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Escrita de uma
memória que não
se apaga
Desenvolvimento idade Adulta e Terceira idade

Prof. Henrique
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Uma ficção que se chama “eu”

 O Eu é uma montagem de imagens


 Eu ideal
 Identificações
 Ideal de Eu

 Ficção chamada Eu

 O espelho
 Encontro da imagem através do outro
 Imagem do Eu

 Algo fica de fora da imagem construída


 Recalque
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Do familiar ao estranho da imagem
 Não reconhecimento da imagem no espelho
 Não todo

 Envelheci ?

 Posso contar uma aventura semelhante que ocorreu comigo. Estava eu sentado
sozinho no meu compartimento no carro-leito, quando um solavanco do trem,
mais violento do que o habitual, fez girar a porta do toalete anexo, e um senhor
de idade, de roupão e boné de viagem, entrou. Presumi que ao deixar o toalete,
que ficava entre os dois compartimentos, houvesse tomado a direção errada e
entrado no meu compartimento por engano. Levantando-me com a intenção de
fazer-lhe ver o equívoco, compreendi imediatamente, para espanto meu, que o
intruso não era senão o meu próprio reflexo no espelho da porta aberta. Recordo-
me ainda que antipatizei totalmente com a sua aparência. (FREUD, 1919, p. 309)
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Do familiar ao estranho da imagem

 Estranhamento ao mesmo tempo da familiaridade.

 Encontro com algo que não se quer ver.

 Difícil de se ver e impossível de se apagar

 O envelhecer mais fácil de se apreender no outro


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Desmontagem dos espelhos

 Olhamos no espelho na busca pelo conhecido

 Do íntimo do familiar surge o horror

 Os espelhos mentem e não são reais, mas sem eles não há


imagem
 O eu é o outro

 O envelhecimento pode ser desfragmentador e desorganizador,


do ponto inverso ao estádio do espelho.
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Desmontagem dos espelhos

 O eu constitui-se pela incorporação e pela identificação de


pequenos traços, estes, ao serem incorporados, perdem o selo
de autenticidade, pois se identificar não é tornar-se idêntico ao
Outro. Isso implica que os outros de nossa constituição são
sempre singulares, pois a leitura e as formas de assimilar seus
traços também o são. Basta vermos irmãos de uma mesma
família, mesmo com semelhanças, cada um preserva a mais
genuína diferença.
Espelho e identificação
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 Os espelhos mentem e dizem a verdade


 Eu falso e eu verdadeiro?

 Nomear humaniza
 Diferencia

 Dentro e fora

 Reedição de traços de identificação

 Narcisismo: através do outro, e em face do outro, sob seu olhar, um ser sendo forja
a sua identidade.
 Os Eus
 Em face do amor e para estar em consonância com o Outro: Ideal de eu
 Quando o ideal de eu se esfacela há uma regressão para o primeiro registro de imagem
corporal (eu ideal).
 Quais os ideais de eu que se inscrevem socialmente
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Espelho, espelho meu

 A imagem nos representa, mas não nos reduzimos a ela.

 Suportar o vazio
 Não todo
 Bordejar

 O eu como uma escrita pode ser reiterado, mantendo as letras


fundamentais.
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Aposentadoria e seus destinos

 Destino previsto, mas não assimilado.

 Vivenciado de forma singular.

 Muda a localização social


 espelho
 Laços sociais
 Identificações
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O sujeito jamais se aposenta

 Importância do trabalho

 Noção de trabalho como produção de produtos consumível

 Trabalho enquanto atividade psíquica


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Trabalho, obra e ação

 Trabalho: atende a necessidade

 A Aposentadoria é do trabalho, mas da ação não tem como se


aposentar

 O desejo não se aposenta


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A aposentadoria e seu efeitos

 Ser nomeado de aposentado tem efeitos:


 Desconstrução da imagem
 Aposentado: sem serventia, descartável
 Perda do status social
 Renda, lazer, laços, moradia.

 Conduzir o tempo de outra forma


 Aposentadoria: fim do sofrimento ?
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Do que jamais se aposenta e suas escritas

 A criação de novas maneiras de vestir o desejo, que não morre, em conformidade com as
mudanças inevitáveis.

 As vezes é necessário tempo para elaborar o luto

 Não ter desejo é uma morte.

 Satisfação substitutiva

 Ideal de Eu enlaça socialmente: lidar com as perdas pelo ideal


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Aposentadoria e trabalho de luto

 Trabalho como fonte de sofrimento, mas de identificação.

 Luto
 Abertura do desejo
 Construir um saber sobre o que foi perdido
 Não há velhice sem luto
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Imagem da velhice e o imperativo do
novo
 Valorização do novo

 Tecnologia: descarte da experiência

 Imperativo da imagem feliz, satisfeita e sem dor.

 A felicidade no bisturi.

