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a u l a
Estrutura
da membrana plasmática
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AULA
e composição química são seus velhos conhecidos. Não apenas pelo
conteúdo de Biologia Celular apresentado no Ensino Médio como
também pela Bioquímica, que você estudou anteriormente.
O que acabamos de revisar são os rudimentos do modelo estrutural
da membrana plasmática, proposto em 1972 pelos pesquisadores
americanos Singer e Nicolson. Esse modelo é conhecido como modelo
do mosaico fluido (Figura 7.2), e resultou de anos de pesquisas em
que foram utilizados vários métodos de estudo físicos, químicos e
biológicos.
5nm
Bicamada
lipídica
de proteína
Resumindo:
!
• Todos os seres vivos são células
ou conjuntos de células. Nos cadernos didáticos de Bioquímica
I estão minuciosamente descritos os
• Todas as células são limitadas conceitos aqui rapidamente revistos
e os experimentos que levaram a eles.
por uma membrana que define e separa Vale a pena dar uma conferida antes
o meio intracelular do meio extracelular, de prosseguir no texto.
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BÁSICO
DADOS HISTÓRICOS
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AULA
Assim, a membrana plasmática tem um folheto externo, voltado para o
meio extracelular, e um folheto interno, voltado para o citoplasma.
A Figura 7.4 representa uma bicamada de moléculas
Meio aquoso
anfipáticas.
Folheto
Bicamada
lipídica
Meio aquoso
OS LIPÍDEOS DA MEMBRANA
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A – Esquema B – Esquema
de um fosfolipídeo do colesterol
beça polar
Anéis
Cabeça polar
esteróides
rígidos
Micela Lipossoma
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Os fosfolipídeos são formados por um grupo hidrofílico composto
por um esqueleto de glicerol com um radical fosfatado e uma cauda
hidrofóbica composta por duas cadeias de ácidos graxos de comprimento
variável (14 a 24 carbonos). Uma dessas cadeias geralmente é saturada,
isto é, não há duplas ligações entre os átomos de carbono, e a outra pode
ser saturada ou insaturada (Figura 7.7). CH2 N+ (CH3)3
COLINA CH2
O
FOSFATO O P O
O
GLICEROL CH2 CH CH2
O O
C OC O
CH2 CH2
CH2 CH2
CH2 CH2
CH2 CH2
CH2 CH2
CH2 CH2
CH2 CH2
CH2 CH2 Ligação dupla
CH2 CH
CH2 CH2
Figura 7.7: Os fosfolipídeos são formados por uma Ácido CH2
CH2
cabeça polar onde a um esqueleto de glicerol ligam- graxo CH2
CH2
CH2
se um fosfato e um radical orgânico. A cauda apolar CH2 CH2
é formada por duas cadeias longas de ácidos graxos. CH2 CH2
CH2
Uma dessas pode ser insaturada. CH2
CH2
CH2
CH2
RADICAIS FOSFATADOS
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Citoplasma
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AULA
bicamada, movimento denominado flip-flop. O flip-flop é comum no
retículo liso e requer enzimas específicas e gasto de energia (você vai
ver mais sobre isso na aula de retículo endoplasmático).
Cada fosfolipídeo passa do estado líquido (fluido) para o cristalizado
(gel) a uma determinada temperatura, a chamada fase de transição,
que já foi determinada experimentalmente em membranas artificiais
compostas por apenas um tipo de fosfolipídeo.
Como as membranas naturais são formadas de vários fosfolipídeos
diferentes misturados, elas não cristalizam, mesmo quando em
temperaturas próximas da fase de transição de alguns deles. Essa
mistura é essencial, principalmente para células diretamente expostas a
ambientes de temperatura muito variável.
A fluidez dos lipídeos da membrana varia com o comprimento e com
o número de duplas ligações da cadeia de ácidos graxos. A forma da cadeia
insaturada implica um aumento da distância mínima entre esse fosfolipídeo
e os que o rodeiam. Portanto, quanto maior a quantidade de fosfolipídeos
com cadeias insaturadas maior será a fluidez da membrana (Figura 7.11).
Entretanto, quanto mais longas as cadeias carbônicas menos fluida é a
membrana, porque duas cadeias longas colocadas lado a lado interagem
mais, limitando a liberdade de movimento de cada uma.
A B
Figura 7.11: (A) Cadeias insaturadas, membrana mais fluida; (B) cadeias saturadas,
membrana menos fluida.
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ESTERÓIS
A B C
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AULA
Há poucos anos foi descoberto que algumas pequenas regiões
da bicamada lipídica têm fluidez menor que o resto da bicamada que a
cerca. Assim forma-se um conjunto de lipídios que não se mistura com o
resto e que se move em conjunto, como se fosse uma jangada flutuando
no mar. Nessa comparação, a jangada seria o conjunto de lipídios de
menor fluidez (ou seja, com menor liberdade de se misturar aos outros)
e o mar em volta seria todo o resto da membrana. Esse é o conceito de
domínio, uma região diferente das demais, com características próprias.
A comparação com uma jangada no mar serviu para dar o nome desses
domínios lipídicos: lipid rafts (raftt = jangada, em inglês). Esses domínios
lipídicos são especialmente ricos em esfingomielina e em colesterol, o que
explica sua pouca fluidez. A função desses domínios é manter próximos os
elementos da membrana, como proteínas, por exemplo, que participam de
um mesmo conjunto de reações (veja a Aula 13). Existe um tipo especial
de domínio lipídico que nem se desloca e forma uma pequena invaginação
permanente na membrana plasmática, que recebe o nome de cavéola
(Figura 7.14). Nas cavéolas concentram-se receptores de um tipo pouco
comum, os ancorados (veja na Aula 8).
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RESUMO
• A estrutura das membranas é constituída por lipídeos das classes dos fosfolipídeos
e esteróis.
• Os lipídeos que formam a membrana são anfipáticos. Distribuem-se em
bicamada, com a parte hidrofílica de sua molécula voltada para o meio aquoso,
extracelular ou citoplasmático, e a parte hidrofóbica voltada para o interior da
membrana.
• Cada camada da bicamada é chamada de folheto.
• As membranas são assimétricas porque os fosfolipídeos que compõem os seus
folhetos são diferentes.
• As membranas são fluidas porque os lipídeos que as compõem movem-se o
tempo todo, fazendo rotação, translocação e, raramente, flip-flop.
• Existem regiões pouco fluidas na bicamada lipídica, os domínios lipídicos, que
possuem altos teores de colesterol.
Gabarito
1. [as estruturas intracelulares como núcleo, mitocôndrias, retículo endoplasmático, complexo de Golgi e
vacúolos].
2. [proteínas] [lipídeos] e [carboidratos ou glicídeos].
3. [fosfolipídeo] [bicamada].
4. [hidrofílica] [hidrofóbica] [anfipáticas].
5. [fora] [dentro].
6. [entre as moléculas de lipídeos] [se ligam a proteínas ou lipídeos da membrana apenas no lado extracelular dela]
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