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DIETA CALCULOLÍTICA NO TRATAMENTO DA LITÍASE URINÁRIA EM 

CÃES

Trabalho apresentado ao Prêmio de Pesquisa Waltham, promovido pela Éffem Produtos Alimentícios Inc. &  
Cia.
São Paulo ­ 1994
DIETA CALCULOLÍTICA NO TRATAMENTO DA LITÍASE URINÁRIA EM 
CÃES

Edward Ludovicus Hellebrekers
aluno do 8º semestre do curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da 
Universidade de São Paulo
Orientadora: Profa. Assistente Márcia Mery Kogika
Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da 
Universidade de São Paulo

Edward Ludovicus Hellebrekers
aluno do 8º semestre do curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da 
Universidade de São Paulo

Endereço:  Rua Dr. Joaquim Gomes de Souza, 65 (apto 12­C )
Bonfiglioli 
CEP 05596­100
São Paulo ­ SP

Telefone: (011) 489 4340
Orientadora: Profa. Assistente Márcia Mery Kogika
Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da 
Universidade de São Paulo

Endereço: Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo
Departamento de Clínica Médica
Av. Corifeu de Azevedo Marques, 2720
Butantan
CEP 05340­000
São Paulo ­ SP

Telefone: (011) 818 4246 / 818 4266
São Paulo, 25 de novembro de 1994

INTRODUÇÃO

A preconização de  dietas específicas para o controle e prevenção das diferentes 

doenças   que   acometem   os   cães   e   gatos   tem   representado,   nos   últimos   tempos,   um 

importante papel no sucesso da terapia. A administração de quantidades adequadas dos 

diversos   elementos  permite   um   melhor   controle  durante   o   tratamento,  minimizando   os 

inúmeros fatores que, na sua totalidade, dificultam a estabilização e cura do quadro clínico.

Vários   são   os   diferentes   tipos   de   dietas   reconhecidas   atualmente,   pela 

população,   no   controle   e   tratamento   das   diferentes   afecções,   como   por   exemplo   nas 

doenças cardíacas e renais, na doença do trato urinário inferior dos felinos, na obesidade, 

nas   hepatopatias   e   nos   processos   digestivos;   entretanto,   pouco   ainda   é   relatado, 

principalmente   no   Brasil,   no   que   se   refere   às   dietas   que   são   capazes   de   dissolver   ou 

prevenir a formação de urólitos em cães e gatos.

Quanto  ao  aspecto etiológico, a  formação  dos   cálculos na  vesícula  urinária 

parece ser multifatorial. Existe um número importante de ítens que devem ser considerados 

como a idade, o sexo, a raça, o confinamento, a presença de infecção do trato urinário e 

finalmente a dieta, que permite controlar a disponibilidade dos diversos elementos que 

estão envolvidos na formação dos diferentes tipos de cálculos.

A   urolitíase   é   um   quadro   relativamente   freqüente   na   clínica   de   pequenos 

animais e apresenta uma  maior incidência na espécie canina quando comparada à espécie 

felina14.

Descreve­se que a incidência destes cálculos varia de 0,4 a 2,0% entre todos os 

casos clínicos observados na espécie canina. Os cálculos são compostos, na maioria das 

vezes,  de  minerais  e  material  orgânico,  existindo  a  possibilidade  desta  composição  ser 
apenas representada por material mineral14.

Entre   os   diversos   tipos   de   cálculos,   os   chamados   de   estruvita   são   os   que 

ocorrem com maior freqüência nos cães e nos gatos. Outros cálculos como os de oxalato, 

os de urato, como o urato amônio e urato de sódio, os de cistina e outros são relatados com 

menor freqüencia5, 6, 8, 11, 13 e 14.

  Segundo   vários   autores,   os   diversos   tipos   de   cálculos   podem   apresentar   a 

seguinte distribuição quanto à freqüência:

Tipos de cálculos: Estruvita  Urato Cistina  Oxalato* Outros

Freqüência:          63%   6%   15%       9%         3%

*Pode representar um resultado falso, pois há muitas falhas de análise dos minerais em relação 
a este tipo de cálculo.
Os   dados   acima   discutidos   foram   obtidos   a   partir   de   uma   coletânea   de   dados   de   vários 
autores12.

Quanto à incidência dos diversos tipos de cálculos na população canina, esta 

pode sofrer influências de uma gama enorme de fatores como por exemplo a   raça, pois 

existem   alguns   tipos   de   cálculos   que   são   mais   freqüentes   em   algumas   raças   que   são 

predispostas a formarem determinados tipos de cálculo, ou ainda, alguns alimentos que 

possam  predispor à formação de um tipo específico de cálculo e também a influência do 

manejo aplicado aos animais da região. Portanto, a incidência em relação à urolitíase pode 

sofrer influência de acordo com o local em que estes dados forem compilados.   Por este 

motivo,   os   dados   apresentados  por   diversos   autores  variam,  mas de  modo  geral,  todos 

relacionam o cálculo de estruvita como sendo o mais freqüente, creditando que, na maioria 

dos casos, a associação da terapia com dietas que auxiliam na dissolução dos mesmos 

possa ser benéfica8 e 14.

É freqüente a localização dos cálculos na bexiga e com menor freqüência na 

uretra,   no   uréter,   ou   na   pelve   renal.   Quanto   à   idade,   os   animais   podem   apresentar   os 

cálculos em qualquer fase da vida, mas a sua ocorrência é maior entre os 3 e 7 anos de 
idade,   sendo   a   média   de   5   anos.   Alguns   autores   acreditam   na   possibilidade   da 

predisposição racial, mas quando estes índices de freqüência são calculados, raramente se 

considera   a   representação   em   relação   ao   número   de   animais   daquela   raça   naquela 

população;  assim,  este  dado pode sofrer influência  da popularidade  da raça  na região, 

induzindo   ao   erro.   No   geral,   as   raças   apontadas   como   sendo   as   mais   predispostas   à 

formação de cálculos são os Schnauzers miniatura, Yorkshire terrier, Welsh corgi, Lhasa 

apso e o Pekingese14. 

Dentre os tipos de cálculos, alguns são mais comuns em algumas raças, como é 

o caso dos cálculos de estruvita, que são observados com freqüência em algumas famílias 

de Schnauzers miniatura. Já os cálculos de cistina são relatados nos Dachshund, Basset 

hound, Bulldog, Yorkshire terrier, Chihuahua, Irish terrier e animais sem raça definida 14. 

Os cálculos de urato são mais freqüentes nos Dálmatas que sabidamente são 

predispostos por apresentarem um menor metabolismo hepático do ácido úrico. Ainda, a 

presença   da   anastomose   vascular   do   sistema   porta   também   predispõe   à   formação   de 

cálculos de urato, independentemente da raça. Os cálculos de oxalato, por sua vez, são 

observados com maior freqüência nos Poodles miniatura e nos Schnauzers miniatura e 

apesar de alguns autores descreverem como sendo estas raças as mais predispostas a este 

tipo de cálculo, esta afirmação ainda é muito discutida14.

A predisposição sexual também é um fator considerado entre os pesquisadores 

em relação ao tipo de cálculo encontrado. Os cálculos de estruvita são mais comuns entre 

as fêmeas, já os cálculos de urato e de cistina são mais comuns entre os machos, sendo o de 

cistina quase exclusivo de machos14.

FISIOPATOLOGIA DOS CÁLCULOS

A cristalúria em cães é um fenômeno normal, desde que estes precipitados 

sólidos se mantenham em movimento constante juntamente com a urina. Mas, a partir do 
momento que estes cristais não são movimentados, existe a predisposição à precipitação e à 

formação de cálculos14.

