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CÃES
Trabalho apresentado ao Prêmio de Pesquisa Waltham, promovido pela Éffem Produtos Alimentícios Inc. &
Cia.
São Paulo 1994
DIETA CALCULOLÍTICA NO TRATAMENTO DA LITÍASE URINÁRIA EM
CÃES
Edward Ludovicus Hellebrekers
aluno do 8º semestre do curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo
Orientadora: Profa. Assistente Márcia Mery Kogika
Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo
Edward Ludovicus Hellebrekers
aluno do 8º semestre do curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo
Endereço: Rua Dr. Joaquim Gomes de Souza, 65 (apto 12C )
Bonfiglioli
CEP 05596100
São Paulo SP
Telefone: (011) 489 4340
Orientadora: Profa. Assistente Márcia Mery Kogika
Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo
Endereço: Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo
Departamento de Clínica Médica
Av. Corifeu de Azevedo Marques, 2720
Butantan
CEP 05340000
São Paulo SP
Telefone: (011) 818 4246 / 818 4266
São Paulo, 25 de novembro de 1994
INTRODUÇÃO
A preconização de dietas específicas para o controle e prevenção das diferentes
doenças que acometem os cães e gatos tem representado, nos últimos tempos, um
importante papel no sucesso da terapia. A administração de quantidades adequadas dos
inúmeros fatores que, na sua totalidade, dificultam a estabilização e cura do quadro clínico.
população, no controle e tratamento das diferentes afecções, como por exemplo nas
doenças cardíacas e renais, na doença do trato urinário inferior dos felinos, na obesidade,
principalmente no Brasil, no que se refere às dietas que são capazes de dissolver ou
prevenir a formação de urólitos em cães e gatos.
parece ser multifatorial. Existe um número importante de ítens que devem ser considerados
como a idade, o sexo, a raça, o confinamento, a presença de infecção do trato urinário e
finalmente a dieta, que permite controlar a disponibilidade dos diversos elementos que
estão envolvidos na formação dos diferentes tipos de cálculos.
animais e apresenta uma maior incidência na espécie canina quando comparada à espécie
felina14.
Descrevese que a incidência destes cálculos varia de 0,4 a 2,0% entre todos os
casos clínicos observados na espécie canina. Os cálculos são compostos, na maioria das
vezes, de minerais e material orgânico, existindo a possibilidade desta composição ser
apenas representada por material mineral14.
ocorrem com maior freqüência nos cães e nos gatos. Outros cálculos como os de oxalato,
os de urato, como o urato amônio e urato de sódio, os de cistina e outros são relatados com
menor freqüencia5, 6, 8, 11, 13 e 14.
seguinte distribuição quanto à freqüência:
*Pode representar um resultado falso, pois há muitas falhas de análise dos minerais em relação
a este tipo de cálculo.
Os dados acima discutidos foram obtidos a partir de uma coletânea de dados de vários
autores12.
Quanto à incidência dos diversos tipos de cálculos na população canina, esta
pode sofrer influências de uma gama enorme de fatores como por exemplo a raça, pois
existem alguns tipos de cálculos que são mais freqüentes em algumas raças que são
predispostas a formarem determinados tipos de cálculo, ou ainda, alguns alimentos que
possam predispor à formação de um tipo específico de cálculo e também a influência do
manejo aplicado aos animais da região. Portanto, a incidência em relação à urolitíase pode
sofrer influência de acordo com o local em que estes dados forem compilados. Por este
motivo, os dados apresentados por diversos autores variam, mas de modo geral, todos
relacionam o cálculo de estruvita como sendo o mais freqüente, creditando que, na maioria
dos casos, a associação da terapia com dietas que auxiliam na dissolução dos mesmos
possa ser benéfica8 e 14.
É freqüente a localização dos cálculos na bexiga e com menor freqüência na
uretra, no uréter, ou na pelve renal. Quanto à idade, os animais podem apresentar os
cálculos em qualquer fase da vida, mas a sua ocorrência é maior entre os 3 e 7 anos de
idade, sendo a média de 5 anos. Alguns autores acreditam na possibilidade da
predisposição racial, mas quando estes índices de freqüência são calculados, raramente se
formação de cálculos são os Schnauzers miniatura, Yorkshire terrier, Welsh corgi, Lhasa
apso e o Pekingese14.
Dentre os tipos de cálculos, alguns são mais comuns em algumas raças, como é
o caso dos cálculos de estruvita, que são observados com freqüência em algumas famílias
de Schnauzers miniatura. Já os cálculos de cistina são relatados nos Dachshund, Basset
hound, Bulldog, Yorkshire terrier, Chihuahua, Irish terrier e animais sem raça definida 14.
Os cálculos de urato são mais freqüentes nos Dálmatas que sabidamente são
predispostos por apresentarem um menor metabolismo hepático do ácido úrico. Ainda, a
cálculos de urato, independentemente da raça. Os cálculos de oxalato, por sua vez, são
observados com maior freqüência nos Poodles miniatura e nos Schnauzers miniatura e
apesar de alguns autores descreverem como sendo estas raças as mais predispostas a este
tipo de cálculo, esta afirmação ainda é muito discutida14.
A predisposição sexual também é um fator considerado entre os pesquisadores
em relação ao tipo de cálculo encontrado. Os cálculos de estruvita são mais comuns entre
as fêmeas, já os cálculos de urato e de cistina são mais comuns entre os machos, sendo o de
cistina quase exclusivo de machos14.
