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AULA 10

Leonardo DaVinci (1452-1519)


define a água da seguinte maneira:
“......... a água é para o mundo, o mesmo que o sangue é
para o nosso corpo e, sem dúvida, mais: ela circula segundo
regras fixas, tanto no interior quanto no exterior da Terra,
ela cai em chuva e neve, ela surge do solo, corre em rios, e
depois retornam aos vastos reservatórios que são os
oceanos e mares que nos cercam por todos os lados ..........”
AULA 10

1.
3
Zona não saturada e zona saturada
 O escoamento dentro do solo ocorre em duas camadas principais chamadas de :
 (a) meio não-saturado, próximo da superfície onde o solo não está saturado de água e a água
escoa por percolação até o meio saturado (aquífero nãoconfinado) ou de volta para a superfície.
Este escoamento é geralmente denominado de escoamento sub-superficial;
 (b) meio saturado: é a parcela do solo saturada de água que se encontra imediatamente abaixo
da zona não saturada, ou que se encontra abaixo de algumas camadas de solo permeáveis ou
semipermeáveis. O escoamento que ocorre neste sistema é denominado de escoamento
subterrâneo e o volume saturado é chamado de aquífero.
 A camada não-saturada possui uma relação direta com os processos de curto prazo ligados ao
escoamento superficial enquanto que os processos mais lentos estão relacionados com o
escoamento subterrâneo. A zona não saturada, onde a água e o ar preenchem os espaços vazios
entre os grânulos;
 Devido a isto é que muitas vezes o escoamento não-saturado é muito mais estudado dentro do
contexto do escoamento superficial do que do subterrâneo. No entanto, no que se refere à
contaminação e à alimentação do aquífero, é um componente ligado ao processo do escoamento
subterrâneo. A zona saturada, onde a maioria dos espaços vazios é preenchida por água.
 No limite entre as duas zonas, ocorre o nível freático, que demarca o contato entre estas,
conhecido popularmente como lençol freático.
Percolação
É a passagem de água da zona não-saturada (zona de aeração) para
a zona saturada

 abastecimento dos aqüíferos (mantém vazão dos rios durante as estiagens);


 Redução do escoamento superficial: cheias, erosão
Águas subterrâneas
• Do ponto de vista hidrológico, a água
encontrada na zona saturada do solo é dita
subterrânea

Em geral, exige menos tratamento antes


do consumo do que a água superficial,
em função de uma qualidade inicial
melhor.

Em regiões áridas e semi-áridas pode


ser o único recurso disponível para
consumo.

zona saturada
Ocorrência das águas subterrâneas
 No mundo
 Volume aprox. de 10.360.230 km3 (100
vezes mais abundante que as águas
superficiais)
 Alguns especialistas indicam que a
quantidade de água subterrânea pode
chegar até 60 milhões de km3, mas a sua
ocorrência em grandes profundidades
pode impossibilitar seu uso
 Por essa razão, a quantidade passível de
ser captada estaria a menos de 4.000
metros de profundidade, compreendendo
cerca de 8 e 10 milhões de km3,
 Mais de metade da população mundial
depende da água subterrânea
Aquíferos
 As rochas saturadas que permitem a circulação, armazenamento e extração de água são
chamadas de aqüíferos.
 Um aquífero é uma formação geológica capaz de armazenar e suprir com água poços e
nascentes.
 Os aquíferos possuem duas características fundamentais:
 capacidade de armazenamento e
 capacidade de escoamento da água subterrânea.
 Os aqüíferos podem ser classificados de acordo com as características hidrodinâmicas ou de
acordo com as características geológicas.
 Quanto as características hidrodinâmicas os aqüíferos são considerados:
 livres (não- confinados ou freáticos),
 suspensos,
 confinados e semi confinados (confinados drenantes).
Fundamentos de Hidrogeologia
O que é um aquífero?
Aquífero
 Derivado do Latim, a palavra aquífero quer dizer: “ carregar água”.
 Aquífero são unidades rochosas ou de sedimentos, porosas e permeáveis, que armazenam
e transmitem volumes significativos de água subterrânea passível de ser explorada

 Aquífugo: São unidades geológicas que não apresentam poros interconectados e não
absorvem e nem transmitem a água.

