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ENG 03343 – Processos de Fabricação por Usinagem – DEMEC – UFRGS
Estas propriedades não estão listadas em ordem de importância, até porque as qualidades
necessárias à ferramenta podem variar bastante com a operação de usinagem, com o material a
ser usinado e com os parâmetros de corte. Porém, de um modo geral, pode se dizer que as mais
importantes são a dureza e a tenacidade.
Os processos de usinagem convencional em geral baseiam-se no corte de uma peça
utilizando-se uma ferramenta de corte. Este corte só é possível porque a ferramenta possui uma
dureza mais elevada do que a peça, ou seja, uma dureza relativa (eq. 3) positiva e maior que a
unidade. Dessa forma, o constante surgimento de novas ligas, com propriedades mecânicas e
dureza cada vez maiores, cria uma demanda contínua por novos materiais de ferramenta, com
propriedades à altura dessas ligas.
HT
Hr = , (1.)
HP
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Figura 2 – Variação da dureza de diversos materiais com a temperatura (fonte: Machado e Silva,
2000).
Figura 3 – comparação entre propriedades de vários materiais para ferramenta de corte (fonte:
Machado e Silva, 2000)..
A grande quantidade de critérios a serem considerados (alguns dos quais são opostos),
somados à imensa quantidade de materiais para ferramentas existentes no mercado, dificulta a
seleção da melhor ferramenta para cada caso. Segundo Rocha e Silva (1999), o material de
ferramenta ideal deverá ter a inércia química do diamante natural, a tenacidade do aço rápido e a
inércia química da alumina.
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Desenvolvido por Taylor, no final do século XIX, o aço rápido foi o responsável pelo
primeiro grande salto tecnológico na história da usinagem. Com o advento do aço rápido, foi
possível aumentar as velocidades de corte obtidas com ferramentas de aço carbono em uma
ordem de grandeza, motivo pelo qual os aços rápidos possuem este nome, apesar de que, em
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comparação com materiais mais modernos eles poderiam, segundo Rocha e Silva (1999), ser
chamados de “aços-devagar”, ou “aços moleirões”.
Com elevada tenacidade, resistência ao desgaste e dureza a quente quando comparados
com os aços carbonos usados na fabricação de ferramentas, o aço rápido é um aço alta liga com
microestrutura martensítica com inclusões de carbonetos. Os principais elementos de liga dos
aços rápidos são tungstênio (W), molibdênio (Mo), cromo (Cr), vanádio (V), cobalto (Co) e
nióbio (Nb).
O efeito dos elementos de liga nos aços rápidos é:
• Carbono – em teores que vão de 0,7 a 1,6%, atua no sentido de aumentar a dureza
do material. Forma também carbonetos complexos de alta resistência ao desgaste.
Como efeito negativo, causa a retenção da austenita na têmpera, o que demanda
maior tempo e temperatura de revenimento.
• Tungstênio – presente nos aços rápidos em teores que chegam até 20%, o
tungstênio é o grande responsável pela elevada resistência ao desgaste destes
materiais. É o principal elemento de liga presente nos aços rápidos do tipo T (ao
tungstênio).
• Molibdênio – usado inicialmente como substituto ao tungstênio durante a segunda
guerra mundial, devido ao seu custo mais acessível, o molibdênio forma
carbonetos complexos com o ferro de elevada dureza a quente e resistência a
abrasão. Com peso atômico menor do que o tungstênio, é necessário a metade da
quantidade de molibdênio (em massa) para substituir o tungstênio. Em
comparação a este, possui menor dureza a quente, devido ao seu ponto mais baixo
de fusão, e tende a causar descarbonetação nos aços durante o tratamento térmico,
motivo pelo qual recomenda-se o uso de banhos de sal nesta operação (Ferraresi,
1970).
• Vanádio – forma os carbonetos de maior dureza observados nos aços rápidos. Seu
efeito é aumentar a dureza a quente, impedir o crescimento de grão durante o
tratamento térmico, o que gera aços mais tenazes, e aumentar a resistência ao
desgaste. Porém, o aumento na quantidade de vanádio deve ser compensado com
o aumento na porcentagem de carbono pois o vanádio, quando livre, promove a
ferritização dos aços, o que diminui consideravelmente a sua dureza. Aços com
altos teores de carbono e vanádio são chamados aços super rápidos, devido às
suas maiores resistências ao desgaste.
• Nióbio – usado como substituto ao vanádio devido ao seu custo mais baixo (no
Brasil), o nióbio também diminui a descarbonetação em aços que apresentam este
problema durante o tratamento térmico (Ferraresi, 1970).
• Cromo – presente nos aços rápidos em teores de 3 a 5%, o cromo aumenta a
temperabilidade do aço rápido, reduz a oxidação e a formação de casca de óxido
durante o tratamento térmico.
• Cobalto – aumenta consideravelmente a dureza a quente e à temperatura ambiente
dos aços rápidos, sendo por isso recomendados para operações mais pesadas de
desbaste. Como efeito negativo, o cobalto causa o aumento da tendência a
descarbonetação durante o tratamento térmico.
A Tabela 1 mostra a influência dos elementos de liga sobre as propriedades dos aços
ferramenta segundo Ferraresi (1970), enquanto a Tabela 2 mostra a classificação e algumas
propriedades dos aços rápidos.
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Tabela 1 – Efeito dos elementos de liga no aço rápido (fonte: Machado e Silva, 2000).
Tabela 2 – Classificação dos aços rápidos (fonte: Diniz et. al., 1999).
Apesar da existência de materiais para ferramenta mais avançados que o aço rápido, em
diversos processos de usinagem a aplicação destes materiais é restrita devido às formas ou
geometrias das ferramentas, ou ainda às condições tanto de operação quanto da máquina
operatriz. Um exemplo é a operação de fresamento com fresas de pequeno diâmetro. Neste caso,
além da dificuldade de obtenção da forma da fresa, a grande maioria das máquinas operatrizes
não atinge as velocidades de corte necessárias para o uso de fresas de metal duro, sendo o aço
rápido ainda bastante usado. Porém, algumas propriedades, como resistência ao desgaste e
coeficiente de atrito do aço rápido não condizem com a eficiência de corte almejada.
Uma solução bastante usada por fabricantes de ferramentas de corte é a aplicação de uma
camada de cobertura de material com resistência ao desgaste (e outras propriedades, como
inércia química, baixo coeficiente de atrito) mais elevada sobre a ferramenta de aço rápido.
Alguns materiais bastante utilizados como cobertura de ferramentas de aço rápido são o
nitreto de titânio e o carbonitreto de titânio. Esta camada externa possui as seguintes
características (Diniz et. al., 1999):
• Dureza elevada (da ordem de 2300 HV);
• Elevada ductilidade;
• Reduz a ocorrência da aresta postiça de corte;
• Baixo coeficiente de atrito (reduz os esforços e, por conseqüência, as temperaturas
observadas na usinagem);
• Inércia química;
• Espessura de 1 a 4 µm;
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Além destas vantagens, também foram observadas maior vida de ferramenta e menor
dispersão dos resultados de vida de ferramenta, o que as torna mais adequadas para a realização
de ensaios de usinabilidade, além de uma melhor condição de aderência de revestimentos de
TiN.
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Carbeto de tungstênio (WC) – é solúvel no cobalto, o que gera ligações internas de alta
resistência. Possui grande resistência ao desgaste, mas sua utilização na usinagem de aço é
limitada devido à tendência de difusão de carbono, e de dissolução no cobalto e no ferro.
Carbeto de titânio (TiC) – aumenta a resistência à difusão dos metais duros. Em
contrapartida, causa a queda da resistência das ligações internas, o que causa a queda da
resistência da ferramenta e fragiliza o material. Metais duros com altos teores de TiC são usados
na usinagem de aços com altas velocidades de corte.
Carbeto de tântalo (TaC) – em pequenas porcentagens, restringe o tamanho de grão,
aumentando a tenacidade e a resistência do metal duro.
Carbeto de nióbio (NbC) – possui efeito semelhante ao TaC. Ambos os carbonetos
ocorrem no metal duro como cristais mistos Ta – (Nb) – C.
