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MBA EM PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO

E GESTÃO PÚBLICA

DISCIPLINA: ESTADO, GOVERNO E


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Professor Augusto Paulo G. Cunha, MPA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
NO BRASIL
Principais problemas

Patrimonialismo Processualismo

Corporativismo Centralização

Clientelismo Gigantismo

Formalismo Paralelismo
Personalismo Superposição
Mimetismo
Patrimonialismo

A Administração Pública funciona como uma extensão do


poder pessoal e privado.

Os cargos públicos são considerados um patrimônio


privado.

A res publica não é diferenciada da propriedade particular.


A corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de
Administração.
Corporativismo

A Administração Pública é colocada a serviço de interesses


dos grupos de servidores. O atendimento a reinvidicações
desses grupos assumem maior relevância do que os
objetivos estratégicos do Governo ou do que o bem
público.
Clientelismo

A Administração Pública é instrumentalizada para fins


políticos de curto prazo, prestando atendimento
segundo uma ótica de troca de favores com o
eleitorado.

O serviço público transforma-se em serviço a clientelas


eleitorais ou a grupos preferenciais. A cidadania é
desestimulada, reforçando-se esquemas de
desigualdade social e assimetria no uso do poder.
Formalismo

Distanciamento entre as normas prescritas legalmente


e as atitudes concretas adotadas quando de sua real
implementação. A não observação das normas não
implica em sansões para os infratores.
Personalismo

Em oposição ao princípio da impessoalidade admite-se


que a Administração Pública atue de maneira
personalizada para algumas pessoas e de maneira
impessoal para com os cidadãos em geral.
Processualismo

As tentativas de racionalização dos procedimentos são


feitas com a manutenção e o aumento de regras e
normas. Consome-se energia, tempo e dinheiro na busca
de soluções ágeis para procedimentos desnecessários.
Processualismo

O processualismo, a morosidade e o mau atendimento


são frutos de uma progressiva perda de perspectiva com
relação aos objetivos organizacionais. Sem uma
referência em objetivos e metas, os controles são dirigidos
para os meios, que acabam subordinando os fins. Como
são avaliados em função do cumprimento de normas,
regras e tradições internas, e não dos objetivos e
resultados, os diversos subsistemas ganham em
diferenciação e passam a desenvolver formas particulares
de repressão da incerteza e de interação com a clientela.
Centralização

O Estado organiza sua ação com alto grau de


controle hierárquico dos processos de decisão e
execução. Visa, com isso, garantir o controle do
aparelho de Estado e reduzir o gasto público. O
resultado é a perda de flexibilidade operacional e o
enfraquecimento dos níveis decisórios político-
administrativos locais.
Paralelismo

Competências concorrentes entre as esferas de governo


ou entre agências de um mesmo nível governamental,
reduzindo a eficiência do processo de alocação de
recursos públicos.
Mimetismo, uniformidade ou simetria

Existe na Administração Pública um verdadeiro fascínio pela


uniformidade que faz com que se persiga a busca de
simetria nas estruturas orgnizacionais, a semelhança de
práticas gerenciais e a padronização das políticas de
recursos humanos, em nome da eficácia dos controles
centralizados. Em momentos de crise fiscal, as políticas de
austeridade acentuam as soluções uniformes e o controle
sobre os meios, impondo a ditadura fazendária do caixa-
único e as políticas de recursos humanos padronizadas e
restritivas.
Gigantismo

• No processo de desenvolvimento brasileiro, as


mudanças sociais foram conduzidas, orientadas e
disciplinadas pelo Estado. Para tanto, foi construído,
desde os anos 30, um poderoso aparato burocrático
estatal com presença obrigatória nos setores chave da
atividade produtiva e crescente centralização
administrativa. As demandas sociais passaram a ser
mediadas através do aparelho de Estado, induzindo
também a fragmentação de objetivos.
• Outro motivo para o gigantismo é, após a
redemocratização, a necessidade de dividir o aparelho
de Estado entre múltiplos partidos políticos da coalizão
governamental.
IMPÉRIO - INÍCIO

IMPERADOR

CONSELHO
MINISTROS DE ESTADO
1822 A 1834

IMPÉRIO E ESTRANGEIROS, JUSTIÇA FAZENDA GUERRA MARINHA


DESDOBRADO EM 1823 EM
IMPÉRIO ESTRANGEIROS
IMPÉRIO - FINS DO SEGUNDO REINADO

IMPERADOR

PRESIDENTE DO CONSELHO CONSELHO DE ESTADO


DE MINISTROS - DESDE
1847

AGRICULTURA
ESTRANGEI COMÉRCIO E
JUSTIÇA ROS FAZENDA GUERRA MARINHA OBRAS
PÚBLICAS
REPÚBLICA - (PERÍODO NILO PEÇANHA)

PRESIDENTE

MINISTÉRIOS

JUSTIÇA E RELAÇÕES VIAÇÃO E


NEGÓCIOS EXTERIORES FAZENDA GUERRA MARINHA OBRAS AGRICULTURA,
INTERIORES PÚBLICAS COMÉRCIO E INDÚSTRIA
(ESTABELECIDOEM
2.6.1909, NA FORMA DO
DEC. LEGIS. DE
29/12/1906)
JUSTIÇA E NEGÓCIOS
INTERIORES

RELAÇÕES
EXTERIORES

FAZENDA

VIAÇÃO E OBRAS
PÚBLICAS

MARINHA
PROVISÓRIO

MINISTÉRIOS

AGRICULTURA,
CHEFE DO GOVERNO

INDÚSTRIA E COMÉRCIO
(DEPOIS AGRICULTURA)

EDUCAÇÃO E SAÚDE
PÚBLICA (DEPOIS
EDUCAÇÃO E SAÚDE0

TRABALHO, INDÚSTRIA
E COMÉRCIO

GUERRA
REPÚBLICA -(GOVERNO PROVISÓRIO DE GETÚLIO VARGAS)
JUSTIÇA E NEGÓCIOS
INTERIORES

RELAÇÕES
EXTERIORES

FAZENDA

CRIADO EM 1938
OS QUAIS O DASP,
À PRESIDÊNCIA, ENTRE
ÓRGÃOS SUBORDINADOS

VIAÇÃO E OBRAS
PÚBLICAS

MARINHA

AGRICULTURA,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO
(DEPOIS AGRICULTURA)
REPÚBLICA

MINISTÉRIOS
PRESIDENTE DA

EDUCAÇÃO E SAÚDE

TRABALHO, INDÚSTRIA
E COMÉRCIO

GUERRA
REPÚBLICA - ESTADO NOVO (1937-1945)

AERONÁUTICA
(CRIADO EM 1941)
REPÚBLICA - GOVERNO ERNESTO GEISEL - INICIADO A 15.3.1974
PRESIDENTE DA
REPÚBLICA

Presidência da República,
compreendendo os Gabinetes Civil e
Militar e Órgãos de assessoria ao MINISTÉRIOS
Presidente
1. Conselho de Segurança Nacional -
C.S.N.
2. Conselho de Desenvolvimento
Econômico
3. Conselho de Desenvolvimento
Social
4. Secretaria de Planejamento

ESPECIAL DO MEIO AMBIENTE, CRIADO


DA INDÚSTRIA E DO COMÉRCIO

PELO DECRETO-LEI N° 73.030, 30.10.73


INTERIOR, COM A SEMA- SECRETARIA
5. Serviço Nacional de Informações

PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA
RELAÇÕES EXTERIORES

EDUCAÇÃO E CULTURA
6. Estado Maior das Forças Armadas

MINAS E ENERGIA
- EMFA

COMUNICAÇÕES

AERONÁUTICA
AGRICULTURA
TRANSPORTE

7. DASP

EXÉRCITO
TRABALHO
FAZENDA

MARINHA
JUSTIÇA

8. Consultoria-Geral da República -

SAÚDE
SOCIAL
C.G.R.
9. Alto Comando das Forças
Armadas
Observação:
Os Chefes dos Gabinetes Militar e
Civil, da Secretaria de Planejamento,
do S.N.I. e do EMFA são ministros de
Estado titulares dos órgãos
respectivos.
 

