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A PARTICIPAÇÃO POPULAR

Protesto contra a remoção da Vila Dique - Câmara Municipal de Porto Alegre - Foto: Camila Domingues

DIANTE DA CIDADE GLOBAL


CIDADES GLOBAIS
Cidades globais são aquelas que possuem uma relativa influência no cenário mundial, geralmente abrigam
entidades, organizações, conferências internacionais, instituições financeiras etc. Uma cidade global não se
caracteriza pelo número de habitantes, desse modo existem centros urbanos que aglomeram milhões de pessoas
e não se destacam com essa condição, há também aquelas de pequeno porte de enorme importância no cenário
mundial.

Todas as cidades globais não se encontram em um mesmo nível de influência, com base nesse fato esses centros
urbanos foram classificados em três grupos, denominados de grupo alfa, beta e gama. Hoje são considerados
cidades globais 55 centros urbanos dispersos pelo mundo. A Europa é o continente que possui maior quantidade
de cidades (22) com tal característica.

A instituição responsável por classificar as cidades como global ou não, é a Universidade de Loughborough
(Londres) em uma fase inicial e posteriormente aperfeiçoada pela Globalization and World Cities Study Group &
Network. Os níveis de influência das cidades atingem até 12 pontos na classificação.

Grupo Alfa (10 a 12 pontos): Composto por um restrito número de cidades, são elas: Londres, Nova York, Paris,
Tóquio, Los Angeles, Chicago, Frankfurt, Milão, Hong Kong e Cingapura.

Grupo Beta (7 a 9 pontos): Constituído por 10 cidades, entre elas quatro européias, são: São Francisco, Sidney,
Toronto, Zurique, São Paulo, Cidade do México, Madri, Bruxelas, Moscou e Seul.

Grupo Gama (4 a 6 pontos): Formado por 35 cidades, 14 delas européias, são elas: Osaka, Pequim, Boston,
Washington, Amsterdã, Hamburgo, Dallas, Dusseldorf, Genebra, Xangai, Montreal, Roma, Estocolmo, Munique,
Houston, Barcelona, Berlim, Jacarta, Johannesburgo, Melbourne, Praga, Santiago, Taipe, Varsóvia, Atlanta,
Budapeste, Buenos Aires, Copenhague, Istambul, Kuala Lumpur, Manila, Miami, Mineapolis, Bangcoc e Caracas.
Por Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia
Algumas características básicas de cidades globais são:
* Familiaridade internacional: uma pessoa diria Paris, e não Paris, França
* Influência e ativa participação em eventos internacionais. Por exemplo, a cidade de Nova Iorque sedia a
Organização das Nações Unidas, e em Bruxelas se encontram as sedes da Organização do Tratado do
Atlântico Norte e da União Européia.
* Uma grande população, onde a cidade global é centro de uma área metropolitana de pelo menos um milhão
de habitantes, muitas vezes, tendo vários milhões de habitantes.
* Um aeroporto internacional de grande porte, que serve como base para várias linhas aéreas internacionais.
* Um sistema avançado e eficiente de transportes. Isto inclui vias expressas, rodovias e transporte público.
* Sedes de grandes companhias, como conglomerados e multinacionais.
* Uma bolsa de valores que possua influência na economia mundial.
* Presença de redes multinacionais e instituições financeiras de grande porte.
* Infra-estrutura avançada de comunicações.
* Presença de grandes instituições de artes como museus.
* Grande influência econômica no mundo.
Uma tentativa de redefinir e recatalogar as cidades globais foi feita por PJ Taylor no GaWC em 2004.

Principais cidades globais


1. Contribuição muito grande: Londres e Nova Iorque.
2. Menor contribuição: Los Angeles, Paris e São Francisco.
3. Cidades globais incipientes: Amsterdã, Boston, Madrid, Milão, Moscou, Toronto.

