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Não posso adiar o amor para outro Não podias ficar nesta cadeira
século onde passo o dia burocrático
não posso o dia-a-dia da miséria
ainda que o grito sufoque na que sobe aos olhos vem às mãos
garganta aos sorrisos
ainda que o ódio estale e crepite e ao amor mal soletrado
arda à estupidez ao desespero sem boca
sob as montanhas cinzentas ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula
Não posso adiar este braço maníaca
que é uma arma de dois gumes amor do modo funcionário de viver
e ódio
Não podias ficar nesta casa comigo
Não posso adiar em trânsito mortal até ao dia sórdido
ainda que a noite pese séculos sobre canino
as costas policial
e a aurora indecisa demore até ao dia que não vem da promessa
não posso adiar para outro século a puríssima da madrugada
minha vida mas da miséria de uma noite gerada
nem o meu amor por um dia igual
nem o meu grito de libertação
Não podias ficar presa comigo
Não posso adiar o coração. à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
de António Ramos Rosa a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal
POEMA À MÃE
No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.
de Manoel de Barros
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas