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FUNCHAL
Tip. Bazar do Povo
I FJ i i-j
UIDR ECONOVICR DR YRDEIRR
A Imprensa,
as colectividades do Distrito
E
FUNCHAL
Tip. Bazar do Povo
\o publico
Sempre a vinha mereceu aos rnadeirenses a honra da sua cultura
preferida.
Por diversas fazes tem ela passado, succedendo-se a periodos de
grande abundancia epocas de grave escacês, mas nunca isto retraíu o
gosto pelo plantio das videiras.
Por 1852 apareceu entre nós o oidium tltkeri com os enormes es-
tragos de todos conhecidos.
O combate desta molestia, embora tardio, produziu os seus bons
efeitos e novamente se tornou prospera a viticultura em todas a s regiões
do distrito.
A má sorte, porém, não nos perdera de vista.
Por 1872 apareciam os primeiros sintomas do filoxera, avultando
já nos anos de 1876 e 1877 os seus terriveis destroços.
Igualmente tivemos a visita do mifdio com a s suas consequencias
tambem desoladoras.
Comtudo, não caíu exanime o nosso viticultor.
Dava combate a esses males, e, por meio de castas novas e de
algumas das já existentes, procurou sempre manter a continuação da
cultura que a todos os recantos do mundo havia levado, nos aromas do
seu precioso vinho, o nome da nossa amada Madeira.
Passou o tempo na sua voragem intensa, passaram a s gerações
no seu esquecimento trivial, mas o nome-Vinho Madeira ficou inde-
level e conhecido de todos os paises.
Iam assim os fados desta ilha.
De repente, inesperadamente. muito na sombra, surgem microbios
de uma doença nova.
Era a narasitiiria d o projecto de um novo regulaniento para fisca-
lisação e comercio dos vinhos desta regino.
Peor d o que o oidium, mais doloroso do que o fi/oxc'rc7, iriais
aterrador d o que o mifdio, o projecto fez tremer o distrito inteiro.
O deleterio veneno d o imposto, o dardo da fiscalis~jqdo,os espi
nhos dos eniolui~ientos\ ? i h ~ V3 ~ I ~ Tccrtçi!-ar~ieii
I te ~i r i i i n ~tios
~ dgr.ici!ltor~s.
Pois isso, foi profundo e estremecedor o <]balo cri] todas a s c l ~ ~ s s e s
vivas d o arquipelago.
Não tiodve revoltas acesas, não houve disturbios, diiiceis seriil>r.e
de acalmar ern casos faes; mas houve o protesto 01-deirode todos ri~1rnc7
só voz, num só brado, contra a nionstruosidade do projecto.
C1 grito de alarme solto pela Comissão de Viticii1iiir.a i-dpido ecoou
por toda a irilprensa e por rodas a s carnadzs sociaes, cor11 n luz da ver*-
dade c justigd a csrndgdi- iiegrur~le i.~iindadcd o p r ~ j e c t ~ r ddiplorntj o
Desde a Junta Geral á mais pobre carnara cdmpesin~i: desde CI
Associação Comercial á mais peqiiena colecfividade opcrcíria; desde o
grande viticultor ao mais niodesto contribuinte ; desde os mdis liberaes
aos mais conservadores, todos, con-i egualdade de vistas c. se~itirneiitos,
fizeram chegar ao governo, trei~i claro e firme, o seu r~iovimentode re-
provação 'as zlausulas do nefando projecto.
E o rnonstro caíli para a vala, levando por despedida apenas urnas
lagrinias dos seus auctores!
Passava-se isto em meados de 1915.
Tempos depois, porém, em Fevereiro de 1916, resuscitava ele sur-
rateiro numa alinea do projecto para autonomia da junta Agricola.
Não s e fez esperar a indignação, que em onda, de novo, movirrien-
tou todo o Funchal.
Vae isso contado no livro A ~mbrensae os T r f s Projectos.
Siiperfiuo seria, portanto, repeti-lo aqui.
: :k
Junta Geral
Associação Comercial
Comissão de Yitieultura da Regiao da Nadeira
E' esta coniissão de opinião que, tanto este artigo c scti pdragrafo
como a nota que lhe fica a margem, a tinta encarnada, precisani ser
modificados, de modo a não ser considerado comerciante de viriho o
viticultor que, armazenando o sei1 vinho, o cêcin, por yrosso, a outras
entidades.
Exemplifiquenios ;
Um viticultor qualquer, e o cdso é frequente, não elrcontrii coiiiprd-
dor aos seus mostos e d'ahi a necessidade. c rniiitas vezcs o sacrificio,
de os encascar, á espera de colocaçáo.
Logico e forqaso é que os trate, poryiie sc cissitn o não fizcri. nerri
chegam a produzir vinagre que preste.
Deve este cidadão perder a qualidade de ser eleitor e o direito de
ser elegivel para vogal a Comissão de Viticultura, s e ele não comerciou,
se ele não efectivou compra de vinhos, mas apenas cuidoti dos que Itie
produziram a s suas propriedades?
Não, certamer-ite.
- E quando assim o não seja, o viticultor, que vende o seu vinho
em mos., tem de ser excluido d'essas funcções, visto que tambem
cometeu o pecado de vender cr seu mosto.
Estas considerações levam a Comissão a opinar que comerciante
de vinhos é s ó aquele que compra e vende esse produto para comer-
ciar em negocio aberto.
Art. 1 S."
9 ~inico--A (;omisscio Executiva fuiicio11ar;í pelo nlesino tempo qtie a
ComissiIo de Viticultura.
Igiialmente deve ser reformado o artigo 16.' para que fiquem obri-
gatorias duas sessões da Comissão em cada ano, inclependenternente de
convoca~ão,nos dias 3 de Janeiro e 3 de Novembro, e havendo mais a s
extraordinarias que o presidente julgar necessarias ou que lhe sejam re-
quisitadas por qualq~iervogal, em requerimento fiindamentado.
Artigo 59.".
3 S.(' Quando iis eiitid;iilc> q u e tivci-eiii icitci itc; d c t ~ l a i - í ~ ~ osec s niiu
cotiiorr~lcireiii com :i classificaçào dos \.iiihos frita pelos a~cr1tt.sd a iisc~ilisti-
ç à o , poderuo reclaníar perante esta. A reclainayào s e r i dtlciclidii p o r trss pe-
ritos, setido uni nornezido pela Associaqrio Curiiercinl J u I'iii~ciial,olitro pela
Cornissfio de Viticlilrura cln Regiùo da .\ladeira e o terceit-o pelii íisc.;ilisnçAti
da .Jiinta Agricolri da Madeira. Sa \.erificaçito o prirneiro eiein .rito it ziprttciar
será a força alcoolicn, a que se segiiirzi ;i ~ipreci;ic.rioorqiiiioleptic;~ ;i J e
cluaisquttr (>LI! 1.0s eleriien~osiiecessiirios.
' E' necessario que fique bem assente que o s secretarios de finan-
ças s ó são obrigados a passar guias para requisição de alcool nos con-
celhos rurais. N o do Funchal serão passadas na secretaria da Co-
missão de Viticultiira, serviço para que havia a Coniissão requisitado
e lhe foi fornecido, ainda ha pouco, um agente agricola.
As primeiras justificam-se, pois não traz isso trabaiho quasi ne-
nhum aos secretarios de finanças, visto d exiguidade d o alcool requisi-
fado nesses concelhos.
No Funchal, cmde o vinho i quasi todo tratado. injusto é sobre-
carregar o pessoal de finanças com tais serviços, de mais a mais na
época em que essa repartição tem maior acuinulação de ti-abalhos,
quando tudo isso pode e deve ser feito na Cornissão de Viticultura,
que dispõe de pessoal para esse firii.
Outro ponto que esta comissão desejaria fosse fixado no regula-
.mento é o da permissão de ferver borras de vinlio scm pagamento de
imposto algum sobre a respectiva aguardente.
Representa este facto Lima justa satisfação aos viticultores e não é
mais do q i ~ eO aproveitamento dos residuos do vinho, que, sem esta fa-
culdade, sei-ão deitados fóra.
Vota-se, por conseguinte, unia proposta neste sentido.
A Comissão
- O sr. dr. Vasco Gonsalves Marques diz que apoia aquela pro-
posta, e que a Comissão Executiva já havia representado a o Governo
naquele sentido, como consta do relatorio apresentado.
---Osr. dr. Pedro Lo~tíelinofelicita a Comissão Executiva e o sr.
Nunes Vieira, pela sua proposta, que traduz o sentir de todos o s madei-
renses sobre esse anonimo projecto de regulamento que, a ser aprovado,
traria a ruina completa a uma das mais ricas culturas desta terra.
Declara que vota plenamente a proposta apresentada e nenhum ma-
deirense, a não ser um madeirensc degenerado, poderá apoiar o regu-
lamento em questão.
A Junta Geral do Distrito, já tão sobrecarregada com pesados en-
cargos obrigatorios, não pode arcar com os enormes dispendios com
que o projectado regulamerito a onera, sem beneficio alg~iinpara os in-
téresses do distrito e da viticultura desta regiao.
A primeira corporacão administrativa do distrito, confirmando r)
procedimei-ito da sua Comissão f-7xeciitiva, e colocando-se ao lado das
outrás corpurações que sobre o dssunto já s e pronunciai-am, iião faz
mais que traduzir os justos clamores unanii-nes de todos os rnadeirenses.
Posta em seguida á votação a proposta d o s r . Niines Vieira foi
aprovada por unanimidade.
Assoeia~aoComereial do Funehal
Sessão de 12 de Novembro de 1915
As palavras dos srs. Manuel Jorge Pinto Correia e dr. Paiva Le-
reno produziram boa impressão na assenibleia, que com elas i~iosti-oi~
estar de completo acordo.
((c d~ 2 7
Pc~pi//~/ic-,t
J/ 9 .- 1915)
Urna mina
P~ojeetouinieola da Madeira
'Tudo peoraria
Vem (tepois o clrí. 28." iios sz~1.r,) 9 1 ." (t 3." c iorna oi>rig(~ioria
para o doiio do lagCji-CI a>>il1ai~i.r7do mnnii'zsto & iodo o iiiosio iGie
fabricado, com r t ~ r t l f . ~ ;de
. ?%:.O reis por iiiro de vinho que l'or ri-lar~ifcsstado
com e r r o a mais cfe Ifi'l i!, alérri cfo ~~.oct?c!irne;i~~~ jtldicial que n J~rrita
Agrícola entenda dever proseguir.
A' yriineira vista, quem oi~vii-dizer qíl~>O viticiiltor i-iiit? quci. a iis--
calisação ha-de siipQr que ele á reccid. Pois tal 1130 silcxie, O \~ifici~!tcir
da Madeira não falsifica I~irihos;li~iiifa-sec? vender. o rrtostcr, yricincií: Itie
aparece cor:ipradoi- o guarda a ayua-pé para bebida pelo ano ddeaiite.
Nada mais, e qrrern assim procede ii4tr tei-rt diivida cíè oliiares ex-
manhas, náo se arreceiit d o fihco, iiiipnr.tciritlo->e poiicc) tainbèi~i que
rndo o mundo saiba a qiiantidade de vinlio qiie j)~.oduzi~i.
O caso é outro,
Na Madeira fia cêi-ca de aito niil vitictiltores e nprrl~r:~
íir1.s i ~ i i lIctga-
res para fabricar 3s 16.000 pipas tlc \.ilill« ~ C Ir9eci;lo.Nci MC~dciran3o
existe o grande vitic:il!oi-, a pi.oi)ri~~(!~iile ~1si.i di\-iílitic~c111 ~>ùi*ci.!ds
muifo pequenm e a s vii~iici:,~ ) l ~ i r l i ~ i d .ic/~ii , i i . c. ~ i i i i i i , coiii ~~~~~<I:, iiiItiiidS
intercaladas, 4 vo!itadi. tle colonos i. c,enhoriob. c;iit' dcscj~rrriposs~iir{ir,
viirias culturas do arclrii pélago.
Nos niil laçiires estabelecidos, ein i-eçra, n o s poiitos oiidc a pro-
diiçao r iiiiiioi. é yilc se tern cle servir os oito inil viiicii1lo1.e~cio disrrito.
13 o yiit,. sã[) c ' ~ s ~ .Isc ~ g í i i . ~ ~ ?
I'ror via de re;;rii. L ~ I I I ~ SQ ~ L ~ ~ Icfiixcls I C I S oncie se C I U P T C I I I C I ~ Ie e11:-
pczar11 <15 U V ~ S ,tlltia O U cluns vt.ze:, por {lia. siiuddas erii lojiis coiiliins
*> 6s t'czes cite num recit1110(Li C'<?SCI 011 hdl>lfci(;iiodo proprio vificuitot'.