FISIOPATOLOGIA DOS CÁLCULOS
A cristalúria em cães é um fenômeno normal, desde que estes precipitados
sólidos se mantenham em movimento constante juntamente com a urina. Mas, a partir do
momento que estes cristais não são movimentados, existe a predisposição à precipitação e à
formação de cálculos14.
Os cálculos, assim, terão importância clínica a partir do momento em que se
tornam maiores, dificultando o fluxo urinário através da uretra ou do ureter, permanecendo
retidos na bexiga ou na pelve renal podendo, ainda, obstruir totalmente a uretra ou o ureter,
ocasionado a retenção urinária e posterior uremia8 e 14.
levam a sua formação.
A primeira variável é a supersaturação da urina, que ocasiona a precipitação de
pequenos cristais, permitindo o crescimento dos mesmos até que se formem os cálculos. A
espontaneamente, sem a necessidade de uma superfície para a aderência, ou ainda, pode
ocorrer na dependência de uma superficie de aderência, sendo esta superfície representada
por qualquer estrutura estranha como células, bactérias, mucoproteínas ou até mesmo
sobre outros cristais, mas estas estruturas são raramente encontradas no interior dos
cálculos submetidos à análise8, 13 e 14.
Outro fator que também está envolvido na formação de cristais são as
substâncias promotoras e inibidoras da cristalização. As substâncias inibidoras na formação
dos cristais de oxalato no homem já foram individualmente identificadas e são elas os
destas substâncias como inibidoras não foi confirmado na espécie canina, mas sugerese
matrizes orgânicas também parece predispor à formação dos cristais, mas nada ainda foi
cientificamente comprovado14.
A terceira variável é a retenção urinária que, em decorrência da diminuição do
fluxo urinário da bexiga, favorece a precipitação de cristais e a formação dos cálculos, além
do fato de permitir a aderência dos cristais à superficie da mucosa e de eventuais estruturas
estranhas13 e 14.
Aliados a estes três principais fatores descritos, os processos inflamatórios da
vesícula urinária também devem ser considerados, assim como as alterações anatômicas da
parede da bexiga, como a presença de divertículos vesicais, que podem levar a adesão de
pequenas partículas que, em processo contínuo, acarretará na formação dos urólitos. Estes
dois processos devem ser sempre considerados e analisados, pois a presença dos mesmos é
creditada como causa da grande incidência dos casos recorrentes e a indicação do
tratamento cirúrgico para a correção anatômica da parede da bexiga pode contribuir no
controle desta afecção8, 11, 13 e 14.
No que tange às infecções urinárias e à presença de alguns tipos de cálculos,
parece existir um "ciclo vicioso", isto é, as infecções urinárias podem predispor à formação
de cálculos e, por outro lado, a presença de cálculos também pode predispor às infecções
urinárias.
disponibilidade de minerais, inevitavelmente levará ao desenvolvimento de urólitos.
TIPOS DE CÁLCULOS
1) Cálculo de estruvita
magnésiofosfato ou ainda cristais de apatita, são os mais freqüentemente observados tanto
na espécie canina como na felina, sendo compostos principalmente por magnésio, fósforo e
cálcio e podem ser encontrados sob duas formas, segundo a estrutura química:
4 4 2 10 4 3 2
MgNH PO 6H O ou Ca (PO CO OH)6(OH) *
(* forma de carbonato de apatita)
Os cálculos de estruvita são responsáveis por cerca de 50 a 75% dos casos de
urolitíase canina, sendo relatado que a raça mais acometida é o Schnauzer miniatura.
A urina da grande maioria dos cães apresenta supersaturação de cristais de
estruvita, sendo que os mesmos são freqüentemente encontrados nos sedimentos urinários
de cães sadios. Este grau de saturação urinária está na dependência de vários fatores, entre
excreção diária de magnésio, fósforo e cálcio. A abundância de proteínas de origem animal
formação de cálculos de estruvita. Alguns autores creditam que um dos principais fatores
determinantes para a formação de cristais e de cálculos de estruvita no trato urinário é o pH
urinário, sendo sempre associada à supersaturação da urina1, 4, 5, 6, 8, 11, 13 e 14.
O pH urinário influencia na concentração de amônio, uma vez que a secreção
de amônia à nivel tubular é regulada pela secreção de íons hidrogênio e, posteriormente, a
formação de amônio ocorre a partir da união de íons hidrogênio e de íons amônia.
3 4
( H + NH → NH +)
+ +
A formação de ortofosfatos trivalentes também é influenciada pelo pH urinário.
conseqüentemente, menor quantidade de ortofosfatos trivalentes está presente, resultando
em menor formação de cristais e cálculos de estruvita. O oposto também parece ser válido:
quantidade de ortofosfatos quaternários, prevalecendo a estrutura trivalente que é a forma
responsável pela formação de cristais e cálculos de estruvita13 e 14.
De acordo com o manejo alimentar a que os cães estão sendo submetidos, o
fornecimento apenas de dieta à base de proteína animal ( carne ) favorece a produção de
urina de pH baixo, que de certa forma, poderá apresentar ação protetora em relação ao
desenvolvimento deste tipo de urolitíase. Já naqueles animais que são alimentados com
proteína de origem vegetal, a alcalinização da urina pode ser favorecida, e portanto, a
predisposição à formação de cristais de estruvita pode ocorrer.