 Aquiclude: Em oposição ao termo aquífero, utiliza-se o termo aquicludes para definir


unidades geológicas que apesar de saturadas e com grande quantidade de água absorvida
lentamente, são incapazes de transmitir um volume significativo de água
 Uma formação geológica que pode conter água mas sem condição de movimentá-la em
condições naturais e em quantidades significativas.

 Aquitarde: Uma formação geológica de natureza semipermeável, que transmite água a


uma taxa muito baixa, comparada com a do aquífero.
• Em oposição ao
termo aquífero,
utiliza-se o termo
AQUICLUDE para
definir unidades
geológicas que
apesar de saturadas
e com grande
quantidade de água
absorvida
lentamente, são
incapazes de
transmitir um
volume significativo
de água
Tipos de aquíferos
 Livres  São aqueles cujo o topo
é demarcado pelo nível freático,
estando em contato com a
atmosfera. Normalmente ocorrem
a profundidades de alguns
metros a poucas dezenas de
metros da superfície
 Suspensos  São acumulações
de águas sobre aquicludes, na
zona insaturada, formando níveis
lentiformes de aqüíferos livres
acima do nível freático principal
 Confinados  ocorre quando um
estrato permeável (aquífero) está
confinado entre duas unidades
pouco permeáveis (aquiclude) ou
impermeáveis
Tipos de aquíferos
Funções dos aquíferos
 Produção: consumo humano, industrial ou irrigação

 Estocagem e regularização: estocar excedentes de água que ocorrem durante as enchentes dos rios

 Filtro: corresponde à utilização da capacidade filtrante e de depuração bio-geoquímica do maciço


natural permeável

 Transporte: é utilizado como um sistema de transporte de água entre zonas de recarga artificial ou
natural e áreas de extração excessiva

 Estratégica: o gerenciamento integrado das águas subterrâneas

 Energética: aquecimento pelo gradiente geotermal como fonte de energia elétrica ou termal

 Mantenedora: mantém o fluxo de base dos rios


 Os aqüíferos obtêm água da precipitação
Como a água enche
(chuva e neve) que filtra através da zona não
saturada. Os aqüíferos também podem receber um aqüífero?
água de águas superficiais, como lagos e rios.
 Quando o aqüífero está cheio e o lençol freático
encontra a superfície do solo, a água
armazenada no aqüífero pode aparecer na
superfície do solo como nascente ou
escoamento.
 As áreas de recarga são onde os aquíferos
absorvem água;
 áreas de descarga são onde a água subterrânea
flui para a superfície terrestre.
 A água se move de áreas de recarga de
elevação mais alta para áreas de descarga de
elevação mais alta através da zona saturada.
Tipos de aquífero
Diversidade Hidrogeológica

Unconsolidated rocks: Consolidated rocks: Consolidated rocks:


• Pore spaces • Fractures • Karsts (enlarged fractures)
• Large storage • Small storage • Large storage
Tipos de aquífero
Aquífero cárstico (Karst)

Formado em rochas calcáreas ou carbonáticas, onde a


circulação da água se faz nas fraturas e outras
descontinuidades (diáclases) que resultaram da
dissolução do carbonato pela água. Essas aberturas
podem atingir grandes dimensões, criando, nesse
caso, verdadeiros rios subterrâneos
Aquífero cárstico (Karst)
O ambiente cárstico
 O carste é um ambiente geológico caracterizado pela dissolução química (corrosão)
das rochas, com uma série de características físicas próprias, predominantemente
em terrenos carbonáticos.
 Dentre as principais características do ambiente cárstico estão:
➢ Vazios naturais presentes na rocha, fruto da dissolução do carbonato ao longo
do tempo geológico. Presença de cavidades e cavernas
➢ Alto potencial de armazenamento de água no subsolo.
➢ Diferentes graus de heterogeneidade e anisotropia espacial dos vazios.
➢ Rápida conexão de água de superfície com o subsolo.
➢ Geomorfologia própria; formação natural de abatimentosde solo.
O ambiente cárstico
O ambiente cárstico
Mineração X Riscos no carste
Em função da complexidade do sistema cárstico, o desenvolvimento de túneis no subsolo
podem ser afetados por fatores de risco ausentes em outros ambientes geológicos.
Os principais riscos naturais da mineração no carste são:
 Alagamento da mina (mina subterrânea ou a céu aberto)
a. Chuvas intensas
b. Transbordos ou conexões com cursos de água
c. Surgências inesperadas
 Fluxo de lama no interior da mina
 Potencialização de dolinas e movimentos de solo
 Surgimento de trincas e recalques nos solos e nas edificações
O ambiente cárstico
Como conviver com os riscos?
Para se ter uma operação segura no ambiente cárstico, são necessárias acções de prevenção e
controle específicas.
Entendimento do sistema cárstico em que a mina se encontra
▪ Mapeamentos geológicos ▪ Mapeamentos geofísicos ▪ Mapeamentos estruturais

