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HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA I

Aula 5 – Ludismo e Cartismo


HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA I

Conteúdo Programático desta aula

- Reconhecer as táticas empreendidas


na luta do operariado pela aquisição
de direitos.
 
- Analisar a conjuntura que levou a
Comuna de Paris.
 
- Comparar os processos de
unificação da Itália e da Alemanha.

LUDISMO E CARTISMO – AULA 05


HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA I

Nesta aula veremos os movimentos de resistência


operaria ludismo e cartismo, procurando distinguí-
los e entender o papel de cada um como estratégia
de negociação e participação política do
proletariado. Veremos ainda como ocorreu o
processo de unificação da Itália e da Alemanha.

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MUNDO DO TRABALHO

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A formação da classe operária é tema de diversos


trabalhos historiográficos ao redor do mundo. Suas
constituição e trajetória desperta interesse, dentre os
mais diversos fatores, por estar ligada diretamente a
Revolução industrial inglesa, do século XVIII. Se Marx
defendia, de modo amplo, que a história do homem e
a História da luta de classes, poucos momentos
corroboram mais esta visão do que a relação entre
operários e burgueses, especialmente durante o
século XIX. Vejamos o que diz Eric Hobsbawm sobre o
assunto:

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“O fazer-se da classe operária não é porque eu


pretenda sugerir que a formação desta ou de
qualquer outra classe seja um processo com início,
meio e fim, como a construção de uma casa. As
classes nunca estão prontas, no sentido de acabado,
ou de terem adquirido sua feição definitiva. Elas
continuam a mudar. Entretanto, como a classe
operaria foi historicamente uma classe nova – não
reconhecida como um coletivo social ou
institucional, interna ou externamente, até um
período especifico – faz sentido delinear sua
emergência enquanto grupo social durante um
certo período.” (HOBSBAWM, 2008).

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Hobsbawm dialoga com outro estudioso do assunto, E.


P. Thompson, que define classe social da seguinte
maneira: “A classe acontece quando alguns homens,
como resultado de experiências comuns (herdadas
ou partilhadas), sentem e articulam a identidade de
seus interesses entre si, e contra outros homens
cujos interesses diferem (e geralmente se opõem)
dos seus”

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Nosso olhar será direcionado


para a classe operária, que
segundo Marx, era chamada de
proletariado. Essa classe era
explorada e não tinha vários
direitos tais como:

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• Jornada de trabalho chegava à 14 e até 16


horas por dia;
• Não tinham folgas ou férias;
• Trabalho infantil e de mulheres era muito
utilizado pois custava menos;
• Não havia vínculo empregatício e o
trabalhador valia o que produzia, por isso
era denominado “mão de obra”;

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A primavera dos povos, os movimentos de


1848, contaram com intensa participação
desta classe que, por sua vez, obteve a
vitória – ainda que por pouco tempo – em
diversos países. As manifestações do
proletariado evidenciaram a resistência as
péssimas condições de vida e trabalho ao
qual eram submetidas e a adesão as ideias
socialistas e anarquistas fez com que o
estado e a burguesia constantemente se
referissem a esta como a classe perigosa.

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E por que era considerada perigosa ?


Porque colocava em xeque as
estruturas básicas do capitalismo, que
tinha como um dos princípios
justamente a exploração da mão de
obra assalariada. Os operários reagiram
a exploração e a mudança no seu modo
de vida desde os primeiros momentos
da Revolução Industrial.

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Um dos primários movimentos de resistência à


Revolução Industrial foi o ludismo, no início do
século XIX. Seu nome deriva de um de seus líderes,
Ned Ludd, que praticavam a quebra das máquinas
pois atribuíam a elas o aumento do desemprego. Os
ludistas, como ficaram conhecidos os “quebradores
de máquinas” eram perseguidos e punidos, muitas
vezes, com a pena de morte. Historiadores como
Hobsbawm entendem o ludismo como uma fase de
pré-organização sindical, quando a violência e o
vandalismo se manifestavam como forma de
resistência operaria.

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Também no século XIX, teve lugar um outro


movimento, o cartismo. Mas, diferente do ludismo, o
cartismo defendia a mudança das condições sociais
do operariado pela via politica. Feargus O’Connor e
William Lovett lideraram o movimento, e escreveram
a Carta do povo – por isso o nome do movimento é
cartismo – no qual reivindicavam participação política
e ampliação de direitos, como o voto universal e
secreto, e a melhoria nas condições de trabalho. A
carta do povo foi encaminhada ao Parlamento Inglês,
que recusou suas demandas, mas o cartismo, ainda
que não tenha obtido o sucesso esperado, acabou se
tornando um importante movimento para a aquisição
dos direitos trabalhistas,
 
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O movimento de trabalhadores
evoluiu do ludismo, um movimento
desorganizado, ao cartismo,
organizado e buscando mudanças
dentro da lei, até os trade unions,
os sindicatos, que acabaram por se
constituir na mais eficiente forma
de organização e negociação do
operariado.
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TRADE UNION EM 1918

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Inicialmente, estas associações foram


perseguidas, mas aproximadamente na
década de 20 do século XIX, o Parlamento
Inglês permitiu sua existência. A partir de
então, o sindicato foi pouco a pouco
ganhando força e esse modelo de organização
se espalhou conforme os demais países se
industrializavam. Uma das principais táticas
de luta era a greve, que paralisava a
produção, causando prejuízos aos industriais
e sendo, ate hoje, uma das mais utilizadas
táticas de negociação trabalhista.

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O fortalecimento do operariado motivou a criação


da Primeira Associação Internacional dos
Trabalhadores, em 1864, na cidade de Londres.
Mas as lideranças trabalhistas possuíam diversas
influencias e, na maior parte das vezes,
discordavam entre si. Surgiram então diversas
tendências, que defendiam o marxismo, o
socialismo, o anarquismo, o comunismo etc.
Embora associemos estes movimentos a esquerda,
no campo politico, eles são diferentes entre si. Em
especial, o marxismo, que daria origem ao
socialismo científico e o anarquismo, cujo um dos
principais teóricos seria o russo Mikhail Bakunin.

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Mickail Bakunin

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Unificação
Italiana e
Alemã
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A divisão entre os estados italianos se tornou


mais nítida após o Tratado de Viena, que
redefiniu as possessões na Península Itálica e
alguns de seus territórios ficaram sob o
domínio estrangeiro, como os territórios
cedidos aos estados germânicos. Soma-se a
esta divisão a existência dos estados papais,
de domínio da Igreja Católica e temos uma
Itália com uma configuração politica que era
um grande obstáculo a unificação. De modo
geral, podemos destacar duas fortes
tendências politicas: os monarquistas e os
republicanos.
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Mas, as duas tendências tinham algo em comum: o


nacionalismo. Por isso, a luta pela unificação
contou com a adesão tanto de um grupo quanto de
outro. Um dos principais articuladores da
unificação foi a sociedade Carbonária, que agregava
anarquistas, republicanos e monarquistas, não
tendo, portanto, uma linha politica definida, pois
seu objetivo era a formação de um estado italiano
unido. As lutas de unificação remontam à
Primavera dos Povos, de 1848, e teve como alguns
de seus lideres Giuseppe Mazzini e Giuseppe
Garibaldi, o italiano que havia lutado no Brasil,
durante a Revolução Farroupilha, no Rio Grande do
Sul.
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Giuseppe Garibaldi Giuseppe Mazzini

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Os monarquistas eram liderados pelo Conde de