1:' iiêstes i i p a r ç . I h ~ soi+igii!dis que o s \,i,tinhos d o sirio váo, üIis
após oiitros, por ernprestiii,o c por f<iv»r, fabi-icùntlc) 0 \*ir1110 da regiào.
coin unttl deniord excessiva niotivadcl nr) apri-)vcitri;rit-níc,dít agua-pé,
ntas corri urna alegria cc?.rcictcrístictrde toda a farniIic7 ciile dcsc'l~lassis-
{ir ao fazer do seii vinht).
f3 j70i' toda d fi-egiiezid, poi todo,i as sitii>s,I I C S S ~ epuccr se não
fald noutra cc>usrt qiir i160 seia jjri p~i:-i-iiodt' .iir1110 pt'~i!li~id<t p ~ í cddíl
'
viticu1fc)r.
Ora o ~ ~ l t l r f i dprctjicfo,
o sprri iiiiltdadc alry~~ind, t ~ r t f oisto verii trdns-
fornaii-, por-y~rea:ntini-rd r?Zo I i r ~ dono dc Ic'lgdiyqiie se s~lrcifet~ ei11prf-S-
tal-o, correndo o risco cic atltfar. cir?!,i-iill iirifo e111 m ~ i i t d se pr-ocesse~s,
pois que desde qtio ~ C ) ~ I V P S S rt'spo!1:~a!iilidri~1i>.
S não faltaria quem so-
n!iassc vingailçah, y iic.111 f iirfo crtvcrnenassz, 4 d~3isto se aprovei1asse
lilivez ate paríi fins paliiicos.
E qtreni quereria que intrtrsos lhe andassem nietdiidt> u r1ur.i~fios
cantos da casa, nos r-cconditos cio seu lar don~esrico'?
Ningueiil.
Era o trexarne'30 vificulfor com o arruiicarnento da vinha, seri1 vdrr-
tagem, rieni utilidade de especie alguma.
Umri ~ifopiaé pcnsdr-se ianibern em que essa iiscalisagao, custando
rins de dit~heil'o,strvii-ia para evitar falsificações.
rito preço dciiiai de IIIOS~CISnr?O ss vi? que iiicro possa haver em tal
frdude, riias se a ieceidm, tome rl fiscalisaí;50 conta d o alcool, que é a
rnatcria prima, no logilt cja sua produgão e acompanhe-o aré 6 sua apli-
cação ioiai, rinica inancira de evitar que êle salte do vinho e se trans-
lorme em agi~arclente. porque hoje que111 tiver alcool não vae arranjar
vinho falsificado que nade reride; vae sim fazer aguardente que, fugindo
ao imposto d o s 540 reis por galão, produz um belo negocio.
E o tnariit'csro do vinho, rigoroso o u não, de riada serve.
Sómente '3 fiscalist~çáo110 fabrico, venda e a p l i c ~ i ~ adoo c j l c o o i ,
como miiito bern diz O pdrecer da Comissáo de Viticliitllra, I ~ O ~cicab~~i- C
com a praga do destiobramento d o alcool.
Entre a s razões j>orqlie C! viticiilt~rrde iricoiiiydiivel coiri CI f i s c L ~ i i ~ d -
ção, que, á parte o dar. crnprego r i rnuita geilíe, só vern criar ernhara\;oit
á economia do distrito, atormentar o viticirlfor, ~ji-r<lncar<-7 v i r ~ h ~V : d r -
ranjar pertiirbações da ordeni publica.
E para que s e levantam estes aboi-recirneiitos C ~ O Sl r i ti c ~ ~ l t o tiiia-
.~s
deirenses; pondo-os r ~ s s i r neni Ilagrrjntc' disparidacio corii os d o resto d o
paiz?
Porque é preciso aisranjar iiichos como i-efei-eo pdrecei- iá ctludido:
«a fiscalisação d o s lagares não pode custar inenos tlc 30 a 10 contos;
a fiscalisaçáo da entrada do vinho 11áo pode ser feita com inenos de 20
contos; a fiscalisação do alcool, os delegados idoneos e o demais
pessoal em que é prodigo o projecto não ciistará menos de 60 contos».
Querem melhòr em cada ano?
Faça-se justiça
Absurda insistençia
Em face da lei
Os vinhos da ladeira
e as condições d o projecto d o r e g u l a m e n t o
para a produção, fiscalisação e comercio
dessses vinhos
Protestos e reclamações
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R questão uinieola
ii reuiiião d'hoje
Teiegran~a á Associação
Comercial do Funchal
Comercial d o Funchal
O p~ojeelovinieola
. . .Sr. Redactor
A questão dos vinhos da Madeira vae tendo o seu quê de conta-
gioso e talvez por isso é que V . . . sr. Redactor, cá tem hoje este pobre
escrevinhador a dizer duas palavras sobre êsse assunto de magna im-
portancia para todos nós.