❑ Monitoramento adequado de todas as variáveis hidrogeológicas


▪ Traçadores ▪ Sondagens (regional e detalhe) ▪ Manejo de drenagens e fontes de infiltração
▪ Níveis de água ▪ Fluxos superficiais e subterrâneos ▪ Chuva e recarga

❑ Sistemas de controle adequado


▪ Bombeamento ▪ Impermeabilização (cimento/poliuretano)
O ambiente cárstico: Exemplos de minas
O caso da África do Sul
 Problemas com minas subterrâneas de ouro no carste já na década de 50.
 Apoio governamental na busca por soluções.
 Mapeamento e gerenciamento das áreas de risco
 Sucesso em ações de prevenção e controle

O caso Lisheen
 Mina de chumbo e zinco na Irlanda
 Inicialmente tratando as fraturas com água apenas com impermeabilização
 A interceptação de uma feição maior ocasionou a inundação da mina
 Um sistema de bombeamento mais robusto foi necessário para o desaguamento.
 Atualmente exaurida, nível de água retornado ao original.
O ambiente cárstico: Exemplos de minas
O caso Kimballton
 Minas subterrânea de calcário no estado da Virgínia.
 Feições discretas com drenagem do maciço por mais de 40 anos
 Altas vazões e velocidades de fluxo nas feições
 Sucesso no selagem de feições por meio do uso de poliuretano (2 a 3 segundos de
reação)
 Atualmente parcialmente inundada em função da interceptação de uma estrutura no
nível inferior.

Conclusões
 A mineração em áreas cársticas requer cuidados especiais, em função da características
geológicas naturais que devem ser respeitadas.
 O correto gerenciamento da área minerada propicia soluções técnicas efetivas e permite
a mineração com segurança.
Aquiferos

 A água recarrega
diretamente o
aquífero.
 Os aquiferos cársticos
são muito suscetíveis
à rápida
contaminação
Afundamento de
riachos, lagos
Ambiente de rocha fracturada
 O que é a rocha cristalina?
 Quando usamos o termo cristalino, rocha (ou rocha dura ou rocha) referimo-nos a rochas
ígneas ou metamórficas, como granitos, basaltos, metaquartzitos ou gnaisses, onde os
espaços de poros intergranulares são desprezíveis e onde quase todo o fluxo de águas
subterrâneas ocorre através de rachas e fraturas.
 Como as fraturas não são homogênicamente distribuídos na massa rochosa e como a
permeabilidade do sistema de fraturas é muito sensível à abertura e ao grau de
conectividade da fratura, é muito difícil prever o rendimento de um poço ou poço na rocha
cristalina.
 Para ter sucesso, nós precisamos de entender, como Agrícola recomendou em 1556 (ver
prólogo) tanto a natureza (disfarçada de geologia) quanto o elemento do acaso.
Ambiente Hidrogeológico Antigas rochas
Antigo cristalino e metamórfico:
cristalinas e
metamórficas
 altamente fraturado ou
desgastado pelo tempo:
 permeabilidade é baixa, a
capacidade de armazenamento
também.
 Potencial de água subterrânea
moderada (0,1 - 1 l / s), uma vez
que o aqüífero é geralmente de
pequena extensão.
 Objetivos: fraturas na base da
zona de intemperismo profundo
e zonas de fratura verticais.
Ambiente de rocha fracturada
 Um aquífero de rocha fraturada possui
limitada capacidade de armazenamento e
transporte de água ao longo das fraturas
planares.
 Um aqüífero fraturado é definido como
uma formação que contém fissuras,
fraturas, rachaduras, articulações e falhas
suficientes que produzem quantidades
econômicas de água para poços e fontes.
Por que os aqüíferos fraturados são
importantes?
 Aqüíferos fraturados podem conter água
subterrânea devido à porosidade
secundária e podem transmitir água
subterrânea e contaminantes a uma taxa
alta.
Aquífero fraturado ou fissural

