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Editora Com-Arte
Editora: Josiane Camacho Laurentino
Professores: Plínio Martins Filho e Ricardo Amadeo Júnior
Cristiana Passinato
Ebulições
Copyright © 2007 by Cristiana Passinato
Catalogação na publicação
Serviço de Biblioteca e Documentação
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
P288e
Passinato, Cristiana
Ebulições / Cristiana Passinato. - São Paulo:
COM-ARTE, 2007.
ISBN: 978-85-7166-085-4
1. Poesia - Brasil - Século 21 I. Título.
CDD 21.ed. – 869.15
Com-Arte
Editora Laboratório do Curso de Editoração
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
Departamento de Jornalismo e Editoração
Vinho
Cartas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Decepção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Identidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Não se prenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Íntimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Lamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Perseguição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Poetas podem morrer . . . . . . . . . . 34
Parada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Quer namorar, poeta? . . . . . . . . . . 37
Dono das letras . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Punhal afiado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Café
O algoz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Colcha de retalhos . . . . . . . . . . . . . . 45
Espera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Sentimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Antigo amor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Paixão vil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
O pranto da saudade . . . . . . . . . . . . 51
Sabes que estou aqui . . . . . . . . . . . . 52
Nada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Baú de letras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Mal súbito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Morfina
Realidades impossíveis . . . . . . . . . . 59
Novo amor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Quem sou eu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Perseguição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Samba de verdade . . . . . . . . . . . . . . 64
Pergaminho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Vento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Máscara . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Vontades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Quem não sente saudade? . . . . . . 70
Herança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Desejos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Meus erros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Metamorfose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Olhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
ÁGUA
Preciso de alguém
13
Preciso de um amigo
que também seja companheiro,
nas farras e pescarias,
nas guerras e alegrias,
e que no meio da tempestade,
grite em coro comigo:
“Nós ainda vamos rir muito disso tudo”,
e ria muito.
14
direito do homem
Suavizando o horror
vestindo suamente a dor
descortinando o amor.
16
medo do futuro
17
não consigo mais sonhar
Quando criança
tinha esperança
sonhava
imaginava.
Crescia e me via
cada dia mais linda
e mais bem sucedida.
18
inocência
No escuro da inocência
descoberto pela luz da ciência.
Instintos desmentidos
pelos atos desmedidos.
Grande vulcão
em eterna extinção.
Páginas viradas
de cartas marcadas.
Inocências mascaradas,
enfim, carnais formas encarnadas.
19
um dia
Ou consigo isso
ou desisto de viver.
Vegeto até morrer.
20
sobrevivente
Balas perdidas
de gente querendo apenas se dar bem?
21
vinho
Cartas
Escrevo cartas
inúmeras cartas ao vento
amor que não chegou a tempo
sem nem razão de ter acontecido.
25
Quanto mereço ainda sofrer desse amor que não tem fim
ao mesmo tempo não pode ocorrer
proibido e cativo
aqui dentro de mim?
26
decepção
27
identidade
28
não se prenda
A doçura da visão
da verdade sem limites
do amor que poderia vir
servido como comprimidos
em doses diárias.
O amor
não se deve temer
não se deve correr
não se teme a overdose.
Creia nele,
não fuja como criança
do bicho-papão
venha com tudo, sem amarras,
solte as asas
e voe para sempre.
29
íntimo
Lembro de um olhar,
de um brilho
da voz
do calor
sem ter sentido.
Sinto um vazio
difícil de ser preenchido.
Talvez nunca possa ser preenchido.
Doído,
amargo,
distante de ser curado.
Vem a indagação
será que algum dia
apagarei a luz
e não sentirei medo?
De fazer confidências
e poder viver todas elas?
Sem culpa de ser feliz?
31
lamentos
32
perseguição
Corro
por um socorro,
por um porto seguro
que apareça na minha frente.
Mas a gente
não se deu conta
do tempo que havia.
Sempre corria
e perdia,
que agonia de ver a saída.
A partida
desse trem
da sua vida
da minha
que se esvaía
sem sintonia
com a minha melodia.
33
poetas podem morrer
Navegante
viajante
diletante?
Pobre de ouro
mas pensava ser rica de boa-fé.
Elementos...
Amor
Paz
Amizade
Carinho.
Não!
Nunca
Falsidade
Maldade
Mentira
Má-fé.
Inconscientemente corremos
esbarramos com o tempo
remamos contra a maré.
Não respeitamos o nosso próprio tempo.
Para quê?
Para onde nós vamos?
O tempo é algo tão relativo...
Ansiosamente,
compulsivamente,
freneticamente.
Somos seres que pensamos,
porém não parece.
36
quer namorar, poeta?
37
dono das letras
Sou eu.
São palavras de uma alma.
Prova.
Verdade.
Jogo e brinco
elas se arrumam.
O som nasce.
A poesia cresce
em meu ser.
38
punhal afiado
Quem vence
na maioria das vezes
fecha-se,
não fala.
39
CAFÉ
O algoz
43
colcha de retalhos
Sensibilidade...
Está na pele,
no ar,
aquecendo meus momentos
de solidão.
Sonho...
Dormindo
ou acordando,
saio voando
em busca do clarão.
Vida...
sem isso
ou aquilo
é muito difícil
porque viver é um desafio.
45
espera
Seu colo,
esse é o que mais quero.
