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NACIONALIDADE

- Conjunto de nacionais, natos ou naturalizados, independentemente do local em


POVO que estes nacionais residam.

- Conceito numérico, todas as pessoas que se encontram em um determinado


POPULAÇÃO território, seja nacional, estrangeira ou até apátrida.

- É uma palavra que indica um agrupamento humano homogêneo cujos membros


Nação possuem os mesmos costumes, tradições e ideais coletivos, falam a mesma
língua e partilham laços -invisíveis, como a consciência coletiva e o sentimento
de pertencer a uma mesma comunidade.

- vínculo jurídico-político que une o indivíduo (NATO OU NATURALIZADO) a


NACIONALIDADE um determinado Estado, tornando-o um componente do povo.
- é o indivíduo que não possui nenhuma nacionalidade, pois não têm
Apátrida vinculação jurídico-política com nenhum Estado.

- Se enquadra nos critérios concessivos de nacionalidade originária de mais de


polipátrida um Estado, ocasionando em dupla (ou mesmo múltipla) nacionalidade.
se essa empresa for uma sociedade, no mínimo 70% do capital total e votante
deverá pertencer aos brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos. 
NATURALIZAÇÃO ORDINÁRIA:
-Residência por 1 ano ininterrupto
-Idoneidade moral
-Países de Língua portuguesa
-Ato discricionário
-Não existe direito público para Nat. Ordinária

NATURALIZAÇÃO EXTRAORDINÁRIA:
-Residente há mais de 15 anos ininterruptos
-Sem condenação penal
-Apresentar o requerimento de naturalização
-Direito público = se os requisitos forem
preenchidos, será concedida a naturalização 
Poder Constituinte Originário
DIREITOS E DEVERES
FUNDAMENTAIS

•Conceito de direitos e garantias


fundamentais 
•Destinatários dos direitos e garantias fundamentais
•Características dos direitos fundamentais
•Gerações (dimensões) de direitos fundamentais
•Aplicabilidade das normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais

•Eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas (eficácia


horizontal e diagonal)
•Colisão de direitos fundamentais

•Direitos fundamentais: limites dos limites


DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS
(INCISOS I A XXI, do art. 5°, CF/88)
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
I — homens e mulheres são iguais em direitos e
obrigações, nos termos desta Constituição;
II — ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei;
III — ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
desumano ou degradante;
IV — é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado
o anonimato;
V — é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
imagem;
•VI — é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
•VII — é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva;
VIII — ninguém será privado de direitos por motivo
de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

IX — é livre a expressão da atividade


intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de
censura ou licença;
X — são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação;
XI — a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial;
XII — é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer
para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
XIII — é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
estabelecer;
XIV — é assegurado a todos o acesso à informação e
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional;

XV — é livre a locomoção no território


nacional em tempo de paz, podendo
qualquer pessoa, nos termos da lei,
nele entrar, permanecer ou dele sair
com seus bens;
XVI — todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos
ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem
outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prévio aviso à autoridade competente;
•XVII — é plena a liberdade de associação para
fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
•XVIII — a criação de associações e, na forma da
lei, a de cooperativas independem de
autorização, sendo vedada a interferência
estatal em seu funcionamento;
•XIX — as associações só poderão ser
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
atividades suspensas por decisão judicial,
exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em
julgado;
•XX — ninguém poderá ser compelido a
associar-se ou a permanecer associado;
•XXI — as entidades associativas, quando
expressamente autorizadas, têm legitimidade
para representar seus filiados judicial ou
extrajudicialmente;
Art. 5º, XXII, XXIII e XXIV - Propriedade

Art. 5º, XXII - é garantido o direito de propriedade.


Art. 5º, XXIII - a propriedade atenderá a sua função social.
Art. 5º, XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social,
mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição.
Art. 5º, XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao
proprietário indenização ulterior, se houver dano.

