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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

Cap. I
Gestão da Carteira
(parte 1)

Ano Lectivo 2022/2023 © 2022 WILSON NEVES


Economia Monetária e Financeira wIilson.neves@ucan.edu
Conteúdo

1. Teoria Moderna do Portfólio ou Modelo de Markowitz

2. Escolha em Contexto de Incerteza

3. Rendimento e Risco de um Activo Financeiro

4. Rendimento Esperado e Variância da Carteira

Ano Lectivo 2022/2023 © 2022 WILSON NEVES


Economia Monetária e Financeira wIilson.neves@ucan.edu
Teoria Moderna do Portfólio ou
Modelo de Markowitz

 Permite determinar o nível de risco para um  Parte do princípio de que o investidor racional é aquele

determinado nível de retorno e vice-versa. que prefere ativos com maior retorno e o menor risco
possível.
 É utilizada para aumentar o potencial de retorno, a
partir de determinado nível de risco.  Princípio da Dominância: Entre dois activos com o
mesmo potencial de retorno, mas com riscos diferentes,
 Possibilita o cálculo do risco de uma carteira de
o investidor escolhe aquele com menor risco. 
investimentos, independente dos tipos de activos
presentes nela.  Diversificação da carteira de investimento permite
diminuir os riscos, pelo que deve ser feita entre
 Centra-se na construção de fronteiras eficientes em
empresas e sectores.
carteiras optimizadas (considera que o risco e o retorno
precisam ser avaliados em conjunto dentro da carteira).  Risco diversificável (não sistemático) é aquele que
pode ser retirado da carteira e Risco não diversificável
 Fronteiras eficientes: combinações possíveis de activos,
(sistemático) resulta de problemas macroeconómicos,
representados como pontos no gráfico, cujo eixo X
crises financeiras e afins. 
corresponde ao risco e o Y é o retorno.
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01 ECONOMIA MONETÁRIA E FINANCEIRA | UCAN 2022/2023 wIilson.neves@ucan.edu
Escolha em Contexto de Incerteza

Para a escolha em contexto de incerteza torna-se necessário a existência de critérios de escolha racional
Exemplo 1 n

 Suponha-se que um investidor tem um conjunto de E(P) = ∑ ρiRi


 Valor Esperado: i=1
oportunidades de investimento composto por 6 n

projectos de investimento.  Desvio padrão: σ(P) = ∑ ρi(Ri - R)2


i=1

 Pretende-se que, com base no critério maximização  Com base na análise do quadro anterior conclui-se que:
do valor esperado, ele decida entre os projectos: A e  A e B ⟹ o investidor escolhe B
B; C e D; D e ; e C e F.
 C e D ⟹ o investidor escolhe C
Investimento Probabilidade Rendimento Valor Desvio Padrão
Esperado (risco)  D e ⟹ o investidor escolhe E

A 1 100 100 0  C e F ⟹ Neste caso o projecto que maximiza o


B 1 500 500 0 rendimento do investidor é o F, mas simultaneamente
C 1/2 0 100 100
1/2 200 é o que apresenta maior risco.
D 1/2 -100 100 200
1/2 300
E 1/2 300 150 150
1/2 0
F 1/2 -100 200 300
1/2 500
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02 ECONOMIA MONETÁRIA E FINANCEIRA | UCAN 2022/2023 wIilson.neves@ucan.edu
Rendimento e Risco de um Activo Financeiro
M
M
R = E[Ri] = ∑ ρitRit σi = ∑ ρi[Rit - E(Rit)]2
2
Valor Esperado: t=1
Variância: t=1

Onde,  Uma variância baixa indica que a maioria das taxas de rendimento
estão concentradas em torno de um valor médio.
 𝑀 = nº de taxas de rendimento possíveis

 Uma variância alta indica que a maioria das taxas de rendimento


 𝑝𝑖𝑡 = probabilidade associada a cada taxa
M estão distantes do valor esperado.
de rendimento ∑ ρit = 1
t=1
 Se 𝑝𝑖𝑡 = 1/𝑀, o lado direito da igualdade divide-se por 𝑀, em vez de
 Se a probabilidade associada a cada taxa
se multiplicar pela probabilidade.
de rendimento for igual, o valor esperado
é uma média aritmética das taxas de  Em termos de análise financeira, o valor esperado serve como

rendimento. medida da taxa de rendimento média de um investimento


financeiro.

