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Formação Econômica do Brasil

2º semestre: Ciências Econômicas


Prof. Daniel Rodrigo Strelow
danielstrelow@unidavi.edu.br

23 de setembro de 2019
Uni. 4 – A economia brasileira no Império

Conteúdos

 Liberalismo e independência.
 A economia cafeeira.
 Crise do trabalho escravo e abolição.
 A mão de obra imigrante.
 As tentativas de industrialização do século XIX.
 Características regionais do desenvolvimento.
Uni. 4 – A economia brasileira no Império

4.1 Liberalismo e independência.


Acontecimentos importantes entre 1808 a 1850:
- No contexto internacional, Inglaterra consolida-se como nação hegemônica, defendia
o livre comércio, o fim da escravidão e a libertação das colônias ibéricas.
- Vinda da família real para o Brasil, em 1808 (até 1821) – cerca de 10 mil pessoas:
Brasil vira sede da monarquia portuguesa.
- Abertura dos portos da colônia as nações amigas – fim do exclusivismo metropolitano
e “destruição” da base do domínio colonial português.
- Portugal se submete, política e economicamente a Inglaterra.
- Tratado de comércio entre Portugal e Inglaterra, em 1810:
• Inglaterra garante redução para 16% na taxa de importação para o Brasil. A taxa de
importação pra produtos portugueses era de 15%...
• Comércio e navegação portuguesa são praticamente excluídos do Brasil.
• Após a paz na Europa, juntam-se ao ingleses, os franceses.
Uni. 4 – A economia brasileira no Império

4.1 Liberalismo e independência.


Acontecimentos importantes entre 1808 a 1850:
- Abertura dos portos e do comércio contribui para a economia brasileira, mais do que para
Portugal:
• estímulos a atividades comerciais, burocráticas, manufatureiras;
• interesse de parte da nobreza em permanecer no Brasil...
• Revogação da lei que proibia as manufaturas;
• Construção de estradas, melhoria dos portos;
• Imigração de colonos europeus.
- Abertura comercial gera desequilíbrios na balança comercial.
- Déficits na balança comercial são cobertos por empréstimos no exterior:
Anos Exportação Importação
1812 1.233.000 770.000
1816 2.330.000 2.500.000
1822 4.030.000 4.590.000
Uni. 4 – A economia brasileira no Império

4.1 Liberalismo e independência.


Acontecimentos importantes entre 1808 a 1850:
- Déficit na balança comercial entre 1821 a 1860: 233.923 contos de réis, sem contar os gastos com
a importação de escravos.
- Déficits são saldados com empréstimos (em sua maioria PÚBLICOS) no exterior.
- Agravamento das finanças públicas: aumento das repartições públicos e burocracia para manter
privilégios da corte.
- Independência em 1822.
- Após independência, o Brasil mantém acordos sem imposições a entrada de produtos
estrangeiros.
- As estruturas econômicas e políticas (burocráticas/administrativas) são mantidas.
- Política liberal brasileira diferente da política liberal estadunidense: aqui ajudou a enfraquecer a
indústria e proteger grandes produtores agrícolas. Lá, a desenvolver a indústria.
• Até 1844 a taxa aos produtos importados era de 15%, para todas as nações. Resultado:
manufatura/indústria interna sem condições de se desenvolver, muito menos de competir.
Uni. 4 – A economia brasileira no Império

4.1 Liberalismo e independência.


Acontecimentos importantes entre 1808 a 1850:
- Brasil independente: assume dívida de 2 milhões de libras esterlinas, que era de Portugal.
- Estado apresentará seguidos déficits: cobertos por empréstimos externos, emissão de moeda.
- Além da dívida assumida, o Brasil Império contrai outros empréstimos: por volta de 1850 o serviço
da dívida absorvia 40% da receita nacional.
- Dimensão da dívida: investimento inglês em ferrovias entre 1800 e 1825 chegou a 1,5 milhão de
libras esterlinas; montante da dívida brasileira pagou 5 dos 20 anos das guerras napoleônicas.
- Independência: ponto de partida para um novo surto econômico x desequilíbrio
econômico/político/social profundo.
- Economia brasileira entra no séc. XIX em condições precárias: algodão e açúcar (principais
produtos) enfrentam forte concorrência.
- Classe de proprietários rurais (latifundiários) ascendem ao poder com a independência e o “novo”
Estado: reforço a manutenção do trabalho escravo. Porém, discurso antiescravista vai ganhando
força.
Uni. 4 – A economia brasileira no Império

4.1 Liberalismo e independência.


Acontecimentos importantes entre 1808 a 1850:
- Tráfico negreiro fora dos domínios portugueses era combatido pela Inglaterra.
- Tráfico como maior negócio da época (até 1850): desembarcavam cerca de 50 mil
escravos por ano no Brasil (mesmo com leis proibindo o tráfico, como a de 1831).

- Lei Eusébio de Queirós, de 1850: extingue o tráfico negreiro para o Brasil.