(B) Função social da propriedade

Sugiro, que você entenda a função social como uma exigência constitucional que, se efetivada, culmina no reconhecimento de que o
direito de propriedade estará resguardado na sua plenitude.
 
palavras do STF: 
o direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre ele, pesa grave hipoteca social, a significar que,
descumprida a função social que lhe é inerente (CF, art. 5º, XXIII), legitimar-se-á a intervenção estatal na esfera dominial privada,
observados, contudo, para esse efeito, os limites, as formas e os procedimentos fixados na própria CR. O acesso à terra, a solução
dos conflitos sociais, o aproveitamento racional e adequado do imóvel rural, a utilização apropriada dos recursos naturais disponíveis
e a preservação do meio ambiente constituem elementos de realização da função social da propriedade
 
No que se refere à função social dos imóveis rurais, a Constituição Federal preceituou, em seu art. 186, que será
cumprida quando a propriedade rural atender, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em
lei, os seguintes requisitos:
(i) econômica: relacionada à produtividade do imóvel (que deve ser aproveitado racionalmente e adequadamente);
(ii) social: ótica que implica na obediência das normas referentes às relações de trabalho, visando essencialmente o bem-
estar dos envolvidos na atividade;
(iii) ecológica: utilização responsável do imóvel, com vistas a assegurar a proteção ao direito fundamental ao meio
ambiente.

Se o imóvel rural descumprir sua função social, poderemos ter a desapropriação, pois nos termos do art. 184,
CF/88, “compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja
cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja
utilização será definida em lei”.
Por outro lado, a propriedade urbana cumprirá sua função social quando atender às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor (art. 182, § 2º, CF/88).
(C) Limitações ao direito de propriedade

(C.1) Desapropriação
O Poder Público pode determinar a desapropriação da propriedade particular por meio de uma transferência compulsória, em que toma para si (ou
transfere para terceiros) bens particulares, mediante o pagamento de justa e prévia indenização (em regra, em dinheiro).

O inciso XXIV do art. 5º da CF/88 prevê que a desapropriação depende de prévia declaração do Poder Público de que o bem é de (i) necessidade pública, (ii)
utilidade pública ou (iii) interesse social.

Obs.: Um detalhe importante: a competência da União só é exclusiva para promover a desapropriação do imóvel rural por interesse público para fins de
reforma agrária. As outras entidades federadas também podem promover a desapropriação de imóvel rural, desde que com fundamento na necessidade ou utilidade
pública. 
(C.2) Requisição Requisição Desapropriação
Podemos considerar a requisição como sendo uma forma de Art. 5º, XXV, CF/88 Art. 5º, XXIV, CF/88
intervenção pública no direito de propriedade em situações emergenciais,
Atinge a propriedade Atinge bens e direitos
em que há iminente perigo público e a autoridade competente precisa usar
privada de bens móveis ou
temporariamente uma propriedade particular (art. 5º, XXV).
imóveis
Existem duas modalidades de requisição: a civil (art. 5º, XXV, CF/88) e
a militar (art. 139, VII, da CF/88). Em nenhuma delas teremos a perda da Visa o uso da propriedade Aquisição da propriedade
propriedade (supressão de domínio), mas, tão somente, o uso do bem pelo – 
Estado no intuito de atender o interesse público. há transferência
A requisição terá lugar em situações de urgência, nas quais o Poder compulsória
Público não tem tempo suficiente para a adotar outras providências Atende a necessidades Atende a necessidades
alternativas que não dependam da interferência nos bens particulares.  transitórias permanentes
O fato é: o Estado precisa da propriedade privada, a utiliza e a Utilização independe de Ocorre mediante acordo
devolve ao proprietário logo após a ação. Se por acaso, com tal postura, o consentimento com o 
Estado gerar danos, terá que pagar uma indenização. Do contrário, não proprietário ou processo
tendo ocorrido qualquer avaria ao bem utilizado, a indenização não será judicial
necessária.  Indenização posterior, Indenização obrigatória.
Assim, caro aluno, repare que é justamente em razão da necessária sempre em dinheiro, Será prévia, justa e, em
comprovação de existência de dano, que a indenização será somente nos casos em regra, realizada em
sempre posterior. que houver dano dinheiro
(C.3) Expropriação (ou confisco)

Conhece esse termo? A expropriação, estimado aluno, representa a supressão punitiva da propriedade privada,
por ordem judicial, sem que o proprietário tenha direito a receber qualquer indenização!

Está descrita no art. 243, CF/88, e ocorre naqueles casos em que o sujeito se utiliza de sua propriedade, rural ou
urbana, localizada em qualquer região do País, para culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de
trabalho escravo. 

As propriedades (possuídas a qualquer título) que forem expropriadas serão destinadas à reforma agrária e a
programas de habitação popular (haverá o assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e
medicamentosos). Ressalta-se, ainda, que todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica,
na forma da lei (art. 243, parágrafo único, CF/88, com redação dada pela EC nº 81/2014). 
 Art. 5º, XXVI

Art. 5º, XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não
será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei
sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento.