Cidades globais de nicho - contribuição especializada

1. Econômica: Hong Kong, Cingapura e Tóquio.


2. Política e social: Bruxelas, Genebra e Washington, DC.

Cidades mundiais

Sub-rede de cidades articuladoras

1. Cultural: Berlim, Copenhague, Estocolmo, Melbourne, Munique, Oslo, Roma.


2. Política: Bangkok, Pequim, Viena.
3. Social: Manila, Nairóbi, Ottawa.

Cidades líderes mundiais

1. Sobretudo contribuições globais de ordem econômica:


Frankfurt, Miami, Munique, Osaka, Singapura, Sydney, Zurique
2. Sobretudo contribuições globais não-económicas:
Abidjan, Adis Abeba, Atlanta, Basileia, Barcelona, Cairo, Cidade do México, Denver, Harare, Lyon, Manila,
Mumbai, Nova Délhi, Xangai.
PORTO ALEGRE

Destacando
cidades da
América do Sul
O conceito de cidade global refere-se ao desempenho econômico, logístico, estrutural e o grau de
influência em nível global. Quando se fala em cidades globais imagina-se que seja uma cidade de
grande aglomeração urbana (metrópole ou megalópole), mas essa idéia fica em segundo plano.
Desse modo, existem cidades consideradas médias que são globais, em contrapartida outras são
megacidades com mais de 10 milhões de habitantes e nem por isso ocupa essa condição.

O termo “cidades mundiais ou globais” surgiu nos anos 80, com uma idéia de
internacionalização de algumas cidades no mundo, não tem nada a ver com
densidade demográfica.
Domingo, 3 de Agosto de 2008 | estadão

Cidades européias inspiram soluções


Para a socióloga Saskia Sassen, know-how do passado industrial é um dos trunfos de São Paulo na transição
para cidade globalizada

Criadora do conceito de cidade global, a socióloga americana Saskia Sassen diz que a "economia do
conhecimento", o know-how acumulado ao longo da história, é vital para metrópoles serem competitivas. Ela
afirma que São Paulo, com seu passado industrial, pode ter trajetória semelhante à de Chicago. Lá, a experiência
de décadas de centro exportador de carne de porco, uma "indústria velha", ajudou na transição para cidade
globalizada. Autora do livro A Cidade Global, de 1991, Saskia define essas cidades como a plataforma de
operação de empresas transnacionais, o ponto de encontro do conhecimento e dos talentos que fazem a ponte
entre atores globais e especificidades nacionais. Esse status garante crescimento, mas cria uma casta de muito
ricos capaz de dominar o espaço urbano. Para ela, a sociedade precisa reagir ao mercado, algo mais comum na
Europa que nos Estados Unidos.
Qual é exatamente o conceito de cidade global, e quais são os riscos e oportunidades trazidos para as
megacidades?
Cidades globais têm um lado econômico e um político. No primeiro, têm todos os recursos e arcabouço regulatório
para lidar com operações globais de mercados e empresas. Do lado político, está a competição pelo espaço
urbano. Quando criei o modelo, em 1980, meu ponto de partida foram redes de filiais de empresas, as bolsas,
rotas comerciais e cadeias de commodities. O grande acréscimo desde então foi o aspecto político. Em cidades
como São Paulo, ele pode tomar formas violentas. Em outras, é uma violência mais organizada, como em Xangai,
onde o governo removeu milhões de pessoas do centro.

Por que ocorre esse deslocamento dos mais pobres?


Cidades globais criam uma faixa de 20% de população muito próspera, capaz de dominar áreas-chave com
prédios luxuosos e espaços de consumo, deslocando a classe média. É preciso ter lideranças políticas e cívicas
para contrabalançar os mercados. Nova York, a cidade-mercado por definição, tem o maior índice de muito ricos
dos EUA e mais de 20% dos oficialmente pobres.