Os cálculos, assim, terão importância clínica a partir do momento em que  se 

tornam maiores, dificultando o fluxo urinário através da uretra ou do ureter, permanecendo 

retidos na bexiga ou na pelve renal podendo, ainda, obstruir totalmente a uretra  ou o ureter, 

ocasionado a retenção urinária e posterior uremia8 e 14.

Independentemente   do   tipo   de   cálculo,   são   três   as   principais   variáveis   que 

levam a sua formação. 

A primeira variável é a supersaturação da urina, que ocasiona a precipitação de 

pequenos cristais, permitindo o crescimento dos mesmos até que se formem os cálculos. A 

precipitação   pode   ocorrer   de   forma   chamada   lábil,   na   qual   o   processo   desenvolve­se 

espontaneamente, sem a necessidade de uma superfície para a aderência, ou ainda, pode 

ocorrer na dependência de uma superficie de aderência, sendo esta superfície representada 

por   qualquer   estrutura   estranha   como   células,   bactérias,   muco­proteínas   ou   até   mesmo 

sobre   outros   cristais,   mas   estas   estruturas   são   raramente   encontradas   no   interior   dos 

cálculos submetidos à análise8, 13 e 14. 

Outro   fator   que   também   está   envolvido   na   formação   de   cristais   são   as 

substâncias promotoras e inibidoras da cristalização. As substâncias inibidoras na formação 

dos cristais de oxalato no homem já foram individualmente identificadas e são elas os 

citratos,   pirofosfatos,   ácido   ribonucleico,   e   glicosaminaglicanos.   Infelizmente,   o   papel 

destas substâncias como inibidoras não foi confirmado na espécie canina, mas sugere­se 

que algumas substâncias   com estas propriedades possam   existir, pois na ausência das 

mesmas   ocorre   a   formação,   mais   rapidamente,   de   cristais   de   oxalato.   A   presença   de 

matrizes orgânicas também parece predispor à formação dos cristais, mas nada ainda foi 

cientificamente comprovado14.

A terceira variável é a retenção urinária que, em decorrência da diminuição do 

fluxo urinário da bexiga, favorece a precipitação de cristais e a formação dos cálculos, além 

do fato de permitir a aderência dos cristais à superficie da mucosa e de eventuais estruturas 
estranhas13 e 14. 

Aliados a estes três principais fatores descritos, os processos inflamatórios da 

vesícula urinária também devem ser considerados, assim como as alterações anatômicas da 

parede da bexiga, como a presença de divertículos vesicais, que podem levar a adesão de 

cristais  e  favorecer posteriormente a  formação dos cálculos por  permitir o depósito de 

pequenas partículas que, em processo contínuo, acarretará na formação dos urólitos. Estes 

dois processos devem ser sempre considerados e analisados, pois a presença dos mesmos é 

creditada   como   causa   da   grande   incidência   dos   casos   recorrentes   e   a   indicação   do 

tratamento cirúrgico para a correção anatômica da parede da bexiga pode contribuir no 

controle desta afecção8, 11, 13 e 14. 

No que tange às infecções urinárias e à presença de alguns tipos de cálculos, 

parece existir um "ciclo vicioso", isto é, as infecções urinárias podem predispor à formação 

de cálculos e, por outro lado, a presença de cálculos também pode predispor às infecções 

urinárias.

Assim,   a   presença   de   todos   estes   fatores   predisponentes,   aliada   à 

disponibilidade de minerais, inevitavelmente levará ao desenvolvimento de urólitos.

TIPOS DE CÁLCULOS 

1­) Cálculo de estruvita

Os   cálculos   de   estruvita,   também   conhecidos   como   cristais   de   amônio­

magnésio­fosfato ou ainda cristais de apatita, são os mais freqüentemente observados tanto 

na espécie canina como na felina, sendo compostos principalmente por magnésio, fósforo e 

cálcio   e   podem   ser   encontrados   sob   duas   formas,   segundo   a   estrutura   química:
4 4 2 10 4 3 2
MgNH PO  6H O  ou  Ca (PO CO OH)6(OH) *

(* forma de carbonato de apatita)
Os cálculos de estruvita são responsáveis por cerca de 50 a 75% dos casos de 

urolitíase canina, sendo relatado que a raça mais acometida é o Schnauzer miniatura.

A urina da grande maioria dos cães apresenta supersaturação de cristais de 

estruvita, sendo que os mesmos são freqüentemente encontrados nos sedimentos urinários 

de cães sadios. Este grau de saturação urinária está na dependência de vários fatores, entre 

eles     o   equilíbrio   metabólico,   a   absorção   gastro­intestinal   dos   elementos,   a   dieta   e   a 

excreção diária de magnésio, fósforo e cálcio. A abundância de proteínas de origem animal 

na   alimentação,   que   são   ricas   em   ortofosfatos   e   magnésio,   influencia   positivamente   a 

formação de cálculos de estruvita. Alguns autores creditam que um dos principais fatores 

determinantes para a formação de cristais e de cálculos de estruvita no trato urinário é o pH 

urinário, sendo sempre associada à supersaturação da urina1, 4, 5, 6, 8, 11, 13 e 14.

O pH urinário influencia na concentração de amônio, uma vez que a secreção 

de amônia à nivel tubular é regulada pela secreção de íons hidrogênio e, posteriormente, a 

formação de amônio ocorre a partir da união de íons hidrogênio e de íons amônia.
3 4
  ( H  + NH  → NH +)
+ +

A formação de ortofosfatos trivalentes também é influenciada pelo pH urinário. 

Estas   substâncias   exercem   papel   importante   na   formação   de   cristais   e   de   cálculos   de 

estruvita,   pois   na   presença   de   pH   baixo   a   concentração   de   amônio   é   maior     e, 

conseqüentemente, menor quantidade de ortofosfatos trivalentes está presente, resultando 

em menor formação de cristais e cálculos de estruvita. O oposto também parece ser válido: 

em   pH   urinário   básico,   menor   é   a   quantidade   de   amônio   presente   na   urina,   menor   a 

quantidade de ortofosfatos quaternários, prevalecendo a estrutura trivalente que é a forma 

responsável pela formação de cristais e cálculos de estruvita13 e 14.

De acordo com o manejo alimentar a que os cães estão sendo submetidos, o 

fornecimento apenas de dieta à base de proteína animal ( carne ) favorece a produção de 

urina de pH baixo, que de certa forma, poderá apresentar ação protetora em relação ao 

desenvolvimento deste tipo de urolitíase. Já naqueles animais que são alimentados com 
proteína  de origem  vegetal, a alcalinização  da urina pode ser  favorecida, e portanto, a 

predisposição à formação de cristais de estruvita pode ocorrer.

Um outro fator considerado de grande importância na formação de cálculos e 

cristais de estruvita é a presença da urease que está presente com freqüência nas infecções 

bacterianas do trato urinário, principalmente por bactérias como o  Staphyococcus sp  e o 

Proteus  sp. A urease possui a propriedade de reagir com a molécula de uréia, formando a 

amônia e o dióxido de carbono, esta amônia reage espontaneamente com a água formando 

o   amônio   e   íons   hidroxila   que,   conseqüentemente,   tornarão   a   urina   alcalina   e,   assim, 

predomina a presença de maior quantidade da forma trivalente dos ortofosfatos, facilitando 

a formação dos cálculos e cristais de estruvita, ou seja, diminuindo a solubilidade dos 

cristais de estruvita. A formação de grande quantidade de amônio favorece a formação dos 

cristais de magnésio­amônio­fosfato1, 13 e 14. 

