITO DIVINO
• Os dois principais idealizadores da teoria do direito divino
dos reis foram Jean Bodin (1530-1596) e Jacques Bossuet
(1627-1704)
• Bodin foi um teórico político, jurista francês, membro do
Parlamento de Paris e professor de Direito em Toulouse,
defendia que o Absolutismo era o modelo ideal de governo.
• “Nada havendo de maior sobre a terra, depois de Deus, que
os príncipes soberanos, e sendo por Ele estabelecidos
como seus representantes para governarem os outros
homens, é necessário lembrar-se com toda a obediência, a
fim de sentir e falar deles com toda a honra, pois quem
despreza seu príncipe soberano despreza a Deus, de Quem
ele é a imagem na terra.” (BODIN, Jean)
TEÓRICOS DO DIREITO DIVINO

• Bossuet (1627-1704) foi um bispo e


teólogo francês, um dos principais
teóricos do absolutismo por direito
divino, defendendo que os reis
recebiam seu poder de Deus.
• Foi autor de La Politique tirée de
l'Écriture sainte, publicada
postumamente em 1709, na qual
defende a teoria do Direito divino dos
reis justificando que Deus delegava o
poder político aos monarcas,
conferindo-lhes autoridade ilimitada e
incontestável.
• Três razões fazem ver que este governo [monarquia hereditária] é
o melhor. A primeira é que é o mais natural e se perpetua por si
próprio (…). A segunda razão (…) é que este governo é o que
interessa mais na conservação do Estado e dos poderes que o
constituem: o príncipe, que trabalha para o seu Estado, trabalha
para os seus filhos, e o amor que tem pelo seu reino, confundi
com o que tem pela sua família, tornasse-lhe natural (…). A
terceira razão tira-se da dignidade das casas reais (…). A inveja,
que se tem naturalmente daqueles que estão acima de nós, torna-
se aqui em amor e respeito: os próprios grandes obedecem sem
repugnância a uma família que sempre viram como superior e à
qual se não conhece outra que a possa igualar (…). O trono real
não é o trono de um homem, mas o trono do próprio Deus (…). Os
reis (…) são deuses e participam de alguma maneira da
independência divina. O rei vê de mais longe e de mais alto; deve
acreditar-se que ele vê melhor, e deve obedecer-lhe sem
murmurar, pois o murmúrio é uma disposição para a sedição.
(BOSSUET, Jacues)
• Em 2001, o herdeiro do trono do Nepal massacrou a família real,
nove de seus membros foram mortos. Os guardas não reagiram.
Como poderiam atirar no príncipe, que era como um deus vivo?
Segundo consta, príncipe deu um tiro contra a própria cabeça.
DIREITO DIVINO NA INGLATERRA
• Na Inglaterra, a ideia de
direito divino não era
estranha, o rei, ou rainha,
era o chefe da Igreja,
porém, sem poderes
absolutos.
• O poder do rei tinha
limites, por exemplo, ele
não podia criar novos
impostos, pois era uma • Desde a Magna Carta (1215)
atribuição do Parlamento. estava assentado que o
• A lei também tinha sido monarca não estava acima
estabelecida por vontade de lei, que seu poder tinha
de Deus. limites.
DIREITO DIVINO NA INGLATERRA

• Jaime I e seu filho Carlos I tentaram implantar as


ideias de direito divino aos moldes franceses na
Inglaterra, tentando ignorar o Parlamento.
O NASCIMENTO DO CONTRATUALISMO
• O contratualismo é uma teoria política e filosófica
baseada na ideia de que existe uma espécie de pacto ou
contrato social que retira o ser humano de seu estado de
natureza e coloca-o em convivência com outros seres
humanos em sociedade.
• Os contratualistas desmontaram os argumentos que
justificavam o poder real a partir do direito divino,
defendendo, cada um a sua maneira, que o que se
estabelecia entre o governante e a sociedade era um
pacto, um acordo, um contrato, no qual todos tinham
direitos e deveres.
• Foram filósofos contratualistas os ingleses Thomas
Hobbes e John Locke, e o suíço Jean-Jacques Rousseau.
O ESTADO DE NATUREZA

