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O elefante e o rato

Um elefante gozava as delcias de um banho


num poo fresquinho da floresta,
quando um rato chegou e exigiu
que o elefante sasse.
No saio no, disse o elefante,
e no me aborreas que eu estou na maior!
Pois eu insisto que saias, disse o rato.
Sair por qu? perguntou o elefante.
S te digo quando sares
do poo, disse o rato.
Pois eu no saio, atalhou o elefante.
Mas, de facto, l foi saindo,
pesadamente, do seu poo;
postou-se diante do ratinho e perguntou:
Por qu todo esse empenho em que eu sasse?.
S queria saber, disse o ratinho,
se tinhas os meus cales de banho.

mais fcil um elefante entrar nos calezi-
nhos de um rato do que Deus caber nas noes
eruditas que dEle temos.
Anthony de Mello
O canto do pssaro
Lisboa, Ed. Paulinas, 1998

O macaco e o peixe

Que ests tu a fazer?
perguntei eu certa vez
a um macaco
que tirava da gua um peixe
para o colocar num galho de rvore.
Estou a salvar o bicho respondeu
seno afoga-se!

O bem de um o mal de outro!
O sol d viso s guias, mas cega as corujas.

O pombo real

Nasruddin foi nomeado
Primeiro Ministro do Rei.
E certo dia, ao vaguear pelo palcio,
viu um falco real.
Acontece que o nosso Nasruddin
nunca tinha visto um pombo assim
Tomando, ento, depressa, uma tesoura,
cortou as garras e aparou as asas
e at o bico adunco do falco.
E disse: Agora sim, j s um pombo,
um pssaro decente, pois o teu dono
no tem cuidado bem de ti.

Causam pena as pessoas religiosas que no
conhecem outro mundo seno aquele em que
vivem, e que no tm nada a aprender das
pessoas com quem falam.

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