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Comentário ao trabalho realizado pela Gracinda Moreira.

Da leitura de algumas tabelas e da análise mais cuidada do trabalho


da Gracinda, considero pertinente salientar três ou quatro pontos:

1.Existem aspectos fracos e ameaças, que a Gracinda aponta, que


são reconhecidos pela maioria dos formandos. São eles, a título de
exemplo: a fraca visibilidade do professor bibliotecário aliada a uma
concepção/paradigma de BE, por parte da comunidade educativa,
sobretudo, os professores, como espaço de colecções e não de
ligações, de informação e não de conhecimento; a resistência, ou até
mesmo recusa, dos professores em trabalhar de forma sustentada,
contínua e sistemática em articulação, cooperação e parceria com a
BE.

2. A Gracinda destaca, como aspectos fortes das competências do


professor bibliotecário, a capacidade de liderança, que ela classifica
como “forte e transformadora”. Concordo plenamente com ela, mas
questiono-me sobre o desenvolvimento desta competência em cada
um de nós: muitos não são aquilo que se chama “líder nato”, no
entanto, no desempenho da função de professor bibliotecário este é
um traço essencial, que, acredito eu após muitos anos de
coordenação da BE, poderemos ir construindo ou melhorando com
muito empenho e esforço.

3. Considero ainda curioso que o retrato da realidade da BE da


Gracinda seja tão semelhante à de muitas outras, incluindo a minha:
apesar de organizados os espaços, em termos de equipamentos, não
existe uma política de investimento contínuo que permita actualizar o
catálogo de acordo com as necessidades do currículo, vivendo as BEs,
muitas vezes, das “esmolas” que caem do PNL (quando isso
acontece) ou das Câmaras Municipais (quando as escolas se
encontram na sua dependência) e que, de maneira alguma, resolvem
as necessidades de actualização do catálogo. É urgente, como afirma
a Gracinda, definir formalmente uma política de aquisições e de
gestão da colecção, ou seja, elaborar o documento “Política de
aquisições e gestão das colecções”.Talvez esse seja o ponto de
partida para o compromisso e implicação das Direcções e dos
Conselhos Administrativos no investimento concertado nas BEs.

4. Por último, gostaria de constatar o nível de desenvolvimento da BE


e da professora bibliotecária da escola: apesar dos pontos fracos e
ameaças, inerentes a qualquer projecto, as soluções apontadas
revelam a tomada de decisões de forma madura, estratégica e sem
ilusões. Decorrendo da necessidade de consubstanciar as decisões, a
Gracinda reconhece a urgência em implementar a prática da recolha
de evidências. Para além de contribuírem para a alteração de
concepção que a comunidade tem da BE, pois “os números falarão
por si”, trará mais segurança ao trabalho realizado pela equipa da BE
e pelo professor bibliotecário, abrindo, assim, caminho para a BE
funcionar como facilitador das aprendizagens e do sucesso dos
alunos.

Clementina Santos

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