Formado por rochas ígneas, metamórficas ou


cristalinas, duras e maciças, onde a circulação da
água se faz nas fraturas, fendas e falhas, abertas
devido ao movimento tectônico

Ex.: basalto, granitos, gabros, filões de quartzo, etc..


Poços perfurados nessas rochas fornecem poucos
metros cúbicos de água por hora
Ambiente de rocha fracturada
Aquíferos fraturados ou
fissurados
 A capacidade de estas rochas
ígneas ou metamórficas,
como granitos, basaltos,
metaquartzitos ou gnaisses
armazenarem água depende:
 da sua porosidade e
permeabilidade, que por sua
vez depende da existência de
fissuras ou fendas, de sua
quantidade, abertura e
intercomunicação.
 Geralmente este tipo de
aqüíferos não fornece vazões
muito elevadas, permitindo
apenas pequenas extrações
locais.
Ambiente de rocha fracturada
Qual é a relação entre fraturas e produção de poços?
 As fraturas são a principal ou a única maneira de as águas subterrâneas serem
armazenadas e transmitidas.
 Quanta água um poço produz depende do sequinte:
• Tamanho e profundidade da abertura da fratura
• espaçamento das fraturas
• Interconexão de fraturas
• Uma fonte de recarga

 Águas subterrâneas armazenadas em aquífero rochoso é muito inferior a 2% do o volume


do rock.
Ambiente de rocha Sedimentar Consolidada
Aqüíferos sedimentares consolidados
Possuem um grande armazenamento de água subterrânea e grande extensão regional.
Existem diferentes tipos de aqüíferos sedimentares consolidadas:
 Arenitos:
 potencial moderado a alto (1 - 20 l / s);
 Alvo por abstração: arenitos grosseiros porosos ou fraturados
 Arenito e xisto: fraturado ou intercalado com camadas de arenito:
 seu potencial é baixo (0 - 0,5 l / s) com menor fluxo regional;
 Alvo : arenito fraturado duro ou camadas finas de arenito
 Calcários: levemente solúveis na água da chuva → as fraturas podem ser ampliadas para
formar karsts (condutas e sistemas de fraturas desenvolvidos)
 Seu potencial é moderado a alto (1 - 100 l / s).
Ambiente de rocha Sedimentar Não Consolidada
 Aqüíferos sedimentares não consolidados:
 materiais soltos,
 Água subterrânea armazenada e conduzida através de espaços porosos e não atravêz de fraturas.
 Capacidade de armazenamento alto a muito grande e geralmente numa enorme extensão
regional .

 As principais unidades hidrogeológicas destacadas são:


 Bacias aluviais e costeiras principais: areia, cascalho e argila:
Alto potencial (1-40 l / s), areias e cascalhos são as camadas visadas.
 Pequenos depósitos ribeirinhos: aluvião misto (pedras, cascalho, areia, argilas de lodo) e outros
depósitos como dunas costeiras (arenosas):
potencial moderado (1 - 20 l / s), alvo de depósitos de areia / cascalho.
 Depósito de vale na montanha: fragmentos rochosos, areias, cascalhos, materiais vulcânicos mal
classificados:
Potencial moderado a alto: 1 - 10 l /s, Áreas estáveis de areia e cascalho são alvos interessantes
Aquífero poroso ou sedimentar

É aquele formado por rochas sedimentares


consolidadas, sedimentos inconsolidados ou
solos arenosos, onde a circulação da água se faz
nos poros formados entre os grãos de areia, silte
e argila de granulação variada
COMPARAÇÃO DE AQUÍFEROS
AREIA E CASCALHO ROCHA CÁRSTICA

poros pequeno Nenhuma filtragem ocorre.


funcionando As coisas derramadas nas
mecanicamente como zonas de recarga /
filtros contribuição comprometem
Caminhos de fluxo todo o aqüífero
torturantes diminuem
a velocidade da água Fraturas e condutas
produzem velocidades
Contaminantes não rápidas da água
viajam muito
Os contaminantes são
Remediação possível transmitidos rapidamente a
grandes distâncias
WHERE DOES GROUND WATER OCCUR, IN WHAT ENVIRONMENT?

