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Rainer Randolph –
Prof. Titular no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional
da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Aramis Cortes de Araújo Jr. –
Geógrafo, Mestrando do Curso de Geografia
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Resumo:
O presente ensaio procura investigar uma forma específica de urbanização no município
serrano de Petrópolis/RJ que está ligada à implantação de empreendimentos imobiliários para o
turismo basicamente de fim de semana. Pergunta-se se essa é expressão de uma lógica diferente
daquela que se manifesta na urbanização dentro da metrópole do Rio de Janeiro. Para isto,
apresentam-se e discutem-se determinados aspectos dos processos de ocupação e uso
residencial do solo, da natureza e da dinâmica da urbanização em bairros e distritos próximos à
Rodovia Washington Luiz (BR 040) que estão marcados pela segunda residência das classes
médias e altas cariocas em tempos mais recentes (desde a década de 1940). A investigação entra
em aspectos bastante específicos da realidade petropolitana para evitar que a discussão fique
limitada a afirmações abstratas, generalistas e, um tanto, estereotipicadas dos processos em
curso. Até onde as encontradas características da urbanização podem questionar as formas
tradicionais precisa ficar em aberto por ora; entretanto, pelas hipóteses discutidas a respeito das
finalidades da segunda residência, não se pode excluir de todo essa possibilidade para um futuro
ainda incerto.
Abstract:
The present rehearsal intends to investigate a specific form of urbanization in mountainous
districts of the municipality of Petrópolis/RJ which is basically linked to the implantation of real
estate enterprises for tourism on weekends. The question if those processes are an expression of a
different logic from that we observe on behalf of similar urbanization processes inside the
metropolis of Rio de Janeiro cannot be answerd yet. For now we present and discuss certain
aspects of the occupation processes and residential use of the soil, of the nature and the dynamics
of the urbanization in neighborhoods and close districts to the main highway Washington Luiz (BR
040) that are marked, in more recent years, by second residences of Rio de Janeiro´s middle and
higher classes. Our investigation approaches quite specific aspects of the reality of the Petropolis
municipality to avoid that the discussion remains limited to abstract and generic statements, and to
stereotipyzed visions of the processes in course. Since, if the observed characteristics of the
urbanization can question the traditional forms needs to be in open for now; however, regarding our
hypotheses discussed with reference to the second residence, this possibilitity cannot be denied for
a still uncertain future.
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agora. Mas tentaremos mostra no seguinte item, a partir do mapeamento dos loteamentos e
condomínios e sua localização em relação às áreas mais urbanizadas dos bairros e distritos por
nós pesquisados, que há ao menos indícios de alguma diferença entre os condomínios residenciais
fechados nos bairros de Petrópolis e aqueles que se encontram no centro da metrópole do Rio de
Janeiro.
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Período Total em m²
1946/1950 9.788.388,69
1951/1955 7.753.394,16
1956/1960 1.540.390,80
1961/1965 3.669.426,70
1966/1970 797.805,65
1971/1975 940.005,50
1976/1980 3.118.615,70
1981 / 1985 1.616.401,50
1986 / 1990 3.612.016,96
1991 / 1995 2.621.650,49
1996 / 2000 5.165.446,74
Período Percentagem
de área para
loteamento
1981 a 1985 41,45%
1986 a 1990 48,14%
1991 a 1995 10,80%
1996 a 2000 1,30%
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requerimentos de condomínios dez anos antes na década de 1980. Não cabe aqui
questionar os resultados dos censos; mas fica a dúvida em que medida esses dados sobre os
domicílios de uso ocasional são capazes de representar o fenômeno da segunda residência.
Tomando como fundo esse quadro geral, desenvolvemos no item seguinte algumas
considerações e reflexões sobre a segunda residência, suas características e finalidades.