República – Governo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Lula 2003
   Ministério da Assistência e Promoção Social
   Ministério da Ciência e Tecnologia
   Ministério da Cultura
   Ministério da Defesa
   Ministério da Educação
   Ministério da Fazenda
   Ministério da Integração Nacional
   Ministério da Justiça
  Ministério da Previdência Social
   Ministério da Saúde
   Ministério das Cidades
   Ministério das Comunicações
   Ministério das Relações Exteriores
   Ministério de Minas e Energia
   Ministério do Desenvolvimento Agrário
   Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
   Ministério do Esporte
   Ministério do Meio Ambiente
   Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
   Ministério do Trabalho e Emprego
   Ministério do Turismo
   Ministério dos Transportes
Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica
Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência da República
Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca
Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social
Secretaria Especial dos Direitos Humanos
Secretaria-Geral da Presidência da República
 Advocacia Geral da União
  Assessoria Especial do Presidente da República
  Casa Civil da Presidência da República
  Comissão de Ética Pública
  Comissão de Reforma Patrimonial
  Conselho da República
  Conselho de Defesa Nacional
  Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social
  Conselho de Governo
  Conselho Nacional de Desestatização
  Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte
  Conselho Nacional de Política Energética
  Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
  Controladoria-Geral da União
  Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República
  Gabinete do Ministro Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome
  Gabinete Pessoal do Presidente da República
  Grupo Executivo de Desenvolvimento Urbano
ADMINISTRAÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO
Governança e governabilidade

• Governança: capacidade de implementar políticas


públicas e prestar serviços públicos de qualidade.
• Governabilidade: manutenção de padrões
adequados de articulação e cooperação entre
atores sociais e políticos e arranjos institucionais
que coordenam e regulam transações dentro e
pelas fronteiras dos sistema econômico -
institucionalidade.
Capacidade governativa: o que é?

• É a capacidade de um sistema político de produzir


políticas públicas que resolvam os problemas da
sociedade, ou, dizendo de outra forma, de converter o
potencial político de um dado conjunto de instituições e
práticas políticas em capacidade de definir, implementar
e sustentar políticas”.
– Para propósitos analíticos, pode-se desagregar esta definição
nos seguintes termos. Diz-se que um sistema político é dotado
de capacidade governativa se for capaz de: (i) identificar
problemas da sociedade e formular políticas públicas, isto é,
oferecer soluções; e (ii) implementar as políticas formuladas,
mobilizando para isso meios e recursos políticos, organizacionais
e financeiros necessários”.
 Maria Helena de Castro Santos
Capacidade governativa

• Engloba tanto características operacionais do Estado


analisando-se aí a eficiência de sua máquina
administrativa, novas formas de gestão pública,
mecanismos de regulação e controle , como sua
dimensão político-institucional: características das
coalizões de sustentação do governo, do processo
decisório, das formas mais ou menos tradicionais de
representação de interesses, das relações Executivo-
Legislativo, do sistema partidário e eleitoral, passando
pelas relações entre os três níveis de governo e a forma e
o grau de interação do público com o privado na definição
e condução das políticas governamentais, até a pouca
analisada atuação do Judiciário como ator político e a
capacidade de liderança e coordenação do governo”. 
Maria Helena de Castro Santos
Capacidade governativa: crise

•Incapacidade de estabelecer coalizão de apoio e obter


sustentação necessária na formulação das políticas
públicas.
•Baixo nível de eficiência na implementação de
políticas públicas e na prestação de serviços sociais
relevantes.
Capacidade governativa: desafios

•Novo pacto federativo


•Participação cidadã
•Novo modelo de gestão
•Modernização administrativa
Novo pacto federativo

Deve-se buscar uma revisão


do pacto de distribuição do
poder político-administrativo
e dos papéis que o governo
central, os estados e os
municípios nele exercem.
Parte-se da premissa de que
tudo que o município puder
fazer o estado não fará e
tudo que o estado puder
realizar o governo central
não assumirá (princípio da
subsidiariedade).
Participação Cidadã

“Favorece a focalização, o
ajuste efetivo do programa
às necessidades, cria
controles sociais que
limitam as filtragens,
contribui para a articulação
social da população e abre
enormes possibilidades de
mobilizar e capitalizar as
amplas potencialidades de
desenvolvimento produtivo
e social autônomo nela
latentes.”
Bernardo Kliksberg
Modelo de gestão

• O modelo de gestão
burocrático revela-se
cada vez menos capaz
de oferecer respostas as
mudanças sociais,
políticas e culturais, as
quais demandam
flexibilidade,
tempestividade, ação
compartilhada,
participação democrática
e responsabilidade
(accountability).
Modelo burocrático: disfunções