Pedi um exemplar do projecto que foi apresentado para um novo
regulamento, li o parecer da Comissão de Viticultura e desde então tenho
seguido com cuidado tudo o que a imprensa tem referido a este respeito.
E ainda bem que vejo os madeirenses, excepção feita para o s de-
generados de que faloii o nieu amigo dr. Pedro Lomelino, tratarem a serio
e unanimemente dêsta questão, pondo de parte a s ninharias da poiitica
e d a s qircstões pessoaes.
Eu, sr. Redactor li o projecto e a minha alma choroii lagrimas de
dor esmagada sob o peso do imposto, sob o vexame lançado contra o s
lagares, sob o s mil torniquetes em que querem espremer o viticuttor e,
em suma, sob a iminencia da d e s g r a ~ aque esse projecto vinha deitar á
porta de todos nós.
I,i depois o relatorio da Comissão de Viticultura e satisfez-me vêr
que ainda hdvia quem defendesse os interesses dêsta desgraçada ilha,
afogadn r i l ~ i ~ i011cia
d cle infortunios p o r todos o s seus montes e vales.
E vi, depois. que, hontern uinii, hoje outra, todas a s colectivida-
d e s c i o districto, nunia solidariedade c expontdrieiddde que a s honra, s e
ient dirigido ao governo expondo a necessidade de semelhante projecto
ser coinpleiainentc posto de parle, por mau, ruim, cornplicante e ina-
ceitavel.
Foi assi111 que fdla~-dt~l a s L c l i i l l l I ' d ~ Municiyaes, a junta Geral, a
Associ;iqiio C:oriicrcidi, o Centro Arridgd, o C,entro Republicano, a Co-
inisscio de Viticultura, a s A:isociaçõe;i de Clíisse, o A teneu Comercial,
os viticultores de todos o s conct.ltios, a irliprensa e, numa palavra, todos
ayueles qiir c-ii~daprezam esta 1[)01*(2/a c17gdsf~~cía 170 oceano, mas que
dgord quererii engastada ilas aigi1)eiras d o projecto, porque, não ha
cliivid~l,cj~icz lá nlgibeiras Itic riáo faltatii.
Sirnpatico rrio~ii!iiento ~ L I Cderrola de umri maneira indubitavei a
pci'riiciosidade desse projecto e o qu~lntoele alvorotou o espirito da po-
yiilagclo do arqliipelago, ernbor.d já af=?iia,é verdade, a aceitar sem pro-
testo todas a s alc~jvalascom que a ti3.o sobrecarregado.
Isto bastaria para que esse riegi-egado projecto fosse afirado para
a fossa. A S L ~ L II-eprovaçiíoc! forrnal, é unanime, e é completa ern todas
d s clabses e ate crn todas iis polificas.
M a s o bicho, di~cni-riie,cindíi rneciie o rabo e O S rdbistc7s que se
Itie agdrraiii á cauda protestani qtie cle ha de vingar. Triste sintoma!
Não vi, ijern tia ~iinneirade vêr, que do irnposto, da fiszalisação,
dos eniolii~iieritos,tiaja lucros para a L-iticulturaou para a agricultura em
geral.
Náo, senhor. Tudo, pelo contrario, são prejuizos. Mas lendo-o, o
tal hichnroco de paes incognitos, chega-se a outra corrclusáo. Primeiro
pensou-se e m que era preciso arranjar dinheiro para umas sinecuras, que
4 como querri diz arranjar gente que não quer trabalhar; e depois, tra-
çado o plano, foi-se batendo á porta da agricultura. A cana já tinha carga
bastante; a batata, podia ser dôce, m a s era uma coisa de pouca monta;
.o trigo, que diabo! um fiscal ao pc! de cada debulhadora era tambem
uma miseria; o nabo, ora o nabo, oiiira miseria; ah! ah! Eureka! o vi-
nho, esse está na conta, ha por todo o arquipelago, é uma mina. E zaz,
mãos á obra, e depressa que o tempo não era de graças.
Esta a historia crua da incribaqao por que passoti o referido pro-
jecto, para deshonra e desgraça da Msdeiraa.