Há soluções para esse problema? Gostaríamos que a senhora respondesse tendo em mente o caso específico de
São Paulo.
Entre 63 cidades ranqueadas como centros globais, São Paulo aparece em quarto lugar em desenvolvimento
imobiliário comercial. Isso se refere à facilidade com que se pode fazer empreendimentos, sugerindo que há
pouca proteção para atores mais fracos. Quanto a soluções, é preciso olhar as cidades européias. O modelo
americano é terrível e, em certa medida, foi seguido na América Latina, com total desconsideração com a
desigualdade de renda, questões ambientais e estéticas. É preciso ter bons sistemas públicos de educação,
habitação e transporte, criar parques. O liberalismo combate isso, mas as cidades européias têm tradição,
aceitam altos impostos. Se não existissem, talvez achasse que as megacidades não têm solução.

Como a senhora vê o impacto da desindustrialização?


O que mudou foi a geografia: Hong Kong e Xangai produzem manufaturas para o mundo todo. Em São Paulo e
Chicago, isso foi catastrófico para segmentos da economia e trabalhadores, para os espaços onde trabalham e
vivem. As manufaturas para consumo de massa nessas cidades estão mortas.
No seu último livro, Território, Autoridade, Direitos, a senhora fala da importância da história econômica das
cidades...
A economia do conhecimento é muito mais complexa do que ter
trabalhadores com alto nível de educação. Chicago tem uma
economia sofisticada, extraída da economia material das
"velhas indústrias". Se você quer exportar a carne de 1 milhão
de porcos, como fazia Chicago, é necessário conhecimento de
aspectos legais, financeiros, contábeis. Algumas cidades
desenvolvem esse conhecimento até extraí-lo da economia
antiga e oferecê-lo como commodity. São Paulo, como
Chicago, extrai a economia do conhecimento do seu passado
como centro industrial.

A senhora considera São Paulo uma cidade global?


É a mais poderosa da América Latina, à frente de Cidade do
México, Santiago e Buenos Aires. Lidera em poder de
arregimentar recursos e em sofisticação da economia do
conhecimento. É boa para setores complexos, que estão
associados, como finanças, desenvolvimento de software,
conhecimento legal, contabilidade, consultoria, publicidade.
Tem boa posição em poder econômico, nem tanto como centro de negócios:
há degradação de áreas públicas, problemas de transporte, desigualdade.

É factível, no Terceiro Mundo, adotar o conceito europeu de "novas cidades",


criando novos centros nas metrópoles?
É uma boa idéia, o oposto da suburbanização. Dizem que tem de ser uma
economia rica para isso. Tenho dúvidas: depende de vontade e da visão de
que diferentes tipos de atores - empresas, cidadãos, governo, planejadores -
podem ser mobilizados. O Brasil, aliás, é uma economia cada vez mais rica, o
problema é a distribuição. Quanto maior a classe média, mais riqueza circula
na economia.
MEGACIDADES E
CIDADES GLOBAIS

Muitas vezes usamos os termos "megacidacidades" "cidade global" erroneamente como sinônimos. Megacidade é
o mesmo que "cidade muito grande" e não leva em conta outros aspectos do sítio urbano além da quantidade de
habitantes. É, portanto, um aspecto estritamente quantitativo. Cidade global, porém, é termo usado quando
fazemos uma análise qualitativa da cidade, referindo-nos ao seu grau de influência sobre outros centros urbanos
em diferentes partes do globo. Isso significa que uma cidade global caracteriza-se como uma metrópole, porém
sua área de influência não é apenas uma região, ou mesmo um país, mas uma parte considerável de nosso
planeta. É por isso que as cidades globais também são denominadas metrópoles mundiais.O termo megacidade
surgiu em meados da década de 1990, quando especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU)
observaram que algumas estavam aumentando seus contingentes populacionais de forma muito mais acentuada
do que outras, em especial nos países subdesenvolvidos. Diante desse fenômeno, usaram o termo megacidade
para caracterizar esse grupo de cidades e o critério de avaliação passou a ser um número de habitantes igual ou
superior a 10 milhões.
Fonte: GARCIA, Hélio Carlos & GARAVELLO, Tito Marcio. Geografia. São Paulo: Scipione, 2006
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