• Internalização excessiva das regras e dos regulamentos

• Excesso de formalismo e de processualismo

• Resistência à mudança

• Despersonalização do relacionamento

• Fixação em subobjetivos organizacionais

• Conformidade às rotinas e procedimentos

• Dificuldades na relação com o público


Modelo burocrático no Brasil

• No Brasil, apesar de inúmeros esforços, a partir do


Governo Vargas (criação do DASP), o modelo
burocrático não se consolidou inteiramente. Resquícios
da administração patrimonialista, dos tempos da colônia
e do império, mesclaram-se a “modernidade
burocrática”, somando suas distorções as da burocracia.
• Modelo Burocrático-Patrimonial: formalismo,
processualismo, patrimonialismo, clientelismo,
personalização, gigantismo, superposição, paralelismo
etc.
Disfunções da burocracia
Novo modelo de gestão

• Compromisso de
gestão
• Accountability
• Parcerias
• Racionalização
• Gestão integrada
• Redes
• Profissionalização
Compromisso de gestão

Os administradores públicos
devem pautar sua conduta
não apenas pelos princípios
de legalidade,
impessoalidade, moralidade
e publicidade dos atos de
gestão, conforme
estabeleceu a Constituição
de 1988, mas principalmente
tendo em vista a
responsabilidade objetiva
por resultados perante a
sociedade.
Compromisso de gestão

Os resultados não dizem


respeito apenas a qualidade
dos serviços prestados e a
eficiência.
Os administradores públicos
precisam evidenciar, também,
seu comprometimento com
os valores democráticos e a
cidadania ativa: participação
das pessoas na governança.
Parcerias

Articulação com a
sociedade civil para
viabilizar uma gestão
voltada diretamente ao
interesse público.
Racionalização

O Estado deve, com


menos recursos, realizar o
mesmo volume de
atividades, ou com o
mesmo montante de
recursos realizar um maior
volume de atividades.
Gestão Integrada

Coordenar esforços de
diferentes agências públicas,
empresas e organizações da
sociedade civil engajadas na
solução de problemas de
natureza integrada, nunca
resolvidos satisfatoriamente
quando confrontados a partir
de uma perspectiva setorial
ou apenas estatal.
Redes

Rede interinstitucional
explica um padrão total de
interação em um grupo de
organizações que se
dispõe a atuar
conjuntamente, como um
sistema, para alcançar
objetivos próprios ou
coletivos, ou resolver
problemas específicos de
uma clientela alvo do setor.
Bianor Scelza
Profissionalização da Gerência

A capacidade de
gerenciamento não é inata.
Deve ser aprendida e
desenvolvida através da
sistematização de
conhecimentos e práticas.
A essa premissa deve-se a
existência de escolas de
administração. Assim, para
cada área de gestão cabe
uma formação adequada e
específica.
Competências Gerenciais

 competência técnica
 competência
administrativa
 competência
interpessoal
 competência política
 compromisso com a
democracia e a
cidadania
O novo serviço público deve:

• Servir aos cidadãos, não a consumidores: o serviço


público é uma extensão da cidadania. Por isso, deve
estimular as pessoas a cumprirem suas
responsabilidades como cidadãos e ouvir as vozes dos
cidadãos;
• Perseguir o interesse público: as soluções dos
problemas devem ser consistentes com as normas de
democráticas de justiça e equidade;
• Agir democraticamente: administrar de modo a estimular
e aumentar a participação ativa dos cidadãos em todas
as decisões referentes as políticas públicas, desde a
concepção, até a execução, acompanhamento e
avaliação.
(Robert Denhardt)
Reforma Administrativa I
Modernizar a Administração Pública é:

É melhorar o seu desempenho na implementação de


políticas públicas e na prestação dos serviços;
É conferir ao aparelho do Estado um sentido de
estratégia e flexibilidade, sem perder de vista as
características, ambigüidades e incertezas do
contexto socioeconômico sobre o qual atua;
É administrar para o desenvolvimento.
Qual desenvolvimento?