Summary of key properties of the most widely-occurring aquifer types (GW Mate2, 2006)
Como flui a água subterrânea?
 A água subterrânea se move lentamente através dos espaços interconectados de poros /
fraturas dos materiais dos aqüíferos.
 A água subterrânea circula em movimento lento e contínuo das áreas de recarga
(geralmente áreas de terras altas) as áreas de descarga (nascentes, fluxo de base, pântanos
e zonas costeiras).
 O fluxo da água subterrânea através de um aqüífero é regido pela Lei de Darcy.
 O armazenamento de aquíferos transforma regimes de recarga natural altamente variáveis
em regimes de descarga natural mais estáveis.
 Também resulta que os tempos de permanência das águas subterrâneas, geralmente são
contados em décadas, séculos e até milênios:
 Grandes volumes da chamada "água subterrânea fóssil" ainda estão em
armazenamento.
 O tempo de residência dependerá também das formações geológicas dos aqüíferos
que suportam as águas subterrâneas.
Como flui a água subterrânea?
 Onde os aqüíferos mergulham sob estratos muito menos permeáveis, suas águas
subterrâneas ficam confinadas (em graus variados) por camadas sobrepostas.
 Isso resulta em um grau correspondente de isolamento da superfície terrestre
imediatamente sobreposta, mas não do sistema de águas subterrâneas como um todo.
 O rebaixamento induzido pelo bombeamento da seção confinada de um aqüífero é
frequentemente propagado rapidamente para a seção não confinada.
 Em várias configurações hidrogeológicas, camadas rasas de aqüíferos não confinados e
confinados podem estar sobrepostas → vazamento para baixo e para cima entre as
camadas, de acordo com as condições locais.
Como flui a água subterrânea?

Typical groundwater flow regime and residence times of major aquifers under semi-
arid climatic regimes (after GW-Mate2, 2006)
Fluxo de águas subterrâneas

 Águas subterrâneas em movimento lento contínuo de áreas de recarga (geralmente


áreas de terras altas) áreas de descarga (nascentes, fluxo de base, pântanos e zonas
costeiras)
?
Relação entre águas subterrâneas e
águas superficiais

 O diagnóstico da relação água superficial / aqüífero subjacente é um componente


importante da caracterização do sistema de águas subterrâneas.
 É importante distinguir entre:
 Córregos e rios dos quais um aqüífero depende como fonte significativa de sua recarga geral
 Os rios que, por sua vez, dependem significativamente da descarga do aqüífero para
sustentar seu fluxo de tempo seco.
 Note-se que, em alguns casos, os rios podem flutuar sazonalmente entre duas das
condições descritas. Espectro de possíveis
relações entre os
cursos de água de
superfície e os
sistemas de águas
subterrâneas
subjacentes (após GW-
Mate2, 2006)
Relação entre águas subterrâneas e
águas superficiais