Eis a garantia da impenhorabilidade, que o poder constituinte originário concedeu à pequena propriedade


rural trabalhada pela família. 

O intuito protetivo dos pequenos trabalhadores rurais é obvio, pois nossa Constituição determinou a


impenhorabilidade da pequena propriedade rural, só exigindo o cumprimento de duas condições: (i) que ela seja
trabalhada (explorada economicamente) pela família e (ii) que a dívida causadora da possível penhora
tenha sido originada na atividade produtiva.

Destarte, tenha muito cuidado com afirmações em prova que digam que a pequena propriedade rural
trabalhada pela família em nenhuma hipótese poderá ser objeto de penhora, pois ela poderá sê-lo para efetivar o
pagamento de débitos estranhos à sua atividade produtiva. 

É igualmente válido destacar que se a pequena propriedade rural não for trabalhada pela família, ela
também pode ser penhorada para pagamento de débitos decorrentes e débitos estranhos à sua atividade
produtiva.
Art. 5º, XXVII e XXVIII

Art. 5º, XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar.

Art. 5º, XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:


a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,
inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos
criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas.

Os direitos autorais recebem proteção constitucional. Assim, enquanto estiver vivo, o indivíduo autor controla a
utilização, a publicação e a reprodução de suas obras, sendo esse direito transmissível aos seus herdeiros pelo tempo
determinado por lei (e não eternamente, pois, a partir de um determinado momento, a obra cairá em domínio
público). 
Art. 5º, XXIX

Art. 5º, XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização,
bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País.

O inciso XXIX assegura a chamada propriedade industrial na condição de um direito individual. Note, caro aluno,
que ao contrário do direito autoral, que o autor possui até sua morte, a propriedade industrial é um
privilégio temporário, de forma que o inventor só possua sobre os seus inventos um privilégio provisório. 
Art. 5º, XXX e XXXI - Herança e Sucessão

Art. 5º, XXX - é garantido o direito de herança.

Art. 5º, XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais
favorável a lei pessoal do "de cujus".

O direito de herança é constitucionalmente assegurado na condição de direito individual


fundamental, sendo esta uma novidade introduzida pela atual Constituição – antes de ela entrar
em vigor, as normas que regulamentavam o tema eram todas infraconstitucionais.

Destarte, se algum estrangeiro falecer deixando bens situados no Brasil, esta sucessão de
bens (recebimento da herança) será regulada pela lei brasileira de forma a beneficiar o cônjuge
ou seus filhos brasileiros, a não ser que a lei do país do falecido seja ainda mais favorável a estes.

Em outras palavras: vamos aplicar a norma sucessória que mais beneficie os brasileiros


sucessores. 
Art. 5º, XXXII – Defesa do consumidor

Não há dúvidas acerca da importância da proteção ao consumidor. Tanto é que nossa


Constituição tornou sua defesa um princípio geral da ordem econômica, conforme podemos
extrair do art. 170, V.

Vale destacar que tal tutela se efetiva por meio de lei ordinária (hoje temos o CDC –
Código de defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/1990), pois o texto constitucional não exigiu
que o tema fosse regulamentado por lei complementar.
Art. 5º, XXXVI – Limitação a retroatividade da lei

Art. 5º, XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada.
 Art. 5º, XXXVII e LIII – Juiz natural

Art. 5º: 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção.
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.

Estes dois incisos estão reunidos pois traduzem princípios absolutamente vinculados: o da vedação de tribunais de exceção e o do juiz
natural. O intuito do estabelecimento dessas garantias é o de impedir que o órgão julgador seja estabelecido após a ocorrência do fato,
de maneira arbitrária, propiciando perseguições políticas nada condizentes com um Estado democrático. 

Note caro aluno, que é uma garantia nossa a de só sermos processados e julgados por um tribunal e por um juiz imparciais, que já
estão definidos muito antes de o fato ocorrer, por meio de regras processuais de competência. 

temos que entender o juiz natural como aquele que foi abstratamente definido antes da ocorrência do fato, requisito imprescindível
para que haja independência e imparcialidade do órgão julgador.

No mais, não nos esqueçamos da figura do promotor natural, que também é derivada da garantia constitucional de que ninguém será
processado, nem sentenciado, senão pela autoridade competente (art. 5º, LIII, CF/88).
Art. 5º, XXXVIII – Tribunal do Júri

Art. 5º, XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

Nossa Constituição institui o júri popular no intuito de oportunizar aos cidadãos que julguem seus pares quando estes cometam
crimes dolosos contra a vida. 
Um crime doloso É aquele no qual o agente (indivíduo que pratica o crime) prevê o resultado lesivo de sua conduta e, ainda
assim, pratica a ação, produzindo o resultado. Porque ele deseja o resultado. Age com dolo, isto é, com vontade de que o resultado
seja efetivado, se concretize.  

