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CEC – CIDADANIA E

EMPREGABILIDADE C

Formador: Mafalda Teixeira


Conteúdos
■ Conceitos de trabalho, emprego e empregabilidade

■ Representações sociais das profissões e dos contextos de trabalho

■ Evolução científica e técnica e implicações no mundo do trabalho

■ Novas formas de trabalho associadas às novas tecnologias – o teletrabalho

■ Classificação dos sectores de atividades económicas e profissões

■ Evolução dos perfis profissionais na área profissional do curso

■ A importância dos percursos formais, não formais e informais de aprendizagem ao longo da vida
Conceito de Trabalho
■ Segundo a definição comum, trabalho diz respeito a qualquer atividade em que
nos ocupamos boa parte da nossa vida, seja de forma remunerada ou não.
Algumas atividades, por exemplo, que desenvolvemos nas nossas casas, como
as tarefas domésticas ou mesmo tratar do jardim, constituem uma forma de
trabalho, embora não sejam remuneradas nem contabilizadas para a riqueza
produzida na economia.
■ Durante séculos o trabalho surgiu associado a algo penoso ou a um castigo que era
realizado pelos escravos (esclavagismo) ou pelas classes sociais mais baixas, os
servos da gleba (servilismo / feudalismo), por conseguinte trabalhar era uma
condição pouco digna dos homens livres, que por sua vez se dedicavam ao lazer, à
contemplação, à reflexão e ao ócio.
■ Mais tarde, e por oposição a esta visão negativa, surge uma outra visão
para a qual o trabalho constitui uma fonte de libertação, de progresso e de
autorrealização, considerando que o trabalho confere dignidade ao ser
humano.
■ Segundo o sociólogo Anthony Giddens, o trabalho define-se como a
realização de tarefas que envolvem dispêndio de esforço mental e físico,
com o objetivo de produzir bens e serviços para satisfazer as
necessidades humanas.
■ E é bem mais tarde que surge o conceito de emprego. (Sec. XX)

■ O trabalho, em particular o remunerado, ou seja, o emprego assume um


papel relevante na vida das pessoas, ao permitir:
– a garantia de um rendimento que será utilizado para satisfazer as
necessidades;
Um emprego permite ainda

– a organização e o planeamento do dia-a-dia de cordo com o ritmo de trabalho,


permitindo ter uma estrutura de referência do tempo;

– a diversificação dos contactos sociais e a criação de laços de relacionamento


e/ou amizade com um maior numero de pessoas;

– um certo grau de autorrealização e de integração social.


Visões socioeconómicas

■ O trabalho enquanto fenómeno social evidencia as diferentes formas de


relações organizadas à sua volta, ou seja, este aparece com uma dupla
função: dar origem ao fabrico do produto e as relações sociais de
produção inerentes ao mundo laboral.
Visões modernas de Trabalho / Emprego
■ O trabalho enquanto prática da sociedade é visto como resultado da atividade
social, só podendo ser definido para qualquer sociedade partindo da análise das
relações sociais. Assim, as transformações sociais, ao implicarem alterações nas
forças sociais em presença e nas suas relações, acarretam novas formas de trabalho.

■ Esta aceção de trabalho é a mais global, uma vez que possibilita o estudo de todas as
suas dimensões e também apela ao estudo histórico.
■ O acesso e o uso generalizado das tecnologias de informação e comunicação (TIC)
introduziram, nas últimas décadas, várias alterações ao nível do trabalho e do emprego.