 Alterações nos corpos d'água de


superfície em resposta ao
desenvolvimento das águas
subterrâneas podem causar
consequências significativas:
 Reduções a longo prazo no
fluxo do córrego podem afetar a
vegetação ao longo dos riachos
 Alterações na direção do fluxo
de / para os fluxos podem
afetar a temperatura, os níveis
de oxigênio e as concentrações
de nutrientes no fluxo (afetar a
vida aquática)
 Ao ganhar e perder correntes,
afete as zonas hiporéicas (locais
ativos para a vida aquática)
Relação entre águas subterrâneas e
águas superficiais
 A redução do lago diminui a estética da orla e as estruturas da costa, como as docas,
podem alterar os fluxos naturais para os lagos dos constituintes essenciais (nutrientes e
oxigênio dissolvido).
 A amplitude e a frequência das flutuações no nível da água afetam as características das
áreas úmidas (tipo de vegetação, ciclagem de nutrientes, tipo de invertebrados, peixes e
espécies de aves).
 Levam a reduções no fluxo da nascente, mudanças da nascente de perenes para efêmeras
ou eliminação de nascentes por completo.
 As comunidades de plantas e animais selvagens adaptadas às áreas costeiras podem ser
afetadas por mudanças no fluxo e na qualidade das descargas de águas subterrâneas.
Principais Propriedades
Hidrogeológicas
Porosidade (h)

Parte proporcional de vazios no volume total de um solo ou de


uma rocha: V: Volume total de uma amostra de solo ou
rocha
V  Vs Vv Vs: Volume dos componentes sólidos dessa
  amostra
V V Vv: Volume de vazios
Porosidade efetiva (he)
É a porosidade por onde o fluido efetivamente
passa.

VD
e 
V
V: Volume total de uma
amostra de solo ou
rocha
VD: Volume de água
drenada
Fluxo da água
subterrânea
Porosidade em diferentes tipos de
aqüíferos:
(a) rocha sedimentar de
granulometria heterogênea;

(b) rocha com porosidade secundária


devido a fraturas;

(c) rocha com porosidade secundária


devido a dissolução
Porosidade e
Permeabilidade

• Porosidade: percentagem de volume


que corresponde ao espaço vazio.

• Sedimentos: Determinados pelo quão


30%
bem compactados e como limpos (lodo
5%
e argila), (geralmente entre 20 e 40%)

• Rocha: determinada pelo tamanho e


número de fraturas (geralmente muito
baixas, <5%) 1%
Porosidade e
Permeabilidade

• Permeabilidade: facilidade com que a


água flui através de um material poroso
• Sedimento: Proporcional ao tamanho do
sedimento
 Cascalho = Excelente
 Areia = boa Excellent

 Silte = Moderado
 Argila = Pobre
• Rocha: proporcional ao tamanho e
número da fratura. Pode ser bom a
excelente Poor
Porosidade
e
Permeabilidade

• A permeabilidade não é
proporcional à porosidade.

30%
5%

1%
Fluxo da água
subterrânea
Condutividade Hidráulica (K)

É a facilidade com que o fluido se move pelo


meio poroso.
Depende das características do meio poroso e
das propriedades do fluido.
Condutividade Hidráulica (K)

k
K

Onde:
k: Permeabilidade intrínseca - é função do tipo de
material poroso e sua granulometria e de sua
disposição estrutural.
µ: Viscosidade dinâmica do fluido
: Peso específico = .g, onde  é a densidade e g é
a aceleração da gravidade.
• A condutividade
hidráulica da
rocha é controlada
por
 Tamanho das aberturas
de fraturas
 Espaçamento das
fraturas
 Interconectividade de
fraturas
Carga hidráulica
É a soma de duas parcelas:
carga de elevação (z = cota do
ponto em relação a um referencial)
+
carga de pressão (metros de
coluna d’água acima do ponto em
questão).
Carga hidráulica =
metros de coluna d’água + cota
Potencial hidráulico:
É a carga hidráulica de um ponto multiplicada
pela aceleração da gravidade (g).
Potencial Total da Água
Diferença de Potencial hidráulico:

A água se desloca do lugar de maior potencial


hidráulico para o de menor potencial.

Isolinhas das cargas hidráulicas:

Representação da superfície potenciométrica (ou


superfície piezométrica).
Linhas Equipotenciais + Linhas de Fluxo MAPAS POTENCIOMÉTRICOS
A Lei de Darcy responde às questões
fundamentais da hidrogeologia.

 Quais controles:
• Quanta água subterrânea flui?
• Qual a velocidade da água
subterrânea? Poten
tiome
tri
Surfa c
• Onde a água subterrânea flui? ce
1. Lei de Darcy
Henry Darcy em 1856 demonstrou que a
velocidade média (v) de um fluido newtoniano
quando escoa em regime laminar dentro de um leito
poroso é proporcional ao gradiente de pressão e
inversamente proporcional à distância percorrida.