Dizer agora o que é o imposto, o que é a fiscaiiciaçao, o que são
a s mii picuinlias coni que se pretendia niimosear este districto, parecerá
superfluo, pois que dito e redil0 anda o assurnto por quem, com melhor
cornpetencia, se tem encarregado de fazê-lo. No entretanto não quero
deixar de consignar que tudo isso, qiie é a alma darnnada do projecto,
representa para a viticultura e vinictr l tura madeirense a sua comy leta
ruina, uma morte rapida e afrontosa. não produzida pelos gazes das
granadas alembs que estáo bem longe, mas sim pelas bombas do im-
posto e da fiecalisaçáo, que não s ã o menos deleterias.
O projecto é mau, está condemnado em todos os tribiinaes da
opini8o publica e, com verdade, nunca coisa alguma conseguiu no nosso
paiz uma ,wmelhante unanimidade de opiniões. Mas exactamente por ser
mau é que os viticultores precisam de estar álerfa, s e é que depois não
queiram chorar no abandono da patria a s agruras de lima emigração
forçada.
Congratulando-me com os madeirenses, pelo nobre movimento de
todas' as classes e colectividades dêsta terra na justa reprovação d o de-
cantado projecto, acompanha-os com entusiasmo.
XXIX
O ptojeeto uinieola
Uma representação dos viticultores
(« Diario da Madeira » de I 6 11-1915)
tado projecto do regulamento de vinhos que veiu hoje cair debaixo dos
bicos da nossa pena indignada contra o niais terrivel inimigo da cultura,
po;* excelencia, da Madeira, a que a tori~ouconhecida no mundo inteiro.'
O lavrador, ante a desgraçada situação que lhe reservaria o futuro,
criado pelo projecfo que está agora afecto a uma mui esclarecida comis-
são d'estudo, só pensaria numa cousa--arrancar a vinha que ainda lhe
resta, maldizendo aqueles que, em vez de combinarem todos o s s e u s .
esforços para animar e proteger o vinho Madeira, que foi em tempos'
idos a nossa principal riquêsa agricola, s ó obedecem á preocupação d e
engendrar uma nova fonte de receita, proveniente do imposto, para en-
grossar o numero dos burocratas, a maré invasora dos que comem&
meza dos orçamentos do Estado e de corporaçóes várias.
Então sucederia essa cousa temerosa, que deve evitar-se, até ,h
custa de sacrificios, o viticultor despojaria da sua natural e apropriada
cultura náo pequenas extensões de terrenos para a substituir pela da
cana de açucar, que todos sabem tanto ter contribuido para a escravidão
do lavrador madeirense.
Nada mais ficaria do que Yuba, e só Yuba, Yuba em toda a
parte !
Compenetrados dos interesses legitimos, confessaveis, da Madeira,
não podenios deixar de associar o nosso mais veemente protesfo a o s
que já se teem lavrado contra o projecto vinicola da Madeira, por que o
reputamos essencialmente, profundamente prejudicial, nocivo e fatal para
os dois ramos da iiossa vida economica, que s e prendem intimamente
um a o outro-a producão e o comercio dos vinhos desta ilha, desta t8o
linda lrjanda Porfugrrêsa, linda para o s que contemplam as suas mon-
rantias. ravinas e jardins, cie incomparavel eiicdnto, [nas linda, princí-
p~:!rncr;:te, para OS que nela descobriram verdadeiros filóes d'onro!
Não legislerii riiais sobre o vinho da Madeira, rrieiis senhores!
Deixem-no Icni paz!
Bdstcl de I I O V ~ S leis c' de novos regiilarnentos, quanfo a o cultivo
c k , i IIOSSCIS L I V ~ SC qlianto ao coiriercio do seu sumo, e ri~esmoquanto
ao resto.
Polipern estri pobrsc illid a iiiais dific~ildcldes,n mais complicações
4 <I mais sacrificios, no cxvrcicio dunia cultura e dum co-mercio, que
deve s e r fa\-oi-ecido e animado, para que, do rnenos, n á o tenhamos que
Ic?!i~eniara sua total ruina, o seu completo desaparecimento do sólo da
Milcleira.
O projectado regulamento dos vinhos, que tem tido a reprovação
geral, neste distrito, náo caíu ainda na vala do esquecimento.