■ Com a introdução gradual da tecnologia, na agricultura, na indústria foi diminuindo de


forma progressiva não apenas o tempo de trabalho como o número de trabalhadores que
anteriormente eram necessários para assegurar os processos de produção
Terciarização dos sectores

■ No que diz respeito ao sector dos serviços, verifica-se o oposto, isto é,


houve um aumento significativo em termos de ocupação da população ativa
e de contribuição deste sector para o Produto Nacional. Este fenómeno é
usualmente designado por terciarização.
Consequências e alterações, da terciarização da
economia, na configuração do trabalho:

 Surgimento de novas profissões, que correspondem às novas


exigências do mercado de trabalho, como por exemplo o designer, o web-
designer, o marketeer
Mais consequências…

■ Desaparecimento de algumas profissões, como por exemplo o/a


Dactilógrafo/a. Exigindo a sua reconversão através do recurso à formação ao
longo da vida, que consiste numa exigência actual do mercado de trabalho;
■ Ou seja, se por um lado as TIC destroem postos de trabalho e profissões, por
outro lado abrem igualmente novas oportunidades pois fazem aparecer
novas profissões. Um mundo laboral em constante mudança cria alguma
instabilidade e insegurança aos trabalhadores relativamente ao futuro.
Precarização do Trabalho

■ Esta precarização do trabalho significa o fim do emprego para toda a vida.


Perante tal realidade, para alguns esta situação é vista de modo positivo, pois
o trabalhador não terá que ficar refém de um emprego toda a vida, já para
outros, esta não será mais do que a legalização da entidade patronal poder
contratar e despedir unicamente de acordo com os seus interesses.
■ De modo a combater o trabalho precário e o desemprego, o Estado tem
vindo a colocar em prática um conjunto de medidas:

■ Políticas passivas – centradas na proteção social prestada aos


desempregados;
■ Políticas ativas – passam maioritariamente pela formação profissional e

pelos incentivos à criação do próprio emprego. Estas medidas têm evoluído,


nas últimas décadas, em Portugal, de modo a responder às alterações
sofridas pelo mercado de trabalho. Têm vindo a responder à crescente
necessidade de aumentar a qualificação dos trabalhadores.
Destacam-se algumas respostas de atuação de medidas
ativas de combate ao desemprego:

■ reforço da formação inicial, como os cursos profissionais e os estágios


profissionais (para os jovens);

■ para os desempregados de longa duração, reforço da formação e


reconversão de modo a promover a sua inserção no mercado de trabalho;
■ para os desempregados mais idosos, a promoção da sua requalificação, uma
vez que é nesta faixa que se encontra a população com menores níveis
formais de qualificação;

■ promoção da igualdade de género no mercado laboral, através de medidas


de combate à discriminação negativa que ainda é visível no emprego
feminino relativamente ao masculino,
No entanto, apesar da implementação destas
medidas, o cenário ainda é:

■ a persistência do desemprego de longa duração;

■ o aparecimento de situações laborais precárias, como o trabalho


temporário, o trabalho parcial e o trabalho com contrato a termo;

■ a saída de trabalhadores altamente qualificados para outros países.


Conceito de Emprego

■ A noção de Emprego remete para o ato ou efeito de empregar, que significa


ocupar alguém oferecendo um posto de trabalho e delegando-lhe determinadas
funções mediante o pagamento de uma remuneração. Diz ainda respeito a uma
ocupação em serviço público ou privado; um cargo, uma função, uma
colocação.
■ Este conceito surge associado ao conceito de trabalho, na medida em que
a forma de emprego dominante consiste no trabalho assalariado numa
relação de dependência. O empregado ou trabalhador estabelece um
contrato com a sua entidade empregadora ou patronal, através do qual
decidem o valor pelo qual será vendida a força de trabalho bem como as
condições mediante as quais irá ser prestado o respetivo trabalho.
Existem diversas modalidades de trabalho:

■ trabalho a tempo inteiro,

■ trabalho a tempo parcial,

■ trabalho sazonal ou temporário


Na sua relação de dependência o trabalho pode ser:

■ por conta de outrem (empresas privadas ou sector da administração


pública)

■ trabalho por conta própria (trabalhadores independentes ou empresários).