 A variância (ou o desvio padrão) serve como medida de risco.

 A dispersão está ligada ao problema da incerteza quanto à


ocorrência da taxa de rendimento e, logo, quanto ao valor de
mercado dos activos. © 2022 WILSON NEVES
03 ECONOMIA MONETÁRIA E FINANCEIRA | UCAN 2022/2023 wIilson.neves@ucan.edu
Rendimento e Risco de um Activo Financeiro

EM SUMA...
Mas, na realidade…

 A decisão de investimento em activos financeiros num


 O conjunto de oportunidades ao dispor de um
contexto de incerteza deve ser entendida como a intenção
investidor é muito maior do que apenas escolher
de obter uma determinada taxa de rendimento esperada à
entre dois activos. É possível fazer inúmeras
qual está associada um determinado grau de risco.
combinações dos activos disponíveis, podendo o

 Dados 2 activos com taxas de rendimento esperadas investidor investir a sua riqueza em vários activos.

iguais o investidor vai optar pelo activo de menor variância


 O nº de oportunidades ao dispor do investidor
e dados 2 activos com variâncias iguais o investidor vai
aumenta bastante, mas também aumenta a
optar pelo que tem maior rendimento esperado.
complexidade do problema.

 O risco (variância) de uma combinação de activos pode


ser muito diferente da soma dos riscos (variâncias) dos
activos individualmente considerados.!

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Rendimento e Risco de um Activo Financeiro

Covariância: Cov(Rit, Rjt)R = σij = ∑ ρt(Rit – Rt)(Rjt – Rj) Coeficiente de Correlação:


t=1
 Dividindo a covariância pelo desvio padrão obtêm-se o
 Quando a probabilidade de todos os resultados é igual,
coeficiente de correlação entre 𝑅𝑖𝑡 e 𝑅𝑖j
𝑝𝑡 = 1/M.
ρij σij
=
 Mede a movimentação conjunta dos rendimentos. σiσj

 Covariância positiva: se em média as taxas de  𝜌𝑖j = -1 existe uma associação negativa perfeita entre os

rendimento dos dois activos tendem a ficar acima ou movimentos das duas taxas de rendimento

abaixo das respectivas médias, i.e., tendem a mover-se na


 𝜌𝑖j = 0 não existe qualquer associação entre as taxas de
mesma direção.
rendimento
 Covariância negativa: se a taxa de rendimento de um
 𝜌𝑖j = 1 existe uma associação positiva perfeita entre os
activo tende a ficar abaixo da sua média, enquanto a do
movimentos das duas taxas de rendimento
outro tende a situar-se acima da sua média, i.e., as taxas
de rendimento dos dois activos variam em direcções
opostas.

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05 ECONOMIA MONETÁRIA E FINANCEIRA | UCAN 2022/2023 wIilson.neves@ucan.edu
Rendimento e Risco de uma Carteira de Activos

Taxa de rendimento esperada de uma carteira: Média Variância da Taxa de rendimento da carteira é definida como:
ponderada das taxas de rendimento esperadas dos activos
= E(Rp – Rp)2
que a compõe, isto é:
N
E(Rp) = ∑ x1E(Ri) ∑ x1 = 1  Desenvolvendo a expressão vem:
Onde, i=1
e
N N N N
 𝑅𝑝 é a taxa de rendimento da carteira; σp = ∑ ∑ xixjσiσj𝜌𝑖j
2
σp = ∑ ∑ xixj𝜌𝑖j
2

i=1 j=1 i=1 j=1


 𝑁 nº de activos que compõe a carteira; Onde,

 𝑅𝑖 é a taxa de rendimento do activo i;  𝜎𝑖 é o desvio padrão de i e 𝜎𝑗 é o desvio padrão de j

 𝑥𝑖 é a fracção do activo i na carteira. Se >0 temos  𝜎𝑖𝑗 é a covariância entre as taxas de rendimento de i e j
uma posição longa. Se < 0 temos uma posição curta.