O carbonato de magnésio também se forma em grande quantidade decorrente a 

este processo. O dióxido de carbono, formado após a ação da urease, reage com a água 

formando   o   ácido   carbônico   que   posteriormente   dissocia­se   em   íon   hidrogênio   e 

bicarbonato,   e   este   bicarbonato   perdendo   um   próton   transforma­se   em   carbonato, 

facilitando,   agora,   a   formação   dos   cristais   de   carbonato   de   apatita.   A   quantidade   de 

proteína da dieta também parece influenciar a formação e a dissolução dos urólitos de 

estruvita formados em decorrência da infecção. O catabolismo destas proteínas resulta na 

formação de uréia; assim, a disponibilidade de amônio, de carbonato e do pH alcalino na 

urina está na dependência da quantidade de uréia (substrato da urease) presente na urina 

proveniente do catabolismo protéico. É interessante ressaltar que nos cães a presença da 

urease parece   ser freqüente nos casos de urolitíase, contrariamente ao que acontece nos 

felinos,   pois   nesta   espécie   foram     observados   cálculos   e   cristais   de   estruvita,   sem   a 

presença de infecção urinária por bactérias produtoras de urease13 e14.

  A formação de cristais de estruvita sem a presença de infecção urinária nos 

cães é discutida por alguns autores. Vários estudos sugerem que o fator metabólito ou o 

dietético   pode   estar   envolvido   na   gênese   ,   mas   ainda   não   há   relatos   que   definam 
exatamente a fisiopatologia da formação dos   cálculos estéreis de estruvita. Observou­se 

que   a   formação   dos   cálculos   ocorre   em   urina   alcalina,   mesmo   na   ausência   de   urease, 
10 46 2  
principalmente de hidroxi­apatita ( [Ca (PO ) (OH )] ) e não do carbonato de apatita 

que é o cálculo mais freqüentemente observado quando da presença da urease 5, 6, 7, 13 e 14.

A todos os fatores mencionados cabe somarmos o papel importante, também, 

da concentração urinária. Os cães têm a capacidade de concentrar a urina duas vezes a 
2
mais que  o homem (1200 mOsm/kg H O) chegando a atingir a osmolalidade de 2400 
2
mOsm/kg H O e os gatos têm o poder de concentrar a urina ainda mais, chegando  a 3000 
2
mOsm/kg H O.   Portanto, quanto maior a concentração da urina, maior é a probabilidade 

da formação de cristais e cálculos. Há autores que sugerem em relação aos gatos machos 

castrados, que a ausência do hábito de demarcar o território favorece a retenção urinária e a 

provável presença de maior concentração urinária, predispondo, assim, à formação dos 

cálculos urinários. O mesmo também é sugerido aos animais que ingerem alimentos secos, 

pois   a   ingestão   de   menor   quantidade   de   água   favorece   o   aparecimento   de   urina   mais 

concentrada14.

O diagnóstico presuntivo dos cálculos de estruvita pode ser realizado através do 

achado de cristais no sedimento urinário, ou através de exames radiográficos, onde estes 
cálculos geralmente apresentam uma imagem radiopaca. Normalmente estes cálculos são 

numerosos, mas o seu tamanho pode variar muito e, freqüentemente, estão acompanhados 

de  pH urinário alcalino. 

Como o objetivo deste relato é suscitar as alternativas para o tratamento das 

urolitíases   através   da   sua   dissolução,   e   não   através   da   retirada   dos   mesmos   pelo   ato 

cirúrgico, impossibilita­nos, portanto, a análise analítica do cálculo, e assim, os achados 

anteriormente citados tornam­se importantes para o possível diagnóstico de suspeição do 

tipo de cálculo, para que os procedimentos terapêuticos recomendados sejam  adequados.
2­) Cálculos de cistina

Os   cães   normalmente   reabsorvem   cerca   de     97%   da   cistina   filtrada   pelo 

glomérulo e sempre que o animal apresentar cistinúria provavelmente existe uma falha na 

reabsorção   à   nível   tubular.   Esta   falha,   na   maioria   das   vezes,   está   acompanhada   de 

deficiências   na   reabsorção   de   outros   aminoácidos,   os   considerados   di­básicos   (lisina   e 

outros) , mas apenas a cistina parece ser  a problemática desse distúrbio, pois ela é a única 

insolúvel. Assim a cistina pode se precipitar na urina favorecendo a formação dos cálculos. 

Nenhum outro distúrbio metabólico no organismo é detectado, pois os níveis séricos de 

cistina   estão mantidos  a  níveis  normais,  em  decorrência da  compensação hepática que 

aumenta a síntese de cistina14.

A ocorrência dos cálculos de cistina varia de 3,5  a 27% dos casos de urolitíase 

canina   nos   EUA,   e   parece   estar   relacionada   à   raça,   já   que   os   Dachshunds   parecem 

apresentar   uma   certa   predisposição.   A   idade   média   dos   animais   acometidos   é 

aproximadamente 5 anos. Provalvelmente este distúrbio na absorção tubular de cistina está 

relacionado   à   um   gene   autossômico   e   recessivo,   que   pode   ser   transmitido   às   gerações 

futuras2 e 14.

Na maioria das vezes, os cálculos de cistina se encontram na uretra e na bexiga 

e raramente estão relacionados às infeçcões urinárias. São geralmente numerosos, de 10 a 

50, e com diâmetro relativamente pequeno de aproximadamente 0,5cm  2.

Os   cálculos   de   cistina   são   insolúveis,   mas   o   pH   urinário   pode   exercer 

influência,   apesar   de   pequena,   na   dissolução   deste   tipo   de   cálculo.   Se   o   pH   urinário 

apresenta­se alcalino, a dissolução dos cálculos de cistina pode ocorrer de forma gradativa, 

por este motivo a dieta à base de proteína animal, que confere o desenvolvimento de um pH 

urinário ácido,  pode agravar o quadro.

Como auxílio no diagnóstico destas litíases, o exame radiográfico simples 

pode revelar a presença de cálculos radiopacos, mas o ideal, aliado a este, é a visualização 

dos cristais de cistina no sedimento urinário para o diagnóstico mais preciso, ou ainda, 
através da pesquisa da presença da cistina, realizada através da cromatografia, mas este 

método também pode indicar a presença dos outros aminoácidos di­básicos, não sendo, 

portanto, específico para a cistina.
3­) Cálculos de urato

A   maioria   dos   cálculos   de   urato   são   formados   por   uratos   de   amônio,   mas 

existem também cálculos de ácido úrico e urato de sódio. Normalmente o urato proveniente 

da degradação dos ácidos nucléicos é metabolizado pelo fígado através da ação da uricase 

formando a alantoína, que sofre excreção renal e é altamente solúvel14 e 15.

Mas alguns cães, principalmente da raça Dálmata, apresentam ação reduzida da 

enzima   em nivel hepático, e  só cerca de   30 a 40%  do ácido  úrico  é   convertido em 

alantoína, enquanto que os cães normais chegam a metabolizar 90% do ácido úrico. Além 

da raça Dálmata, há outra condição que predispõe à formação dos cristais de urato de 

amônio, que é a anastomose vascular do sistema porta, onde ocorre a redução na conversão 

do ácido úrico em alantoína e da amônia para a uréia e, assim, são filtrados diretamente 

pelos rins14 e 15.