Empregabilidade

■ A empregabilidade baseia-se numa recente nomenclatura dada à


capacidade de adequação do profissional às novas necessidades e
dinâmica dos novos mercados de trabalho.
■ Com as novas tecnologias, globalização da produção, abertura das economias,
internacionalização do capital e as constantes mudanças que vêm alterando o
ambiente das organizações, surge a necessidade de adaptação a tais fatores
por parte dos empresários e profissionais.
Empregabilidade

■ O termo empregabilidade diz respeito à capacidade de um profissional


estar empregado, mas muito também à capacidade do profissional ter a
sua carreira protegida dos riscos inerentes ao mercado de trabalho.
A empregabilidade não diz respeito a uma formação específica, mas à
aquisição de condições culturais e intelectuais que permitem mais fácil
adaptação a um posto de trabalho específico.
Há trabalhadores com enormes vantagens competitivas no emprego pela sua
qualificação intelectual e cultural e pelas suas características adquiridas
como a iniciativa, a adaptação, a flexibilidade, a comunicação, etc.
6 pilares da empregabilidade:

■ Adequação da profissão à vocação - uma vez que para se tornar um


bom profissional e um ser humano realizado, o indivíduo deve conciliar a
sua função com a capacidade e paixão pelo que faz.
■ Competências – a preparação técnica; a capacidade de liderar pessoas; a
habilidade política; a habilidade de comunicação oral e escrita em pelo
menos dois idiomas; a habilidade em marketing; a habilidade em vendas; a
capacidade de utilização dos recursos tecnológicos
■ Idoneidade – que implica confiança de parte a parte e entre outros
fatores, pode considerar-se: a ética; a conduta; uma atitude correcta; o
respeito; a responsabilidade.
■ Saúde física e mental - cuidar do equilíbrio, do desgaste exagerado, cuidar
do corpo, pessoas saudáveis têm bons relacionamentos e interagem de
maneira favorável, evitar vícios como fumo, álcool e drogas. Manter a sua
autoestima e sua capacidade de realizar projetos. Até porque assim se
transmite bom aspeto.
■ Reserva financeira e fontes alternativas de aquisição de rendimentos
- a perda de emprego significa a perda da entrada de receitas. Deve fazer-
se uma reserva mês a mês; a reserva é uma defesa, uma garantia que pode
sustentar. Um outro projeto profissional pode existir

■ paralelamente. O seu próprio negócio de qualquer dimensão, também


pode ser uma fonte alternativa de rendimento.
■ Relacionamento - quem conhece pessoas, adquire informações
importantes e relevantes, uma pessoa cuidadosa regista os seus
relacionamentos. Guarda e cuida deles, devolve as ligações, que podem ser
oportunidades de trabalho. Em termos profissionais é muito importante ter
uma rede, uma forma de se manter ligado à sua rede de relacionamentos.
Manter o contacto com essas pessoas.
Representações sociais das profissões e dos
contextos de trabalho

■ A representação social resulta de uma opinião partilhada, subjectiva,


filtrada pelos valores e pelos elementos culturais de um grupo. São nos
transmitidas no processo de socialização e assentam em valores,
correspondem a uma forma de pré-conhecimento baseado no senso
comum, nas nossas experiências
■ Profissão diz respeito à ação ou resultado de professar, à atividade para a
qual um indivíduo se preparou e que exerce ou não, ao trabalho que uma
pessoa faz para obter os recursos necessários à sua subsistência e à dos seus
dependentes. Significa ainda ocupação.
■ As representações sociais das profissões consistem na imagem por nós
concebida para cada categoria profissional e na forma como nos
comportamos relativamente a uma pessoa dentro dessa categoria,

■ Também a nossa atitude será diferente, a nossa postura e a forma como nos
dirigimos a essa pessoa, por exemplo se estivermos perante um diretor de
uma empresa o modo de abordagem será completamente distinto do modo
como abordamos um empregado de café.
■ No âmbito do nosso contexto profissional a forma de tratamento e de
relacionamento entre colegas difere da forma de tratamento e de
relacionamento com as chefias, ou seja, com os superiores hierárquicos.
Neste sentido, para cada profissão existe uma imagem a ela associada e
que determina todo o nosso comportamento.
■ A função diz respeito a um conjunto de tarefas específicas que devem ser
executadas pelo trabalhador e ao modo como estas tarefas são realizadas.
Assim, pode afirmar-se que a cada função corresponde uma
representação social que determina o nosso modo de atuação.
■ Cada indivíduo é uma identidade que influencia o comportamento dos outros,
sendo, simultaneamente, influenciado por eles. Pois procura ajustar-se aos
outros, ser bem aceite e compreendido pelo grupo e nele participar.