O crime doloso contra a vida somente não será de competência do Tribunal do Júri se a Constituição Federal tiver determinado
outro foro para o caso. Pensemos, por exemplo, no caso do Presidente da República. De forma expressa (no art. 102, I, ‘b’), a
Constituição determinou que o Presidente será julgado pelo STF quando praticar qualquer crime na função (inclusive os dolosos contra
a vida). Neste caso, ao invés de aplicarmos a regra genérica do art. 5°, XXXVIII, aplicaremos a do art. 102, que é mais específica (válida
só para o Presidente).
Art. 5º, XXXIX e XL – Legalidade penal e Irretroatividade da lei penal

Art. 5º: 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.

O art. 5º, XXXIX, prevê a regra do nullum crimen nulla poena sine praevia lege, consagrando, a um só tempo, dois


princípios centrais do Direito Penal:
(i) o princípio da legalidade (ou reserva legal), vez que não há crime sem lei que o defina, nem pena sem cominação
legal; 
(ii) o princípio da anterioridade, visto que não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal.

Consoante nos informa a doutrina penalista, o princípio da legalidade exige que seja editada lei em sentido estrito (isto é,
elaborada pelo Poder Legislativo, segundo os trâmites estabelecidos na Constituição para o processo legislativo) para que seja
feita a definição de um crime e cominada sua respectiva pena. Destarte, nem mesmo uma Medida Provisória (ato normativo
que tem força de lei) poderá prever crimes e definir penas, pois o princípio da reserva legal não permite. Não por outra razão,
nossa Constituição vedou de forma expressa que MP trate do tema ‘Direito Penal’ – veja o art.62, § 1º, I, “b”).

Ademais, nossa Constituição reforçou essa ideia ao prever no inciso XL do art. 5º os princípios da retroatividade da lei penal
mais benéfica e da irretroatividade da lei penal in pejus (prejudicial).  
Tais princípios indicam que a lei penal não pode se voltar para o passado e alcançar fatos pretéritos. A lei penal vale ‘dali
para frente’, salvo se essa lei nova for melhor para o réu (for uma “novatio legis in mellius”), pois aí ela terá retroatividade, ela
poderá atingir fatos passados. 
Para exemplificar: imagine que alguém esteja cumprindo pena por ter cometido o crime de aborto sem o consentimento
da gestante. Tempos depois, uma nova lei é editada e extingue esse crime (esse tipo de lei que descriminaliza certas condutas é
chamado de “abolitio criminis”, porque acaba com certo crime que existia). Ora, temos uma lei nova em matéria penal e ela é
mais benéfica ao réu. Logo, poderá retroagir e impedirá que ele siga cumprindo pena por um fato que, agora, já não é mais
criminoso. 
Art. 5º, XLI, XLII, XLIII e XLIV - Práticas discriminatórias e crimes inafiançáveis

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático. 

detalhe relevante sobre o racismo, é o de que o crime será apenado com reclusão (e não detenção, como, por vezes, as bancas informam para lhe
confundir) – a diferença entre elas refere-se ao regime inicial de cumprimento de pena: na reclusão, é o fechado (que progride para o semiaberto ou
aberto); na detenção, o cumprimento da pena já começa no regime semiaberto ou no aberto).

o STF (em junho de 2019), no julgamento da ADO nº 26 , enquadrou homofobia e transfobia como crimes de racismo. Por maioria, a Corte reconheceu a
mora do Congresso Nacional para incriminar atos atentatórios a direitos fundamentais dos integrantes da comunidade LGBT. Os Ministros votaram pelo
enquadramento da homofobia e da transfobia como tipo penal definido na Lei do Racismo (Lei 7.716/1989) até que o Congresso Nacional edite uma lei
específica sobre a matéria. Por maioria, o Plenário aprovou a tese proposta pelo relator da ADO, ministro Celso de Mello, formulada em três pontos:

(i) Anistia: o Estado renuncia ao seu direito de punir determinados fatos. A anistia não é pessoal, direciona-se aos fatos. 
(ii) Graça: concedida pessoalmente, extingue diretamente a pena imposta em sentença judicial transitada em julgado. 
(iii) Indulto: ocorre da mesma forma que graça, porém é coletivo (e não individual). 
(iv) Competência para conceder anistia: privativa da União (art. 21, XVII), sempre por meio de lei federal com deliberação do Congresso Nacional (art. 48,
VIII). 
(v) Competência para conceder indulto (e graça): é ato discricionário do Presidente da República (art. 84, XII), podendo tal atribuição ser delegada aos
Ministros de Estado, PGR ou AGU (art. 84, parágrafo único).

