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EM FEZES DE
CARAMUJO AFRICANO (Achatina fulica)
JULHO - 2007
DIAGNÓSTICO DE Criptosporidium spp. EM FEZES DE
CARAMUJO AFRICANO (Achatina fulica)
Comissão Examinadora:
__________________________________________________________________
Francimar Fernandes Gomes (Doutor, Produção Animal)
__________________________________________________________________
Adriana Jardim de Almeida (Doutora, Produção Animal)
______________________________________________________________
Prof. Francisco Carlos Rodrigues de Oliveira (Doutor, Parasitologia) – UENF
(Orientador)
A
DEDICO
ii
AGRADECIMENTOS
iii
Em especial, ao Prof. Francisco Carlos Rodrigues de Oliveira, pela
orientação, confiança e incentivo em todos os momentos.
iv
BIOGRAFIA
v
CONTEÚDO
RESUMO......................................................................................................... x
1. INTRODUÇÃO............................................................................................ 1
2. REVISÃO.................................................................................................... 3
2.1. Achatina fulica..................................................................................... 3
2.2.1. Histórico........................................................................................... 3
2.1.2. Taxonomia....................................................................................... 3
2.1.3. Morfologia e Biologia....................................................................... 3
2.2. Cryptosporidium.................................................................................. 4
2.2.1. Histórico........................................................................................... 4
2.2.2. Taxonomia....................................................................................... 4
2.2.3. Características Gerais..................................................................... 5
2.2.4. Ciclo biológico................................................................................. 6
2.2.5. Distribuição geográfica.................................................................... 9
2.2.6. Criptosporidiose em hospedeiros de sangue quente...................... 9
2.2.6.1. Em humanos............................................................................. 9
2.2.6.2. Em animais domésticos............................................................ 10
2.2.7. Criptosporidiose em hospedeiros de sangue frio........................... 11
2.2.7.1. Em répteis e peixes................................................................... 11
2.2.7.2. Em moluscos............................................................................. 11
3. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................... 13
vi
3.1. Local..................................................................................................... 13
3.2. Captura e manutenção dos moluscos................................................... 13
3.4. Morfometria............................................................................................ 18
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................. 19
5. CONCLUSÕES........................................................................................... 25
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 26
vii
LISTA DE TABELAS
viii
LISTA DE FIGURAS
ix
RESUMO
x
Abstract
xi
1
1. INTRODUÇÃO
O molusco Achatina fulica é uma espécie terrestre que se difundiu por quase
todo o território brasileiro (VASCONCELOS e PILE, 2001). O encontro desse animal
em vida livre no Brasil é considerado um risco por se tratar de uma espécie
envolvida na transmissão do Angiostrongylus cantonensis, nematóide cuja presença
ainda não foi assinalada em nosso país, mas presente em diversas regiões
geográficas do mundo como as ilhas do Pacífico, Sudeste asiático, Austrália, Japão
e Madagascar (SANTANA TELES et al., 1997). Esse molusco pode hospedar
também Angiostrongylus costaricensis, outro nematódeo agente causador da
angiostrongilíase abdominal, doença grave com centenas de casos já reportados no
Brasil.
Durante alguns anos coccídeos do gênero Criptosporidium foram
considerados altamente específicos a seu hospedeiro e várias espécies foram
nomeadas de acordo com o tipo de animal parasitado. Apesar de existirem mais de
20 espécies descritas em diferentes hospedeiros existem controvérsias com relação
à validade da maioria delas, já que estudos envolvendo transmissão cruzada
indicam que oocistos de C. parvum são infectantes para diferentes espécies
(O’DONOGHUE et al., 1987), porém segundo o mesmo autor espécies de
Cryptosporidium de mamíferos e pássaros não infectam répteis e nem espécies de
cobras infectam mamíferos (O’DONOGUE, 1995).
A associação de invertebrados ao solo os torna capazes de atuar como
transportadores mecânicos de oocistos de coccídeos (RUIZ e FRENKEL, 1980). Os
2
moluscos têm destaque em saúde publica por serem responsáveis pela transmissão
de uma grande variedade de enfermidades. O fato da espécie A fulica viver em
contato direto com o solo e preferencialmente em locais úmidos e poluídos com lixos
e material em decomposição (VASCONCELLOS e PILE, 2001) torna a mesma um
provável transmissor de criptosporidiose na qualidade de vetor biológico ou
paratênico. Pesquisadores como O’donoghue (1995) relataram que mesmo os
animais de sangue frio são importantes na cadeia de transmissão da
criptosporidiose, no entanto nenhuma pesquisa havia sido realizada com espécies
pertencentes à classe dos moluscos justificando-se, portanto a realização de um
trabalho com a finalidade de contribuir ao estudo da epidemiologia da
criptosporidiose no município de Campos dos Goytacazes, RJ, haja vista que se
trata de uma região onde segundo as autoridades sanitárias a espécie de molusco
A. fulica encontra-se amplamente difundida. Além disso, não se conhece todas as
enfermidades com potencial para serem transmitidas por essa espécie de molusco
no Brasil.