• Segundo os filósofos contratualistas, há um período


da humanidade, que é o período pré-social, em que o
ser humano encontra-se em seu estado de natureza.
• O estado de natureza é o período em que a
sociedade ainda não se formou, quando não há uma
lei civil e, portanto, uma civilização para amparar o
convívio social.
• Esse estado é regido pela lei da natureza que coloca
os seres humanos em plena igualdade de direitos.
Chamamos esse conjunto de direitos naturais e a
teoria do estado de natureza de jusnaturalismo.
THOMAS HOBBES: “O HOMEM É O
LOBO DO HOMEM”
• O primeiro dos contratualistas
foi o filósofo, teórico político e
matemático Thomas Hobbes
(1588-1679). Hobbes foi muito
próximo da família real e
defendeu, até o fim de sua vida,
a monarquia.
• O eixo principal do pensamento
de Hobbes é que os homens só
podem viver em paz se
concordarem em submeter-se a
um poder absoluto e
centralizado.
THOMAS HOBBES: “O HOMEM É O
LOBO DO HOMEM”
• Seu principal livro se chama o Leviatã,
um grande monstro citado na Bíblia.
• O estado de natureza de Hobbes seria
marcado pela extrema violência de
todos contra todos. O medo da morte,
a mais forte das paixões, forçou os
homens a organizarem as bases da
vida social.
• Para Hobbes, o Estado deve ser forte e
com o poder centralizado, pois precisa
ter capacidade para conter os
impulsos naturais destrutivos das
pessoas.
• “O fim último, causa final e desígnio dos homens (que
amam naturalmente a liberdade e o domínio sobre os
outros), ao introduzir aquela restrição sobre si
mesmos sob a qual os vemos viver nos Estados, é o
cuidado com sua própria conservação e com uma vida
mais satisfeita. Quer dizer, o desejo de sair daquela
mísera condição de guerra que é a consequência
necessária (conforme se mostrou) das paixões
naturais dos homens, quando não há um poder visível
capaz de os manter em respeito, forçando-os, por
medo do castigo, ao cumprimento de seus pactos e
àquelas leis de natureza que foram expostas (...).”
Mesmo o poder
absoluto
precisava se
apoiar em um
consenso, no
corpo do
Leviatã é
possível ver os
súditos que
são o suporte
do poder do
monarca.
JOHN LOCKE, O PAI DO LIBERALISMO
POLÍTICO
• O filósofo e médico foi o grande nome
do empirismo inglês e defendia que ao
nascermos éramos como uma tábula
rasa e que o conhecimento era
proveniente da experiência, tanto de
origem externa, nas sensações, quanto
nas internas, através das reflexões.
• Defendia a monarquia constitucional
parlamentarista, três poderes com
preeminência do legislativo e a
tolerância religiosa, pois o exercício da John Locke (1632-
1704) era um porta-voz
fé deveria ser questão de ordem do pensamento da
privada. burguesia.
JOHN LOCKE, O PAI DO LIBERALISMO
POLÍTICO
• Para Locke, todos os homens possuem
direitos naturais (vida, liberdade e
propriedade privada, fruto do trabalho) e
o Estado seria o garantidor desses
direitos em um contrato social.
• Locke discorda de Hobbes que defendia
que o estado de natureza era um estado
de guerra.
• Em seu estado de natureza, o homem
seria feliz, porém egoísta. Para resolver
os litígios gerados por interesses rivais,
deveria existir um poder mediador ao
qual todos devam estar submetidos.
JOHN LOCKE, O PAI DO LIBERALISMO
POLÍTICO
• Logo, o Estado existiria para garantir os
direitos naturais, em troca, os seres
humanos abririam mão de parte da sua
liberdade.
• Todo o governo que desrespeitasse os
direitos naturais poderia e deveria ser
derrubado (direito à rebelião). Para Locke,
a soberania não reside no Estado, mas sim
na população.
• As ideias de Locke influenciarão os
colonos norte americanos na sua luta
contra a metrópole e estarão presentes na
declaração de independência das Treze
Colônias.
• “Para compreender corretamente o que é o poder
político e derivá-lo a partir de sua origem, devemos
considerar qual é a condição em que todos os homens
se encontram segundo a natureza. E esta condição é a
de completa liberdade para poder decidir suas ações e
dispor de seus bens e pessoas do modo que quiserem,
respeitados os limites das leis naturais, sem precisar
solicitar a permissão ou de depender da vontade de
qualquer outro ser humano.”
• “Eu asseguro, tranquilamente, que o governo civil é a
solução adequada para as inconveniências do estado
de natureza, que devem certamente ser grandes
quando os homens podem ser juízes em causa própria,
pois é fácil imaginar que um homem tão injusto a ponto
de lesar o irmão dificilmente será justo para condenar a
si mesmo pela mesma ofensa.”
CONTROVÉRSIAS DE LOCKE
• A tolerância religiosa não se estendia aos católicos,
considerados súditos de um príncipe estrangeiro.
• Locke tinha ações em companhias de tráfico de
escravos, condenava a escravidão de forma geral, mas
não a escravidão negra em particular.
• Não foi claro em defender a propriedade da terra dos
povos nativos da América, abrindo brecha para
justificar a apropriação delas pelos europeus.
• Defendia que crianças pobres fossem ensinadas a
trabalhar a partir dos três anos de idade para que não
fossem um peso para a sociedade.
• Os mendigos deveriam ser disciplinados e obrigados a
trabalhar.

Você também pode gostar