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http://jn.sapo.pt/2008/04/01/opiniao/terror_escola_182a_sequela.html
"Terror na escola", 182.ª sequela

Sérgio de Andrade, Jornalista

Entendo que todos nós devemos estar gratos ao


cineasta amador que filmou, com uma pitada de
Spielberg, com uma pitada de Woody Allen, o "take"
142 da 182.ª sequela do filme "Terror na escola", no
"plateau" do Carolina Michaëlis, que já foi um liceu de
meninas "bem" e agora anda bem mais por baixo.
Embora a qualidade da imagem não fosse por aí
além, não é de estranhar, porque às películas da série
B não se pode exigir muito. Também o "script"
poderia, já não direi subir ao estilo Actors Studio, mas
também não descer à boçalidade de "A velha vai cair.
Altamente!", "Ó gorda, sai da frente!" e "Que demais!".
Mas, enfim, quando o orçamento é pequeno, não há
volta a dar-lhe!

Ainda assim, repito, dou as minhas felicitações ao


(para mim) anónimo cineasta que veio demonstrar a
verdade daquele princípio jornalístico segundo o qual
"uma imagem vale por mil palavras". Porque uma
coisa é ler ou ouvir professores e auxiliares de
educação queixarem-se de que são agredidos,
injuriados, enxovalhados, ao ritmo de dia sim, dia não
- e outra coisa, bem diferente, é ver uma sala de aula
transformada numa espécie de circo romano, em que,
pior do que os oponentes na arena (reconheça-se,
não houve agressão, houve só forte quebra de
disciplina), eram os urros, a galhofa, as exclamações
e a agitação nas "bancadas". Só porque as imagens
passaram da Internet para a TV é que o país teve de
acordar de um longo letargo ou de um conveniente
alheamento da realidade. Presidente da República,
governantes, parlamentares, agentes do Ministério
Público, conselhos directivos e associações de pais,
forçados a abrir os olhos ou a tirar a cabeça de dentro
da areia, convergiram, à uma, num ponto não
podemos continuar a fingir que está tudo bem, agora
há testemunhas a mais e é impossível calá-las a
todas. É preciso agir, portanto!

Parece, todavia, que desse grande e importante


núcleo se distanciam, ligeiramente embora, pelo
menos duas pessoas o secretário de Estado e a
ministra do sector. Porque disse o primeiro que "as
escolas são os lugares mais seguros da comunidade",
enquanto a segunda garantia (em artigo no JN, em
07/10/28) que "a escola é o espaço público mais
seguro que o país tem".

Há poucos dias, na TV, ouvi Maria de Lurdes


Rodrigues ser mais precisa, ao afirmar que "a escola é
um espaço seguro para as nossas crianças". E para
os nossos adultos, professores e auxiliares, senhora
ministra?

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Sérgio de Andrade escreve no JN, semanalmente às


terças-feiras.

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