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ELI

A JANELA
ILUMINADA

FOTOGRAFIAS
FOTOGRAFIAS DE ELI
Legendas de Gundula Steglitz
Braços nús
para acolher
o Inverno,
espectros
esquálidos
amigos
do vento.
Incêndio no céu,
o fogo derradeiro
do Sol que morre.
O excesso da Luz,
o grito
antes da Noite.
Pássaros de sombra,
asas de vento,
silêncios de névoa
no acabar,
sempre suspenso,
do tempo.
Pôr-do-sol
Põr-do-dia
Pôr-do-vento,
repousa o tempo
no sulco da noite
aguardam manhãs
o Despertar
O que resta
do que resta
do Verão
que se acaba.
O caminho
que recomeça
para reencontrar
a Primavera.
Árvore
pintada
de sol poente,
cor do vento
que a ilumina
e em silêncio
se esvai
e desaparece.
Água
desarticulada,
meandros desfeitos
gota a gota.
Composição efémera
de um artista louco,
soberanamente
desconhecido.
Tronco
de lenho e seiva
a força da vida
em pé!
Olhar felino
do fundo do Tempo,
olhar,
que o Homem,
nunca domesticou.
Braços
de sombra e vento
guardados
em botão,
esperando
uma Primavera.
Contra a luz,
a sombra recortada
da cidade,
uma cidade outra,
muda,
adormecida.
Pombas
no limiar da noite,
trazem
uma sombra sensível
da Liberdade.
Pássaros serenos
velas vivas
navegando
no vento apagado
do sol poente.
Arde o céu
sem um lamento,
esconde-se
o Sol
no véu do Tempo.
O frio
que desce
e repousa,
de branco,
no rigor pálido
do Inverno.
Árvores nuas,
novelos
de silêncio
como fantasmas
do desespero.
Asas que voam
e que pousam
sem o destino
de ficar.
Como se uma flor,
uma couve,
uma prosaica couve,
vestida de branco.
Uma gota
de orvalho,
uma pinga
de chuva
presa
em cama colorida
de Outono.
Não a lua patética
dos poetas
ou o destino
dos astronautas,
apenas luz,
um foco suave
que iluminará
a tua Noite.
O Sol
que, enfim,
se deixa olhar.
Ramos secos
gritos sólidos,
despojos,
de árvore morta.
Como revolta
de vento
e fúria,
luz fantástica,
chama
de nenhum fogo.
Esvai-se
o olhar
na vastidão
quebrada
da serra,
muros
com distância.
Pássaros
tranquilos
olhando
o crepúsculo,
vultos,
assumindo
a Noite.
Paisagem
lenta
do Outono
derramado
Ondas
desencontradas
num mar de vento,
vazio de barcos
com o Sol
em desalento.
Vulto de Homem
que quer
encontar no mar
a Razão
de um dia mais.
Sombras
aguardam,
pacientes,
sem ter medo
do escorrer do Tempo.
Corola,
inundada de cor,
amamentando.
Bailado
imóvel
de folhas efémeras,
escultura orgânica
acontecida.
Como súplica
de mãos
descarnadas,
no azul frio
do Inverno.
Pôr-do-sol
reinventado
a preto e branco.
Voavam
como folhas
de sombra,
dispersas
pelo vento.
Nuvens de luz,
farrapos,
acima
de todas as Verdades.
Adormece
o Sol
exausto,
no mar
da Noite.

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