Desta forma, os cães da raça Dálmata que se alimentam com grande quantidade 

de proteína de origem animal apresentam urina ácida e portanto a excreção do ácido úrico e 

da   amônia   está   aumentada.   Conseqüentemente   à   formação   de   grandes   quantidades   de 

cristais de urato de amônio, que são altamente insolúveis, desenvolve­se a supersaturação 

da urina. Se ocorre a fusão destas pequenas partículas, que é um acontecimento freqüente 

nas   urinas   supersaturadas,   há   a   formação   de   agregados   esféricos   de   urato   de   amônio, 

devido à floculação excessiva, ocasionando assim a formação dos cálculos de urato de 

amônio8, 9, 14 e 15.

O   mesmo   ocorre   com   os   animais   que   apresentam   anastomose   vascular   do 

sistema porta: o aumento da excreção de amônia e de ácido úrico na urina ocasiona a 

supersaturação     e   conseqüente   formação   dos   cálculos8   e   14.   Os   glicosaminoglicanos 

presentes   na   parede   da   vesícula   urinária   aparentemente   parecem   previr   a   formação   de 

floculação e, por conseguinte, a formação de cálculos, mas não se sabe ao certo se a falta 

de glicosaminoglicanos leva à formação de cálculos ou se o uso de glicosaminoglicanos 
serve apenas para prevenir a formação dos cálculos de urato de amônio14. 

4­) Cálculos de oxalato

Os cálculos de oxalato não são relatados com freqüência nos animais como são 

descritos nos seres humanos, onde estes cálculos se encontram, preferencialmente, na pelve 

renal,  enquanto que nos  cães,  se  ocorrerem, a  localização mais freqüente é a nível  de 

vesícula urinária, acometendo na maioria dos casos os animais mais idosos14.

Em decorrência da maior incidência deste tipo de cálculo nos seres humanos, a 

maioria dos estudos estão relatados nesta espécie. A presença da  supersaturação do oxalato 

de cálcio na urina nos seres   humanos é relativamente normal, e assim, a formação dos 

cálculos   surge   a   partir   do   momento   que   ocorre   a   depleção   dos   fatores   inibitórios   da 

cristalização do oxalato   de cálcio. Outros fatores como as afecções que desenvolvem a 

diminuição   da   freqüência   na   micção   podem     permitir   a   precipitação   dos   cristais   e   a 

formação   do   cálculo,   bem   como   a   presença   de   hipercalciúria,   cujo   mecanismo   estaria 

associado à super­saturação de oxalato de cálcio na urina14.

Nos   cães     a   maioria   dos   casos   são   classificados   como   sendo   processos   de 

origem idiopática. Hipóteses sugerem que talvez a presença de hiperabsorção de cálcio a 

nível intestinal, ou mesmo os distúrbios no processo de filtração renal de cálcio, gerando 

hipercalciúria, podem ser suscitados. Ainda, a má absorção de ácidos graxos no intestino, 

com conseqüente aumento na absorção de oxalato, pode predispor à formação  destes tipos 

de  cálculos8 e 14. 

A precipitação de oxalato de cálcio ainda pode ocorrer sobre os cristais de 

ácido úrico pré­formados. Os cristais de urato de sódio parecem, aparentemente, interagir 

com os fatores inibitórios de cristalização do oxalato de cálcio. O ácido ribonucléico, o 

glicosaminoglicano,   o   magnésio,   o   citrato   e   o   pirofosfato   já   foram   identificados   como 

sendo fatores inibitórios da cristalização, mas o mais importante inibidor da formação de 

cálculos   de   oxalato   de   cálcio   descrito   nos   cães   parece   estar   representado   pelo 
glicosaminoglicano, sendo este normalmente presente na parede da bexiga dos cães14. 

Anomalias   anatômicas   na   bexiga   também   são   fatores   que   predispõem   à 

formação de cálculos por reterem pequenas partículas e permitir que as mesmas cresçam 

com o decorrer do tempo.

As   raças   que   parecem   ser   descritas   como   predispostas   a   desenvolverem   os 

cálculos   de   oxalato   de   cálcio   são   o   Poodle   e   o   Schnauzer   miniatura,   não   estando 

esclarecido, até o presente momento, o motivo pelo qual esta predisposição ocorre14.

Os cálculos de oxalato de cálcio podem estar presentes tanto na urina ácida 

como na urina de pH básico e, também, em casos raros de animais que apresentam o hábito 

de mastigar folhas de ruibarbo (Rheum rhaponticum )4.

EXAME FÍSICO, SINAIS E SINTOMAS CLÍNICOS

Quatro são os principais meios semiólogicos utilizados durante o exame físico 

do   paciente   com   suspeita   de   apresentar   urolitíase.   A   inspeção   direta  pode   fornecer 

importante observação em relação à atitude do animal, como a presença de polaquiúria, 

incontinência urinária em decorrência à iscúria, hematúria, disúria e nos casos mais graves 

de obstrução total da uretra, a presença da anúria. À inspeção indireta é possível obter 

informações   a   respeito   da   localização   e   da   densidade   do   cálculo,   sendo   este   método 

utilizado como meio complementar para o diagnóstico das urolitíases.

A   palpação   direta   abdominal,   principalmente   da   região   mesogástrica   e 

hipogástrica, pode evidenciar sensibilidade em nível da região dos rins ou dos ureteres, ou 

mesmo   da   vesícula   urinária.   A   presença   de   crepitação   pode   ser   detectada   quando   os 

cálculos forem múltiplos, sendo também possível palpar formações únicas, de consistência 

dura. A palpação indireta também pode ser empregada durante o exame clínico do animal, 

principalmente no sentido de se verificar a presença de cálculos ao nível da uretra, através 

do   auxílio   de   uma   sonda,   observando­se   a   resistência   local,   ou   mesmo   a   presença   de 


crepitação.

Portanto, é de suma importância que o exame clínico seja detalhado, pois em 

situações graves como da presença de obstrução total da uretra, o cão pode desenvolver a 

uremia, e medidas rápidas, tanto na realização de testes laboratoriais que avaliem a função 

renal  como medidas urgentes de intervenção cirúrgica, devem ser tomadas para que as 

funções orgânicas retornem rapidamente ao normal. Em contrapartida, quando o exame 

clínico   revelar que  a  presença  dos  urólitos  não está  comprometendo  funções  orgânicas 

importantes, outras medidas de tratamento podem ser preconizadas, evitando­se, assim, 

todos os riscos que envolvem a cirurgia, a anestesia e o pós­operatório, que serão discutidas 

nos próximos tópicos.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico das urolitíases em cães e gatos é baseado nos dados de anamnese 

e   exame   clínico,   sendo   importante   a   confirmação   do   mesmo   através   dos   exames 

complementares   como   o   ultrassonográfico   e/ou   radiográfico,   bem   como   os   exames 

laboratoriais,   como   a   urinálise   (sedimentoscopia)  e   a   urocultura.  Alguns   pesquisadores 

descrevem que os cálculos são achados radiográficos acidentais e que são acompanhados, 

geralmente,  de sintomatologia vaga como a polidipsia14.

Os principais sintomas a serem considerados para o diagnóstico das urolitíases 

em cães é a presença de polaquiúria, disúria, incontinência urinária, hematúria e anúria nos 

casos de obstrução total, e à palpação abdominal a presença, por exemplo, de sensibilidade 

próxima à região da bexiga e dos rins, além da observação de concreções em nível da 

vesícula urinária, que sugere a presença dos cálculos, ou mesmo, a presença de distensão 

vesical nos casos, principalmente, de obstrução uretral14.