■ A visão que temos de nós mesmos e a visão que os outros têm de nós, também
no trabalho, conduz à construção duma representação social.
Evolução científica e técnica e implicações no
mundo do trabalho

■ Desde os primórdios da humanidade que o ser humano desenvolve meios


para melhorar as suas condições de vida, facilitar a sua existência e dominar
a natureza.

■ A invenção da máquina permitiu reduzir o esforço humano e é igualmente


um marco numa nova etapa da vida da humanidade, traduzindo-se numa
verdadeira revolução
■ O artesão vai sendo substituído pelo operário e a oficina pela fábrica, assim
surge a manufatura que assenta no trabalho manual do operário. Mas a
verdadeira alteração ocorre com a passagem da manufatura para a indústria
mecanizada.

■ A oficina ao ser substituída pela fábrica concentra um grande número de


operários/ assalariados que sem quaisquer direitos, trabalhavam quinze horas
por dia, sem condições dignas e de exploração.
■ Nos finais do século XIX e início do século XX dá-se a Segunda Revolução
Industrial com a descoberta da eletricidade, a invenção do telefone e do
motor de explosão (petróleo), conduzindo a profundas alterações na forma
como se trabalhava e no tipo de trabalho desempenhado.
■ No início do século XX, o trabalho manual dominava o mercado de trabalho e
era realizado por operários especializados e semiespecializados que
trabalhavam em grandes fábricas de produção em massa. Estes operários eram
especializados unicamente na realização de uma tarefa em particular que fazia
parte de um todo, ou seja, fazia parte de uma serie de tarefas mais vasta.
■ Após os anos 70, verifica-se um desenvolvimento da automação da
produção com o apoio dos progressos realizados na tecnologia
microeletrónica. Nalgumas fábricas os operários são substituídos por
robôs que efetuam as tarefas repetitivas, perigosas ou pesadas,
■ Recentemente acreditava-se que o sector dos serviços iria criar novas
oportunidades de emprego e seria capaz de absorver o excedente de mão-
de-obra. Contudo, a cada vez maior informatização e automatização dos
serviços tem contrariado essa perspetiva.
Novas formas de trabalho associadas às novas tecnologias
O teletrabalho
■ As tecnologias da informação e da comunicação têm uma especial
relevância, nos nossos dias, pois têm vindo a realizar uma verdadeira
revolução no modo como os bens e os serviços são produzidos.

■ As T.I.C. estão presentes em todos os sectores de atividade.


■ Também os serviços mudaram de forma radical. Atualmente, podemos realizar
diversas operações bancárias através de terminais ATM em qualquer lugar do
mundo. Existe ainda o exemplo do comércio eletrónico e virtual, permitindo-
nos, a partir do conforto de casa através do computador, adquirir qualquer tipo
de bens e serviços.

■ No contexto dos escritórios a velha máquina de escrever deu lugar ao


computador.
■ Até mesmo na agricultura as novas tecnologias operaram alterações relevantes, através
do desenvolvimento da biotecnologia que permite melhorar os processos produtivos,
como por exemplo os alimentos geneticamente transformados (transgénicos), na
engenharia genética substitui-se produtos químicos, que prejudicam os solos e o
ambiente, por bactérias fixadoras de azoto.