“O desenvolvimento como liberdade é um dos nomes


do desenvolvimento sustentável que contempla a
promoção humana nos aspectos ambiental, econômico,
social, político e cultural. Além do aumento da renda
dos indivíduos e da melhoria das condições sociais, o
desenvolvimento sustentável amplia os espaços de
sociabilidade e participação, reconhece e valoriza a
dimensão simbólica da existência e preserva para as
gerações futuras o meio físico e os patrimônios material
e imaterial.
(LUSTOSA DA COSTA, Frederico. Instituições, cultura e desenvolvimento sustentável na bacia cultural do Araripe.
CADERNOS EBAPE. BR, v. 8, nº 1, artigo 9, Rio de Janeiro, Mar. 2010, p.148).
Administrar para o Desenvolvimento
• “A implementação de uma nova Administração para o
Desenvolvimento requer uma série de ações extremamente
desafiadoras, que passam pela formulação de estratégias
efetivas de desenvolvimento, pela elaboração de planos de
desenvolvimento, pela concepção de modelos de gestão
por resultados e pelo alinhamento das organizações aos
resultados estabelecidos”.
• “A formulação de estratégias de desenvolvimento deve
resgatar a dimensão da visão de futuro (o que o país quer
ser) como expressão última de relevância e efetividade, de
forma não-determinista em relação às interdependências
com o ambiente externo. Nesse sentido, a nova
Administração para o Desenvolvimento implica o advento de
um modelo de “governança prospectiva” que se define pela
capacidade de construir o futuro”.
Humberto Falcão Martins
Administrar para o Desenvolvimento

• “A nova Administração para o Desenvolvimento também


requer a reinvenção do planejamento governamental.
Não se trata mais de equiparar o planejamento
governamental ao processo (inescapavelmente
burocratizante) de se fazer planos de desenvolvimento –
mas isto também não significa prescindir deles. Trata-se
de orientar os planos para a visão seja realizada,
tornando-os elementos programáticos dinâmicos,
sujeitos e abertos a reformulações contínuas nas suas
diversas fases lógicas (elaboração, implementação e
avaliação)”.
Humberto Falcão Martins
Administrar para o Desenvolvimento

• “Analogamente, os planos de desenvolvimento devem cada


vez mais abarcar de forma coerente e integrada múltiplas
dimensões da vida social: economia e produção, meio
ambiente, demografia e condições sociais, tecnologia etc. E
tudo isto sem perder de vista a dimensão territorial nas
perspectivas micro, meso e macro. Fundamentalmente, as
políticas de desenvolvimento da nova Administração para o
Desenvolvimento devem avançar as concepções e os
instrumentos baseados em fomento e posicionarem-se
visando à ativação de capacidades, mediante a mobilização,
participação e atuação em rede – politizando o processo de
planejamento, em vez de torná-lo tecnocrático”.
Humberto Falcão Martins
Administrar para o Desenvolvimento

• “A gestão por resultados é outro elemento indispensável,


pois possibilita desdobrar o plano de desenvolvimento
em políticas e programas e a definição de seus arranjos
de implementação. Não se trata apenas de proporcionar
programas bem desenhados, com nexos claros em
relação aos resultados de políticas e indicadores e metas
de eficácia e efetividade pertinentes e coerentes.
Viabilizar a gestão por programas impõe a busca do elo
perdido entre o terreno do planejamento, a partir do
desenho de programas, e o terreno das organizações,
onde – em última análise – os resultados se produzem”.
Humberto Falcão Martins
Administrar para o Desenvolvimento

• “A chave da organicidade e da flexibilidade do modelo de


gestão por programas está nesse intrincado relacionamento
‘programas-organizações’ (fins e meios). A concepção de
modelos efetivos de gestão por programas demandará uma
avaliação precisa da capacidade das organizações envolvidas
para alcançar os resultados propostos, o que implicará, por
sua vez, implementar planos de melhoria institucional,
centrados na geração de resultados. Não obstante, a gestão
por resultados requer foco (a gestão intensiva de uma carteira
prioritária de programas), mecanismos e instrumentos de
acompanhamento e avaliação – dotados de centralidade,
seletividade e temporalidade –, e modelos contratuais de
pactuação de resultados, com base em incentivos claros”.

Humberto Falcão Martins


Administrar para o Desenvolvimento
• “O último elemento da nova Administração para o
Desenvolvimento é o plano de gestão, uma vez que busca
alinhar as organizações para o alcance dos resultados
visados. Esse esforço impõe instrumentos e uma estrutura de
incentivos que atue tanto da perspectiva horizontal
(promovendo o alinhamento de organizações) quanto da
perspectiva vertical (promovendo o alinhamento de sistemas
centrais de gestão, usualmente relativos à organização
governamental e à gestão das atividades de suporte
relacionadas a recursos humanos, orçamento, finanças,
compras e logística). Da perspectiva das organizações, a
preparação institucional para o desenvolvimento requer a
reorientação de estratégias, estruturas, processos, pessoas e
sistemas de informação vitais para o alcance dos objetivos de
desenvolvimento, em bases eficientes”.
Humberto Falcão Martins
Um novo planejamento