BIZU!

- IMPRESCRITÍVEL E INAFIANÇÁVEL: RAÇÃO (Racismo e ação de grupos armados)

- INAF. e INSUSCETÍVEL DE GRAÇA/ANISTIA: HE-TTT (Crimes Hediondos, Tráfico,Terrorismo,Tortura)


Art. 5º, XLV – Intranscendência da pena (“personalização da pena” ou “princípio da instransmissibilidade da pena”)

Art. 5º, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio
transferido.

- Para ilustrar, pense que ‘A’ é um empresário criminoso muito rico que, ao ser condenado à pena de reclusão em regime inicial
fechado por 5 anos, faça uma oferta milionária a quem se dispuser a ir para a cadeia em seu lugar. Seria possível ‘A’ pagar para que
alguém cumpra sua própria pena? Evidente que não. Da mesma forma, suponha que ‘B’ tenha sido condenado por um gravíssimo crime a
pena de 10 anos de reclusão. Logo no início do cumprimento, ele vem a falecer. Seria possível exigirmos que algum familiar complete
essa pena de ‘B’, sendo encarcerado no lugar dele? A reposta também é negativa. E nos dois casos, a impossibilidade deriva desse
princípio da intranscendência da pena. 
- Por outro lado, no que se refere à obrigação de reparar o dano e à decretação do perdimento de bens, a regra é distinta, pois os
herdeiros, no limite do patrimônio por eles herdado, terão que arcar com essas obrigações (com essas penas que tem consequências
patrimoniais – tais como as multas, as indenizações e etc.) Assim, se ‘C’ faleceu deixando 100 contos de réis de patrimônio e um dever
de reparar o dano no valor de 80 contos, os filhos somente herdarão 20. Se o dever de reparar for de 120 contos, os filhos nada
herdarão (mas também não terão que tirar do patrimônio próprio os 20 contos faltantes, pois o montante a ser pago é de
responsabilidade do pai falecido e, pelo princípio, em estudo, não pode ser transferido a eles; eles só são responsáveis no limite do
patrimônio transferido).
Art. 5º, XLVI – Individualização da pena

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:


a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

- Individualizar a pena significa impor uma sanção condizente com a gravidade do fato e as características pessoais do
infrator. Quanto mais censurável for a conduta, mais gravosa será a pena imposta. Acaso o crime seja menos grave, a
pena poderá ser mais branda. 
Art. 5º, XLVII – Vedação de penas

XLVII - não haverá penas:


a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

O ponto mais cobrado referente a esse inciso é relativo à pena de morte. Nem mesmo a vida, pressuposto básico e elementar para a
fruição de todos os demais direitos, é absoluto. Portanto, nossa Constituição previu a gravosa pena de morte, mas admitindo-a, tão‐
somente, na hipótese de guerra formalmente declarada.

Quanto à vedação da pena de caráter perpétuo, cumpre informar que nosso Código Penal, no art. 75, sintonizado com essa
determinação constitucional, prevê que o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40
(quarenta) anos. Cumpre informar que, até 2019, tal prazo era de 30 anos. Foi a Lei 13.964/2019 (“Pacote Anticrime”) que ampliou o
tempo máximo de cumprimento de pena para 40 anos.
Art. 5º, XLVIII, XLIX, L, LXI, LXII, LXIII, LXIV, LXV, LXVI, LXXV – Direitos assegurados aos presos

XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de
amamentação; 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;  
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do
preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença. 

Em outubro de 2020, o CNJ editou a resolução 348 (posteriormente modificada pela Resolução 366/2021), estabelecendo “diretrizes e
procedimentos a serem observados pelo Poder Judiciário, no âmbito criminal, com relação ao tratamento da população lésbica, gay,
bissexual, transexual, travesti ou intersexo”. Na resolução, o Conselho determinou que pessoas condenadas devem ser levadas a
presídios e cadeias compatíveis com a autoidentificação de gênero que apresentam. Essa resolução permite, pois, que lésbicas,
gays, bissexuais, transexuais, travestis ou intersexo (LGBTI+) privados de liberdade possam cumprir suas penas em locais
adequados.

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