■ No futuro, a biotecnologia criará novas oportunidades de trabalho substituindo o


trabalho tradicional agrícola por atividades de laboratório.
■ Todas estas alterações conduzem ao aumento do grau de qualificação que é
exigida aos trabalhadores. Se estes forem pouco qualificados serão
substituídos pela máquina, como aconteceu anteriormente na área da
produção.
■ Assim, a evolução da produção alterou a natureza do trabalho. A
automação reduz de forma significativa o trabalho manual, direto, pouco
qualificado, rotineiro, perigoso e dá lugar à exigência de uma maior
especialização, ao nível de funções de controlo, supervisão, monitorização e
programação, emergindo novos empregos e novas profissões.
■ Por exemplo na fábrica de automóveis, se é extinto um posto de trabalho na
linha de montagem, serão necessários trabalhadores que operem com esses
robôs, engenheiros que os concebam, programadores informáticos e
trabalhadores especializados na reparação desses robôs, etc.

■ Nos países industrializados grande número de trabalhadores opera na produção,


processamento e transferência de informação.
O teletrabalho – uma forma nova de trabalhar

■ Atualmente verifica-se que existe uma transformação na forma como se


trabalha e no local onde se trabalha. O enorme progresso da informação
que permite o acesso à informação em qualquer local leva-nos a uma
reestruturação das tarefas, ou seja, à forma como se realizam e ao local
onde se realizam.
■ O teletrabalho consiste numa nova forma de trabalhar que compreende o
trabalho realizado à distância, quer a partir de casa, quer a partir de um
escritório descentralizado. A ideia essencial é levar o trabalho ao trabalhador
e não o trabalhador ao local de trabalho.
É possível trabalhar a partir de casa, longe da empresa para a qual se trabalha,
para tal basta ter acesso ao computador e a uma linha telefónica ou a um
telemóvel, seja em casa ou num escritório descentralizado. Esta situação faz
com que o trabalhador não tenha de perder tempo em deslocações até ao seu
local de trabalho, por vezes percorrendo enormes distâncias e ficando retido no
trânsito.
Teletrabalho

■ Não se trata do simples trabalho no domicílio, como o fabrico de calçado


ou de têxteis, uma vez que requer uma ligação constante do trabalhador à
empresa, seja através das telecomunicações seja porque este deverá
deslocar-se à empresa para que o seu trabalho possa ser coordenado.
As vantagens do teletrabalho:
■ Para as empresas:

■ menores despesas em instalações; menores custos em reestruturações


empresariais; aumento da produtividade devido à eliminação dos períodos
de interrupção; eliminação das horas de trabalho perdidas, devido a greves, a
atrasos nos transportes, entre outros;
■ Para os trabalhadores:

■ aumenta a possibilidade de trabalho de pessoas com deficiência; aumenta


a autonomia e flexibilidade de horários; aumenta o tempo disponível para
a família; reduz os gastos em transportes; elimina o tempo de espera em
transportes;
■ Para a sociedade em geral:

■ preservação do ambiente, pois reduz a utilização dos transportes; diminui


os gastos com o crescimento e manutenção da rede viária; reduz o
problema do congestionamento do trânsito; diminui os gastos com
combustíveis; permite reduzir assimetrias regionais. Diminui também a
poluição.
Classificação dos sectores de atividades económicas e
profissões

■ A satisfação das nossas necessidades requer a utilização e o consumo de


uma enorme quantidade de bens e serviços diferentes que se obtêm
através da atividade produtiva.

■ Para produzir estes bens e serviços o homem teve que se especializar em


inúmeras atividades que, no seu conjunto, constituem as atividades
económicas.
■ No entanto, nem tudo o que se produz pode ser considerado na atividade
económica. Para que a produção seja considerada atividade económica, deve
verificar-se pelo menos uma das condições que se seguem:

■ o bem produzido deve destinar-se ao mercado, isto é, deve ser transacionado;

■ o trabalho correspondente a essa produção deve ser remunerado.


■ É habitual e útil que se agrupe as diferentes atividades em sectores de
atividade, em função de determinadas características.
■ Sector Primário – engloba as atividades ligadas à exploração da natureza, ou seja,
compreende a extração de produtos do mar, do solo e do subsolo. Dentro deste sector
encontramos atividades como a pesca, a agricultura, a pecuária, a silvicultura e a indústria
extrativa.