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06 ECONOMIA MONETÁRIA E FINANCEIRA | UCAN 2022/2023 wIilson.neves@ucan.edu
Rendimento e Risco de uma Carteira de Activos

Com N = 2 Um caso particular:

 O rendimento esperado vem: Rp = E(Rp) = x1E(R1) + x2E(R2)  Caso em que todos os activos são independentes uns dos
outros e portanto a covariância entre eles é nula, isto é, 𝜎𝑖𝑗 =
 e a variância do rendimento esperado (obtida 0 (e também 𝜌 𝑖𝑗 = 0).
N
substituindo, na 1ª expressão do slide anterior, o  Então: σp = ∑ xi2xj2
2

rendimento esperado, pela expressão acima) é dada por: i=1

σp2 = x1 σ12 + 2x1x2σ12 + x22σ22  Ou seja, a variância da carteira é igual à média ponderada
das variâncias de cada um dos títulos que compõe a carteira

Pode então dizer-se que o risco da carteira depende de 3


factores:

 Proporção investida em cada activo;

 Risco de cada activo;

 Correlação entre as taxas de rendimento dos activos.

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07 ECONOMIA MONETÁRIA E FINANCEIRA | UCAN 2022/2023 wIilson.neves@ucan.edu
Rendimento e Risco de uma Carteira de Activos

Retome-se o caso geral quando a proporção investida em


Outro caso particular:
cada activo é 1/N:
 Se adicionalmente a proporção investida em cada activo
 Quando i=j, vem e a correlação é positiva perfeita ( ),
for 1/𝑁, então
podendo escrever-se a variância da carteira como:
 O rendimento esperado vem:
N N N
N N σp2 = ∑(1/N)2 σi2 + ∑ ∑ (1/N)(1/N)σij
σp2 = ∑(1/N)2 σi2 = 1/N[ ∑ σi2/N] i=1 i=1 j=1
i=1 i=1

 Multiplicando e dividindo a 2ª parcela por (N-1) vem:


 O que está dentro dos parêntesis recto não é mais do N N N

que a variância média das taxas de rendimento dos σp2 = 1/N[∑σi2/N]+ (N – 1)/N[∑ ∑ (σij/N(N-1)
i=1 i=1 j=1
activos que compõe a carteira. Daí poder dizer-se que à
medida que N cresce a variância da carteira diminui,
tendendo para zero, quando N tende para infinito.

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08 ECONOMIA MONETÁRIA E FINANCEIRA | UCAN 2022/2023 wIilson.neves@ucan.edu
Rendimento e Risco de uma Carteira de Activos

 Onde, ambas as expressões dentro dos parêntesis CONCLUSÃO

rectos são médias. O 1ª é a média das variâncias e


 Risco Específico (idiossincrático): O risco individual pode ser
o 2º é a média das covariâncias.
diversificado, ie, pode ser potencialmente eliminado. Este risco é
 Pode então dizer-se que a contribuição da também designado de risco específico, risco não sistemático ou
variância individual das taxas de rendimento de risco diversificável e deriva do facto de que muitos dos perigos a
cada activo para a variância da carteira tende para que uma empresa isolada está sujeita são específicos dela e
zero à medida que N cresce. eventualmente dos seus concorrentes mais próximos.

 Contudo, a contribuição do termo das covariâncias  Risco de Mercado (sistémico): O risco de mercado não é
aproxima-se da variância média da carteira à diversificável e está associado aos riscos que afectam toda a
medida que N aumenta, ie, (N-1)/N → 1). Mas esta
economia e que afectam todos os negócios. Chama-se também
covariância média também vai baixando.
risco sistemático ou não diversificável.

 Então a variância mínima é obtida em carteiras com muitos


activos e é igual à covariância média das taxas de rendimento de
todos os activos da carteira.

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09 ECONOMIA MONETÁRIA E FINANCEIRA | UCAN 2022/2023 wIilson.neves@ucan.edu
Wilson Neves
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