O exame radiográfico simples, normalmente, é considerado suficiente para a 

confirmação   do   diagnóstico,   pois   na   maioria   dos   casos,   os   cálculos   são   radiopacos. 

Quando   se   tratar   de   cálculos   de   urato   de   amônio   ou   de   cistina,   que   apresentam 


característica radiotransparente, são necessários para sua visualização um método especial 

com a utilização de substância à base de iodo, chamada de radiografia contrastada, que 

pode ser realizada tanto através da uretrocistografia como pela urografia excretora.

No diagnóstico das urolitíses torna­se imprescindível a identificação do tipo de 

cálculo para que medidas adequadas, em relação ao tratamento, sejam preconizadas. A 

idade,   a raça, e o sexo do animal, associados aos sintomas clínicos, aos exames físico e 

laboratoriais também contribuem sobremaneira no diagnóstico desta afecção.

Também a localização do cálculo merece especial atenção, uma vez que cerca 

de 50 a 75% das litíases do trato urinário são representados pelos cálculos de  estruvita, que 

normalmente localizam­se na vesícula urinária, dados estes que facilitam a definição do 

diagnóstico14. 

Outros   fatores   também   devem   ser   minuciosamente   analisados,   como   a 

densidade radiográfica da formação que, como descrito anteriormente, poderá presumir o 

tipo de cálculo. Deve­se levar em conta ainda o exame de urina, com especial atenção em 

relação ao pH urinário, à   presença ou à ausência de eventuais cristais   e bactérias, e à 

identificação dos mesmos. Se as bactérias são urease positiva, como o   Staphylococcus  

intermédius  e o  Proteus sp  , estas estão geralmente relacionadas à formação de cálculos 

estruvita. Vale a pena ressaltar que as urolitíases por cálculos de urato de amônio podem 

também estar acompanhados de infecção14.

As   figuras   3,   4   e   5   apresentam   os   diferentes   tipos   de   cristais   que   são 

observados no exame do sedimento urinário de cães. 
TRATAMENTO

O   tratamento   da   urolitíase   na   espécie   canina   apresenta   variações   e   está   na 

dependência do tipo de cálculo, tornando­se de fundamental importância a identificação da 

causa que acarretou a formação dos mesmos.

Levando­se   em   consideração   que   o   aparecimento   do   cálculo   ocorre   em 

decorrência às alterações anatômicas da parede da bexiga, como a presença de divertículos, 

o tratamento de eleição talvez seja a intervenção cirúrgica para a correção da alteração 

anatômica, evitando­se, assim,  possíveis recidivas e nesta situação a retirada dos cálculos 

também   pode ser  realizada. Na espécie felina, na  presença  somente  da persistência  do 

úraco,   o   tratamento  indicado   concentra­se   apenas   na   dieta   para   dissolução   do   cálculo, 

acompanhado   de   antibioticoterapia,   para   se   evitar   a   ocorrência   de   infecções.   Segundo 

estudos recentemente realizados na Universidade de Minnesota, este procedimento talvez 

seja   suficiente   para   a   regressão   da   persistência   do   úraco   nesta   espécie.   Observação 

semelhante   foi   relatada   em   um   cão   jovem,   atendido   na   mesma   universidade,   cuja 

persistência de úraco regrediu quando o animal havia recuperado da cistite e da litíase, após 

tratamento com dieta calculolítica e antibióticos (amoxacilina e ácido clavurônico)5 e 7.

  Até recentemente, convencionalmente, os casos de urolitíase em cães foram 

tratados   através   de   procedimentos   cirúrgicos   ou   através   da   técnica   de   uretro­

hidropropulsão.   Nos  seres   humanos  várias   técnicas  modernas   são   empregadas,  como   a 

destruição   dos   cálculos   através   de   descargas   elétricas   e   a   extração   dos   mesmo   sem   a 

necessidade da realização de qualquer tipo de cirurgia, ou ainda, a destruição dos cálculos 

por ondas de ultra­som, sendo estes retirados através da sucção realizada com o auxílio de 

sonda, pela cistoscopia, ou mesmo, pela eliminação espontânea através da micção. Cabe 

ressaltar que a técnica do ultra­som é capaz de fragmentar principalmente os pequenos 

cálculos   de   estruvita,   sendo   que   os   maiores   têm   a   ação   do   mesmo   prejudicada   por 

apresentarem a superfície lisa. Apesar destes métodos serem excelentes, ainda são inviáveis 
na medicina veterinária  devido ao alto custo8 e 14. 

Em cadelas, a técnica de retirada de cálculos através da cistoscopia parece ser 

considerada como uma boa alternativa na retirada de pequenos cálculos, e no caso dos 

cálculos   de   tamanhos   maiores,   a   opção   é   a   tentativa   de   fragmentação   dos   mesmos, 

facilitando assim, a retirada.

Em recentes estudos, vários autores recomendam a preconização do tratamento 

não   cirúrgico,   a   alternativa   é   a   dissolução   dos   cálculos   através   de   dietas   específicas, 

evitando­se todos os riscos que envolvem o ato cirúrgico, e que têm demonstrado como 

sendo um excelente método para eliminação dos cálculos, principalmente os de estruvita 

que representam cerca de 50 a 75% dos casos de urolitíase canina. Em relação aos cálculos 

de urato de amônio, os animais provavelmente apresentam o problema ao longo de toda a 

vida, tornando talvez  necessária a realização de inúmeras cirurgias; assim, a instituição da 

dieta para dissolução seguida da dieta para prevenção talvez seja a melhor opção para estes 

cães.5, 8 e 14

É importante, antes da preconização de qualquer tipo de tratamento, definirmos 

que não exista qualquer outro tipo de problema metabólico que favoreça a formação dos 

cálculos, como talvez ocorra com os cálculos de oxalato.

É fundamental o esclarecimento que qualquer que seja o tratamento realizado, é 

indispensável   definir   as   causas   que   predispuseram   o   desenvolvimento   do   quadro     no 

sentido de se previnir, assim, as recidivas.

1­) Tratamento para os cálculos de cistina

A indicação de diuréticos e alcalinizantes da urina na terapia para dissolução 

dos cálculos de cistina na medicina humana é recomendada, apesar de não existir relatos 

favoráveis em relação ao tratamento na espécie canina.2 e 14

Nos cães o tratamento cirúrgico ainda é o mais recomendado, possibilitando, 
desta forma, a confirmação do tipo de cálculo, permitindo, assim, a recomendação da dieta 

preventiva, considerando­se que o processo é duradouro, pois o problema está relacionado 

a   um   defeito   na   reabsorção   tubular,   como   descrito   anteriormente,   e   as   recidivas   são 

freqüentes.   Esta   recidiva   poderá   ocorrer,   no   período   de   1   ano,   nos   animais   que   não 

mantiverem o tratamento preventivo,   podendo acometer mesmo aqueles que estiverem 

sendo submetidos à dieta preventiva.

No tratamento preventivo da cistinúria, a restrição na ingestão de metionina é 

uma medida plausível, mas se esta restrição for prolongada, inúmeros efeitos no organismo 

podem ser detectados, considerando­se que a metionina é um aminoácido essencial.