Como que o s iniciadores de táo exquisito documento procuram
sustentá-lo e tornar viável a sua aplicação, não obstante estare111paten-
teados o s sens malefícios pela imprensa, pelas corporações administra-
tivas que mais s e impressionaram com a sua contextura, pela comissão
dos viticultores que falou como corporação essencialmente destinada a
velar pelos interesses da cultura das vinhas, emfim pelas opiniões iso-
ladas de cada proprietario, nãofaltando os que maior produção de mós-
tos alcançam nas suas colheitas anuais.
Em Lisboa ainda haverá quem esteja estudando o projecto, a ver
se descobre ponta por onde se lhe pegue? Ainda haverá quem anime
aquela vida perigosa, que, minada de grandes males, exige o emprego.
de grandes remédios?
E encontrarão, porventura, ésses grandes remédios? E acharão
porventura, quem s e resolva a aplica-Ios?
É que para doença nova os grandes remédios fazem sempre falta.
Começa-se por paliativos e por uma terapêutica de ensaios. Assim, o s
primeiros casos ficam quase sempre liquidados pela morte.
E é que tambem nos supremos transes o médico ou cirurgieo, ou,
nêsfe caso talvez, o agronomo, por se tratar duma fitopatia sobre-aguda,
tem de juntar a o saber a perr'cia e de acrecentar á perícia a coragem.
i1 condciiinação do projecto astá feit& por quem é capaz de dar'
opii~iac,sotrre o assunto.
S d o tais OS erros que contém, e tais o s encargos e regponsabili-
dades qup cria, que os seus autores, não os negando, precisariam de
contrapôr-llie ririiil ~ ~ a n t a g ecompensadora,
m condição sine gua non de
obter a c e i t a ~ á onas esferas em que o regulamento teh de ser observado.
C> caso que s e cstù passando é. sem duvida, nos anais da vida eco-
nóniica destd bela região vinhateira que sempre niereceu o favor dos con-
sumidores de vinho de cjualquer dos hemisférios da terra, um caso novo.
Existe uin regulamento já feito ha anos e que está em uso, ácerca
do qual não se apresentou una reclamaçiáo, não se ouviu um minimo
rurnor demonstrdtivo de que não satisfazia os seus fins, o principal d o s
quais é o afastamento das falsificações, ou do fabrico dum vinho que
esteja fóra dos tipos qrie dão a caracteristica da sua origem.
E ainda assim o regulamento iiltimamente proposto visa Csse
niesino fim c diz-se destinado a impedir a falsificaçáo, isto é, a impedir
uma coiisa que já está irnp~dtda,e far-se-hia a substituição dum modo
excessivamente pomposo, repleto de enipregadagern, abarrotado de des-
pesas, e, por miiitas I-azoes, considerado inexequivel, o que é dizer muito
mais do que se diss6sscrnos, meramente, dispensavel.
Estci provado que não há necessidade de tal ordem, quer s e consi-
dere a questão em sua natiireza, quer a considerem sob o ponto de vista
da oportunidade. *
Não queremos arrastar o assunto para o ccimpo escabroso, e
muitas vezes, desairoso, dos puros interesses de determinadas pessoas.
Há linguas que s e ocupam dêsses misteres, que não ficam bem a pena.
Para ouvir, s ó está quem quer; mas para ler basta dirigir os olhos para
uma folha muda que inocula a s suas ideias como s e passassem pela ca-
nula sub-cutânea duma seringa, que lança o medicamento no tecido
celular ou musculoso, onde a absorpção é imediata.
Evidentemente,-ainda que o não expliquem bem-a pena retrai-se
onde a língua usa a gimnástica do mal-dizer. A pena é mais honesta?
81- a imprensa é mais escravizada que o soalheiro?
Seja como fõr temos um argi~niento,que é muito moral e, sobre tão
delicada e apreciavel qualidade, é de peso.
Não vale a pena quebrar lanças em criar-se uni o u mais lugares
rendosos, com o fito dêle ser para o inventor e para o s amigos dêste.
Lá está o vetso fatal: Sic VOS non vobis... Assim vós, ó abe-
lhas, fazeis o mel para orttros se alambazarem. Assini vós, ó abelhas
fulvas, co~istruiso favo, para rim dia se fundir a cêra que há'de alumiar
algum ruim defunto.
Ele. . . tem-se visto.
E terminamos, sein saber a explicagao do facto de não ter ainda
baixado a vala do esquecimento tão malfadado projecto.
'TRABALHO E UNIAO''
Regulamento uiníeola madeirense