( P )
v f leito  K
L
v = velocidade média do fluido no leito poroso
K = constante que depende das propriedades
do fluído e do leito poroso
(-P) = queda de pressão através do leito
L = percurso realizado no leito poroso 68
A equação de Darcy também pode ser escrita
da seguinte maneira:

(P)
v f leito  B
f L

B = coeficiente de permeabilidade,
que depende apenas das
propriedades físicas do leito poroso

μf = viscosidade do fluído.
Lei de Darcy
Hipóteses:
• escoamento permanente (Q = constante)
• meio homogêneo e isotrópico saturado ( mesmo solo e
mesmas propriedades nas três direções
Kx = Ky = Kz = Ks = K

K
Q H

L Q
Lei de Darcy
 A Lei de Darcy rege o escoamento da água nos solos saturados e
é representada pela seguinte equação:

dh
V  K 
Onde: dx
V = velocidade da água através do meio poroso;
K = condutividade hidráulica saturada
dh = variação de Carga Piezométrica
dx = variação de comprimento na direção do fluxo dh/dx = perda de
carga

Perda de carga = decréscimo na carga hidráulica pela dissipação de energia


devida ao atrito no meio poroso.
O sinal negativo denota que a carga diminui a medida que x aumenta
Lei de Darcy
• Q = fluxo de água (m3/s)
• A = área (m2)
• H = carga (m)
• L = distância (m)
• K = condutividade hidráulica (m/s)

dh
Q KA
dx
h1= carga hidráulica no piezômetro 1 [L]
h2= carga hidráulica no piezômetro 2 [L] Nível constante

Δh
Z1 = carga hidráulica no piezômetro 1 [L]
Z2 = carga hidráulica no piezômetro 2 [L]
Q = vazão constante que passa pelo cilindro [L3T-1] L

A = área da seção transversal do cilindro[L2]


Δh = variação de carga hidráulica entre os
piezômetros 1 e 2 [L]
L = distância entre os piezômetros 1 e 2 [L]
K = coeficiente de proporcionalidade, chamado de Q

condutividade hidráulica [L/T]

(h1  h2 )
Q  KA
Lei de Darcy L
Lei de Darcy:

(h1  h2 )
Q  K .A
L
Onde:
Q: Vazão de escoamento
K: Condutividade hidráulica
A: Área transversal ao escoamento
h1: Carga hidráulica no piezômetro 1
h2: Carga hidráulica no piezômetro 2
Equação da Velocidade, derivada a partir da
Lei de Darcy:

K h
q .
e L
Onde:
q: velocidade linear média
K: condutividade hidráulica
he: porosidade efetiva
∆h/L: gradiente hidráulico
Quanto maior o gradiente hidráulico entre
dois pontos, maior a velocidade de
escoamento entre esses pontos.
Lei de Darcy nas três direções:

H H H
Vx   K x Vy   K y Vz   K z
X Y Z

Lei de Darcy expressa em termos de densidade


do fluido e permeabilidade intrínseca:

H k   P  k 
Vx   K x    Z   P   .g.Z 
X  X     X
Fluxos Verticais
Heterogeneidade
As características geológicas nunca são
homogêneas.
Anisotropia
Se a condutividade hidráulica não é a mesma em
todas as direções, a geologia é anisotrópica
naquele local.
Geologia anisotrópica e/ou não-homogênea
causam complicações hidrogeológicas que afetam
a velocidade e direção da água subterrânea.
Homogêneo e Homogêneo e
Isotrópico Anisotrópico

Heterogêneo e Heterogêneo e
Isotrópico Anisotrópico
Direção de fluxo em condição isotrópica x condição
anisotrópica
Captura de uma pluma de contaminação por um poço de
bombeamento

Isotrópico Anisotrópico
Contaminação de
Águas Subterrâneas

83
Ocorrência da água subterrânea

Superfície freática
Solo úmido Zona insaturada
Poço
artesiano
Zona saturada
Rio Rio
ou lago
ou lago
Aqüífero não
Rocha
confinado im perme
áv
Rocha impermeável
Rocha impermeável Aqüífero el
confinado