A solubilidade da cistina na urina, apesar de pequena, é duas vezes maior em 

pH próximo de 7,8 quando comparado ao pH 6,5 e, baseado neste fato, é que se recomenda 

a  prevenção,  pois  a restrição  apenas  de  metionina  só  pode  ser  realizada  por   um  curto 

período.   Durante   o   tratamento   da   alcalinização   da   urina   é   importante   ficarmos   atento 

quanto   ao   desenvolvimento   de   outros   processos,   como   a   formação   de   cálculos   de 

estruvita.14

A   diluição   da   urina   também   parece   auxiliar   na   prevenção   pois   favorece   a 

diminuição da concentração de cistina. A adição de cloreto de sódio, na proporção de 1g 

para cada 5kg de alimento, ou mesmo a administração de  alimentos mais úmidos podem 

minimizar a formação dos cálculos.2, 8 e 14

A utilização do disulfato de penicilamina pode auxiliar na redução da excreção 

de cistina, pois esta se liga a cistina formando o complexo penicilamina­cistina­disulfato 

que se caracteriza por ser 50 vezes mais solúvel que a cistina. A dose recomendada é de 15 

mg/kg, duas vezes ao dia, mas existe o inconveniente que 50% dos animais tratados podem 

apresentar anorexia e vômitos. Com o intuito de se evitar este efeito colateral, recomenda­

se   a   administração   do   medicamento   juntamente   com   o   alimento,   ou   ainda,   iniciar   o 

tratamento   com   doses   pequenas,   aumentando­o   gradativamente,   até   atingir   a   dose 

correta.14
2­) Tratamento para os cálculos de oxalato

Antes da instituição de  qualquer tratamento em relação aos cálculos de oxalato 

devemos verificar se a etiologia do processo não está relacionada a outras causas como o 

hiperparatiroidismo, a acidose tubular renal ou o hipertiroidismo. A avaliação sérica do 

cálcio, fósforo, cloro e bicarbonato também é importante, pois estes dados podem auxiliar 

no diagnóstico etiológico dos cálculos de oxalato.8, 10 e 14

Uma   vez   eliminada   todas   as   hipóteses   que   podem   induzir   a   formação   dos 

urólitos de oxalato no que se refere a este tipo de cálculo, ainda o tratamento cirúrgico é o 

mais indicado. Infelizmente não se tem, atualmente, sucesso quando da preconização de 

dietas calculolíticas, sendo o tratamento preventivo talvez o mais indicado para se evitar as 

recidivas.8 e14

Uma das medidas preventivas constitue­se na diminuição da excreção de cálcio 

na   urina   através   da   administração   de   diuréticos   a   base   de   tiazidas,   como   a 

hidroclorotiazida, na dose de 2 a 4 mg/kg de peso, duas vezes ao dia, mas a administração 

prolongada pode diminuir a absorção intestinal de cálcio também, ocasionando deficit no 

organismo.14 

A administração de alcalinizantes também é uma outra medida recomendada 

pois   diminui   a   absorção   de   cálcio   à   nível   intestinal   por   torná­lo   não   ionizado   e, 

paralelamente,   a   alcalinização   da   urina   pode   favorecer   o   aumento   da   concentração   de 

cistina, que inibe a formação dos cálculos de oxalato de cálcio, pois esta se liga ao cálcio, 

diminuindo a possibilidade da ligação com o oxalato  bloqueando a formação dos cálculos 

de oxalato. O uso do citrato de potássio na dose de 5 a 20 mEq, três vezes ao dia, pode ser 

indicado pelo fato da possibilidade deste composto ser capaz de desenvolver pH urinário 

próximo de 7,0 a 7,5. Embora a ação da substância seja satisfatória ainda não se conhece os 

efeitos colaterais.14

Paralelamente ao uso de diuréticos do grupo das tiazidas e dos alcalinizantes, 
também neste caso é interessante aumentar a ingestão de água através da administração de 

cloreto de sódio, ou para os animais cardiopatas somente através da ingestão de alimentos 

mais úmidos, com o objetivo de manter a densidade urinária menor que 1,025.14

3­) Tratamento para os cálculos de urato

A forma de tratamento para os cálculos de urato, como para qualquer tipo de 

cálculo,   está   na   dependência   do   quadro   clínico   que   se   desenvolve   em   conseqüência   à 

localização dos cálculos. Se os cálculos estão presentes na uretra provocando a obstrução 

total,   trata­se   neste   caso  de  um  quadro  emergêncial,  e  se  os   urólitos  estão  localizados 

somente na bexiga, a preconização de outras medidas terapêuticas torna­se viável.

Assim   no   caso   de   obstrução   total   pela   presença   dos   cálculos   na   uretra, 

inicialmente a manobra de hidropropulsão pode ser indicada com a finalidade do retorno 

do fluxo urinário uretral, e medidas mais drásticas como a uretrostomia pode ser adotada 

em casos de insucesso após a realização da hidropropulsão.

Nos animais em que os  cálculos se localizam na bexiga, não apresentando, 

portanto, o comprometimento na eliminação da urina, a indicação da dieta calculolítica é 

uma medida menos drástica, evitando­se os riscos cirúrgicos e o pós­operatório que, na 

grande maioria dos casos, o sucesso é incontestável quando se trata de cálculos de urato. A 

dieta   indicada   para   dissolução   deste   tipo   de   cálculo   é   constituída   de   baixos   níveis   de 

proteína ou somente de proteína de alto valor biológico, com a finalidade única de diminuir 

a   fonte   de   purinas   e   conseqüentemente   também   a   eliminação   de   uratos   na   urina.   A 

alcalinização da urina através da administração de bicarbonato de sódio, na dose de 1g para 

cada 5 kg de alimento, pode auxiliar na diminuição da excreção de amônia e conseqüente 

alcalinização14 e 16.

 É importante evitar que o pH urinário atinja valores superiores a 7,0, pois na 

presença deste pH pode ocorrer o risco na formação de fosfatos de cálcio que podem se 
depositar sobre os cálculos de urato, prejudicando, assim, no processo de dissolução do 

cálculo. A monitorização do pH urinário pelo proprietário parece ser benéfica durante o 

tratamento com as substâncias alcalinizantes.

Rações comerciais formuladas para outros fins que apresentam baixos níveis de 

proteína,   indicada,   por   exemplo,   para   cães   com   severa   disfunção   renal   e   que   não 

apresentam acidificantes, são atualmente as mais indicadas para o tratamento dos cálculos 

de urato.8, 14 e 16

Associado ao tratamento dietético, os inibidores da xantina oxidase, como o 

alopurinol ou o oxipurinol também são indicados, pois estas substâncias atuam impedindo 

a transformação da xantina e da hipoxantina em ácido úrico, diminuindo assim a excreção 

urinária. Alguns autores alertam quanto ao uso prolongado destes fármacos, pois estes 

podem inibir também novas sínteses de nucleotídeos; já outros autores afirmam que em 

estudos   realizados   em   cães   submetidos   ao   tratamento  ao   longo   de   6   meses,   estes   não 

manifestaram efeitos colaterais. A dose indicada do medicamento é de 3 a 10 mg/kg de 

peso,   3   vezes  ao  dia.  O   uso  desta  droga  deve  ser   controlada  quando  da  indicação  em 

pacientes com doença renal primária.8, 14 e 16

A   presença   de   infecções   do   trato   urinário   associada   aos   cálculos   de   urato 

parece ser freqüente em conseqüência às alterações dos mecanismos de defesa local do 

trato urinário. Essas alterações podem surgir devido ao trauma que os urólitos causam no 

epitélio, ou mesmo em decorrência a caracterização vesical. Portanto, torna­se importante 

o diagnóstico, a prevenção e a erradicação das bactérias no momento em que se preconiza 

o tratamento.8 e 14

A administração de cloreto de sódio ( 1g para cada 5kg de alimento ), bem 

como a administração de dietas úmidas podem ser benéficas, pois efetivam a diluição da 

urina e a freqüente diurese ( o ideal é que se mantenha a densidade urinária próxima a 

1,025 ). Existe apenas a ressalva, principalmente em relação ao cloreto de sódio, deste ser 

evitado nos animais com doença cardíaca.14

Para   a   prevenção   da   recidiva   dos   cálculos   de   urato   a   indicação   de   dieta 


preconizada para dissolução pode ser mantida,acrescida somente de cloreto de sódio.

