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Douro
Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo,
enoturismo na região demarcada do Douro.
REPORTAGEM
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TEXTO Carla Maia de Almeida
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o desassossego da civilização. E o melhor:as pessoas.Gente que -lo, mas também por isso estamos no Douro.
Mais precisamente na Quinta Nova de Nos-
as silvas nas encostas ribeirinhas ou as de-
zenas de carros estacionados em segunda
mente o acesso à internet por uma hora no
alpendre com vista para as vinhas e o rio.
gosta de conversar e de receber,sem artifícios. ¬
Estivemos uma se- sa Senhora do Carmo, uma propriedade se-
tecentista do Cima Corgo, a meia hora de
fila, ao longo de uma via que tem tudo para
ser – mas ainda não é – uma fabulosa rota
Trocamos ainda mais facilmente a televi-
são por um estiramento nos sofás brancos
mana no Douro e achámos pouco,muito pouco. distância do Pinhão. Para aqui chegar, en- panorâmica sobre o Douro. junto aos ciprestes, sobretudo se estiver-
onde impera a geometria das vinhas traba- Tarouca e Armamar; os mosteiros de Salze- mónio Arquitectónico. E depois há os pe- cisão, é tudo o que podemos adiantar. A in- Novos enólogos e produtores
lhadas em socalcos, patamares ou ao alto, das e de São João de Tarouca; o castelo, a sé quenos poderes locais, que são poderosíssi- formação não está disponível na internet e Uma paragem em Lamego para comprar a
dão lugar a terras mais húmidas e mais ele- e o Santuário de Nossa Senhora dos Remé- mos e estão cristalizados há muito tempo.» não tivemos tempo de inquirir a proprietá- famosa bola recheada levou-nos até à Sé
vadas, férteis em pomares, soutos e árvores dios, em Lamego. São alguns dos lugares re- Mantendo o olhar crítico, deixa transpare- ria, Maria Manuel Cyrne, que apressou o Gourmet, loja de gastronomia, vinhos e ar-
de folha persistente. Nestes vales assenta- comendados por Ana Maria Pinto Ribeiro, cer o optimismo: «Apesar de todas as dife- fim da entrevista ainda mal tínhamos co- tesanato de João Rebelo. Professor de Mi-
ram os monges de Cister, impulsionadores sempre que algum hóspede da Casa de San- renças que existem nas várias regiões do meçado. Aparentemente, não gosta de ser croeconomia e Econometria na Universida-
do desenvolvimento da região desde o sécu- to António de Britiande solicita informação. Douro, estamos ligados por uma cultura de questionada sobre um conceito que pode- de de Trás-os-Montes e Alto Douro, fala-nos
lo XII. Dão nome à rota dos vinhos que se dis- «Entre Lamego e Penedono há uma con- base. Há muito trabalho a fazer, mas já co- ríamos chamar de «hotel rural comercial» da «revolução silenciosa» ocorrida no Dou-
tingue pelos seus brancos frescos e espu- centração notável de património religioso, meçámos, com esta reorganização das re- [ver caixa], dada a profusão de objectos de- ro, com a reconversão tecnológica das estru-
mantes, com as Caves da Murganheira entre militar e civil», salienta, lembrando os pro- giões de turismo.» corativos para venda. Nada contra, mas per- turas de produção da vinha e a chegada de
as maiores atracções locais. blemas de conservação «gravíssimos» que A Casa de Santo António de Britiande en- guntar faz parte da profissão. Registámos uma nova geração de enólogos. «A universi-
Em matéria de património há também atingem sobretudo os mosteiros: «Há aqui quadra-se noutra categoria de alojamento uma das suas frases mais simpáticas: «Se dade teve aqui um papel determinante, a
muito para ver: o Convento de São Pedro das duas tutelas que nem sempre estão de acor- também alinhada com a identidade históri- Francisco Spratley Ferreira e João Ferreira querem minimalismos, vão ao Aquapura.» partir do momento em que surgiu o curso de
Águas, em Tabuaço; as igrejas matrizes de do, a igreja e o Instituto Português do Patri- ca do Douro: o turismo de habitação. «As Álvares Ribeiro, da Quinta do Vallado. Foi o que acabámos por fazer. Enologia, a única licenciatura do país nesta
46 » noticiasmagazine 23.AGO.2009