• Escravos em 1850: entre 1,5 e 2 milhões (em uma população de 7 milhões).
• Capitais direcionados ao tráfico passam a ser direcionados a outras atividades: bancos,
indústrias, empresas de navegação a vapor, etc.
• Atrito de classes dominantes: traficantes tornaram-se uma “potência financeira” e
representavam perigo aos latifundiários.
• Expulsão de traficantes do país.
Uni. 4 – A economia brasileira no Império

4.1 Liberalismo e independência.


Acontecimentos importantes entre 1808 a 1850:
- Produção de café começa a crescer: em 1830 já é o terceiro produto brasileiro de
exportação.
- Produção de café no início do século XIX:
• Concentra-se na região do Vale do Paraíba: entre São Paulo e Rio de Janeiro.
• Plantation.
• Técnicas rudimentares: enxada e foice; uso da terra ate esgotamento – abandono.
- Lei de Terras (1850): concebida para evitar o acesso gratuito dos despossuídos as
terras públicas desocupadas.
Uni. 4 – A economia brasileira no Império
4.1 Liberalismo e independência: % dos principais produtos exportados
Uni. 4 – A economia brasileira no Império

4.2 Economia cafeeira


Acontecimentos importantes entre 1850 a 1889:
- Café torna-se o principal produto brasileiro de exportação na segunda metade do
século XIX.
- Locais principais: São Paulo e Rio de Janeiro.
- Fatos importantes: deslocamento de capital para Centro Sul e decadência das lavouras
tradicionais: cana de açúcar, algodão e tabaco.
- Vale do Paraíba e depois região de Campinas e oeste paulista. Primeiro RJ como centro
de escoação, depois, porto de Santos.
- Fatores importantes: clima, independência e comércio com Estados Unidos (livres da
metrópole britânica desde 1786):
• Estados Unidos surgem como potência emergente;
• Estados Unidos absorve mais de 50% da produção brasileira de café na segunda
metade do séc. XIX.
Uni. 4 – A economia brasileira no Império

4.2 Economia cafeeira


Acontecimentos importantes entre 1850 a 1889:
- Modelo de produção de café:
• Plantation: grande propriedade, monocultura e trabalho escravo (depois, substituída
por trabalhadores assalariados).
- Brasil se torna o maior produtor mundial de café.
- Origem a nova elite social e política: fazendeiros de café (antes tivemos os senhores de
engenhos, depois, os grandes mineradores).
- São Paulo vai se consolidando como centro econômico do país. E político...
Uni. 4 – A economia brasileira no Império

4.2 Economia cafeeira


Acontecimentos importantes entre 1850 a 1889:
- Aspectos econômicos:
• Elevação das exportações de café e elevação da importações. Balança comercial superavitária –
reajustamento das contas externas.
• Fim do tráfico de escravos – fim do principal “produto” importado pelo Brasil (pessoas...) – redução das
importações globais.
• Recursos financeiros do café e elevação das importações: estradas de ferro, mecanização rural,
manufaturas...Elevação da riqueza material e bem estar nas regiões produtoras.
• Reforça estrutura tradicional da economia brasileira: produção intensiva de gêneros para o mercado
internacional.
• Capitais ingleses contribuem na formação de infraestrutura: portos, manufaturas e estradas de ferro.
Capitais ingleses: até 1852 foram quatro empréstimos, no total de 2,5 milhões de libras. Até o fim do
Império serão mais 11 empréstimos, com valor total de 60 milhões de libras.
• Reajustamento econômico e financeiro: BC superavitária + REAJUSTAMENTO TARIFÁRIO INTERNACIONAL =
A PARTIR DE 1841 PASSA A SER DE 30% (era de 15%, de acordo com imposição inglesa). A PARTIR DE 1860
PASSA A SER DE 50%, na média.
• Crescimento das rendas públicas e fomento para a produção interna.
Uni. 4 – A economia brasileira no Império

4.2 Economia cafeeira


Uni. 4 – A economia brasileira no Império

4.3 Crise do trabalho escravo e abolição.


Acontecimentos importantes entre 1850 a 1889:
- Trabalho escravo na produção de café:
• Predomínio em quase todo o séc. XIX.
- Fim do tráfico internacional em 1850:
• Modelo baseado no trabalho escravo enfraquece;
• Eleva-se debate sobre abolição;
• Mão de obra mais escassa x crescimento da produção de café;
• Mão de obra escrava é desviada para regiões mais prósperas: do Norte e Nordeste para o Sul/Sudeste;
• Brigas políticas entre elites regionais;
• Incompatibilidade do trabalho escravo com atividade industrial.
• Seguem – se medidas para extinção gradual e suave da escravidão: lei do ventre livre em 1971, por
exemplo.
• Polarização das forças conservadoras e das reformistas.
• Discurso abolicionista ganha força a partir de 1880 + apoio popular + participação mais afetiva dos próprios
escravos.
• Fim da escravidão em 1888.
Uni. 4 – A economia brasileira no Império

4.4 A mão de obra imigrante.


Acontecimentos importantes entre 1850 a 1889:
- Solução para problema da mão de obra:
• Imigrantes europeus.
• Corrente migratória se intensifica a partir de 1850, mas ganha maior vulto a partir de 1870. Primeiras
tentativas fracassadas: incompatibilidade da coexistência do trabalho escravo com mão de obra livre.
- Imigração:
• Corrente demográfica europeia: estimulada tanto por política oficial de povoamento quanto por iniciativa
privada de particulares interessados em mão de obra.
• A partir de 1870: 7.000 italianos em 1876 e 13.000 em 1877.
• 1886: chegam ao Brasil cerca de 30 mil imigrantes; em 1887: 55 mil; em 1888: 133 mil; até o fim do século
XIX: em média 100 mil por ano.
• Sistema adotado no final do século XIX passa a ser baseado no pagamento de salários (não mais como
antes, em sistema de parceria ou com pagamento em produtos).
• Imigração e colonização.
• A maior parte das fazendas de café em 1880 contava com mão de obra livre.

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