TABELA 3
Município
Distritos de Pop. 1991 1996 2000 1991-1996 1996-2000
Petrópolis
Total
Petrópolis 164.816 169.618 181.638 0,58 1,73
sede
Urbana 164.816 169.618 181.638 0,58 1,73
Total 56.937 63.419 61.939 2,18 -0,59
2º Cascatinha Urbana 56.937 63.419 61.939 2,18 -0,59
Total 13.088 14.261 18.862 1,73 7,24
3º Urbana 12.893 13.998 12.436 1,66 -2,91
Itaipava Rural 195 263 6.426 6,17 122,33
Total 12.572 14.085 14.549 2,30 0,81
4º Pedro do Urbana 8.063 9.634 7.824 3,62 -5,07
Rio Rural 4.509 4.451 6.725 -0,26 10,87
Total 8.055 8.286 9.549 0,57 3,61
5º Posse Urbana 6.371 6.700 6.834 1,01 0,50
Rural 1.684 1.586 2.715 -1,19 14,38
FIBGE: Censos de 1991 e 2000 e Contagem de População de 1996
Nos 3º, 4º e 5º distritos o aumento da população rural supera aquele da população urbana;
ou ainda, em Itaipava e Pedro do Rio houve uma ligeira redução da população urbana e taxas
expressivas de crescimento da população rural. No caso de Itaipava, o altíssimo valor de
crescimento deve-se, em parte, ao reduzido número de 195 pessoas que, conforme o Censo,
moraram na zona rural daquele distrito em 1991. Mas mesmo em termos absolutos, um aumento
da população rural em mais de 6.200 pessoas em nove anos é surpreendente (RANDOLPH, 2007).
Acreditamos que esse fenômeno não pode ser resultado exclusivo do deslocamento da
população dentro do próprio município, entre distrito sede e distritos periféricos como já se
identificou em outros municípios fluminenses (vide LIMONAD 1996). Pelas próprias características
turísticas do município que estão sendo investigadas no presente trabalho esse crescimento
populacional pode ter a ver, entre outras razões, com a própria localização das segundas
residências em áreas rurais, a atração de mão-de-obra a esses locais (caseiro etc.) e mesmo a
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4. Breves conclusões
Numa primeira aproximação à identificação de suas características, foi apresentada, no
presente trabalho, a configuração territorial de algumas áreas peri-metropolitanas dentro do
município de Petrópolis onde se verifica um processo de loteamento já de mais longa data com um
aumento vertiginoso, nos últimos vinte a trinta anos, de empreendimentos imobiliários do tipo de
enclave fortificado.
A pergunta levantada a respeito da natureza e especificidade da urbanização vinculada à
implantação de empreendimentos de segunda residência não pode ser respondida definitivamente.
Não era nossa intenção de esgotar o assunto sobre condomínios fechados e os processos que
levam as classes mais favorecidas à migrarem para áreas de maior conforto no que Souza chamou
de “escapismo das elites urbanas” (2000), e sim estimular um debate nesta direção.
Encontramos já primeiros elementos importantes que podem indicar um certo tipo de
“urbanização turística” que se apropria do “capital natural” das paisagens da serra e propicia uma
ocupação em áreas rurais ou semi-rurais, mais ou menos próximas às tradicionais vilas dos
distritos periféricos de Petrópolis. Apresentar algumas de suas mais marcantes diferenças já nos
parece importante para, depois, poder chegar a uma primeira apreciação da questão inicialmente
levantada a respeito da “novidade” ou não dessa forma de urbanização relativamente longe do
centro metropolitano. O condomínio fechado – enquanto uma forma de loteamento que resolve
problemas de infraestrutura até do seu entorno – tem, assim, certas particularidades em relação
àquelas formas encontradas nos centros – ou próximos a eles – das metrópoles brasileiras. Até
onde essas diferenças podem resultar em um questionamento das tradicionais formas de
urbanização (industrial) precisa ficar aberto por ora; não queremos, entretanto, excluir de todo essa
possibilidade para um futuro ainda incerto.
Se, aqui, foi apresentada uma aproximação das relações espaciais traçadas pela instalação
de condomínios horizontais destinados às classes mais privilegiadas em um município particular da
área peri-metropolitana – Petrópolis -, certamente este fenômeno não é exclusivo desse município.
Torna-se necessário buscar outros dados e realizar novas investigações em municípios dentro da
área peri-metropolitana do Rio de Janeiro como Maricá e Cabo Frio, Mangaratiba, Miguel Perreira e
Paty do Alferes, entre outros.
Numa breve comparação com o município de Maricá, já se percebe uma ampla diferença
nos padrões de ocupação das residências de veraneio. Não entro ainda na questão das pretensões
almejadas pelos que migram para este município, mas limito-me a uma observação superficial do
espaço. No caso de Maricá, encontra-se uma configuração espacial que não prioriza os
condomínios fechados, e sim construção de casas em ruas públicas. Esta forma pode criar
condições de interações entre grupos sociais muito maiores do que a anterior observada em
Petrópolis (vide Barbosa 2008).
Bibliografia
AMORIM, V. R. S., CAMPOS, M. K. (2006) Expansão periférica em cidades médias: Novas formas ou
reprodução do padrão metropolitano de ocupação do território? O caso de Petrópolis In: Anais do II.
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