■ Associadas a este sector de atividade encontram-se profissões como o pescador, o agricultor, o


mineiro, o produtor agroflorestal, o criador de gado, entre outras.
■ Sector Secundário – inclui as indústrias transformadoras dos produtos

extraídos da natureza, ou seja, as atividades que transformam as matérias-


primas facultadas pelo sector primário em utilizáveis. Engloba, ainda, a
construção e a produção e distribuição de gás, água e eletricidade. Tendo em
consideração a relação entre o investimento necessário para a sua montagem
e o número de postos de trabalho criados, é habitual distinguir-se em:
■ indústrias ligeiras: indústrias alimentares, de vestuário, de calçado, de
eletrodomésticos, etc. nas quais predomina habitualmente o fator trabalho,
sendo designadas como «trabalho-intensivas»;

■ indústrias pesadas: indústrias metalúrgicas, de cimento, de construção


naval, de produção de energia, de metalomecânica, etc. nas quais
predomina o fator capital e que são designadas, por isso, de indústrias
«capital-intensivas».
■ No âmbito deste sector enquadram-se inúmeras profissões, algumas dentro do ramo
das engenharias (alimentar, civil, eletrotécnica, metalomecânica, etc.), operários que
executam tarefas específicas na indústria para a qual trabalham, isto é, o trabalhador
da construção civil; o trabalhador da transformação de metais e compósitos; o
montador de aparelhos e instrumentos de precisão e musicais; o vidreiro, o ceramista e
afins.
■ Sector Terciário – corresponde aos serviços, como os bancos, o comércio, os
seguros, os transportes, a comunicação social, a educação, a defesa, a justiça, o
turismo, etc. Este sector abrange todas as atividades que não cabem nos outros
dois.
■ Como foi referido anteriormente, este é o sector que emprega um maior número
de pessoas e associado a ele temos um vasto leque de profissões, por exemplo
médicos
professores, advogados, profissionais do turismo, profissionais dos transportes,
ou seja, todos os prestadores de serviços.
Percursos formais, não formais e informais de
aprendizagem ao longo da vida