Um outro fator considerado de grande importância na formação de cálculos e
cristais de estruvita é a presença da urease que está presente com freqüência nas infecções
Proteus sp. A urease possui a propriedade de reagir com a molécula de uréia, formando a
amônia e o dióxido de carbono, esta amônia reage espontaneamente com a água formando
predomina a presença de maior quantidade da forma trivalente dos ortofosfatos, facilitando
a formação dos cálculos e cristais de estruvita, ou seja, diminuindo a solubilidade dos
cristais de estruvita. A formação de grande quantidade de amônio favorece a formação dos
cristais de magnésioamôniofosfato1, 13 e 14.
O carbonato de magnésio também se forma em grande quantidade decorrente a
este processo. O dióxido de carbono, formado após a ação da urease, reage com a água
proteína da dieta também parece influenciar a formação e a dissolução dos urólitos de
estruvita formados em decorrência da infecção. O catabolismo destas proteínas resulta na
formação de uréia; assim, a disponibilidade de amônio, de carbonato e do pH alcalino na
urina está na dependência da quantidade de uréia (substrato da urease) presente na urina
proveniente do catabolismo protéico. É interessante ressaltar que nos cães a presença da
urease parece ser freqüente nos casos de urolitíase, contrariamente ao que acontece nos
felinos, pois nesta espécie foram observados cálculos e cristais de estruvita, sem a
presença de infecção urinária por bactérias produtoras de urease13 e14.
A formação de cristais de estruvita sem a presença de infecção urinária nos
cães é discutida por alguns autores. Vários estudos sugerem que o fator metabólito ou o
dietético pode estar envolvido na gênese , mas ainda não há relatos que definam
exatamente a fisiopatologia da formação dos cálculos estéreis de estruvita. Observouse
que a formação dos cálculos ocorre em urina alcalina, mesmo na ausência de urease,
10 46 2
principalmente de hidroxiapatita ( [Ca (PO ) (OH )] ) e não do carbonato de apatita
que é o cálculo mais freqüentemente observado quando da presença da urease 5, 6, 7, 13 e 14.
A todos os fatores mencionados cabe somarmos o papel importante, também,
da concentração urinária. Os cães têm a capacidade de concentrar a urina duas vezes a
2
mais que o homem (1200 mOsm/kg H O) chegando a atingir a osmolalidade de 2400
2
mOsm/kg H O e os gatos têm o poder de concentrar a urina ainda mais, chegando a 3000
2
mOsm/kg H O. Portanto, quanto maior a concentração da urina, maior é a probabilidade
da formação de cristais e cálculos. Há autores que sugerem em relação aos gatos machos
castrados, que a ausência do hábito de demarcar o território favorece a retenção urinária e a
provável presença de maior concentração urinária, predispondo, assim, à formação dos
cálculos urinários. O mesmo também é sugerido aos animais que ingerem alimentos secos,
concentrada14.
O diagnóstico presuntivo dos cálculos de estruvita pode ser realizado através do
achado de cristais no sedimento urinário, ou através de exames radiográficos, onde estes
cálculos geralmente apresentam uma imagem radiopaca. Normalmente estes cálculos são
numerosos, mas o seu tamanho pode variar muito e, freqüentemente, estão acompanhados
de pH urinário alcalino.
Como o objetivo deste relato é suscitar as alternativas para o tratamento das
urolitíases através da sua dissolução, e não através da retirada dos mesmos pelo ato
cirúrgico, impossibilitanos, portanto, a análise analítica do cálculo, e assim, os achados
anteriormente citados tornamse importantes para o possível diagnóstico de suspeição do
tipo de cálculo, para que os procedimentos terapêuticos recomendados sejam adequados.
2) Cálculos de cistina
glomérulo e sempre que o animal apresentar cistinúria provavelmente existe uma falha na
reabsorção à nível tubular. Esta falha, na maioria das vezes, está acompanhada de
outros) , mas apenas a cistina parece ser a problemática desse distúrbio, pois ela é a única
insolúvel. Assim a cistina pode se precipitar na urina favorecendo a formação dos cálculos.
Nenhum outro distúrbio metabólico no organismo é detectado, pois os níveis séricos de
aumenta a síntese de cistina14.
A ocorrência dos cálculos de cistina varia de 3,5 a 27% dos casos de urolitíase
canina nos EUA, e parece estar relacionada à raça, já que os Dachshunds parecem
aproximadamente 5 anos. Provalvelmente este distúrbio na absorção tubular de cistina está
futuras2 e 14.
Na maioria das vezes, os cálculos de cistina se encontram na uretra e na bexiga
e raramente estão relacionados às infeçcões urinárias. São geralmente numerosos, de 10 a
50, e com diâmetro relativamente pequeno de aproximadamente 0,5cm 2.
apresentase alcalino, a dissolução dos cálculos de cistina pode ocorrer de forma gradativa,
por este motivo a dieta à base de proteína animal, que confere o desenvolvimento de um pH
urinário ácido, pode agravar o quadro.
Como auxílio no diagnóstico destas litíases, o exame radiográfico simples
pode revelar a presença de cálculos radiopacos, mas o ideal, aliado a este, é a visualização
dos cristais de cistina no sedimento urinário para o diagnóstico mais preciso, ou ainda,
através da pesquisa da presença da cistina, realizada através da cromatografia, mas este
método também pode indicar a presença dos outros aminoácidos dibásicos, não sendo,
portanto, específico para a cistina.