Cavour, e a unificação acabou acontecendo em
torno do reino mais industrializado e próspero
economicamente, o Piemonte e Sardenha,
governado pelo rei Vitor Emanuel II. A defesa
pela unificação e os ideias nacionalistas ficaram
conhecidos como Risorgimento. Além da
questão politica, havia também a enorme
diferença interna. Os estados do Norte da Itália
eram liberais e haviam feito sua própria
revolução industrial, enquanto os estados do
sul eram conservadores e de economia
fortemente agrária.
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O apoio externo era fundamental para os ideais dos


unificadores. A França de Napoleão III forneceu o
suporte necessário do ponto de vista da política
externa, auxiliou na conquista dos territórios
italianos que estavam nas mãos estrangeiros. Ainda
que nem Mazinni nem Garibaldi fossem
monarquistas, a unificação italiana estava
claramente sendo conduzida pelos monarquistas e
foi esta a forma de governo que preponderou na
Itália. Em 1870, Vitorio Emanuel finalmente
unificou os estados sob um único país,
estabelecendo Roma como sua capital.

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A questão dos estados papais permaneceu um


problema, denominado de Questão Romana,
que só foi resolvido em 1929, com a assinatura
do Tratado de Latrão, que criava o Vaticano,
estado soberano e pertencente a Igreja
Católica. Este é um caso raro, pois quer dizer
que dentro da Itália há um outro país, o
Vaticano. Ademais, o papa, líder máximo da
Igreja, é também um chefe de estado, pois
cabe a ele o governo do Vaticano.

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Assim como a Itália, a Alemanha também se unificou


em torno de seu estado mais forte econômica e
politicamente, neste caso, a Prússia. Depois do
Congresso de Viena, o território alemão encontrava-se
dividido em 39 estados, denominados Confederação
Germânica. Embora fossem autônomos, a Áustria, por
ser um dos mais sólidos estados monárquicos, exercia
uma enorme influência na política desta Confederação.
O mais forte adversário austríaco era a Prússia, cujo
desenvolvimento econômico ameaçava a posição
politica da Áustria.
Em 1834, o Zolverrein, a liga aduaneira dos estados
germânicos, derrubou as barreiras alfandegárias entre
os reinos. Isso estimulou o comércio interno e
fortaleceu os vínculos econômicos.
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O Zolverrein era liderado pela Prússia, que, por


razões óbvias, deixou a Áustria de fora da liga. Esta,
por sua vez reagiu, ameaçando os prussianos com
uma reação armada e obrigando a Prússia a
reconsiderar sua posição e aceitar a presença
austríaca na liga. Politicamente, a Áustria possuía
melhores relações internacionais que a Prússia e,
portanto, contava com um maior número de aliados.
Em 1860, sob o comando do chanceler Otto Von
Bismarck a Prússia iniciou um intenso programa de
modernização militar. A disciplina de suas forças
armadas tornaram-se lendárias e estas foram um
instrumento fundamental para o processo de
unificação, extremamente conflituoso.
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No caso da Alemanha do século XIX, Bismarck


acreditava que a unificação se daria a partir da
superioridade das Forças Armadas e por isso
buscou desenvolver ao máximo o Exército
prussiano.
Em 1866 foi assinado o Tratado de Praga, que
punha fim a Confederação Germânica e
marcava a ascensão da Prússia como uma
potência. Os Estados no norte foram
reorganizados, passando a ser liderados pelo
Kaiser Guilherme I. Otto von Bismarck ocupava
o cargo de primeiro ministro do Kaiser.

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Otto Von Bismarck

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A política de Napoleão propiciou a declaração de


guerra entre prussianos e franceses. Bismarck
acreditava que a guerra contra um inimigo
comum reuniria os diversos estados, que
superariam suas diferenças para lutar contra
uma ameaça estrangeira. Suas previsões se
mostraram corretas e ao final da guerra, com a
derrota da França, em 1871, o processo de
unificação alemã finalmente se completara.
Estava criado o Segundo Reich, que significa
segundo império, tendo sido o primeiro império
o antigo Sacro Império Romano Germânico.

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NESSA AULA VOCÊ:

• Reconheceu as táticas empreendidas na luta do


operariado pela aquisição de direitos.
 
• Analisou a conjuntura que levou a Comuna de
Paris.

• Comparou os processos de unificação da Itália e


da Alemanha.

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