A norma ISO 513/1975 classifica os metais duros em 3 grupos, designados pelas letras P,
M e K, também designados por um código de cores (em ordem, azul, amarelo e vermelho). A
classificação dentro de um grupo ou outro é feita de acordo com a aplicação do metal duro, uma
vez que a variedade de composições químicas e processos de fabricação torna difícil a
padronização baseada em outras características. Dentro de cada grupo, ainda há uma
classificação usando números.
O grupo P é formado por metais duros contendo teores elevados de TiC (até 35%) e TaC
(até 7%), o que lhes confere uma elevada dureza a quente, resistência ao desgaste e resistência à
difusão. Esta classe de metais duros é indicada para a usinagem de materiais dúcteis, de cavacos
contínuos que, por apresentarem uma área de contato cavaco-ferramenta grande, desenvolvem
altas temperaturas durante a usinagem.
Materiais normalmente usinados com ferramentas de metal duro classe P são aço, aço
fundido e ferro fundido maleável, nodular ou ligado.
O grupo M é um grupo e metais duros com propriedades intermediárias entre as do grupo
P e do grupo K. Metais duros deste grupo se destinam a ferramentas de aplicações múltiplas.
Ferramentas de metal duro tipo M são usadas na usinagem de aço, aço fundido, aço ao
manganês, ferros fundidos ligados, aços inoxidáveis austeníticos, ferro fundido maleável e
nodular e aços de corte fácil.
O grupo K foi o primeiro tipo de metal duro desenvolvido (Diniz et. al., 1999), sendo
composto basicamente por carbonetos de tungstênio aglomerados por cobalto. Devido à baixa
resistência dos metais duros à difusão em altas temperaturas, as ferramentas deste grupo não são
recomendadas para a usinagem de metais dúcteis, sendo sua área de aplicação restrita a usinagem
de materiais frágeis, que formam cavacos curtos (ferros fundidos e latões), metais não ferrosos,
como alumínio, cobre, titânio e níquel, não necessariamente de cavacos curtos e madeira.
A Figura 5 mostra as principais propriedades dos metais duros. Pode-se observar que os
metais duros da classe P apresentam as maiores durezas (e menores tenacidades), ao contrário
dos metais duros da classe K, com resultados opostos. A Figura 6 mostra os grupos de aplicação
de metais duros, de acordo com a norma ISO 153/1975.
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Figura 5 – Principais propriedades dos metais duros (fonte: Machado e Silva, 1999).
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Estes materiais podem ser utilizados tanto em camadas simples (AlTiN) quanto em
camadas múltiplas (principalmente o TiAlN).
1.3 Coronite
1.5 Diamante
Possui preço mais acessível que o diamante natural, sendo produzido sinteticamente.
Possui alta condutividade térmica, dureza e resistência a abrasão. Problemas de afinidade com o
aço. Usado largamente na usinagem de ligas de alumínio-silício, em boas condições de
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usinagem. Também pode ser usado na usinagem de metais leves, cobre, latão, bronze, estanho,
plástico, asbesto, fibras reforçadas de vidro e carbono, carvão, grafite e metal duro pré-
sinterizado, em operações de desbaste ou acabamento.
Material sintético de elevada dureza (material mais duro conhecido após o diamante).
Assim como o carbono, pode existir em uma forma hexagonal, macia (semelhante ao grafite), ou
numa forma cúbica, de estrutura igual ao diamante. Possui alta resistência ao desgaste e ao
impacto, além de elevada dureza a quente (o uso de fluido de corte na usinagem com CBN é
indicado apenas para proteger a peça de alterações superficiais causadas pelo calor ou dilatação
térmica).
As aplicações do CBN podem ser variadas. Ferramentas de CBN são bastante utilizadas
na usinagem de aços duros (45 a 65 HRC), mesmo em condições difíceis. Devido à sua
capacidade de usinar materiais endurecidos, compete com o processo de retificação.
Como pontos negativos, o CBN apresenta a tendência à craterização na usinagem de aços
dúcteis e o preço elevado.
Diniz (1999) faz uma comparação entre torneamento com CBN e retificação. Segundo
ele, em determinada operação, 5 tornos usinando com CBN substituem 10 retificadoras.
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