3) Cálculos de urato
A maioria dos cálculos de urato são formados por uratos de amônio, mas
existem também cálculos de ácido úrico e urato de sódio. Normalmente o urato proveniente
da degradação dos ácidos nucléicos é metabolizado pelo fígado através da ação da uricase
formando a alantoína, que sofre excreção renal e é altamente solúvel14 e 15.
Mas alguns cães, principalmente da raça Dálmata, apresentam ação reduzida da
alantoína, enquanto que os cães normais chegam a metabolizar 90% do ácido úrico. Além
da raça Dálmata, há outra condição que predispõe à formação dos cristais de urato de
amônio, que é a anastomose vascular do sistema porta, onde ocorre a redução na conversão
do ácido úrico em alantoína e da amônia para a uréia e, assim, são filtrados diretamente
pelos rins14 e 15.
Desta forma, os cães da raça Dálmata que se alimentam com grande quantidade
de proteína de origem animal apresentam urina ácida e portanto a excreção do ácido úrico e
cristais de urato de amônio, que são altamente insolúveis, desenvolvese a supersaturação
da urina. Se ocorre a fusão destas pequenas partículas, que é um acontecimento freqüente
devido à floculação excessiva, ocasionando assim a formação dos cálculos de urato de
amônio8, 9, 14 e 15.
sistema porta: o aumento da excreção de amônia e de ácido úrico na urina ocasiona a
floculação e, por conseguinte, a formação de cálculos, mas não se sabe ao certo se a falta
de glicosaminoglicanos leva à formação de cálculos ou se o uso de glicosaminoglicanos
serve apenas para prevenir a formação dos cálculos de urato de amônio14.
4) Cálculos de oxalato
Os cálculos de oxalato não são relatados com freqüência nos animais como são
descritos nos seres humanos, onde estes cálculos se encontram, preferencialmente, na pelve
vesícula urinária, acometendo na maioria dos casos os animais mais idosos14.
Em decorrência da maior incidência deste tipo de cálculo nos seres humanos, a
maioria dos estudos estão relatados nesta espécie. A presença da supersaturação do oxalato
de cálcio na urina nos seres humanos é relativamente normal, e assim, a formação dos
cálculos surge a partir do momento que ocorre a depleção dos fatores inibitórios da
cristalização do oxalato de cálcio. Outros fatores como as afecções que desenvolvem a
associado à supersaturação de oxalato de cálcio na urina14.
Nos cães a maioria dos casos são classificados como sendo processos de
origem idiopática. Hipóteses sugerem que talvez a presença de hiperabsorção de cálcio a
nível intestinal, ou mesmo os distúrbios no processo de filtração renal de cálcio, gerando
hipercalciúria, podem ser suscitados. Ainda, a má absorção de ácidos graxos no intestino,
com conseqüente aumento na absorção de oxalato, pode predispor à formação destes tipos
de cálculos8 e 14.
A precipitação de oxalato de cálcio ainda pode ocorrer sobre os cristais de
ácido úrico préformados. Os cristais de urato de sódio parecem, aparentemente, interagir
com os fatores inibitórios de cristalização do oxalato de cálcio. O ácido ribonucléico, o
sendo fatores inibitórios da cristalização, mas o mais importante inibidor da formação de
cálculos de oxalato de cálcio descrito nos cães parece estar representado pelo
glicosaminoglicano, sendo este normalmente presente na parede da bexiga dos cães14.
formação de cálculos por reterem pequenas partículas e permitir que as mesmas cresçam
com o decorrer do tempo.
esclarecido, até o presente momento, o motivo pelo qual esta predisposição ocorre14.
Os cálculos de oxalato de cálcio podem estar presentes tanto na urina ácida
como na urina de pH básico e, também, em casos raros de animais que apresentam o hábito
de mastigar folhas de ruibarbo (Rheum rhaponticum )4.
EXAME FÍSICO, SINAIS E SINTOMAS CLÍNICOS
Quatro são os principais meios semiólogicos utilizados durante o exame físico
importante observação em relação à atitude do animal, como a presença de polaquiúria,
incontinência urinária em decorrência à iscúria, hematúria, disúria e nos casos mais graves
de obstrução total da uretra, a presença da anúria. À inspeção indireta é possível obter
utilizado como meio complementar para o diagnóstico das urolitíases.
hipogástrica, pode evidenciar sensibilidade em nível da região dos rins ou dos ureteres, ou
mesmo da vesícula urinária. A presença de crepitação pode ser detectada quando os
cálculos forem múltiplos, sendo também possível palpar formações únicas, de consistência
dura. A palpação indireta também pode ser empregada durante o exame clínico do animal,
principalmente no sentido de se verificar a presença de cálculos ao nível da uretra, através
Portanto, é de suma importância que o exame clínico seja detalhado, pois em
situações graves como da presença de obstrução total da uretra, o cão pode desenvolver a
uremia, e medidas rápidas, tanto na realização de testes laboratoriais que avaliem a função
renal como medidas urgentes de intervenção cirúrgica, devem ser tomadas para que as
funções orgânicas retornem rapidamente ao normal. Em contrapartida, quando o exame
importantes, outras medidas de tratamento podem ser preconizadas, evitandose, assim,
todos os riscos que envolvem a cirurgia, a anestesia e o pósoperatório, que serão discutidas
nos próximos tópicos.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico das urolitíases em cães e gatos é baseado nos dados de anamnese
descrevem que os cálculos são achados radiográficos acidentais e que são acompanhados,
geralmente, de sintomatologia vaga como a polidipsia14.