Características de um planejamento democrático:

• Ascendente e participativo (menos linear e tecnocrático)


• Descendente e Inclusivo
• Integrado
• Operativo
• Regionalizado
Planejamento participativo
Reforma Democrática do Estado
Reformas administrativas no Brasil

No século XX, houve três tentativas de reforma da


Administração Pública, no Brasil, todas elas como parte de
amplos processos de mudança nas estruturas políticas,
econômicas e sociais:
– 1ª reforma: iniciada durante o primeiro Governo de Getúlio
Vargas (1930-1945), sob a direção do DASP. Objetivo: implantar
a administração burocrática;
– 2ª reforma: iniciada durante o Governo militar, em 1967, com a
edição do Decreto-lei 200. Objetivo: implantar a administração
para o desenvolvimento;
– 3ª reforma: iniciada durante o primeiro Governo Fernando
Henrique Cardoso, em 1995, com a edição do Plano Diretor de
Reforma do Aparelho de Estado – PDRAE. Objetivo: implantar a
administração gerencial.
Reformas administrativas no Brasil

DIMENSÕES 1ª REFORMA 2ª REFORMA 3ª REFORMA

Regime político Ditadura Ditadura Democracia

Princípio organizador Centralização Desconcentração Desconcentração

Condução Top-down Top-down Top-down

Foco Eficiência Eficiência Ajuste fiscal

Escopo Globalista Globalista Globalista

Ênfase Controle Planejamento Desestatização

Orientação Processualista Processualista Processualista


Reforma do Estado

Agenda Negativa Agenda Positiva

Humberto Falcão Martins


O papel do Estado contemporâneo não consiste apenas em
buscar a estabilidade e o crescimento econômico. Mas, em
de garantir as liberdades e assegurar os direitos para a
realização plena dos indivíduos. Ele o faz através de
políticas públicas que servem a cidadania e ao interesse
público, segundo valores democráticos. A governança ou
será democrática ou não será governança legítima.
Reforma do Estado

• As reformas realizadas nos últimos anos obedecem apenas


ao imperativo orçamentário, ou seja, são feitas sobretudo
para ajudar a reduzir gastos;
• Balizadas por esse paradigma, elas se traduzem em três
estratégias principais, a saber:
– a reforma patrimonial, que se faz principalmente através
de processos de privatização e terceirização;
– a reforma fiscal, voltada para o aumento de receitas e a
redução de despesas;
– a reforma gerencial, orientada para o aumento da
eficiência dos serviços públicos.
Reforma democrática: premissas

• A reforma do Estado é, acima de tudo, uma questão


política e, como tal, deve ser tratada (Nogueira, 1998 e
2004).
• A reforma tem o propósito de democratizar o Estado,
mudando a natureza de suas relações com a sociedade,
no sentido de assegurar a vigência da ordem igualitária.
Há, nessa perspectiva, uma estreita relação entre
democracia e cidadania, entre participação e garantias.
• A reforma do Estado não é um fim em si mesma. É um
meio para alcançar o desenvolvimento sustentável, a
melhoria da qualidade de vida, a valorização da cidadania
e a ampliação das liberdades.
Reforma democrática
• Pensada a partir dessas premissas, a reforma do Estado
pode contemplar outras estratégias além da racionalização,
entendida como o conjunto de medidas voltadas para o
aumento da eficiência através de redução de estruturas e
cortes nos gastos públicos, e da desestatização,
compreendida como o elenco de mudanças decorrentes da
privatização de empresas e serviços públicos e da
desregulamentação da vida econômica e social.
– a democratização,
– a descentralização,
– a regionalização,
– a integração,
– a flexibilização e
– a gestão empreendedora.
O que não é a Reforma do Estado

• Solução definitiva para


problemas de ajuste fiscal
• Mero enxugamento da
máquina (ao contrário, se
mal conduzida pode
provocar a paralisação do
Governo)
• Ajuste de estrutura (outras
dimensões - cultural,
gerencial, processual)
• Demissão de pessoal
O que é a reforma do Estado

É mudar a natureza de suas


relações com a sociedade
civil, valorizando a cidadania e
ampliando os espaços de
participação;
É alterar a substância das
políticas de extração e
alocação de recursos, de
forma a conferir-lhes justiça e
transparência;
É rever o pacto federativo, de
forma a adequar a distribuição
de encargos e recursos e
melhorar as relações
intergovernamentais.
Mensagem de Lula

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