■ Atualmente o mercado de trabalho dita novas exigências aos


trabalhadores, como é o caso da reconversão e reciclagem de
conhecimentos constante, por conseguinte a formação ao longo da vida
tornou-se um imperativo permanente.
■ Se são relevantes as competências profissionais de base com as quais o
trabalhador se apresenta ao mercado de trabalho, são igualmente
importantes as competências que vai adquirindo ao longo da vida, quer
em contextos não formais quer em contextos informais de aprendizagem.
■ Entende-se por Educação/Formação Formal aquela que ocorre em
estabelecimentos de ensino não superior e superior, ou em instituições
credenciadas para ministrar formação, com vista à obtenção de uma
certificação escolar.
■ Obedece a regras e currículos claramente definidos, é altamente
estruturada, organizada cronologicamente, com o objetivo de adquirir
uma certificação e atribuição de um grau académico. A
educação/formação formal tem lugar em escolas, colégios, Institutos e
Universidades.
■ A Educação/Formação não formal diz respeito a um leque de
conhecimentos e de competências que um individuo adquire em
contextos diversos da vida, fora do contexto escolar, sendo vista como
complementar e não enquanto alternativa, devendo ser articulada com a
educação/formação formal e com a educação/formação informal.
■ Dentro desta noção cabem ainda algumas práticas como os workshops
temáticos, seminários de formação e visitas de campo, podem ainda
ocorrer numa grande variedade de espaços: das associações às empresas e
às instituições públicas, do sector juvenil ao meio profissional, ao
voluntariado e às atividades recreativas.
■ Baseia-se numa aprendizagem social e na motivação intrínseca do
formando, bem como no desenvolvimento de métodos de aprendizagem
participativos, qua assentam na experiência, na autonomia e na
responsabilidade de cada formando. Valorizando o desenvolvimento e a
experiência pessoal do formando no seu todo.
■ Este tipo de formação tem modelos profundamente diferenciados, no que
concerne ao tempo e ao local, bem como ao número e tipo de formandos,
às equipas de formação, dimensões de aprendizagem e aplicação dos seus
resultados. Contudo isto não quer dizer que não seja um processo de
aprendizagem estruturado e com objetivos pedagógicos,
■ A Formação informal diz respeito à aprendizagem que ocorre em situações
não estruturadas e nem sempre é intencional, é espontânea e resulta de
atividades e práticas do quotidiano. Pode afirmar-se que consiste num processo,
pelo qual, durante toda a vida, as pessoas adquirem e acumulam
conhecimentos, habilidades, atitudes e comportamentos resultantes das suas
experiências do dia-a-dia e da sua relação com o meio ambiente.
■ É, pois, cada vez mais importante apostar na formação e na aquisição de
competências de forma sólida ao longo da vida, na qual o trabalhador deve ser
responsável por construir o seu percurso profissional, assumindo sempre uma
postura pró-ativa em relação ao mercado de trabalho.
■ É preciso uma atitude empreendedora, que possa gerar novas
oportunidades quer ao nível da procura de emprego quer ao nível da
criação do seu próprio posto de trabalho, através da exploração criativa
de novas atividades com utilidade social e económica.
■ Nos nossos dias, já não existe a perspetiva de um trabalho ou de uma
carreira para a vida… a ideia simples de concluir uma formação
académica de base, seja ela mais ou menos especializada, entrar no
mercado de trabalho e desempenhar a função para a qual se adquiriu
formação até chegar à idade da reforma, já não se aplica à realidade.
■ A constante mudança e o modo rápido como se processa tanto ao nível
económico como ao nível social não permite tais perspetivas, havendo a
necessidade de atualizar conhecimentos, adquirir novas qualificações e
competências, isto é, aprender ao longo da vida.
■ Estas exigências têm simultaneamente requerido que as funções da escola
se alterem, bem como o seu modelo, pois cada vez mais existem novas
ofertas educativas, como é o exemplo da formação profissional, e
dirigidas a novos públicos, como a educação de adultos. Há um número
cada vez maior de trabalhadores que ingressam novamente na escola com
o objetivo de adquirem novas qualificações e novas competências.
■ Com as mudanças em curso trazidas pela introdução e evolução rápida
das tecnologias da informação e da comunicação exige uma necessidade
de adaptação constante, sendo a educação e a formação a melhor forma
de nos prepararmos, de nos adaptarmos e de adquirimos novas
competências ao longo da vida.
Modalidades de formação destinadas a diferentes
públicos:

■ Formação inicial de jovens – aprendizagem; cursos profissionais, cursos de educação e


formação de jovens, cursos de especialização tecnológica, qualificação inicial, visando
facilitar os processos de transição para a vida ativa, por via do desenvolvimento de
competências necessárias ao tecido económico e dos jovens.
■ Formação de desempregados (em particular adultos) – cursos de
educação e formação de adultos e formações modulares certificadas no
âmbito do Catálogo Nacional das Qualificações,
■ Sistema Nacional de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências
(maiores de 18 anos de idade) – visa a melhoria dos níveis de certificação escolar
para quem não possui o nível básico ou secundário de escolaridade, numa
perspetiva de aprendizagem ao longo da vida. Este sistema dá a possibilidade de
reconhecer, validar e certificar ao conhecimentos e as competências resultantes
da experiência adquirida em diferentes contextos ao longo da vida.
■ Ações de Formação de Curta Duração (maiores de 18 anos de idade) –
oferta formativa de curta duração, que visa a aquisição ou o
aprofundamento de conhecimentos em determinadas áreas consideradas
fundamentais para o desenvolvimento nacional e local. Destinado a quem
pretende desenvolver ou aperfeiçoar competências em áreas específicas,
independentemente das habilitações escolares ou profissionais.

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