Os principais sintomas a serem considerados para o diagnóstico das urolitíases
em cães é a presença de polaquiúria, disúria, incontinência urinária, hematúria e anúria nos
casos de obstrução total, e à palpação abdominal a presença, por exemplo, de sensibilidade
próxima à região da bexiga e dos rins, além da observação de concreções em nível da
vesícula urinária, que sugere a presença dos cálculos, ou mesmo, a presença de distensão
vesical nos casos, principalmente, de obstrução uretral14.
O exame radiográfico simples, normalmente, é considerado suficiente para a
com a utilização de substância à base de iodo, chamada de radiografia contrastada, que
pode ser realizada tanto através da uretrocistografia como pela urografia excretora.
No diagnóstico das urolitíses tornase imprescindível a identificação do tipo de
cálculo para que medidas adequadas, em relação ao tratamento, sejam preconizadas. A
idade, a raça, e o sexo do animal, associados aos sintomas clínicos, aos exames físico e
laboratoriais também contribuem sobremaneira no diagnóstico desta afecção.
Também a localização do cálculo merece especial atenção, uma vez que cerca
de 50 a 75% das litíases do trato urinário são representados pelos cálculos de estruvita, que
normalmente localizamse na vesícula urinária, dados estes que facilitam a definição do
diagnóstico14.
densidade radiográfica da formação que, como descrito anteriormente, poderá presumir o
tipo de cálculo. Devese levar em conta ainda o exame de urina, com especial atenção em
identificação dos mesmos. Se as bactérias são urease positiva, como o Staphylococcus
estruvita. Vale a pena ressaltar que as urolitíases por cálculos de urato de amônio podem
também estar acompanhados de infecção14.
observados no exame do sedimento urinário de cães.
TRATAMENTO
dependência do tipo de cálculo, tornandose de fundamental importância a identificação da
causa que acarretou a formação dos mesmos.
decorrência às alterações anatômicas da parede da bexiga, como a presença de divertículos,
o tratamento de eleição talvez seja a intervenção cirúrgica para a correção da alteração
anatômica, evitandose, assim, possíveis recidivas e nesta situação a retirada dos cálculos
estudos recentemente realizados na Universidade de Minnesota, este procedimento talvez
persistência de úraco regrediu quando o animal havia recuperado da cistite e da litíase, após
tratamento com dieta calculolítica e antibióticos (amoxacilina e ácido clavurônico)5 e 7.
Até recentemente, convencionalmente, os casos de urolitíase em cães foram
hidropropulsão. Nos seres humanos várias técnicas modernas são empregadas, como a
destruição dos cálculos através de descargas elétricas e a extração dos mesmo sem a
necessidade da realização de qualquer tipo de cirurgia, ou ainda, a destruição dos cálculos
por ondas de ultrasom, sendo estes retirados através da sucção realizada com o auxílio de
sonda, pela cistoscopia, ou mesmo, pela eliminação espontânea através da micção. Cabe
ressaltar que a técnica do ultrasom é capaz de fragmentar principalmente os pequenos
cálculos de estruvita, sendo que os maiores têm a ação do mesmo prejudicada por
apresentarem a superfície lisa. Apesar destes métodos serem excelentes, ainda são inviáveis
na medicina veterinária devido ao alto custo8 e 14.
Em cadelas, a técnica de retirada de cálculos através da cistoscopia parece ser
considerada como uma boa alternativa na retirada de pequenos cálculos, e no caso dos
facilitando assim, a retirada.
Em recentes estudos, vários autores recomendam a preconização do tratamento
evitandose todos os riscos que envolvem o ato cirúrgico, e que têm demonstrado como
sendo um excelente método para eliminação dos cálculos, principalmente os de estruvita
que representam cerca de 50 a 75% dos casos de urolitíase canina. Em relação aos cálculos
de urato de amônio, os animais provavelmente apresentam o problema ao longo de toda a
vida, tornando talvez necessária a realização de inúmeras cirurgias; assim, a instituição da
dieta para dissolução seguida da dieta para prevenção talvez seja a melhor opção para estes
cães.5, 8 e 14
É importante, antes da preconização de qualquer tipo de tratamento, definirmos
que não exista qualquer outro tipo de problema metabólico que favoreça a formação dos
cálculos, como talvez ocorra com os cálculos de oxalato.
É fundamental o esclarecimento que qualquer que seja o tratamento realizado, é
sentido de se previnir, assim, as recidivas.
1) Tratamento para os cálculos de cistina
A indicação de diuréticos e alcalinizantes da urina na terapia para dissolução
dos cálculos de cistina na medicina humana é recomendada, apesar de não existir relatos
favoráveis em relação ao tratamento na espécie canina.2 e 14
Nos cães o tratamento cirúrgico ainda é o mais recomendado, possibilitando,
desta forma, a confirmação do tipo de cálculo, permitindo, assim, a recomendação da dieta
preventiva, considerandose que o processo é duradouro, pois o problema está relacionado
freqüentes. Esta recidiva poderá ocorrer, no período de 1 ano, nos animais que não
mantiverem o tratamento preventivo, podendo acometer mesmo aqueles que estiverem
sendo submetidos à dieta preventiva.