Só quero poder recostar
e de meu travesseiro fazer
minha paixão por ti.
Não me deixe
como tua Penélope,
pois tu não és meu Ulisses,
mas preciso de ti.
Só há um amor válido
o amor da renúncia.
Ás vezes utópico
não consegue sobreviver
não prevalece.
Sobra o egoísmo
mata o sentimento.
47
antigo amor
Bela mulher,
um desenho de menina.
Rosto, feição feminina.
Seus olhos não imaginavam
o que um dia viriam a querer.
48
Mal sabia ela
que seria somente usada.
Após desalmada
jogada pela janela.
Após a tragédia,
nada seria mais colorido
nunca mais haveria sorriso
nem mesmo um gracejo fazendo-lhe média.
49
paixão vil
Sou estopim,
viro cor de carmim,
quando zombam de mim.
Vá daqui,
sem nada nas mãos,
não volte com nada nos braços,
como aquele ramalhete de vis rosas rubras.
50
o pranto da saudade
Sem carinho
imagino
fantasio.
Chego a sentir
os beijos e carinhos
que me fazem surtar
queimar.
51
sabes que estou aqui
Só eu,
tua menina,
tua mulher.
52
nada
Estou me destilando
estou me purificando
derrentendo-me em saudade e poesia
sustentando meu amor mais intenso.
53
baú de letras
Esquecer de tudo
e só viver e lembrar.
Pegar as mágoas e jogar na latrina.
Unir pessoas com quem tivemos discussões, e resolver
abraçar e sonhar que esqueceu...
54
mal súbito
Pára tudo!
Sai fora!
Arrego!
Seu mal agouro,
sai do pensamento,
desejo insano, sem discernimento.
Canto
e assim
sinto-me segura.
55
MORFINA
Realidades impossíveis
Vontade de ver!
Ah! Como queria...
Como gostaria
que a saudade fosse maior
que me procurasse,
mesmo que pelo pensar,
e, enfim, poderia ter todo seu calor.
59
Inconseqüente, eu sei
mas, sim, eu merecia pelo menos
uma forma
de poder te mostrar
tudo que eu quero,
todo alcance do prazer
pois feliz te realizaria.
60
novo amor
Como sofrer
se tudo que fiz
foi querer um dia te ter
e fazer do som o amor?
Gosto assim,
quando você não diz
o que quer de mim.
Só me faz feliz.
Está difícil
eu me ver,
me reparar.
Reparar e detalhar.
Reparar e consertar.
62
perseguição
Corro
por um socorro,
por um porto seguro
que surja na minha frente.
Sempre corria
e perdia.
Quanto desespero
para encontrar a saída.
Comigo
com quem
por quê?
63
samba da verdade
Cadê a compreensão?
Cadê a criança?
Que tipo é essa de esperança
que tira todo pensar sem maldade?
Saudade é grande
tão imensa
que dá vontade de escrever um pergaminho
colocar numa garrafa
e jogar lá longe no mar.
Sim,
para ver se chega algum dia
a tempo, mas algum dia
lá do outro lado
de onde possa avistar o seu olhar.
Que na garrafinha
vá meu perfume
minha esperança
e meu amor.
Só quero poder
um dia mostrar
sem culpa
que te amo de verdade.
65
vento
Preciso como do ar
de um momento.
Minuto que esclareça
essa enorme desavença.
Voltar suspirando
vida sem despedidas.
66
Sou como o vento.
O Sol irradia
o doce calor
ardência dando alento
sombreando o dissabor.
67
máscara
Quero tirá-la,
mas dói.
Antes...
Muito tempo atrás?
Será?
Ela vai sair?
E me aleijar
aleijar o meu criar?
68
vontades
Quero ir embora
quero sair fora.
69
quem não sente saudade?
70
Sofrer disso tudo
é se eternizar
humanizar
marcar como mero mortal
levar os doces sentimentos
a fundo
mostrar que não é de pedra
e sim de carne e osso.
71
herança
Quando avisei
julgaste-me criança.
Quando acudi,
não viste meu esforço em auxiliar-te.
72
Enfim,
algo de bom deste-me:
tua força,
tua coragem,
teu senso de luta.
Quero-te bem
não quero tua herança
não quero teu rancor.
Quero um pouco mais
desejo-te algo maior
juízo.
73
desejos
74
meus erros
Quero me redimir
e não consigo.
Seria tão bom poder
não ter escrúpulos
e nem vergonhas.
75
metamorfose
O olhar embaçado
enquadrado pela janela
a chuva caindo
do céu cinza e escuro
demonstrando a tristeza do mundo.
A dor lateja
pois nunca podemos fazer
a dor virar afinal amor.
76
olhos
77
Título Ebulições
Autora Cristiana Passinato
Supervisão Plínio Martins Filho
Diagramação Josiane Camacho Laurentino
Produção editorial Josiane Camacho Laurentino
Capa Vanessa Sayuri Sawada
Ilustração da capa Vanessa Sayuri Sawada
Revisão de texto Josiane Camacho Laurentino
Formato 14 x 20 cm
Tipologia Sylfaen 11/15
Palatino Linotype 18/21
Papel Pólen Bold 90 g/m² (miolo)
Cartão Supremo 250 g/m² (capa)
Número de páginas 80
Tiragem 500 exemplares
Impressão Prol Editora Gráfica