 
4­) Tratamento para os cálculos de estruvita

Recentes   estudos   demonstram   que   a   dieta,   chamada   calculolítica,   vem 

apresentando   um   importante   papel   de   destaque   no   tratamento   da   litíase   urinária   por 

cálculos de estruvita em cães. Como previamente citado, todos os fatores que predispoem à 

formação dos cálculos devem ser identificados e tratados, para que o sucesso da terapia 

seja efetiva. A recomendação do uso das dietas calculolíticas tem corroborado no sentido 

de diminuir o período a que estes animais geralmente são submetidos à terapia, bem como 

evitar medidas mais drásticas, como o ato cirúrgico, principalmente nos animais em estado 

crítico.1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 12 e 14

Assim, de acordo com a gênese mais freqüente dos cálculos de estruvita, 

torna­se importante o controle da infecção do trato urinário, concomitantemente a qualquer 

tipo de tratamento a ser preconizado, pois a presença da maioria dos cálculos de estruvita 

parece estar relacionada à infecção por bactérias produtoras de urease1, 8, 14. 

A administração de antibióticos de acordo com o antibiograma deve ser uma 

medida recomendada. É importante ressaltar que deve ser obedecido do cálculo da dose 

terapêutica para cada indivíduo, bem como o intervalo entre as administrações. Embora a 

bacteriúria   possa   estar   ausente   logo   após   o   início   da   antibioticoterapia   ,   os 

microorganismos ainda podem persistir em porções logo abaixo da superfície do cálculo e 

o prematuro descontínuo da antibióticoterapia pode acarretar no insucesso do tratamento.

Alguns 

estudos   experimentais   em   ratos   e   cães   e   em   casos   clínicos   de   pacientes   humanos 

demonstraram que o uso somente de antibióticos pode resultar na dissolução dos cálculos, 

mas a resposta a essa terapia parece ser incerta e, quando positiva, o tempo de tratamento 

necessário pode perdurar por meses e não semanas como é esperado quando da associação 
da terapia com a dieta calculolítica.

A preconização da dieta calculolítica tem como objetivo principal reduzir a 

concetração     urinária   de   uréia   (substrato   da   urease),   fósforo   e   magnésio,   diminuindo, 

assim, a disponibilidade de substrato para a formação dos cálculos. Este processo pode 

favorecer   a   dissolução   mais   rápida   do   cálculo,   evitando­se,   assim,   o   procedimento 

cirúrgico, ou seja, todos aqueles riscos que envolvem o ato cirúrgico e a anestesia, bem 

como os cuidados do pós­cirúrgico. Em casos onde a localização dos cálculos envolvem o 

comprometimento das funções orgânicas, a exemplo das obstruções à nível de uretra ou 

ureteres,   nestas   condições   o   tratamento   cirúrgico   torna­se   inevitável,   pois   existe   a 

necessidade de intervenção rápida para se evitar a uremia. Assim, quando da presença do 

cálculo somente na vesícula urinária e o animal não manifestar sintomas clínicos serevos, 

talvez o melhor tratamento seja a associação com a dieta calculolítica8,14.

A dieta, portanto, além de auxiliar na dissolução do cálculo deve minimizar 

todos   os   fatores que possam predispor à formação dos mesmo, como a diminuição da 

quantidade de ortofosfatos orgânicos na forma trivalente, a diminuição da concentração de 

magnésio,  a diminuição da quantidade da uréia formada em conseqüencia à diminuição da 

ingestão de proteína, e a tendência a não alcalinização da urina. Em suma, a dieta ideal 

seria aquela com níveis baixos de fósforo, cálcio e magnésio, bem como de ser capaz de 

induzir a acidificação urinária e de aumentar a ingestão de água, efeito este obtido através 

da   adição   de   cloreto  de  sódio  na   dieta.  É  muito  importante  que  a  esta  composição,  a 

necessidade calórica dos animais seja mantida em torno de 70 kcal/Kg de peso vivo por 

dia.4 e 14

Atualmente   na   Europa   e   nos   Estados   Unidos   existem   rações   com 

formulações especiais que satisfazem todos os ítens anteriormente mencionados, a exemplo 

da "Prescription Diet Canine s/d (Hills Pet Products)", como descrito no apêndice 1. No 

Brasil ainda estas rações não são comercializadas e a formulação de dietas caseiras, na 

tentativa   de   se   alcançar   esse   balanço,   são   as   atualmente   preconizadas.   Os   alimentos, 

portanto, que pode ser recomendados no tratamento da dissolução dos cálculos de estruvita 
estão descritos nas formulações das dietas caseiras 1 e 2, como demonstrado nos apêndices 

2   e   3,   e   a   recomendação   da     administração   concomitante   de   hidróxido   de   alumínio, 

principalmente na dieta caseira 2, poderia favorecer a diminuição na absorção de fósforo à 

nível intestinal.

As dietas calculolíticas devem ser oferecidas por no mínimo dois meses e o 

acompanhamento do tratamento deve ser monitorizado através de exames radiográficos, 

que podem revelar diminuição crescente do tamanho do cálculo ao longo do tratamento. 

Uma vez os cálculos ausentes, é interessante que se mantenha a dieta por mais 2 semanas e, 
talvez, substituí­la pela dieta preventiva (Prescription Diet Canine c/d  ), como descrito 

no apêndice 4, pois a recidiva é freqüente.

Durante   o   tratamento   da   dissolução   dos   cálculos   é   importante   a 

monitorização também do pH urinário, sendo o ideal que este seja mantido ao redor de 6,5. 

Além da mensuração do pH urinário, é recomendada que as urinálises, principalmente a 

sedimentoscopia, e as uroculturas sejam realizadas periodicamente, se possível, para que se 

tenha um controle efetivo do tratamento. 

Normalmente, a administração somente da dieta calculolítica parece ser o 

suficiente para que a urina mantenha o pH próximo ou menor que 6,5. Assim, descarta­se a 

indicação do uso de acidificantes, mas nos casos em que o pH urinário não tenha atingido 

esse   valor,   alguns   pesquisadores,   neste   momento,     recomendam   a   utilização   de 

acidificantes, e o cloreto de amônio parece ser o mais indicado para os cães, na dose de 

200 mg/Kg 1, 14. A utilização de alguns acidificantes urinários pode tornar­se inviável, pois 

seria   necessária   a   administração   de   grandes   quantidades   de   acidificantes   que,   nesta 

magnitude, pode até chegar a induzir um quadro sistêmico de acidose.