Esta pesquisa objetivou detectar a presença de oocistos de Criptosporidium
spp. em fezes do molusco A. fulica, determinando o possível papel deste animal na
cadeia epidemiológica da criptosporidiose. Dessa forma, obteve-se a ocorrência de
casos positivos em animais capturados no município de Campos dos Goytacazes,
gerando informações sobre o assunto.
3
2. REVISÃO DE LITERATRURA
2.1.1. Histórico
2.1.2. Taxonomia
2.2. Cryptosporidium
2.2.1. Histórico
2.2.2. Taxonomia
outra fase sexuada (FAYER et al., 1990). Após a ingestão dos oocistos, estes
liberam quatro esporozoítos infectantes, que penetram nas células intestinais, onde
amadurecem assexuadamente em trofozoitas no interior de vacúolos, que depois se
diferenciam formando os merontes do tipo 1 (Figura 1). Estes liberam merozoítas
que também invadem os enterócitos, dando origem aos merontes do tipo 2. Alguns
merontes de tipo 2 se diferenciam em macrogametócitos e em microgametócitos.
Estes últimos fertilizam os macrogametócitos, para dar origem ao zigoto que se
transforma em oocisto (reprodução sexuada). Os outros merontes liberam
merozoítas que podem iniciar novamente a reprodução assexuada se diferenciando
em trofozoítas. Posteriormente milhões de oocistos maduros são liberados nas
fezes, contaminando o meio ambiente, e permanecendo viáveis durante vários
meses (FAYER e UNGAR, 1986). Ao contrário do que ocorre com a maioria dos
coccídeos, o oocisto de Cryptosporidium é capaz de esporular no lúmen intestinal, e
de liberar os esporozoítos, iniciando uma reinfecção. Isto porque alguns oocistos
possuem parede fina que se rompem ainda na luz intestinal (MONIS et al.,2003).
8
2.2.6.1. Em humanos
Estes animais tinham idades que variavam entre duas a nove semanas, e em uma
das pocilgas dois animais tiveram diarréia aquosa. O sistema de criação era do tipo
semi-intensivo.
Ruminantes são considerados animais carreadores de C.parvum, porém não
eliminam um grande número de oocistos. Em relação à produtividade desses
animais ela pode ser diminuída, visto que animais infectados por C. muris e C.
andersoni podem ter a produção de secreções gástricas diminuídas, devido ao fato
dessa espécie infectar somente as glândulas estomacais ou do abomaso, além de
haver queda na produção leiteira (ANDERSON, 1998; OLSON et al., 2004).
2.2.7.2. Em moluscos
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Local
Numero de animais
Locais de coleta Higiene Local
examinados
Donana BOM 3
Parque Saraiva RUIM 8
Parque São Domingos BOM 3
Parque Alvorada BOM 7
Parque Calabouço RUIM 9
Parque Santa Rosa RUIM 3
Parque Rosário RUIM 7
Centro BOM 7
Outros RUIM 3
Total 50
15
3.4. Morfometria
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A B
C D
Figura 5. Oocistos de Cryptosporidium spp. em fezes de Achatina fulica. Em A e B
observa-se pequenos oocistos com diâmetros variando de 2,0 a 2,38 µm e em C e
D oocistos maiores com diâmetros variando de 4,53 a 5,25 µm. Coloração pela
Técnica de Ziehll-Neelsen modificada.
21
autor, foi observado que em 241 amostras de tecidos de moluscos aquáticos entre
eles, mexilhões e ostras, 83 delas (34,4%) foram positivas para oocistos de
Cryptosporidium (GOMEZ-COUSO et al.,2003). Embora A. fulica não seja um
molusco filtrador, ele tem um importante papel na cadeia epidemiológica da
criptosporidiose, pois o encontro de oocistos do parasito em suas fezes indicam que
os mesmos podem contaminar verdurase o ambiente.
O percentual de positividade encontrado neste trabalho demonstra alta
contaminação ambiental, corroborando com os resultados de Xiao et al. (1998), que
demonstraram que a presença de oocistos em ostras indica contaminação da água
pelo parasita. Foi observado ainda que os locais com maior índice de positividade
apresentam pouca infra-estrutura sanitária (tabela 2), contribuindo para a presença
do parasita no molusco em pauta, como demonstrado na tabela 4 onde a higiene
local foi fator de risco quanto à presença de oocistos nas fezes de A. fulica.
Cryptosporidium spp.
Medidas Diâmetro
IM1
Maior Menor
Média 3,58 3,12 1,15
Desvio Padrão 0,76 0,67 0,16
Valor Máximo 5,25 4,53 1,71
Valor Mínimo 2,38 2,01 1,00
1
Indice morfométrico (razão do diâmetro maior sobre o menor).
Como foi observado que na maioria dos locais onde o molusco foi encontrado
comumente há presença de cães, gato e roedor, bem como suas fezes, pode-se
24
5. CONCLUSÕES
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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