No tratamento preventivo da cistinúria, a restrição na ingestão de metionina é
uma medida plausível, mas se esta restrição for prolongada, inúmeros efeitos no organismo
podem ser detectados, considerandose que a metionina é um aminoácido essencial.
A solubilidade da cistina na urina, apesar de pequena, é duas vezes maior em
pH próximo de 7,8 quando comparado ao pH 6,5 e, baseado neste fato, é que se recomenda
a prevenção, pois a restrição apenas de metionina só pode ser realizada por um curto
estruvita.14
diminuição da concentração de cistina. A adição de cloreto de sódio, na proporção de 1g
para cada 5kg de alimento, ou mesmo a administração de alimentos mais úmidos podem
minimizar a formação dos cálculos.2, 8 e 14
A utilização do disulfato de penicilamina pode auxiliar na redução da excreção
de cistina, pois esta se liga a cistina formando o complexo penicilaminacistinadisulfato
que se caracteriza por ser 50 vezes mais solúvel que a cistina. A dose recomendada é de 15
mg/kg, duas vezes ao dia, mas existe o inconveniente que 50% dos animais tratados podem
apresentar anorexia e vômitos. Com o intuito de se evitar este efeito colateral, recomenda
correta.14
2) Tratamento para os cálculos de oxalato
Antes da instituição de qualquer tratamento em relação aos cálculos de oxalato
devemos verificar se a etiologia do processo não está relacionada a outras causas como o
hiperparatiroidismo, a acidose tubular renal ou o hipertiroidismo. A avaliação sérica do
cálcio, fósforo, cloro e bicarbonato também é importante, pois estes dados podem auxiliar
no diagnóstico etiológico dos cálculos de oxalato.8, 10 e 14
Uma vez eliminada todas as hipóteses que podem induzir a formação dos
urólitos de oxalato no que se refere a este tipo de cálculo, ainda o tratamento cirúrgico é o
mais indicado. Infelizmente não se tem, atualmente, sucesso quando da preconização de
dietas calculolíticas, sendo o tratamento preventivo talvez o mais indicado para se evitar as
recidivas.8 e14
Uma das medidas preventivas constituese na diminuição da excreção de cálcio
hidroclorotiazida, na dose de 2 a 4 mg/kg de peso, duas vezes ao dia, mas a administração
prolongada pode diminuir a absorção intestinal de cálcio também, ocasionando deficit no
organismo.14
A administração de alcalinizantes também é uma outra medida recomendada
pois diminui a absorção de cálcio à nível intestinal por tornálo não ionizado e,
cistina, que inibe a formação dos cálculos de oxalato de cálcio, pois esta se liga ao cálcio,
diminuindo a possibilidade da ligação com o oxalato bloqueando a formação dos cálculos
de oxalato. O uso do citrato de potássio na dose de 5 a 20 mEq, três vezes ao dia, pode ser
indicado pelo fato da possibilidade deste composto ser capaz de desenvolver pH urinário
próximo de 7,0 a 7,5. Embora a ação da substância seja satisfatória ainda não se conhece os
efeitos colaterais.14
Paralelamente ao uso de diuréticos do grupo das tiazidas e dos alcalinizantes,
também neste caso é interessante aumentar a ingestão de água através da administração de
cloreto de sódio, ou para os animais cardiopatas somente através da ingestão de alimentos
mais úmidos, com o objetivo de manter a densidade urinária menor que 1,025.14
3) Tratamento para os cálculos de urato
A forma de tratamento para os cálculos de urato, como para qualquer tipo de
localização dos cálculos. Se os cálculos estão presentes na uretra provocando a obstrução
total, tratase neste caso de um quadro emergêncial, e se os urólitos estão localizados
somente na bexiga, a preconização de outras medidas terapêuticas tornase viável.
inicialmente a manobra de hidropropulsão pode ser indicada com a finalidade do retorno
do fluxo urinário uretral, e medidas mais drásticas como a uretrostomia pode ser adotada
em casos de insucesso após a realização da hidropropulsão.
Nos animais em que os cálculos se localizam na bexiga, não apresentando,
portanto, o comprometimento na eliminação da urina, a indicação da dieta calculolítica é
uma medida menos drástica, evitandose os riscos cirúrgicos e o pósoperatório que, na
grande maioria dos casos, o sucesso é incontestável quando se trata de cálculos de urato. A
dieta indicada para dissolução deste tipo de cálculo é constituída de baixos níveis de
proteína ou somente de proteína de alto valor biológico, com a finalidade única de diminuir
alcalinização da urina através da administração de bicarbonato de sódio, na dose de 1g para
cada 5 kg de alimento, pode auxiliar na diminuição da excreção de amônia e conseqüente
alcalinização14 e 16.
É importante evitar que o pH urinário atinja valores superiores a 7,0, pois na
presença deste pH pode ocorrer o risco na formação de fosfatos de cálcio que podem se
depositar sobre os cálculos de urato, prejudicando, assim, no processo de dissolução do
cálculo. A monitorização do pH urinário pelo proprietário parece ser benéfica durante o
tratamento com as substâncias alcalinizantes.
Rações comerciais formuladas para outros fins que apresentam baixos níveis de
proteína, indicada, por exemplo, para cães com severa disfunção renal e que não
apresentam acidificantes, são atualmente as mais indicadas para o tratamento dos cálculos
de urato.8, 14 e 16
Associado ao tratamento dietético, os inibidores da xantina oxidase, como o
alopurinol ou o oxipurinol também são indicados, pois estas substâncias atuam impedindo
a transformação da xantina e da hipoxantina em ácido úrico, diminuindo assim a excreção
urinária. Alguns autores alertam quanto ao uso prolongado destes fármacos, pois estes
podem inibir também novas sínteses de nucleotídeos; já outros autores afirmam que em
manifestaram efeitos colaterais. A dose indicada do medicamento é de 3 a 10 mg/kg de
peso, 3 vezes ao dia. O uso desta droga deve ser controlada quando da indicação em
pacientes com doença renal primária.8, 14 e 16
parece ser freqüente em conseqüência às alterações dos mecanismos de defesa local do
trato urinário. Essas alterações podem surgir devido ao trauma que os urólitos causam no
epitélio, ou mesmo em decorrência a caracterização vesical. Portanto, tornase importante
o diagnóstico, a prevenção e a erradicação das bactérias no momento em que se preconiza
o tratamento.8 e 14
A administração de cloreto de sódio ( 1g para cada 5kg de alimento ), bem
como a administração de dietas úmidas podem ser benéficas, pois efetivam a diluição da
urina e a freqüente diurese ( o ideal é que se mantenha a densidade urinária próxima a
1,025 ). Existe apenas a ressalva, principalmente em relação ao cloreto de sódio, deste ser
evitado nos animais com doença cardíaca.14
4) Tratamento para os cálculos de estruvita
cálculos de estruvita em cães. Como previamente citado, todos os fatores que predispoem à
formação dos cálculos devem ser identificados e tratados, para que o sucesso da terapia
seja efetiva. A recomendação do uso das dietas calculolíticas tem corroborado no sentido
de diminuir o período a que estes animais geralmente são submetidos à terapia, bem como
evitar medidas mais drásticas, como o ato cirúrgico, principalmente nos animais em estado
crítico.1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 12 e 14
Assim, de acordo com a gênese mais freqüente dos cálculos de estruvita,
tornase importante o controle da infecção do trato urinário, concomitantemente a qualquer
tipo de tratamento a ser preconizado, pois a presença da maioria dos cálculos de estruvita
parece estar relacionada à infecção por bactérias produtoras de urease1, 8, 14.
A administração de antibióticos de acordo com o antibiograma deve ser uma
medida recomendada. É importante ressaltar que deve ser obedecido do cálculo da dose
terapêutica para cada indivíduo, bem como o intervalo entre as administrações. Embora a
microorganismos ainda podem persistir em porções logo abaixo da superfície do cálculo e
o prematuro descontínuo da antibióticoterapia pode acarretar no insucesso do tratamento.
Alguns
demonstraram que o uso somente de antibióticos pode resultar na dissolução dos cálculos,
mas a resposta a essa terapia parece ser incerta e, quando positiva, o tempo de tratamento
necessário pode perdurar por meses e não semanas como é esperado quando da associação
da terapia com a dieta calculolítica.
A preconização da dieta calculolítica tem como objetivo principal reduzir a
assim, a disponibilidade de substrato para a formação dos cálculos. Este processo pode
cirúrgico, ou seja, todos aqueles riscos que envolvem o ato cirúrgico e a anestesia, bem
como os cuidados do póscirúrgico. Em casos onde a localização dos cálculos envolvem o
comprometimento das funções orgânicas, a exemplo das obstruções à nível de uretra ou
necessidade de intervenção rápida para se evitar a uremia. Assim, quando da presença do
cálculo somente na vesícula urinária e o animal não manifestar sintomas clínicos serevos,
talvez o melhor tratamento seja a associação com a dieta calculolítica8,14.
A dieta, portanto, além de auxiliar na dissolução do cálculo deve minimizar
todos os fatores que possam predispor à formação dos mesmo, como a diminuição da
quantidade de ortofosfatos orgânicos na forma trivalente, a diminuição da concentração de
magnésio, a diminuição da quantidade da uréia formada em conseqüencia à diminuição da
ingestão de proteína, e a tendência a não alcalinização da urina. Em suma, a dieta ideal
seria aquela com níveis baixos de fósforo, cálcio e magnésio, bem como de ser capaz de
induzir a acidificação urinária e de aumentar a ingestão de água, efeito este obtido através
da adição de cloreto de sódio na dieta. É muito importante que a esta composição, a
necessidade calórica dos animais seja mantida em torno de 70 kcal/Kg de peso vivo por
dia.4 e 14
formulações especiais que satisfazem todos os ítens anteriormente mencionados, a exemplo
da "Prescription Diet Canine s/d (Hills Pet Products)", como descrito no apêndice 1. No
Brasil ainda estas rações não são comercializadas e a formulação de dietas caseiras, na
portanto, que pode ser recomendados no tratamento da dissolução dos cálculos de estruvita
estão descritos nas formulações das dietas caseiras 1 e 2, como demonstrado nos apêndices
principalmente na dieta caseira 2, poderia favorecer a diminuição na absorção de fósforo à
nível intestinal.
As dietas calculolíticas devem ser oferecidas por no mínimo dois meses e o
acompanhamento do tratamento deve ser monitorizado através de exames radiográficos,
que podem revelar diminuição crescente do tamanho do cálculo ao longo do tratamento.
Uma vez os cálculos ausentes, é interessante que se mantenha a dieta por mais 2 semanas e,
talvez, substituíla pela dieta preventiva (Prescription Diet Canine c/d ), como descrito
no apêndice 4, pois a recidiva é freqüente.
monitorização também do pH urinário, sendo o ideal que este seja mantido ao redor de 6,5.