 O sujeito se reconhece e identifica uma imagem de si que oferece a seu corpo certa
consistência, por isso mudanças a imagem tem efeitos sobre as identificações e o sentimento
de pertinência do corpo.
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Da vaidade ao narcisismo

 Culto ao novo

 Imagem da velhice não tem promessas de ganhos

 Ódio a própria imagem


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Sobre o amor e outros afetos
solidão
 Avanço da tecnologia – aumento da depressão e solidão

 Avanço social – esgarçamento das relações

 Ilusão de completude

 Rechaço as relações amorosas e ao contato íntimo

 Solidão: abandono e falta de amor

 Na velhice o isolamento se assevera pois já estão presentes muitas perdas de laços


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Há uma escrita da morte ?

 Não há uma representação da morte

 A cultura nega a morte

 A velhice marca socialmente a sua chegada


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Morte

 A psiquiatra Elisabeth Kubler-Ross, em seu trabalho


sobre a morte constatou que a maioria dos pacientes
apreciativa a oportunidade de falar abertamente sobre
sua condição e tinha consciência de que a morte estava
próxima, mesmo quando ninguém havia lhes contado

 Teve contato com cerca de 500 pacientes terminais:


Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.
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Negação

 Negar, ignorar, não aderir ao tratamento, recusa as limitações etc.

 A negação inicial pode, em muitos casos, auxiliar alguns pacientes a se


preparar para considerar a possibilidade da própria morte, deixando de
lado esta realidade, por algum tempo , para terem força e motivação para
lutarem pela vida.

 O tempo de permanência no estágio de negação do risco da morte,


dependerá de diversos fatores, incluindo: estrutura de personalidade,
apoio familiar, apoio social, tipo de cultura, idade, forma de comunicação
do diagnóstico, etc:
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Raiva
 Sentimentos de raiva, revolta, inveja e ressentimento.

 É muito difícil, do ponto de vista da família e da equipe de saúde, lidar com este tipo de
reação.

 Propaga em todas as direções, e projetar-se no ambiente, muitas vezes sem razão


compreensível.

 Muitas vezes família e equipe de saúde são alvo constante da raiva destes pacientes, pelo
fato de estarem mais próximas

 Interrupção prematura de atividades existenciais; de construções começadas que ficarão


inacabadas; sonhos que se esperavam realizar; objetivos que ainda se esperavam alcançar.
Desta forma, revolta, ressentimentos, podem ser extravasados através de expressão de
raiva, muitas vezes justamente naqueles que continuarão a desfrutar de tudo isso, que lhe
será retirado!
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Barganha

A barganha, outro dos estágios comuns nos pacientes sem perspectiva de cura, se
traduz pela tentativa do paciente fazer algum tipo de acordo interno, com o propósito de
adiar o desfecho inevitável.

“Se Deus decidiu levar-me deste mundo e não atendeu a meus apelos cheios de ira,
talvez seja mais condescendente se eu apelar com calma.” (Kübler-Ross, 2005, p. 87)

A barganha na realidade, é uma tentativa de adiamento; tenta incluir um prêmio


oferecido “por bom comportamento”, estabelecendo uma “meta” auto-imposta , incluindo
uma promessa implícita de que o paciente não pedirá outro adiamento, caso o primeiro
seja concedido. Percebe-se que a maioria das barganhas é feita com Deus e, mantida
geralmente em segredo, e, em troca, almeja-se um pouco mais de tempo de vida
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depressão

 No quarto estágio o afastamento, a revolta e raiva darão lugar a


um sentimento de grande perda, que poderá ter como
consequência, a depressão.

 É natural a apresentação da aflição inicial a que o paciente em


fase terminal é obrigado a se submeter, para se preparar para
quando tiver de deixar este mundo. Frente a isto, pode
apresentar uma depressão reativa ou mesmo uma depressão
preparatória.
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Aceitação

 A aceitação é o estágio atingido por aqueles que tiveram tempo


necessário (que não tiveram morte súbita ou inesperada), e/ou tiveram
recebido alguma ajuda para superar os estágios anteriores.

 O paciente atingirá um estágio em que não mais sentirá depressão nem


raiva quanto ao seu “ doloroso destino”. Terá podido externar seus
sentimentos, sua inveja pelos vivos e sadios, e sua raiva por aqueles que
não são obrigados a enfrentar a morte neste momento em que ele o está.
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Aceita

 Não se pode confundir aceitação com um estágio de felicidade

 . É como se a dor tivesse esvanecido, a luta tivesse cessado e fosse chegado o


momento do “repouso derradeiro antes da longa viagem”.

 Muitas vezes a família prefere que o deixem só, ou, pelo menos, que não o perturbem
com notícias e problemas do mundo exterior, fazendo a família sentir-se aflita com este
seu afastamento, e sem saber como lidar com este comportamento.

 Há alguns pacientes que lutam até o fim, que se debatem e se agarram à esperança,
dificultando atingir este estágio de aceitação. A família e a equipe de saúde podem
achar que esses pacientes são resistentes e fortes, e encorajá-los na luta pela vida até
o fim, deixando transparecer que aceitar o próprio fim é uma entrega covarde, uma
decepção ou, pior ainda, uma rejeição à família.
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