84
Contaminação por mistura de água
Origens da contaminação

• Agricultura
• Criação de Animais
• Urbanização
• Industrialização
• Mineração
• Petróleo (produção, derivados e transporte)
Origens da contaminação
Origem Agrícola
Criação de Depósito de Lixiviação
herbicídas Fossas dos solos
animais

87
Origem Urbana

Lagoas

Lixeiras Fugas nas redes Ferti-irrigação


De esgoto

88
Origem Industrial
Chuva Ácida

Rios Materiais Fugas nas


contaminados tóxicos tubagens e
depósitos

89
Mineração

Crateras
Resíduos Drenagem

90
Contaminação de águas subterrâneas
• A contaminação dissolvida viaja
com o fluxo das águas
subterrâneas
• A contaminação pode
ser transportada para
aqüíferos de
abastecimento de água
• Bombear atrairá
contaminação para o
abastecimento de água
Contaminação de águas subterrâneas

 Vazamento de gasolina
• Flutua no lençol freático
• Dissolve-se nas águas
subterrâneas
• Transportado por águas
subterrâneas
•   Contamina aquíferos a
pouca profundidade
Contaminação de águas
subterrâneas
 Solventes densos
• Solventes densos
• Por exemplo, fluidos para a
limpeza a seco (TCE)
• Contamina porções mais
profundas dos aqüíferos
Contaminação de águas
subterrâneas
 Efeitos do bombeamento
• Acelera o fluxo das águas subterrâneas em
direção ao poço
• Captura a contaminação dentro do cone de
depressão
• Pode reverter o fluxo de água subterrânea

• Pode desenhar contaminação até a colina

• Água salgada pode causar a intrusão salina


Acção das águas
subterrâneas
• As águas subterrâneas erodem
quimicamente a rocha
• Por exemplo, águas
subterrâneas levemente ácidas
dissolvem calcário
• Cavernas são formadas
• A permeabilidade é
aumentada
• Drenagem de cavernas
• Forma de espeleotemas
96
Como é que o risco de poluição de
água subterrânea pode ser avaliado
 O perigo de poluição da água subterrânea deve ser avaliado para permitir a determinação
de medidas necessárias à sua protecção. É uma componente essencial das práticas
ambientais.

 O perigo de poluição da água subterrânea está na interacção entre a vulnerabilidade do


aquífero a contaminação e o seu contacto com a carga poluente.

 A vulnerabilidade do aquífero é determinada pelas características naturais no entanto a


carga contaminante pode variar.

 A vulnerabilidade aquífera a poluição pode ser avaliada na base das caracterísitcas do


material hidrogeológico subjacente => índice de vulnerabilidade, que pode ser mapeado.

 Cargas contaminantes potenciais também podem ser mapeadas e sobrepostas ao mapa de


vulnerabilidade aquífera => mapas de perigo de poluição. 97
Contaminação da A.S.:

Como podemos usar


esta informação para
reduzir a poluição?

Depth
Recharge
Aquifer
Soil
Topography
Impact vadose zone
Conductivity

98
Protecção da Água Subterrânea

• Protecção do campo de furos


• Distância entre furos, restrição da bombagem
• Zoneamento, planeamento e regulação do uso da terra
• Regulamentação do uso dos agroquímicos (fertilizantes /pestecidas)
• Construção de aterros para resíduos sólidos
• Saneamento e estações de tratamento
• Princípio de poluidor pagador ou incentivos económicos
• Monitoramento, aviso prévio, análise de tendência
• Consciencialização pública

99
Zonas de Protecção

Esquemas de zoneamento:

Zona I - Zona imediata de protecção


► Protege o furo ou a nascente de contaminação directa
Zona II - Zona interna de protecção
► Protege as fontes de abastecimento de água contra
constituíntes patogénicos e microbiológicos tais como bacterias,
virus, parasitas e larvas.
Zona III - zona externa de protecção
► Protege contra contaminação que afecta fontes de
abastecimento de água ao longo de grandes distâncias
(susbstâncias químicas que são dificilmente ou não-degradáveis)

O establelecimento de zonas de protecção implica estabelecer


restruções de uso de terra!!!
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