Além da mensuração do pH urinário, é recomendada que as urinálises, principalmente a
sedimentoscopia, e as uroculturas sejam realizadas periodicamente, se possível, para que se
tenha um controle efetivo do tratamento.
Normalmente, a administração somente da dieta calculolítica parece ser o
suficiente para que a urina mantenha o pH próximo ou menor que 6,5. Assim, descartase a
indicação do uso de acidificantes, mas nos casos em que o pH urinário não tenha atingido
acidificantes, e o cloreto de amônio parece ser o mais indicado para os cães, na dose de
200 mg/Kg 1, 14. A utilização de alguns acidificantes urinários pode tornarse inviável, pois
magnitude, pode até chegar a induzir um quadro sistêmico de acidose.
A indicação de inibidores da urease também é descrita no tratamento das
litíases por estruvita. O ácido acetohidroxâmico, inibidor da urease, pode ser administrado
na dose de 25 mg/Kg (dividido em 2 vezes ao dia), em altas doses esta substância pode
favorecer o aparecimento de anemia hemolítica, bem como alteraçãoes no metabolismo das
acetohidroxâmico pode ser recomendada na tentativa de dissolver os cálculos6, 8, 14.
A utilização das dietas comerciais e mesmo das caseiras, que possuem na
sua composição quantidades consideráveis de cloreto de sódio, deve ser evitada em animais
portadores de doença cardíaca, síndrome nefrótico e outros em que o quadro hipertensivo
prolongado. A dieta hipoprotéica também favorece o desenvolvimento da diurese, pois em
conseqüentemente o desenvolvimento de uma diurese obrigatória14.
Para o tratamento dos cálculos de estruvita estéreis, a recomendação mais
("Prescription Diet Canine s/d Hills Pet Products") e talvez com a associação de
acidificantes urinários, mas ainda esses dados encontramse em estudos. Antibióticos e
inibidores da urease são dispensados no tratamento deste tipo de cálculo.
relacionados ao uso das dietas calculolíticas no tratamento das litíases urinárias. Em
recente trabalho apresentado no XVI Congresso Brasilerio da ANCLIVEPA em Goiânia
caseira, principalmente a base de frango, arroz polido e sal (dieta caseira 2, apêndice 3 ),
cujos níveis de fósforo e magnésio são relativamente menores (segundo a tabela do
apêndice 5), tendo oscilado o tempo de tratamento até a cura do quadro clínico de 1 a 3
meses. Entre os 4 casos relatados, 1 destes apresentase ilustrado nas Figuras 1e 2.
Figura 1: Radiografia láterolateral de um cão da raça Poodle, de 6 anos de
idade, macho, apresentando multiplos cálculos radiopacos na vesícula urinária.
(Imagem gentilmente concedida pelo Serviço de Radiologia do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo)
Figura 2: Radiografia láterolateral de um cão da raça Poodle, de 6 anos de
idade, macho, após 75 dias de tratamento com dieta calculolítica ( dieta caseira 2, apêndice
3 ).
(Imagem gentilmente concedida pelo Serviço de Radiologia do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo)
Figura 3: Fotomicrografia eletrônica e óptica de cristais de magnésioamônio
fosfato.
(Fonte: Urine Crystals in Domestic Animals. A Laboratory Identification Guide Hill's)
Figura 4: Fotomicrografia eletrônica e óptica de cristais de urato de amônio.
(Fonte: Urine Crystals in Domestic Animals. A Laboratory Identification Guide Hill's)
Figura 5: Fotomicrografia eletrônica e óptica de cristais de oxalato de cálcio.
(Fonte: Urine Crystals in Domestic Animals. A Laboratory Identification Guide Hill's)
CONCLUSÃO
Portanto, face aos aspectos relatados e discutidos no presente estudo, torna
se importante ressaltar a participação da preconização da dieta calculolítica no tratamento
das litíases urinárias em cães, pois o tempo necessário de tratamento pode ser reduzido,
bem como indicado como uma alternativa no tratamento da litíase, que por muito tempo foi
diretamente relacionado ao tratamento cirúrgico. Assim, todos os riscos que supostamente
principalmente naqueles casos recidivantes e nos pacientes considerados de risco.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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16) Sorenson, J. L., Ling, G. V.. Diagnosis, prevention and treatment of urate urolithiasis in
Dalmatians. Journal of American Veterinary Medical Association, 203, pp 863869,
1993.
APÊNDICE 1
Prescription Diet Canine s/d (Hill's Pet Products)
APÊNDICE 2
Dieta Caseira 1 (4)
2,5 xícaras de arroz seco e instantâneo
1 onça de óleo de cozinha
2 ovos cozidos
1 colher das chá de sal de cozinha
2 Tums amassados (fonte de hidróxido de alumínio)
APÊNDICE 3
Dieta Caseira 2 (3)
1 medida de peito de frango
3 medidas de arroz cozido
sal (quantidade suficiente até tornálo ligeiramente salgado)
APÊNDICE 4
Prescription Diet Canine c/d (Hill's Pet Products)
Composição mineral de alguns alimentos utilizados na dieta caseira de cães, expresso em % de matéria seca no alimento in
natura e na matéria seca. Fonte: "United StatesCanadian Tables of Feed Composition ".