A indicação de inibidores da urease também é descrita no tratamento das 

litíases por estruvita. O ácido acetohidroxâmico, inibidor da urease, pode ser administrado 

na dose de 25 mg/Kg (dividido em 2 vezes ao dia), em altas doses esta substância pode 

favorecer o aparecimento de anemia hemolítica, bem como alteraçãoes no metabolismo das 

bilirrubinas   e,   além   disso,   é   contra­indicado   nos   animais   gestantes   devido   à   ação 


teratogênica.   A   indicação   dos   inibidores   da   urease   não   é   rotineira,   pois   o   tratamento 

dietético   e   a   antibioticoterapia   apresentam   usualmente   bons   resultados.   Eventualmente 

naqueles   animais   refratários   ao   tratamento   rotineiro,   a   administração   do   ácido 

acetohidroxâmico pode ser recomendada na tentativa de dissolver os cálculos6, 8, 14.

A utilização das dietas comerciais e mesmo das caseiras, que possuem na 

sua composição quantidades consideráveis de cloreto de sódio, deve ser evitada em animais 

portadores de doença cardíaca, síndrome nefrótico e outros em que o quadro hipertensivo 

possa   ser   prejudicial.   Além   do   sódio,   a   restrição   de   proteínas   pode   favorecer   o 

desenvolvimento de  deficiências,  principalmente nos  animais submetidos ao  tratamento 

prolongado. A dieta hipoprotéica também favorece o desenvolvimento da diurese, pois em 

decorrência  a  esta  baixa  ingestão de  proteína,  menor  concentração de  uréia  à  nível da 

medula   renal   é   detectada,   acarretando   na   diminuição   da   hipertonicidade   medular   e 

conseqüentemente o desenvolvimento de uma diurese obrigatória14.

Para o tratamento dos cálculos de estruvita estéreis, a recomendação mais 

importante   também   se   concentra   na   preconização   de   dietas   calculolíticas   comerciais 

("Prescription   Diet   Canine   s/d   ­   Hills   Pet   Products")   e   talvez   com   a   associação   de 

acidificantes urinários, mas ainda esses dados encontram­se em estudos. Antibióticos e 

inibidores da urease são dispensados no tratamento deste tipo de cálculo.

No   Brasil   ainda   são   escassos   os   estudos   clínicos   e   experimentais 

relacionados   ao   uso   das   dietas   calculolíticas   no   tratamento   das   litíases   urinárias.   Em 

recente trabalho apresentado no XVI Congresso Brasilerio da ANCLIVEPA em Goiânia­

GO   (1994),   os   autores   obtiveram   resultados   satisfatórios   com   a   preconização   da   dieta 

caseira, principalmente a base de frango, arroz polido e sal (dieta caseira 2, apêndice 3 ), 

cujos   níveis   de   fósforo   e   magnésio   são   relativamente   menores   (segundo   a   tabela   do 

apêndice 5), tendo oscilado o tempo de tratamento até a cura do quadro clínico de 1 a 3 

meses. Entre os 4 casos relatados, 1 destes apresenta­se ilustrado nas Figuras 1e 2.
Figura 1: Radiografia látero­lateral de um cão da raça Poodle, de 6 anos de 
idade, macho, apresentando multiplos cálculos radiopacos na vesícula urinária.

(Imagem   gentilmente   concedida   pelo   Serviço   de   Radiologia   do   Hospital   Veterinário   da   Faculdade   de   Medicina 
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo)
Figura 2:   Radiografia látero­lateral de um cão da raça Poodle, de 6 anos de 
idade, macho, após 75 dias de tratamento com dieta calculolítica ( dieta caseira 2, apêndice 
3 ).

(Imagem     gentilmente   concedida   pelo   Serviço   de   Radiologia   do   Hospital   Veterinário   da   Faculdade   de   Medicina 
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo)
Figura 3: Fotomicrografia eletrônica e óptica de cristais de magnésio­amônio­

fosfato.

(Fonte: Urine Crystals in Domestic Animals. A Laboratory Identification Guide­ Hill's)
Figura 4: Fotomicrografia eletrônica e óptica de cristais de urato de amônio.

(Fonte: Urine Crystals in Domestic Animals. A Laboratory Identification Guide­ Hill's)
Figura 5: Fotomicrografia eletrônica e óptica de cristais de oxalato de cálcio.

(Fonte: Urine Crystals in Domestic Animals. A Laboratory Identification Guide­ Hill's)
CONCLUSÃO

Portanto, face aos aspectos relatados e discutidos no presente estudo, torna­

se importante ressaltar a participação da preconização da dieta calculolítica no tratamento 

das litíases urinárias em cães, pois o tempo necessário de tratamento pode ser reduzido, 

bem como indicado como uma alternativa no tratamento da litíase, que por muito tempo foi 

diretamente relacionado ao tratamento cirúrgico. Assim, todos os riscos que supostamente 

possam   envolver   o   ato   cirúrgico,   a   anestesia   e   o   pós­operatório,   podem   ser   evitados, 

principalmente naqueles casos recidivantes e nos pacientes considerados de risco. 
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1993.
APÊNDICE 1
Prescription Diet Canine s/d (Hill's Pet Products)

Forma de  proteína  magnésio  fósforo  cálcio 


apresentação (%) (%) (%) (%)

Dieta s/d in natura 2,20 0,005 0,04 0,08

(úmida) 100%  7,59 0,017 0,014 0,28


mat.seca

APÊNDICE 2 
Dieta Caseira 1 (4)
­ 2,5 xícaras de arroz seco e instantâneo
­ 1 onça de óleo de cozinha
­ 2 ovos cozidos
­ 1 colher das chá de sal de cozinha
­ 2 Tums amassados (fonte de hidróxido de alumínio)

APÊNDICE 3 
Dieta Caseira 2 (3)
­ 1 medida de peito de frango
­ 3 medidas de arroz cozido
­ sal (quantidade suficiente até torná­lo ligeiramente salgado)
APÊNDICE 4
Prescription Diet Canine c/d (Hill's Pet Products)

Forma de  proteína  magnésio  fósforo  cálcio 


apresentação (%) (%) (%) (%)

Dieta c/d in natura 6,20 0,018 0,13 0,18

(úmida) 100%  22,79 0,066 0,48 0,66


mat. seca

Dieta c/d in natura 20,20 0,10 0,45 0,60

(seca) 100%  21,84 0,108 0,49 0,65


mat.seca
APÊNDICE 5

Composição mineral de alguns alimentos utilizados na dieta caseira de cães, expresso em % de matéria seca no alimento in  
natura e na matéria seca. Fonte: "United States­Canadian Tables of Feed Composition ".

Alimento % matéria  magnésio fósforo cálcio


seca

Fígado bovino 28 0,01 0,23 0,01

100 0,04 0,82 0,04

Frango inteiro 24 ­ 0,20 0,01

100 ­ 0,82 0,04

Moela 25 ­ 0,11 0,01

100 ­ 0,42 0,04

Ovo com casca 43 ­ 0,14 9,55

100 ­ 0,33 22,2

Sardinha 93 0,10 2,68 4,61

100 0,11 2,88 4,95


Atum 93 0,23 4,21 7,86

100 0,25 4,54 8,48

Anchova 92 0,25 2,49 3,75

100 0,27 2,70 4,08

Carne bovina 94 0,27 4,44 8,85

100 0,29 4,47 9,44

Carne bov.com ossos 93 1,02 5,10 10,30

100 1,09 5,48 11,06

Leite 12 0,01 0,09 0,12

100 0,10 0,76 0,95

Arroz (polido) 89 0,02 0,11 0,02

100 0,02 0,13 0,03

Arroz integral 91 0,94 1,54 0,07

100 1,04 1,70 0,08


Camarão 90 0,54 1,84 9,73

100 0,60 2,05 10,80

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